• A campanha já vai começar; que comece o debate

    No último sábado (3) se encerrou, na prática, o período de convenções eleitorais em Natal. Temos as chapas majoritárias definidas, após meses de especulações e negociações de toda sorte. No dia 16, as campanhas ganham oficialmente as ruas e chegam à rede de rádio e televisão no dia 30.

    Os bandeiraços, comícios e carreatas vão começar. Mas será que terá início o debate acerca dos projetos dos candidatos para enfrentar os enormes desafios que atrasam o progresso de nossa capital?

    Caso mantenha-se o atual nível das discussões, podemos aguardar uma campanha de baixo nível e nada propositiva. Há uma clara tendência em todo o país pela polarização ideológica das eleiçẽs municipais, o que pode reforçar a tendência natural ao vazio de ideias (leia o artigo Ismênio Bezerra sobre o tema).

    Certamente os temas morais e os ataques darão o tom das primeiras semanas. E se as pesquisas não indicarem reação dos eleitores, este será o único tom da campanha.


  • Com Jacó vice, Carlos Eduardo revela que espera encarar Paulinho Freire no 2º turno

    A semana foi de definições nas alianças que disputarão a eleição pela prefeitura de Natal no próximo dia 6 de outubro; Paulinho Freire (União) já havia definido Joanna Guerra (REP) como vice; Natália Bonavides (PT) confirmou ao seu lado Milklei Leite (PV); Rafael Motta (Avante) anunciou o correligionário José Odon Abdin; por fim, Carlos Eduardo se decidiu por Jacó Jácome como vice, ambos são do PSD

    O último capítulo da novela dos vices que marcou a pré-campanha à prefeitura de Natal foi protagonizado por Carlos Eduardo. Liderando as pesquisas, Carlos flertou abertamente com o prefeito Álvaro Dias, em busca de uma aliança que poderia sacramentar o desfecho da eleição já no 1º turno. Ocorreu que Álvaro preferiu o matrimônio com Paulinho Freire, indicando Joanna Guerra para sua vice.

    Depois, houve um noivado com Kelps Lima (SDD). Mas a este cansou de esperar pelo anel e partiu em busca de novos pares, pra não ficar para titia.

    Rafael Motta até do comando do PSB potiguar desistiu, buscando a unidade de seu campo em uma candidatura alternativa à de Natália, que julga ter limites impeditivos.

    Mas a escolha foi por Jacó Jácome, também do PSD. Com a escolha, Carlos fez uma aposta clara naquilo que espera enfrentar no 2º turno.

    Álvaro traria a Carlos aqueles 10% a 15% que a máquina do Executivo tem em todas as eleições. Já Kelps somaria com a experiência e a capacidade de articulação que faltam ao grupo reduzido do 4 vezes ex-prefeito. E Rafael reforçaria Carlos na disputa pelos votos da centro-esquerda e da juventude.

    Jacó Jácome é outra coisa. Evangélico da Assembleia de Deus, teve no pastor-presidente da igreja seu principal articulador para a vice. Chega com  a promessa de reforçar as hostes carlistas junto ao eleitorado conservador. E por que Carlos optou por se reforçar justamente nesse segmento? Paulinho Freire.

    O candidato do União Brasil, Paulinho Freire, conseguiu unir a centro-direita natalense em torno de seu projeto. Conta com fortes legendas em sua coligação, como Republicanos, PL, PSDB, PP, Podemos e Solidariedade. Terá o apoio fundamental de grande parte do segmento evangélico e muito, mas muito mais tempo de televisão. Sem contar com a força de Álvaro Dias, que mostrou na campanha de Rogério Marinho ao Senado que ainda tem o que jogar.

    Do outro, como possível oponente no 2º turno, está Natália, cuja candidatura resiste a se firmar. Contando com a repetição local da polarização nacional que opõe lulistas e bolsonaristas, o PT pode acabar novamente sendo tragado pela força de Carlos junto ao eleitorado progressista da capital. Some-se a isto os 72% de desaprovação conferidos ao governo de Fátima Bezerra na última pesquisa Ranking / O Potengi para Natal. Aí teremos um cenário que parece confirmar as expectativas de Carlos Eduardo de enfrentar Paulinho Freire no 2º turno.

    O desafio de Carlos, por paradoxal que pareça, será chegar ao 2º turno. Consolidado nas bases da centro-direita, Paulinho tem sua vaga bem encaminhada. E se Natália decolar, poderá abrir uma sangria nos votos de esquerda que hoje vão em grande número para o ex-prefeito.

    Com a intensificação da campanha e reconhecimento pelos eleitores de que Carlos e Álvaro estão em palanques diferentes, será natural a migração de parte de seus votos. A última pesquisa que considerou “Candidato de Álvaro Dias” como opção também registrou que ⅔ dos que declararam votar no candidato do prefeito também declararam votar em Carlos. Isso totalizaria 10% das intenções de voto totais, que respondem por mais de 1⁄4 do desempenho atual de Carlos nas pesquisas.

    É de se esperar que uma parcela destes 10% dos eleitores que identificam Carlos como o candidato de Álvaro reconsidere sua decisão com o início da campanha oficial. Do outro lado do espectro ideológico, segue a incerteza sobre o comportamento do eleitor de esquerda. Ele irá com Carlos, como já foi em outras três ocasiões, inclusive quando derrotou Luiz Almir tendo Micarla como vice? Ou ele será cativado pela campanha de Natália, que ainda aguardamos para saber o que será?

    De certo, só uma coisa: Carlos Eduardo optou por uma chapa puro sangue com um ex-deputado da igreja evangélica porque acredita que estará no 2º turno e aposta suas fichas que, no dia 27 de outubro, enfrentará nas urnas o candidato da direita, Paulinho Freire.


  • Olha Fátima indo,
olha Fátima vindo

    Se tem uma pessoa neste nosso agraciado RN, é a governadora Fátima Bezerra. Se livrou dos moídos nas convenções dos partidos aliados em Natal, escapou de levar vaia na Festa de Festa de Sant’ana, em Caicó, passou longe do chororô dos prefeitos do interior em suas convenções e – de quebra – tomou um bom vinho em Paris.

    Na última terça-feira (23) ela cruzou o Atlântico em busca da paz do velho mundo. A mensagem enviada à Assembleia Legislativa informou que ela faria uma “viagem oficial a Paris, na França, no período de 23 a 30 de julho de 2024”. Vai acompanhar de perto as Olimpíadas de 2024, com direito a bordado potiguar e à zagueira Antônia Silva, também da terrinha.


  • Desânimo do eleitor reflete vazio de ideias na política

    No fim das contas, a culpa é mesmo do eleitor. Afinal, é nisso que se baseia a democracia, na noção de que cada cidadão é responsável pela condução dos interesses coletivos a partir do exercício do voto.

    O problema começa a ficar mais cinza quando nos defrontamos com os meios que tem o eleitor para julgar e decidir.

    Não bastasse a maior parte da vida da maioria das pessoas ser consumida pelas atividades essenciais para a mera sobrevivência, há ainda um forte desestímulo institucional à participação. Campanhas de 45 dias mesmo para municípios com centenas de milhares de habitantes dão a mostra disso.

    Outro fator que pesa é a falta de diferença entre os discursos dos candidatos. Vereador costuma defender interesses locais e ações pontuais – e suas bases, claro. Postulantes ao executivo se escondem atrás das assessorias e do marketing, que ao medir o gosto do eleitor promove o nivelamento no vazio. E assim, quem prestará atenção?


  • A pequenez do MDB de Walter Alves

    Vice das estradas esburacadas impede candidatura do bacurau Leandro Varela em Canguaretama.

    O cenário político de Canguaretama é marcado por reviravoltas e traições. Inclusive com o MDB vetando a candidatura do vereador Leandro Varela à prefeitura. Esta decisão é ainda mais intrigante devido ao compromisso inicial do presidente estadual da sigla, o vice-governador Walter Alves, que não honrou sua palavra e agora tenta impedir a candidatura de um bacurau.

    Leandro obteve destaque na política local como principal líder da oposição, mas agora se vê confrontado com traições políticas que culminaram na decisão do MDB de não apoiar sua candidatura.

    “A traição não foi comigo, mas com o povo. Os poderosos querem eleição com candidato único, sem debate de ideias e direito de escolha. Este simples professor tem incomodado. Mas o povo quer se libertar e está conosco. Nossa luta é pelo direito de representar aqueles que confiam no nosso trabalho, não aguentam mais o atraso que toma conta de Canguaretama há 30 anos e querem um prefeito de origem popular”, declarou.

    Em live marcante na última sexta-feira (19), o pré-candidato “abriu o verbo”. Diante de uma audiência engajada, com mais de mil espectadores simultâneos, Varela não hesitou em expor os bastidores de todo esse imbróglio. Ao abordar o futuro eleitoral do município, ele assegurou que a oposição estará forte nas eleições de 2024, independentemente dos desafios.

    A grande novidade foi a apresentação de seu filho, Luiz Fernando (SD), como um “plano B” para a disputa eleitoral, caso as circunstâncias legais impeçam sua candidatura.

    “Luiz é sangue do meu sangue, também filho da terra e representa uma nova geração comprometida com o bem-estar de nossa cidade. Estamos preparados para qualquer cenário”, afirmou Varela.

    Partido nanico

    Nem mais a sombra das folhas de bananeira carregadas pelos bacuraus em tempo nem tão distantes. Como ocorre com certas empresas familiares, o MDB potiguar foi infeliz na sucessão. “Waltinho” é um vice-governador apagado que pouco ou nada opina sobre os grandes temas da política potiguar – e nisso tem muita companhia.

    Em todo o estado, a direção medebista age para remover o partido do caminho, abrindo espaço para os planos da patroa, Fátima Bezerra. O outrora gigante MDB de Aluízio Alves hoje é o Emedebinho do Waltinho.


  • Pesquisas mostram que Revolta da Engorda não alterou a preferência dos eleitores

    Enquanto Paulinho vestiu a camisa do projeto da engorda da praia de Ponta Negra, Natália contra-atacou denunciando as “cenas horríveis” da manifestação. Carlos e Rafael ficaram “só na entoca” observando. Eleitorado – ao que parece – não reagiu ao drama do mundo político.

    Foram publicadas duas pesquisas após a Revolta da Engorda, quando o prefeito de Natal Álvaro Dias liderou um protesto no Idema pela liberação do início das obras na praia de Ponta Negra. Ambas mantêm o que se tem verificado nas sondagens anteriores: uma divisão entre os institutos sobre a tendência (ou não) para que haja um 2º turno na capital.

    A pesquisa marca, divulgada pelo Diário do Poder na segunda-feira (15) deu Carlos Eduardo com 38,41%, Paulinho Freire com 14,88%, Natália Bonavides com 13,66% e Rafael Motta com 6,1%. Somados, os três candidatos que aparecem na sequência do primeiro colocado têm 34,64% das intenções de voto. A distância entre eles e Carlos é de 3,77%. Se não considerarmos a margem de erro, a eleição seria definida já no 1º turno; já considerando a margem de erro da pesquisa, que é de 3,5%  para mais ou para menos, existiria a possibilidade de 2º turno em Natal.

    Divulgada no dia seguinte (16) pelo Blog do BG, a pesquisa Seta apresentou o seguinte resultado: Carlos Eduardo, 35,6%; Paulinho Freire, 20%; Natália Bonavides, 15,3%; Rafael Motta, 1,8%; demais nomes, 2,5%. Por estes números, excetuando o líder, todos os candidatos somam 39,6% – o que aponta para a necessidade de realização do 2º. Contudo, considerando a margem de erro de 2,5%, o resultado se torna novamente incerto.

    A referida pesquisa Marca foi a primeira do instituto para Natal, portanto não há como avaliar a evolução dos candidatos. Já na pesquisa Seta, vemos que todos os candidatos tiveram pouca oscilação dentro da margem de erro.

    Dito isso, ou a Revolta da Engorda – e toda a agitação que ela causou no meio político – não mereceu atenção do eleitorado mais amplo ou as pesquisas ainda não puderam captar o movimento da opinião pública. E há sempre uma terceira possibilidade: tiro de lá e canhão de cá, no fim das contas a Revolta da Engorda até pode ter chegado à preocupação dos eleitores, mas cada qual preferiu se manter onde já estava e se sentia seguro.


  • Natália dá aula de como se faz uma boa guerrilha digital

    A cada eleição que passa, mais os candidatos se dedicam às suas redes sociais, em busca de conquistar um público ao qual costumamos atribuir o voto de opinião, espécime resistente, muitas vezes sobrevivendo aos riscos de extinção.
    Na verdade, a impressão que se tem é que – aparte o terrorismo midiático dos que propalam a crise da democracia, ameaçada por inimigos de todos os lados – o voto de opinião nunca esteve tão em voga.

    Ocorre que também nunca antes na história deste país se teve tanta opinião sobre tanta coisa. Temos batido, em nossos editoriais, na tecla dos danos que a polarização lulo-bolsonarista causa ao país. Mas há no cenário político contemporâneo ao menos uma novidade que me parece saudável: há mais pessoas debatendo política, ainda que estejam em processo de civilização.

    Deve ser melhor que se debata mal em vez de que se cale. Mas as vozes ecoadas dos sentimentos populares incomodam àqueles que creem que a opinião é privilégio dos iluminados. E curiosamente, os mais elitistas dentre os elitistas vêm da esquerda.

    Mas, entrando enfim no tópico da guerrilha digital, podemos reparar que Natal será um grande laboratório de estudo para quem se interessar pelo tema. O caso recente da Revolta da Engorda, com a ocupação do terreno do Idema por centenas de pessoas, deu uma pista do que está por vir.

    No jogo pela atenção fugaz do eleitor e pela manipulação de suas emoções vale tudo. E restam poucos ingênuos em campo.

    Vejamos o discurso da deputada federal Natália Bonavides, na sequência da ocupação do Idema. “Oi, pessoal. Hoje aconteceram cenas terríveis…” Terríveis, diz ela, quase marejada de tanto horror. Para uma militante da esquerda identitária, acostuma à ocupação de prédios públicos, trancamentos de vias e queima de pneus – sem falar em eventuais confrontos diretos com a polícia – não cai bem, né? Oras, cai sim.

    O discurso consternado de petistas, até o momento, venceu a queda de braço na opinião público sobre a quem deve caber o papel de mocinho no roteiro. E ganha aquele de fixar primeiro a pecha de vilão no concorrente.

    A guerra das milícias digitais veio pra ficar. E acho anacrônico acusá-la de antidemocrática, pois ela é hoje o meio pelo qual se exerce o que quer que a democracia seja.

    Mais adiante, em seu vídeo no Instagram, Natália confessa seus temores “a gente não quer que aconteça aqui em Natal o que aconteceu, por exemplo, em balneário de Camboriú, que apareceu tubarão por causa da obra da engorda, pelo amor de Deus”.

    Se nos parece tolo, é porque tolos somos nós. O medo é um dos sentimentos mais fortes que conhecemos, e na hora do engajamento político ele é um estimulante natural.

    Lula venceu em 2022 com o discurso de “a esperança vai vencer o medo”. Mas logo aprendeu que o medo é mais forte que qualquer esperança e também é mais duradouro.

    A campanha de 2022 foi a campanha do medo. Medo do comunismo de esquerda, do fascismo de direita, do genocídio etc e tal.

    Natália sabe que suas hostes estão sempre carentes de motivação. E ela fornece a motivação que lhe exigem. Se nesta semana o estímulo vem do medo, na próxima poderá vir da coragem. Vejam o perfil da deputada em seu site oficial. Lá ela se orgulha de ter participado da Revolta do Busão e da “a histórica ocupação da Câmara Municipal do Natal realizada em 2011” no Fora Micarla.

    Perto das ações da Revolta do Busão – da qual participei e não me arrependo – e da ocupação da Câmara de Natal – da qual não participei, mas Natália sim – o sacolejo de portão que vimos na Revolta da Engorda foi o equivalente a um chá de revelação de sexo, em matéria de emoção.

    Você pode se perguntar como os apoiadores de Natália não percebem tais contradições, assim tão óbvias. “Cenas horríveis…” eles ouvem. Eles já têm seu lado. Tudo de que necessitam é de um motivo para entoar o hino do time. E isso sequer é privilégio da esquerda.

    No vídeo, Natália cita com respeito o “companheiro Mineiro”, o mesmo deu uma voadora no blogueiro que o incomodava. Isso enquanto lamentava as “cenas horríveis” dos sacolejadores de portão.

    “Desde de 2012, quando Paulinho Freire era o vice de Micarla”, ela cita de passagem. Ou capricha nas orações subordinadas: “essa elite política, que tem sempre ideias tão parecidas, e que está há vários anos à frente da prefeitura de Natal”. Até a redução da jornada de trabalho (bandeira da CUT) ela critica.
    Acontece que Natália entende a linguagem digital. Ela sabe que precisa tocar uma bela canção, e toca.


  • Por oportunismo eleitoreiro, Natália nega o próprio passado

    “Oi, pessoal. Hoje aconteceram cenas terríveis…” Assim começa o vídeo que a deputada federal Natália Bonavides, pré-candidata do PT, postou em seu Instagram na tarde ontem, a pretexto do protesto do movimento “SOS Morro do Careca”, que ocupou a sede do Idema, em Natal, pedindo a liberação das obras da engorda de Ponta Negra.

    As “cenas terríveis” são estas na sequência abaixo.

    1) Manifestantes sacodem portão de acesso aos pátios do Idema. Não houve feridos entre humanos e estruturas metálicas. 2) Assessor do Idema tenta impedir “ pacificamente à força” que mulher avance junto com manifestantes. 3 e 4) “Baderneiros truculentos” impedem que homem agrida mulher que protestava violentamente ao ser sacudida por assessor do Idema. Imagens: Instagram @nataliabonavides e @brisabracchi13.

    O que vemos nas imagens são centenas de pessoas ocupando os vastos terrenos do Idema para protestar democraticamente contra uma medida (ou a omissão da medida) proveniente do poder público.

    “Cenas terríveis”, disse Natália. A deputada até hoje não comentou, para dizer se é terrível ou não, a manchete estampada na capa da edição de 9 de maio de O Potengi, que exibimos abaixo.

    Em nossa 2ª edição impressa noticiamos que, segundo dados do IBGE, 428 mil pessoas passam fome no RN; nossa população é de cerca de 3,3 milhões.
    Na propaganda oficial do governo, os números da fome no RN foram comemorados. Imagem: rn.gov.br .

    Mas Natália foi rápida em se dizer chocada com as “cenas terríveis” de ontem, no Idema.

    No site oficial da petista (aqui, e a divulgação é grátis), Natália se orgulha de ter participado dos “movimentos Revolta do Busão e Fora Micarla, onde teve atuação destacada como militante e como estudante de Direito” e reforça o entusiasmo com os protestos estudantis daquele ano os descrevendo como “a histórica ocupação da Câmara Municipal do Natal realizada em 2011”.

    Pessoalmente, não creio que os manifestantes de 2011 fossem terroristas. Eu mesmo participei de diversos atos naquele período. E como não subestimo a inteligência de meus leitores, deixarei a seu encargo a conclusão deste artigo, apenas resgatando algumas imagens da revolta do busão e da “histórica ocupação da Câmara Municipal do Natal realizada em 2011”.

    Revolta do Busão e Fora Micarla. Fotos: Facebook.
    Revolta do Busão e Fora Micarla. Fotos: Facebook.

  • Álvaro tem razão: 2º turno será entre Paulinho e Natália

    Vantagem de 15,6% sobre o 2º colocado dá a impressão de uma campanha fácil para Carlos Eduardo (PSD), mas Paulinho Freire (União) e Natália Bonavides (PT) têm a seu favor a tendência de uma disputa intensa até 6 de outubro

    Faltando treze semanas para o 1º turno das eleições municipais, a pré-campanha na capital potiguar parece apática. Mas sob a aparência modorrenta, prepara-se uma das disputas mais acirradas pela prefeitura de Natal desde 2004, quando Carlos Eduardo e Micarla de Sousa derrotaram Luiz Almir no 2ª turno por apenas 14 mil votos.

    Como aferido pela pesquisa O Potengi / Ranking de 30 de junho, o líder está a cerca de 5% de alcançar a vitória no 1º turno, mas sua jornada não será fácil.

    Desconsiderando os votos da Zona Norte, a vantagem de Carlos Eduardo para o segundo colocado na pesquisa, o deputado federal Paulinho Freire, despenca de 15% para 8%. A concentração dos votos em Carlos na Zona Norte é tal que para cada dois votos nesta região ele tem apenas um nas demais três zonas da cidade.

    O efeito das chuvas

    As fortes chuvas que antecederam o inverno no RN levaram ao transbordamento de quatro lagoas de captação em Natal, três delas na Zona Norte (Santarém, Panatis e Jardim Primavera) A excessão foi a lagoa São Conrado,  em Nazaré.

    Não à toa, é também na margem setentrional do rio Potengi que se concentra a desaprovação ao prefeito Álvaro Dias. Caso o prefeito queira melhorar seus índices, uma boa pedida é reforçar a atenção dada às obras de ampliação da capacidade de drenagem das lagoas, que já estão em curso.

    Carlos no caminho do Brasil contemporâneo

    O Brasil viveu importantes mudanças no comportamento dos eleitores a partir dos protestos de junho de 2013. Já no ano seguinte, a onda conservadora que ali nasceu quase elege Aécio Neves e derrota Dilma Rousseff (arrisco dizer que, se o 2º turno de 2014 ocorresse uma semana antes ou depois, Aécio sairia vitorioso).

    Da derrota da direita em 2014, e da incapacidade desta em canalizar a crescente revolta popular, emergiu o bolsonarismo. Por seu lado, o lulismo – que é ancorado nos votos dos grotões e nos segmentos de menor renda e escolaridade – avançou em sua rendição ao discurso identitário que (tal qual o bolsonarismo) faz dos costumes sua pauta central.

    Natal enfrenta há décadas graves problemas que ainda carecem de solução, e isso certamente estará na mente dos eleitores em outubro. Contudo, a força da polarização ideológica também se fará sentir, e com força.

    Durante toda a campanha, à direita de Carlos estará Paulinho Freire, que busca atrair o bolsonarismo e reforçar sua liderança nos setores mais moderados da direita e do centro. À sua esquerda, Natália e sua militância, que hegemonizam a esquerda identitária da capital, um segmento que tem grande influência no debate público, sobretudo a partir das redes sociais.

    À medida que a campanha ganhe corpo, esses dois campos (que praticamente dividem hoje o país ao meio) só terão um mercado a explorar, o centro, onde Carlos tenta se equilibrar e resistir.


  • Prefeito Augusto Alves enfrenta pedido de impeachment por crime de responsabilidade

    Rombo nas contas da previdência dos servidores de Tangará já ultrapassa os R$ 9 milhões de reais; desviando os recursos que deveriam ser pagos ao fundo previdenciário, o prefeito interino augusto Alves está agora na iminência de perder o mandato

    O prefeito de Tangará, Augusto Alves, enfrenta agora um pedido de impeachment apresentado à Câmara de Vereadores da cidade sob a alegação de ter cometido crime de responsabilidade.

    Após assumir interinamente a prefeitura, sendo vice do ex-prefeito Dr. Airton (afastado do cargo pela Justiça devido a um processo de interdição levado a cabo por seu filho), Augusto Alves não teria realizado um único pagamento referente aos valores devidos à previdência dos servidores do município.

    “Estamos diante de uma situação alarmante. Se essa dívida não for sanada, os aposentados e pensionistas poderão ficar sem receber seus benefícios num futuro bem próximo”, afirmou Gilson Filho, presidente do sindicato dos servidores em Educação.

    Na última reunião dos conselhos Deliberativo e Fiscal do Tangará Prev, realizada em 24 de maio de 2024, foram discutidos os impactos da falta de repasse das contribuições previdenciárias.

    A ausência de ações concretas para sanar o déficit levou os conselheiros Luiz Carlos de Oliveira e Roberto Luiz da Silva Filho a protocolar um pedido de impeachment contra o prefeito interino.

    A acusação central é que a administração de Augusto Alves não tem realizado os repasses obrigatórios ao fundo de previdência (Tangará Prev).

    Essa prática ilegal resultou em um déficit alarmante que coloca em risco o pagamento dos benefícios dos servidores aposentados e pensionistas, ameacando centenas de famílias.

    O rombo no Tangará Prev já ultrapassa os R$ 9 milhões. Esse déficit significativo é atribuído à falta de repasses tanto na administração atual quanto na anterior, sem qualquer ação concreta de Augusto Alves para resolver o problema.

    Os conselheiros do Tangará Prev estão ainda organizando ações judiciais para pressionar a gestão de Augusto Alves a dar respostas sobre o uso indevido dos recursos previdenciários. Essa mobilização judicial destaca a gravidade da situação e a insatisfação com a atual gestão.

    Impeachment poderá ser votado ainda em julho

    A presidente da Câmara Municipal de Tangará, Ana Viana, conhecida na cidade como Ana de Ilo, tem agora o prazo de três dias para se pronunciar sobre a abertura do processo de cassação do mandato do prefeito interino Augusto Alves. A partir da abertura, Augusto terá até dez dias para apresentar suas alegações. Então o processo se iniciará na Câmara de Vereadores que designará uma comissão para conduzi-lo.

    Em Patu, essa prática está prestes a levar à perda do mandato do prefeito Rivelino Câmara, que enfrenta uma ação popular solicitando seu afastamento imediato por um rombo nas finanças do fundo de previdência que supera os R$ 3 milhões.

    Note-se que o rombo na previdência de Tangará é três superior ao da previdência de Patu. Augusto Alves, que se movimenta para disputar a eleição em outubro, poderá permanecer no cargo até lá.





por Angelo Girotto


O Potengi

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  • Ataques a Carlos Eduardo mostram que talvez Natal precise dele de novo

    Imagem: reprodução InterTV Cabugi.

    Comunicadores que apoiam um candidato adversário de Carlos Eduardo (PSD) na corrida pela Prefeitura de Natal iniciaram ontem uma campanha de difamação na internet contra o ex-prefeito, explorando o preconceito que ainda (e vergonhosamente) existe em relação às religiões de matriz africana.

    De tão torpe, nem cabe analisar o que escreveram os publicistas. Mas cabe o registro da resposta republicana e justa da campanha do candidato do PSD:

    “Carlos, ao longo de sua vida pública, sempre foi convidado por lideranças religiosas para prestigiar eventos e, como cidadão e político brasileiro, tem defendido incansavelmente o direito constitucional à liberdade religiosa, garantido pelo artigo 5º, inciso VI, da Constituição Federal. Ele se posiciona firmemente contra qualquer forma de intolerância religiosa, um crime tipificado pela Lei 7.716/1989, que prevê sanções para quem praticar, induzir ou incitar discriminação ou preconceito por motivos religiosos.”


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  • O Potengi divulga amanhã (10) pesquisa eleitoral  para a cidade de Assú

    Nesta terça-feira, dia 10, o jornal O Potengi divulgará a segunda pesquisa Ranking de intenções de voto de nossa série para a cidade de Assú.

    A nova pesquisa para Assu trará os números da preferência dos eleitores para prefeito (estimulada e espontânea) e vereador (espontânea), bem como os números da rejeição dos candidatos a prefeito.

    A pesquisa Ranking / O Potengi para as eleições municipais de Assú ouviu 500 eleitores de todas as regiões da cidade, entre os últimos dias 4 e 5 de setembro. Com margem de erro de 4,3%, a pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número RN-08618/2024.


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  • Marçal, palhaços e representatividade

    O que nos leva a vibrar com um Pablo Marçal lacrando no debate eleitoral, ainda que de uma cidade distante, é aquilo a que chamo de síndrome do palhaço. Após ser tratado por muito tempo como se fôssemos algo que não somos, costuma ocorrer de assumirmos trejeitos do personagem que nos impõem. E está claro que a regra das campanhas eleitorais conduzidas por marqueteiros sem convicções políticas é nos tratar como palhaços.

    Pablo Marçal fez dos debates eleitorais sua arma de alcance massivo. Imagem: TV Gazeta.

    E é aí que entra o fenômeno Pablo Marçal – ao menos do ponto de vista deste cronista da política. As lacrações de Marçal (palhaçadas, por que não?) nos cativam porque vemos nelas nosso próprio desconforto diante do vazio de ideias e projetos que movem as campanhas eleitorais.

    Não é que os candidatos não tenham realmente nenhuma diferença entre si, pois há aquelas raras exceções que representam realmente algo. Trata-se do fato de sermos nivelados todos por baixo a partir de pesquisas superficiais e analistas ainda mais superficiais.

    Ao ver um dos nossos (um palhaço) participando do debate e avacalhando aquele circo de roteiro previsível, é tentador vibrarmos com as reviravoltas do Macunaíma de ocasião. Elegê-lo – ainda do ponto de vista limitado deste que escreve – já é algo mais “punk”. Não recomendaria que se chegue a tanto. Mas os eleitores paulistanos, 23% deles segundo o Datafolha, parecem discordar.


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  • Paulinho Freire vence segundo debate entre candidatos a prefeito de Natal

    Debate foi protagonizado por Paulinho e Natália, que apresentaram aos eleitores visões claras de seus projetos políticos e da visão que têm sobre a gestão do interesse público. Foto: reprodução

    O debate promovido ontem pelo grupo Dial, que reúne a 98 FM e a Jovem Pan, apostou em novo formato e acertou. Com mais tempo e liberdade para os candidatos se expressarem e exporem seus pontos de vista e contradições, enfim pudemos ver os postulantes ao Palácio Felipe Camarão revelar o que pensam e planejam para o futuro de nossa cidade.

    Embora as “propostas” tenham sido requentadas e banais, a abordagem feita pelos candidatos e os meios pelos quais pretendem implementar suas ações permitiram ao eleitor compreender os diferentes projetos políticos que disputam seu voto.

    A noite foi protagonizada por Paulinho Freire (União) e Natália Bonavides (PT). E – como veremos agora – tivemos o confronto de duas visões distintas da sociedade e da gestão pública: à direita, o liberalismo social de Paulinho; à esquerda, a social-democracia identitária de Natália.

    Paulinho problematizou mais e elevou o nível do debate

    Paulinho venceu o debate porque fugiu das narrativas vazias, respeitou a inteligência do eleitor e trouxe propostas para as quais tinham em mente os caminhos para executá-las.

    Dos três contendores da noite de ontem, Paulinho Freire foi o de melhor desempenho por ter conseguido conduzir discussões relevantes, a exemplo do que fez em suas intervenções sobre infraestrutura, transporte, saúde e educação.

    Paulinho não apelou para o discurso fácil de prometer melhorias sem considerar a realidade financeira do Município e os limites da gestão pública. Foi o caso dos temas que giraram em torno da necessidade de ampliação dos serviços públicos municipais.

    Enquanto Natália e Rafael optaram pelas respostas de sempre – mais concursos e melhores salários -, Paulinho ousou tratar o problema com seriedade. Primeiro, reconheceu que a defasagem no quadro técnico das prefeituras (todas, não apenas a de Natal) é gigante. Diante desse quadro pouco promissor, ele falou com clareza de dois obstáculos no caminho de qualquer tentativa de resolução: a falta de capacidade do Município em assumir novas despesas e a lentidão nos processos de contratação e treinamento de profissionais via concursos públicos.

    E foi neste ponto que Paulinho marcou sua principal diferença em relação aos demais candidatos. Propôs em diversas ocasiões a construção de parcerias com a iniciativa privada para ampliar a capacidade de atendimento à população da cidade. Voucher para creches, convênios com clínicas privadas, contratação de empresas para destravar processos de licenciamentos. Com estas propostas, Paulinho marcou posição em defesa de um novo modelo de gestão, priorizando os resultados dos serviços públicos e contornando as limitações impostas pelo orçamento estrangulado e pela burocracia engessante que marcam o Estado brasileiro.

    Já Natália e Rafael, nesse quesito, se prenderam às soluções milagrosas. Natália falou em concursos e valorização salarial, sem explicar como isso seria possível (ou por que não é possível, por exemplo, nos governos Federal e Estadual que estão sob o comando do PT). Rafael sacou da cartola a panaceia da tecnologia, com direita a inteligência artificial e tudo – mais pareceu, neste caso, candidato à Secretaria de Inovação que prometeu criar.

    Outro ponto forte de Paulinho no debate de ontem foi Fátima Bezerra. O deputado federal soube explorar com competência as contradições da gestão estadual, expondo o choque entre realidade e “narrativas”, como disse o candidato.

    Paulinho também obteve pontos ao contrapor suas ações e emendas em prol da capital às políticas do Governo do Estado e do próprio mandato de Natália, que relegaram a cidade ao segundo plano em suas prioridades.

    Embora tenha longa carreira política no parlamento, esta é a primeira incursão de Paulinho em disputas majoritárias. Ontem, o candidato do União Brasil ainda mostrou um tanto do nervosismo que exibiu no primeiro debate desta eleição, mas foi beneficiado pelo formato do debate que lhe deu mais tempo para executar suas estratégia de aprofundar as discussões e trazer dados para embasar suas respostas.

    No primeiro debate, Paulinho foi o mais prejudicado pelo formato adotado. Com réplicas e tréplicas de 30 segundos, o debate anterior pareceu mais uma gincana de influenciadores do Instagram se revezando em intervenções curtas e lacradoras. Com mais tempo para expôr seu preparo e a quantidade de dados que pesquisou para embasar suas propostas, Paulinho ganhou confiança e cresceu a cada bloco.

    Paulinho venceu o debate porque fugiu das narrativas vazias, respeitou a inteligência do eleitor e trouxe propostas para as quais tinham em mente os caminhos para executá-las.

    Natália madura e focada no eleitor de esquerda

    Se não repetiu seu desempenho no primeiro debate, foi porque Natália – ao ter que se aprofundar nos temas – revelou aquele que deverá ser o principal desafio de sua promissora carreira política, o medo de se distanciar do discurso da esquerda identitária que marca sua trajetória parlamentar.

    A mais jovem dentre os seis candidatos à Prefeitura de Natal em 2024, Natália foi – em ambos os debates – a que mostrou mais segurança e melhor desempenho diante das câmeras. A deputada mostra que tem capacidade de liderar a renovação da esquerda potiguar e dá sinais de que fará isso com qualidade, provavelmente maior que esta que temos hoje.

    Contudo, com um debate que estimulou o aprofundamento das discussões, o projeto de Natália acabou mostrando suas fragilidades. Exemplo disso foram as evasivas que marcaram algumas de suas respostas.

    Por pelo menos duas ocasiões, Natália não abordou o ponto central dos questionamentos. Quando perguntada acerca de seus planos para explorar os potenciais e desafios do novo Plano Diretor da capital, Natália usou seus dois minutos quase inteiros para falar aos servidores técnicos da Prefeitura sobre temas de interesse da categoria: concursos e reajuste salarial. Foi um momento revelador do ponto mais fraco da atuação da deputada no debate ontem, sua ainda excessiva concentração nas pautas da esquerda identitária.

    No debate sobre o sistema de transportes públicos, o programa de Natália propõe uma ampliação da gestão do poder público sobre os serviços. Falou sobre ampliação do número de linhas de ônibus, mas esqueceu de avaliar o impacto disso na tarifa.

    Quando confrontada por Paulinho Freire acerca das condições das estradas estaduais que atravessam Natal, Natália praticamente não respondeu, preferindo uma retórica otimista voltada para militância de esquerda.

    Em outras ocasiões, deu-se momentos parecidos. Quando do debate sobre as políticas para o desenvolvimento e o turismo, Natália não entrou diretamente nas questões levantadas: papel do Plano Diretor, da engorda de Ponta Negra e da revitalização da orla.

    Natália teve um momento que merece ser enaltecido, quando trouxe para a discussão o trabalho de cuidado não remunerado, que recai sobretudo nos ombros das mulheres. Trata-se de um tema ainda muito distante da realidade social brasileira, mas cabe o registro de que é louvável que a deputada o tenha introduzido na agenda pública natalense. (Sobre o tema, deixamos a recomendação de leitura da filósofa Nancy Fraser.)

    Se não repetiu seu desempenho no primeiro debate, foi porque Natália – ao ter que se aprofundar nos temas – revelou aquele que deverá ser o principal desafio de sua promissora carreira política, o medo de se distanciar do discurso da esquerda identitária que marca sua trajetória parlamentar.

    Rafael na busca de um caminho em meio à polarização

    Rafael tem tudo para ser protagonista na tardia e necessária renovação da elite política potiguar. Mas para isso precisará superar a crise de identidade e ter a coragem de tomar posições claras, que digam a seus muitos eleitores o que ele pensa e pretende.

    Rafael Motta (Avante), embora jovem, já é experimentado em debates eleitorais e tem uma respeitável trajetória no legislativo. Nos parece que a única justificativa para o nervosismo que demonstrou nos dois primeiros debates desta eleição se dá pela dificuldade que tem enfrentado em renovar sua identidade política.

    Um marketing inábil tem mantido Rafael com um pé na esquerda (que já o abandonou)  e um dedão do pé na direita (que não sente firmeza em suas posições). Desta forma, Rafael busca a imagem de renovação e alternativa à polarização, mas falha na construção dessa identidade.

    “Existem doenças que podem ser diagnosticadas através de videochamadas. Isso facilita e deixa com que as pessoas deixem de lotar algumas UPA’s e UBS’s”, disse no debate. Claro que não vamos implicar com falhas naturais das frases que têm que ser improvisadas ao vivo. Mas a frase exemplifica bem o que pretendemos argumentar: Rafael tenta forjar um caminho político que nem ele sabe qual será. E nesse caminho apela à magia da tecnologia e aos encantos da juventude.

    Rafael tem tudo para ser protagonista na tardia e necessária renovação da elite política potiguar. Mas para isso precisará superar a crise de identidade e ter a coragem de tomar posições claras, que digam a seus muitos eleitores o que ele pensa e pretende.

    Mas ele mandou bem na referência ao jogo do tigrinho no final do debate.


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  • Dos 428 candidatos a vereador em Natal, apenas 54 têm chances reais de eleição

    O sistema eleitoral brasileiro estimula a proliferação de candidaturas proporcionais e cria nos eleitores a ilusão de uma competitividade que nem de longe é real; neste ano, a imensa maioria dos candidatos a vereador em Natal terão como única missão bater esteira para aqueles poucos que realmente estão na disputa

    Nossa equipe realizou para esta matéria uma extensa análise da viabilidade eleitoral dos mais de 400 candidatos que concorrem a uma das 29 vagas de vereador na capital potiguar. A análise levou em conta as regras eleitorais que definem como as vagas são distribuídas e buscou mensurar o potencial de cada nominata e candidato a partir de critérios como histórico em votações, bases de apoio e estrutura humana e financeira para as campanhas – o que, obviamente, nem é fácil nem muito se faz dispondo de informações transparentes e confiáveis, por motivos igualmente óbvios.

    Mesmo diante das obscuras dificuldades da empreitada, pudemos chegar a algumas conclusões reveladoras, que serão compartilhadas com nossos leitores nesta e nas próximas cinco edições semanais de O Potengi e também em nosso portal na internet.

    A disputa real pela vereança
se concentra em poucos

    Hoje, falaremos de como as regras eleitorais forjam a ilusão de uma competitividade irreal nas disputas pelo parlamento – e isso em qualquer cidade do país.

    Ao todo, foram registradas 18 nominatas de partidos ou federações para concorrer às 29 cadeiras na Câmara Municipal de Natal, somando 428 candidatos.

    A quantidade de votos que cada nominata precisa obter para eleger um vereador é chamada de quociente eleitoral (QE), que é calculado dividindo o total de votos válidos para vereador pelo número de vagas em disputa.

    O QE para vereador em Natal, na última eleição, foi de 12.440 (360.756 votos válidos divididos por 29). Embora represente um crescimento de 5,42% em relação à eleição de 2016, o QE de 2020 foi inferior ao de 2012, que chegou a 13.169 votos (foram 381.924 votos válidos em 2012, 21.168 a mais que em 2020).

    A redação de O Potengi projeta que nesta eleição retomaremos os patamares de 2012, apesar da recente perda de eleitores da capital. Arredondamos nossa projeção para 13.200 votos. Ou seja, a cada porção de 13.200 votos para vereador que um partido ou federação obtiver, terá direito a um assento na Câmara.

    Mas as regras são ainda mais complicadas que isso. Caso uma chapa obtenha 80% do QE, ela poderá disputar eventuais “sobras” de vagas (vagas que não foram distribuídas pela obtenção de porções integrais do quociente). A própria matemática da eleição torna praticamente impossível que não haja sobras. Então elas têm que entrar no cálculo.

    Isso significa que a chapa que obtiver 10.560 votos entra na disputa por uma vaga, desde que…

    Desde que – e a complicação não para por aí – o candidato mais votado da chapa tenha um mínimo de 20% dos votos equivalentes ao quociente eleitoral. Segundo nossas projeções, para ser eleito pelas sobras, um candidato terá que alcançar no mínimo 2.640 votos.

    Ou seja, para saber aproximadamente quantos candidatos têm chances reais de eleição na disputa de vereador em Natal temos que calcular duas coisas: quantas chapas podem alcançar um mínimo de 10.560 votos para vereador e, dentro delas, quantos candidatos têm potencial para ser o escolhido de pelo menos 2.640 eleitores.

    Na real, são 11 chapas e 54 candidatos
em disputa por 29 vagas na Câmara

    De cara, podemos descartar da disputa real sete das chapas que concorrem na eleição proporcional em Natal. Elas não têm viabilidade para obter o mínimo de 10.560 votos, portanto seus candidatos – mesmo que alcancem os 2.640 sufrágios – estão fora da disputa. Contudo, seus votos serão computados para o cálculo do QE.

    As sete chapas inviáveis (escreveremos sobre elas nas próximas edições) reúnem 105 candidatos a vereador – na disputa real, só restam 323.

    Agrupados nas 11 chapas que têm reais condições de alcançar ao menos o equivalente a 80% do quociente eleitoral, contabilizamos apenas 54 candidatos que apresentam no momento perspectivas de disputar pelos 2.640 votos que serão o ponto de corte mais provável desta eleição.

    Dez desses 11 partidos ou federações muito provavelmente elegerão ao menos um vereador em 6 de outubro. E apenas quatro deles (União, REP, PSDB e FBE), somados, ficarão com no mínimo 18 das 29 cadeiras – podendo, no limite, chegar a concentrar até 21 – mais de 75% da Câmara.

    Tendência é a concentração de votos em poucos

    Na última eleição, apenas 28 candidatos alcançaram os 20% do quociente eleitoral (2.488 votos). Naquela ocasião, tivemos 736 candidaturas a vereador. Na atual, são 428 – 308 candidatos a menos. Fora essa queda de mais de 40% no número de postulantes, também verificamos que os principais candidatos de 2024 trabalham com metas mais elevadas e maiores previsões de gastos, devido tanto às novas regras eleitorais que passam a valer este ano quanto pela concentração de nomes fortes em poucas chapas.

    Continua

    Ao longo da próxima semana, começando segunda-feira (2) pela chapa de vereadores do União Brasil, traremos análises diárias das 11 chapas que – segundo cremos – são aquelas com chances reais de eleger ao menos um vereador em nossa capital no próximo dia 6 de outubro.


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