• Pesquisas mostram que Revolta da Engorda não alterou a preferência dos eleitores

    Enquanto Paulinho vestiu a camisa do projeto da engorda da praia de Ponta Negra, Natália contra-atacou denunciando as “cenas horríveis” da manifestação. Carlos e Rafael ficaram “só na entoca” observando. Eleitorado – ao que parece – não reagiu ao drama do mundo político.

    Foram publicadas duas pesquisas após a Revolta da Engorda, quando o prefeito de Natal Álvaro Dias liderou um protesto no Idema pela liberação do início das obras na praia de Ponta Negra. Ambas mantêm o que se tem verificado nas sondagens anteriores: uma divisão entre os institutos sobre a tendência (ou não) para que haja um 2º turno na capital.

    A pesquisa marca, divulgada pelo Diário do Poder na segunda-feira (15) deu Carlos Eduardo com 38,41%, Paulinho Freire com 14,88%, Natália Bonavides com 13,66% e Rafael Motta com 6,1%. Somados, os três candidatos que aparecem na sequência do primeiro colocado têm 34,64% das intenções de voto. A distância entre eles e Carlos é de 3,77%. Se não considerarmos a margem de erro, a eleição seria definida já no 1º turno; já considerando a margem de erro da pesquisa, que é de 3,5%  para mais ou para menos, existiria a possibilidade de 2º turno em Natal.

    Divulgada no dia seguinte (16) pelo Blog do BG, a pesquisa Seta apresentou o seguinte resultado: Carlos Eduardo, 35,6%; Paulinho Freire, 20%; Natália Bonavides, 15,3%; Rafael Motta, 1,8%; demais nomes, 2,5%. Por estes números, excetuando o líder, todos os candidatos somam 39,6% – o que aponta para a necessidade de realização do 2º. Contudo, considerando a margem de erro de 2,5%, o resultado se torna novamente incerto.

    A referida pesquisa Marca foi a primeira do instituto para Natal, portanto não há como avaliar a evolução dos candidatos. Já na pesquisa Seta, vemos que todos os candidatos tiveram pouca oscilação dentro da margem de erro.

    Dito isso, ou a Revolta da Engorda – e toda a agitação que ela causou no meio político – não mereceu atenção do eleitorado mais amplo ou as pesquisas ainda não puderam captar o movimento da opinião pública. E há sempre uma terceira possibilidade: tiro de lá e canhão de cá, no fim das contas a Revolta da Engorda até pode ter chegado à preocupação dos eleitores, mas cada qual preferiu se manter onde já estava e se sentia seguro.


  • Natália dá aula de como se faz uma boa guerrilha digital

    A cada eleição que passa, mais os candidatos se dedicam às suas redes sociais, em busca de conquistar um público ao qual costumamos atribuir o voto de opinião, espécime resistente, muitas vezes sobrevivendo aos riscos de extinção.
    Na verdade, a impressão que se tem é que – aparte o terrorismo midiático dos que propalam a crise da democracia, ameaçada por inimigos de todos os lados – o voto de opinião nunca esteve tão em voga.

    Ocorre que também nunca antes na história deste país se teve tanta opinião sobre tanta coisa. Temos batido, em nossos editoriais, na tecla dos danos que a polarização lulo-bolsonarista causa ao país. Mas há no cenário político contemporâneo ao menos uma novidade que me parece saudável: há mais pessoas debatendo política, ainda que estejam em processo de civilização.

    Deve ser melhor que se debata mal em vez de que se cale. Mas as vozes ecoadas dos sentimentos populares incomodam àqueles que creem que a opinião é privilégio dos iluminados. E curiosamente, os mais elitistas dentre os elitistas vêm da esquerda.

    Mas, entrando enfim no tópico da guerrilha digital, podemos reparar que Natal será um grande laboratório de estudo para quem se interessar pelo tema. O caso recente da Revolta da Engorda, com a ocupação do terreno do Idema por centenas de pessoas, deu uma pista do que está por vir.

    No jogo pela atenção fugaz do eleitor e pela manipulação de suas emoções vale tudo. E restam poucos ingênuos em campo.

    Vejamos o discurso da deputada federal Natália Bonavides, na sequência da ocupação do Idema. “Oi, pessoal. Hoje aconteceram cenas terríveis…” Terríveis, diz ela, quase marejada de tanto horror. Para uma militante da esquerda identitária, acostuma à ocupação de prédios públicos, trancamentos de vias e queima de pneus – sem falar em eventuais confrontos diretos com a polícia – não cai bem, né? Oras, cai sim.

    O discurso consternado de petistas, até o momento, venceu a queda de braço na opinião público sobre a quem deve caber o papel de mocinho no roteiro. E ganha aquele de fixar primeiro a pecha de vilão no concorrente.

    A guerra das milícias digitais veio pra ficar. E acho anacrônico acusá-la de antidemocrática, pois ela é hoje o meio pelo qual se exerce o que quer que a democracia seja.

    Mais adiante, em seu vídeo no Instagram, Natália confessa seus temores “a gente não quer que aconteça aqui em Natal o que aconteceu, por exemplo, em balneário de Camboriú, que apareceu tubarão por causa da obra da engorda, pelo amor de Deus”.

    Se nos parece tolo, é porque tolos somos nós. O medo é um dos sentimentos mais fortes que conhecemos, e na hora do engajamento político ele é um estimulante natural.

    Lula venceu em 2022 com o discurso de “a esperança vai vencer o medo”. Mas logo aprendeu que o medo é mais forte que qualquer esperança e também é mais duradouro.

    A campanha de 2022 foi a campanha do medo. Medo do comunismo de esquerda, do fascismo de direita, do genocídio etc e tal.

    Natália sabe que suas hostes estão sempre carentes de motivação. E ela fornece a motivação que lhe exigem. Se nesta semana o estímulo vem do medo, na próxima poderá vir da coragem. Vejam o perfil da deputada em seu site oficial. Lá ela se orgulha de ter participado da Revolta do Busão e da “a histórica ocupação da Câmara Municipal do Natal realizada em 2011” no Fora Micarla.

    Perto das ações da Revolta do Busão – da qual participei e não me arrependo – e da ocupação da Câmara de Natal – da qual não participei, mas Natália sim – o sacolejo de portão que vimos na Revolta da Engorda foi o equivalente a um chá de revelação de sexo, em matéria de emoção.

    Você pode se perguntar como os apoiadores de Natália não percebem tais contradições, assim tão óbvias. “Cenas horríveis…” eles ouvem. Eles já têm seu lado. Tudo de que necessitam é de um motivo para entoar o hino do time. E isso sequer é privilégio da esquerda.

    No vídeo, Natália cita com respeito o “companheiro Mineiro”, o mesmo deu uma voadora no blogueiro que o incomodava. Isso enquanto lamentava as “cenas horríveis” dos sacolejadores de portão.

    “Desde de 2012, quando Paulinho Freire era o vice de Micarla”, ela cita de passagem. Ou capricha nas orações subordinadas: “essa elite política, que tem sempre ideias tão parecidas, e que está há vários anos à frente da prefeitura de Natal”. Até a redução da jornada de trabalho (bandeira da CUT) ela critica.
    Acontece que Natália entende a linguagem digital. Ela sabe que precisa tocar uma bela canção, e toca.


  • Por oportunismo eleitoreiro, Natália nega o próprio passado

    “Oi, pessoal. Hoje aconteceram cenas terríveis…” Assim começa o vídeo que a deputada federal Natália Bonavides, pré-candidata do PT, postou em seu Instagram na tarde ontem, a pretexto do protesto do movimento “SOS Morro do Careca”, que ocupou a sede do Idema, em Natal, pedindo a liberação das obras da engorda de Ponta Negra.

    As “cenas terríveis” são estas na sequência abaixo.

    1) Manifestantes sacodem portão de acesso aos pátios do Idema. Não houve feridos entre humanos e estruturas metálicas. 2) Assessor do Idema tenta impedir “ pacificamente à força” que mulher avance junto com manifestantes. 3 e 4) “Baderneiros truculentos” impedem que homem agrida mulher que protestava violentamente ao ser sacudida por assessor do Idema. Imagens: Instagram @nataliabonavides e @brisabracchi13.

    O que vemos nas imagens são centenas de pessoas ocupando os vastos terrenos do Idema para protestar democraticamente contra uma medida (ou a omissão da medida) proveniente do poder público.

    “Cenas terríveis”, disse Natália. A deputada até hoje não comentou, para dizer se é terrível ou não, a manchete estampada na capa da edição de 9 de maio de O Potengi, que exibimos abaixo.

    Em nossa 2ª edição impressa noticiamos que, segundo dados do IBGE, 428 mil pessoas passam fome no RN; nossa população é de cerca de 3,3 milhões.
    Na propaganda oficial do governo, os números da fome no RN foram comemorados. Imagem: rn.gov.br .

    Mas Natália foi rápida em se dizer chocada com as “cenas terríveis” de ontem, no Idema.

    No site oficial da petista (aqui, e a divulgação é grátis), Natália se orgulha de ter participado dos “movimentos Revolta do Busão e Fora Micarla, onde teve atuação destacada como militante e como estudante de Direito” e reforça o entusiasmo com os protestos estudantis daquele ano os descrevendo como “a histórica ocupação da Câmara Municipal do Natal realizada em 2011”.

    Pessoalmente, não creio que os manifestantes de 2011 fossem terroristas. Eu mesmo participei de diversos atos naquele período. E como não subestimo a inteligência de meus leitores, deixarei a seu encargo a conclusão deste artigo, apenas resgatando algumas imagens da revolta do busão e da “histórica ocupação da Câmara Municipal do Natal realizada em 2011”.

    Revolta do Busão e Fora Micarla. Fotos: Facebook.
    Revolta do Busão e Fora Micarla. Fotos: Facebook.

  • Álvaro tem razão: 2º turno será entre Paulinho e Natália

    Vantagem de 15,6% sobre o 2º colocado dá a impressão de uma campanha fácil para Carlos Eduardo (PSD), mas Paulinho Freire (União) e Natália Bonavides (PT) têm a seu favor a tendência de uma disputa intensa até 6 de outubro

    Faltando treze semanas para o 1º turno das eleições municipais, a pré-campanha na capital potiguar parece apática. Mas sob a aparência modorrenta, prepara-se uma das disputas mais acirradas pela prefeitura de Natal desde 2004, quando Carlos Eduardo e Micarla de Sousa derrotaram Luiz Almir no 2ª turno por apenas 14 mil votos.

    Como aferido pela pesquisa O Potengi / Ranking de 30 de junho, o líder está a cerca de 5% de alcançar a vitória no 1º turno, mas sua jornada não será fácil.

    Desconsiderando os votos da Zona Norte, a vantagem de Carlos Eduardo para o segundo colocado na pesquisa, o deputado federal Paulinho Freire, despenca de 15% para 8%. A concentração dos votos em Carlos na Zona Norte é tal que para cada dois votos nesta região ele tem apenas um nas demais três zonas da cidade.

    O efeito das chuvas

    As fortes chuvas que antecederam o inverno no RN levaram ao transbordamento de quatro lagoas de captação em Natal, três delas na Zona Norte (Santarém, Panatis e Jardim Primavera) A excessão foi a lagoa São Conrado,  em Nazaré.

    Não à toa, é também na margem setentrional do rio Potengi que se concentra a desaprovação ao prefeito Álvaro Dias. Caso o prefeito queira melhorar seus índices, uma boa pedida é reforçar a atenção dada às obras de ampliação da capacidade de drenagem das lagoas, que já estão em curso.

    Carlos no caminho do Brasil contemporâneo

    O Brasil viveu importantes mudanças no comportamento dos eleitores a partir dos protestos de junho de 2013. Já no ano seguinte, a onda conservadora que ali nasceu quase elege Aécio Neves e derrota Dilma Rousseff (arrisco dizer que, se o 2º turno de 2014 ocorresse uma semana antes ou depois, Aécio sairia vitorioso).

    Da derrota da direita em 2014, e da incapacidade desta em canalizar a crescente revolta popular, emergiu o bolsonarismo. Por seu lado, o lulismo – que é ancorado nos votos dos grotões e nos segmentos de menor renda e escolaridade – avançou em sua rendição ao discurso identitário que (tal qual o bolsonarismo) faz dos costumes sua pauta central.

    Natal enfrenta há décadas graves problemas que ainda carecem de solução, e isso certamente estará na mente dos eleitores em outubro. Contudo, a força da polarização ideológica também se fará sentir, e com força.

    Durante toda a campanha, à direita de Carlos estará Paulinho Freire, que busca atrair o bolsonarismo e reforçar sua liderança nos setores mais moderados da direita e do centro. À sua esquerda, Natália e sua militância, que hegemonizam a esquerda identitária da capital, um segmento que tem grande influência no debate público, sobretudo a partir das redes sociais.

    À medida que a campanha ganhe corpo, esses dois campos (que praticamente dividem hoje o país ao meio) só terão um mercado a explorar, o centro, onde Carlos tenta se equilibrar e resistir.


  • Prefeito Augusto Alves enfrenta pedido de impeachment por crime de responsabilidade

    Rombo nas contas da previdência dos servidores de Tangará já ultrapassa os R$ 9 milhões de reais; desviando os recursos que deveriam ser pagos ao fundo previdenciário, o prefeito interino augusto Alves está agora na iminência de perder o mandato

    O prefeito de Tangará, Augusto Alves, enfrenta agora um pedido de impeachment apresentado à Câmara de Vereadores da cidade sob a alegação de ter cometido crime de responsabilidade.

    Após assumir interinamente a prefeitura, sendo vice do ex-prefeito Dr. Airton (afastado do cargo pela Justiça devido a um processo de interdição levado a cabo por seu filho), Augusto Alves não teria realizado um único pagamento referente aos valores devidos à previdência dos servidores do município.

    “Estamos diante de uma situação alarmante. Se essa dívida não for sanada, os aposentados e pensionistas poderão ficar sem receber seus benefícios num futuro bem próximo”, afirmou Gilson Filho, presidente do sindicato dos servidores em Educação.

    Na última reunião dos conselhos Deliberativo e Fiscal do Tangará Prev, realizada em 24 de maio de 2024, foram discutidos os impactos da falta de repasse das contribuições previdenciárias.

    A ausência de ações concretas para sanar o déficit levou os conselheiros Luiz Carlos de Oliveira e Roberto Luiz da Silva Filho a protocolar um pedido de impeachment contra o prefeito interino.

    A acusação central é que a administração de Augusto Alves não tem realizado os repasses obrigatórios ao fundo de previdência (Tangará Prev).

    Essa prática ilegal resultou em um déficit alarmante que coloca em risco o pagamento dos benefícios dos servidores aposentados e pensionistas, ameacando centenas de famílias.

    O rombo no Tangará Prev já ultrapassa os R$ 9 milhões. Esse déficit significativo é atribuído à falta de repasses tanto na administração atual quanto na anterior, sem qualquer ação concreta de Augusto Alves para resolver o problema.

    Os conselheiros do Tangará Prev estão ainda organizando ações judiciais para pressionar a gestão de Augusto Alves a dar respostas sobre o uso indevido dos recursos previdenciários. Essa mobilização judicial destaca a gravidade da situação e a insatisfação com a atual gestão.

    Impeachment poderá ser votado ainda em julho

    A presidente da Câmara Municipal de Tangará, Ana Viana, conhecida na cidade como Ana de Ilo, tem agora o prazo de três dias para se pronunciar sobre a abertura do processo de cassação do mandato do prefeito interino Augusto Alves. A partir da abertura, Augusto terá até dez dias para apresentar suas alegações. Então o processo se iniciará na Câmara de Vereadores que designará uma comissão para conduzi-lo.

    Em Patu, essa prática está prestes a levar à perda do mandato do prefeito Rivelino Câmara, que enfrenta uma ação popular solicitando seu afastamento imediato por um rombo nas finanças do fundo de previdência que supera os R$ 3 milhões.

    Note-se que o rombo na previdência de Tangará é três superior ao da previdência de Patu. Augusto Alves, que se movimenta para disputar a eleição em outubro, poderá permanecer no cargo até lá.





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  • Pesquisas mostram que Revolta da Engorda não alterou a preferência dos eleitores

    Enquanto Paulinho vestiu a camisa do projeto da engorda da praia de Ponta Negra, Natália contra-atacou denunciando as “cenas horríveis” da manifestação. Carlos e Rafael ficaram “só na entoca” observando. Eleitorado – ao que parece – não reagiu ao drama do mundo político.

    Foram publicadas duas pesquisas após a Revolta da Engorda, quando o prefeito de Natal Álvaro Dias liderou um protesto no Idema pela liberação do início das obras na praia de Ponta Negra. Ambas mantêm o que se tem verificado nas sondagens anteriores: uma divisão entre os institutos sobre a tendência (ou não) para que haja um 2º turno na capital.

    A pesquisa marca, divulgada pelo Diário do Poder na segunda-feira (15) deu Carlos Eduardo com 38,41%, Paulinho Freire com 14,88%, Natália Bonavides com 13,66% e Rafael Motta com 6,1%. Somados, os três candidatos que aparecem na sequência do primeiro colocado têm 34,64% das intenções de voto. A distância entre eles e Carlos é de 3,77%. Se não considerarmos a margem de erro, a eleição seria definida já no 1º turno; já considerando a margem de erro da pesquisa, que é de 3,5%  para mais ou para menos, existiria a possibilidade de 2º turno em Natal.

    Divulgada no dia seguinte (16) pelo Blog do BG, a pesquisa Seta apresentou o seguinte resultado: Carlos Eduardo, 35,6%; Paulinho Freire, 20%; Natália Bonavides, 15,3%; Rafael Motta, 1,8%; demais nomes, 2,5%. Por estes números, excetuando o líder, todos os candidatos somam 39,6% – o que aponta para a necessidade de realização do 2º. Contudo, considerando a margem de erro de 2,5%, o resultado se torna novamente incerto.

    A referida pesquisa Marca foi a primeira do instituto para Natal, portanto não há como avaliar a evolução dos candidatos. Já na pesquisa Seta, vemos que todos os candidatos tiveram pouca oscilação dentro da margem de erro.

    Dito isso, ou a Revolta da Engorda – e toda a agitação que ela causou no meio político – não mereceu atenção do eleitorado mais amplo ou as pesquisas ainda não puderam captar o movimento da opinião pública. E há sempre uma terceira possibilidade: tiro de lá e canhão de cá, no fim das contas a Revolta da Engorda até pode ter chegado à preocupação dos eleitores, mas cada qual preferiu se manter onde já estava e se sentia seguro.


  • Natália dá aula de como se faz uma boa guerrilha digital

    A cada eleição que passa, mais os candidatos se dedicam às suas redes sociais, em busca de conquistar um público ao qual costumamos atribuir o voto de opinião, espécime resistente, muitas vezes sobrevivendo aos riscos de extinção.
    Na verdade, a impressão que se tem é que – aparte o terrorismo midiático dos que propalam a crise da democracia, ameaçada por inimigos de todos os lados – o voto de opinião nunca esteve tão em voga.

    Ocorre que também nunca antes na história deste país se teve tanta opinião sobre tanta coisa. Temos batido, em nossos editoriais, na tecla dos danos que a polarização lulo-bolsonarista causa ao país. Mas há no cenário político contemporâneo ao menos uma novidade que me parece saudável: há mais pessoas debatendo política, ainda que estejam em processo de civilização.

    Deve ser melhor que se debata mal em vez de que se cale. Mas as vozes ecoadas dos sentimentos populares incomodam àqueles que creem que a opinião é privilégio dos iluminados. E curiosamente, os mais elitistas dentre os elitistas vêm da esquerda.

    Mas, entrando enfim no tópico da guerrilha digital, podemos reparar que Natal será um grande laboratório de estudo para quem se interessar pelo tema. O caso recente da Revolta da Engorda, com a ocupação do terreno do Idema por centenas de pessoas, deu uma pista do que está por vir.

    No jogo pela atenção fugaz do eleitor e pela manipulação de suas emoções vale tudo. E restam poucos ingênuos em campo.

    Vejamos o discurso da deputada federal Natália Bonavides, na sequência da ocupação do Idema. “Oi, pessoal. Hoje aconteceram cenas terríveis…” Terríveis, diz ela, quase marejada de tanto horror. Para uma militante da esquerda identitária, acostuma à ocupação de prédios públicos, trancamentos de vias e queima de pneus – sem falar em eventuais confrontos diretos com a polícia – não cai bem, né? Oras, cai sim.

    O discurso consternado de petistas, até o momento, venceu a queda de braço na opinião público sobre a quem deve caber o papel de mocinho no roteiro. E ganha aquele de fixar primeiro a pecha de vilão no concorrente.

    A guerra das milícias digitais veio pra ficar. E acho anacrônico acusá-la de antidemocrática, pois ela é hoje o meio pelo qual se exerce o que quer que a democracia seja.

    Mais adiante, em seu vídeo no Instagram, Natália confessa seus temores “a gente não quer que aconteça aqui em Natal o que aconteceu, por exemplo, em balneário de Camboriú, que apareceu tubarão por causa da obra da engorda, pelo amor de Deus”.

    Se nos parece tolo, é porque tolos somos nós. O medo é um dos sentimentos mais fortes que conhecemos, e na hora do engajamento político ele é um estimulante natural.

    Lula venceu em 2022 com o discurso de “a esperança vai vencer o medo”. Mas logo aprendeu que o medo é mais forte que qualquer esperança e também é mais duradouro.

    A campanha de 2022 foi a campanha do medo. Medo do comunismo de esquerda, do fascismo de direita, do genocídio etc e tal.

    Natália sabe que suas hostes estão sempre carentes de motivação. E ela fornece a motivação que lhe exigem. Se nesta semana o estímulo vem do medo, na próxima poderá vir da coragem. Vejam o perfil da deputada em seu site oficial. Lá ela se orgulha de ter participado da Revolta do Busão e da “a histórica ocupação da Câmara Municipal do Natal realizada em 2011” no Fora Micarla.

    Perto das ações da Revolta do Busão – da qual participei e não me arrependo – e da ocupação da Câmara de Natal – da qual não participei, mas Natália sim – o sacolejo de portão que vimos na Revolta da Engorda foi o equivalente a um chá de revelação de sexo, em matéria de emoção.

    Você pode se perguntar como os apoiadores de Natália não percebem tais contradições, assim tão óbvias. “Cenas horríveis…” eles ouvem. Eles já têm seu lado. Tudo de que necessitam é de um motivo para entoar o hino do time. E isso sequer é privilégio da esquerda.

    No vídeo, Natália cita com respeito o “companheiro Mineiro”, o mesmo deu uma voadora no blogueiro que o incomodava. Isso enquanto lamentava as “cenas horríveis” dos sacolejadores de portão.

    “Desde de 2012, quando Paulinho Freire era o vice de Micarla”, ela cita de passagem. Ou capricha nas orações subordinadas: “essa elite política, que tem sempre ideias tão parecidas, e que está há vários anos à frente da prefeitura de Natal”. Até a redução da jornada de trabalho (bandeira da CUT) ela critica.
    Acontece que Natália entende a linguagem digital. Ela sabe que precisa tocar uma bela canção, e toca.


  • Por oportunismo eleitoreiro, Natália nega o próprio passado

    “Oi, pessoal. Hoje aconteceram cenas terríveis…” Assim começa o vídeo que a deputada federal Natália Bonavides, pré-candidata do PT, postou em seu Instagram na tarde ontem, a pretexto do protesto do movimento “SOS Morro do Careca”, que ocupou a sede do Idema, em Natal, pedindo a liberação das obras da engorda de Ponta Negra.

    As “cenas terríveis” são estas na sequência abaixo.

    1) Manifestantes sacodem portão de acesso aos pátios do Idema. Não houve feridos entre humanos e estruturas metálicas. 2) Assessor do Idema tenta impedir “ pacificamente à força” que mulher avance junto com manifestantes. 3 e 4) “Baderneiros truculentos” impedem que homem agrida mulher que protestava violentamente ao ser sacudida por assessor do Idema. Imagens: Instagram @nataliabonavides e @brisabracchi13.

    O que vemos nas imagens são centenas de pessoas ocupando os vastos terrenos do Idema para protestar democraticamente contra uma medida (ou a omissão da medida) proveniente do poder público.

    “Cenas terríveis”, disse Natália. A deputada até hoje não comentou, para dizer se é terrível ou não, a manchete estampada na capa da edição de 9 de maio de O Potengi, que exibimos abaixo.

    Em nossa 2ª edição impressa noticiamos que, segundo dados do IBGE, 428 mil pessoas passam fome no RN; nossa população é de cerca de 3,3 milhões.
    Na propaganda oficial do governo, os números da fome no RN foram comemorados. Imagem: rn.gov.br .

    Mas Natália foi rápida em se dizer chocada com as “cenas terríveis” de ontem, no Idema.

    No site oficial da petista (aqui, e a divulgação é grátis), Natália se orgulha de ter participado dos “movimentos Revolta do Busão e Fora Micarla, onde teve atuação destacada como militante e como estudante de Direito” e reforça o entusiasmo com os protestos estudantis daquele ano os descrevendo como “a histórica ocupação da Câmara Municipal do Natal realizada em 2011”.

    Pessoalmente, não creio que os manifestantes de 2011 fossem terroristas. Eu mesmo participei de diversos atos naquele período. E como não subestimo a inteligência de meus leitores, deixarei a seu encargo a conclusão deste artigo, apenas resgatando algumas imagens da revolta do busão e da “histórica ocupação da Câmara Municipal do Natal realizada em 2011”.

    Revolta do Busão e Fora Micarla. Fotos: Facebook.
    Revolta do Busão e Fora Micarla. Fotos: Facebook.

  • Álvaro tem razão: 2º turno será entre Paulinho e Natália

    Vantagem de 15,6% sobre o 2º colocado dá a impressão de uma campanha fácil para Carlos Eduardo (PSD), mas Paulinho Freire (União) e Natália Bonavides (PT) têm a seu favor a tendência de uma disputa intensa até 6 de outubro

    Faltando treze semanas para o 1º turno das eleições municipais, a pré-campanha na capital potiguar parece apática. Mas sob a aparência modorrenta, prepara-se uma das disputas mais acirradas pela prefeitura de Natal desde 2004, quando Carlos Eduardo e Micarla de Sousa derrotaram Luiz Almir no 2ª turno por apenas 14 mil votos.

    Como aferido pela pesquisa O Potengi / Ranking de 30 de junho, o líder está a cerca de 5% de alcançar a vitória no 1º turno, mas sua jornada não será fácil.

    Desconsiderando os votos da Zona Norte, a vantagem de Carlos Eduardo para o segundo colocado na pesquisa, o deputado federal Paulinho Freire, despenca de 15% para 8%. A concentração dos votos em Carlos na Zona Norte é tal que para cada dois votos nesta região ele tem apenas um nas demais três zonas da cidade.

    O efeito das chuvas

    As fortes chuvas que antecederam o inverno no RN levaram ao transbordamento de quatro lagoas de captação em Natal, três delas na Zona Norte (Santarém, Panatis e Jardim Primavera) A excessão foi a lagoa São Conrado,  em Nazaré.

    Não à toa, é também na margem setentrional do rio Potengi que se concentra a desaprovação ao prefeito Álvaro Dias. Caso o prefeito queira melhorar seus índices, uma boa pedida é reforçar a atenção dada às obras de ampliação da capacidade de drenagem das lagoas, que já estão em curso.

    Carlos no caminho do Brasil contemporâneo

    O Brasil viveu importantes mudanças no comportamento dos eleitores a partir dos protestos de junho de 2013. Já no ano seguinte, a onda conservadora que ali nasceu quase elege Aécio Neves e derrota Dilma Rousseff (arrisco dizer que, se o 2º turno de 2014 ocorresse uma semana antes ou depois, Aécio sairia vitorioso).

    Da derrota da direita em 2014, e da incapacidade desta em canalizar a crescente revolta popular, emergiu o bolsonarismo. Por seu lado, o lulismo – que é ancorado nos votos dos grotões e nos segmentos de menor renda e escolaridade – avançou em sua rendição ao discurso identitário que (tal qual o bolsonarismo) faz dos costumes sua pauta central.

    Natal enfrenta há décadas graves problemas que ainda carecem de solução, e isso certamente estará na mente dos eleitores em outubro. Contudo, a força da polarização ideológica também se fará sentir, e com força.

    Durante toda a campanha, à direita de Carlos estará Paulinho Freire, que busca atrair o bolsonarismo e reforçar sua liderança nos setores mais moderados da direita e do centro. À sua esquerda, Natália e sua militância, que hegemonizam a esquerda identitária da capital, um segmento que tem grande influência no debate público, sobretudo a partir das redes sociais.

    À medida que a campanha ganhe corpo, esses dois campos (que praticamente dividem hoje o país ao meio) só terão um mercado a explorar, o centro, onde Carlos tenta se equilibrar e resistir.


  • Prefeito Augusto Alves enfrenta pedido de impeachment por crime de responsabilidade

    Rombo nas contas da previdência dos servidores de Tangará já ultrapassa os R$ 9 milhões de reais; desviando os recursos que deveriam ser pagos ao fundo previdenciário, o prefeito interino augusto Alves está agora na iminência de perder o mandato

    O prefeito de Tangará, Augusto Alves, enfrenta agora um pedido de impeachment apresentado à Câmara de Vereadores da cidade sob a alegação de ter cometido crime de responsabilidade.

    Após assumir interinamente a prefeitura, sendo vice do ex-prefeito Dr. Airton (afastado do cargo pela Justiça devido a um processo de interdição levado a cabo por seu filho), Augusto Alves não teria realizado um único pagamento referente aos valores devidos à previdência dos servidores do município.

    “Estamos diante de uma situação alarmante. Se essa dívida não for sanada, os aposentados e pensionistas poderão ficar sem receber seus benefícios num futuro bem próximo”, afirmou Gilson Filho, presidente do sindicato dos servidores em Educação.

    Na última reunião dos conselhos Deliberativo e Fiscal do Tangará Prev, realizada em 24 de maio de 2024, foram discutidos os impactos da falta de repasse das contribuições previdenciárias.

    A ausência de ações concretas para sanar o déficit levou os conselheiros Luiz Carlos de Oliveira e Roberto Luiz da Silva Filho a protocolar um pedido de impeachment contra o prefeito interino.

    A acusação central é que a administração de Augusto Alves não tem realizado os repasses obrigatórios ao fundo de previdência (Tangará Prev).

    Essa prática ilegal resultou em um déficit alarmante que coloca em risco o pagamento dos benefícios dos servidores aposentados e pensionistas, ameacando centenas de famílias.

    O rombo no Tangará Prev já ultrapassa os R$ 9 milhões. Esse déficit significativo é atribuído à falta de repasses tanto na administração atual quanto na anterior, sem qualquer ação concreta de Augusto Alves para resolver o problema.

    Os conselheiros do Tangará Prev estão ainda organizando ações judiciais para pressionar a gestão de Augusto Alves a dar respostas sobre o uso indevido dos recursos previdenciários. Essa mobilização judicial destaca a gravidade da situação e a insatisfação com a atual gestão.

    Impeachment poderá ser votado ainda em julho

    A presidente da Câmara Municipal de Tangará, Ana Viana, conhecida na cidade como Ana de Ilo, tem agora o prazo de três dias para se pronunciar sobre a abertura do processo de cassação do mandato do prefeito interino Augusto Alves. A partir da abertura, Augusto terá até dez dias para apresentar suas alegações. Então o processo se iniciará na Câmara de Vereadores que designará uma comissão para conduzi-lo.

    Em Patu, essa prática está prestes a levar à perda do mandato do prefeito Rivelino Câmara, que enfrenta uma ação popular solicitando seu afastamento imediato por um rombo nas finanças do fundo de previdência que supera os R$ 3 milhões.

    Note-se que o rombo na previdência de Tangará é três superior ao da previdência de Patu. Augusto Alves, que se movimenta para disputar a eleição em outubro, poderá permanecer no cargo até lá.