Injustiça que destruiu vidas: professoras acusadas falsamente de tortura são absolvidas após um ano de exposição e sofrimento

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Do Blog do Dina

As professoras Vândiner Ribeiro e Ivana Teixeira, que tiveram suas vidas devastadas por uma falsa acusação de maus-tratos, tortura e violência psicológica contra as filhas adotivas, foram oficialmente absolvidas pela Justiça, conforme reportagens de Alisson Almeida na Agência Saiba Mais.

A sentença, proferida no dia 7 de novembro de 2024, encerra um dos episódios mais cruéis de injustiça, homofobia e assassinato de reputação já registrados no Rio Grande do Norte.

O caso ganhou enorme repercussão pública em fevereiro do ano passado, quando as duas foram presas preventivamente e expostas à mídia, com acusações que, agora, o próprio Judiciário afirma jamais terem tido provas.

O processo foi marcado por depoimentos baseados em “fofocas” e relatos sem fundamentos concretos, como destacou a juíza responsável ao absolvê-las.

Vândiner e Ivana, casadas há 12 anos e residentes no RN desde 2016, foram detidas por mais de três semanas em unidades prisionais do estado, enquanto as meninas, adotadas em 2021, foram levadas a um abrigo. Após meses de investigação e uma avalanche de mentiras desmascaradas, o tribunal reconheceu que as professoras sempre ofereceram um ambiente de amor, cuidado e dedicação para as filhas.

A força das provas e o peso da injustiça

A absolvição só foi possível graças ao depoimento de 21 testemunhas, incluindo professores da UFRN, funcionárias da escola onde as meninas estudavam e vizinhos, todos unânimes em afirmar que o ambiente familiar era saudável e que jamais presenciaram qualquer sinal de agressão.

Um professor da UFRN, amigo íntimo do casal, declarou que as meninas eram tratadas com zelo e atenção, e que as tarefas domésticas a elas atribuídas nunca ultrapassaram o razoável para qualquer família.

Além disso, funcionárias da escola particular onde as irmãs estudaram confirmaram que as meninas tinham boas notas, bom convívio social e que nunca apresentaram sinais de violência física ou psicológica.

A própria diretora desmentiu boatos, como o de que as adolescentes iam de moletom para esconder marcas de agressão, apontando que o uniforme da escola era de manga curta e que elas participavam normalmente das aulas de educação física.

Adoção, preconceito e a dor da exposição

Em entrevistas emocionadas à Agência Saiba Mais, Vândiner e Ivana falaram sobre o sofrimento causado não só pela prisão injusta, mas pela destruição de suas reputações, amplificada pela cobertura sensacionalista de parte da imprensa.

Elas relataram que foram hostilizadas por moradores do condomínio onde vivem, alvo de homofobia explícita e perseguição política, por serem um casal de mulheres e militantes de esquerda.

Uma das principais peças que levaram às falsas acusações foi o depoimento de uma cuidadora contratada para acompanhar as meninas durante uma viagem do casal, e que, segundo as mães, foi manipulada pelas adolescentes.

A cuidadora, segundo testemunhas, expressava abertamente seu preconceito contra o relacionamento homoafetivo, o que pode ter motivado a denúncia infundada.

“Um ano de inferno” e o medo de voltar à prisão

O trauma foi tão profundo que Vândiner e Ivana chegaram a planejar o suicídio caso fossem presas novamente, tamanha a dor e o sentimento de impotência diante da injustiça. “A gente já tinha programado como tirar a nossa vida, porque não aceitaríamos viver uma injustiça dessa de forma alguma”, revelou Vândiner em um dos trechos mais comoventes da entrevista.

Apesar de aliviadas com a absolvição, as marcas permanecem. “Eu tive minha imagem destruída pela mídia, meu currículo colocado na internet, e não sei se vou conseguir recuperar isso um dia”, lamentou Vândiner, professora da UFRN e militante de direitos humanos, gênero e negritude.

Ivana, servidora da UERN, também desabafou: “O inquérito não foi feito com o cuidado necessário. As informações falsas vazaram com rapidez e a imprensa se alimentou disso”.

A impossibilidade do retorno das meninas e o futuro

Após a absolvição, o casal foi consultado sobre o retorno das adolescentes, mas recusaram. “Como a gente vai conviver com duas pessoas que nos levaram para a cadeia, que destruíram nossa vida?”, questionou Vândiner. A Justiça, então, destituiu o poder familiar, mas, como a adoção é irrevogável, as meninas seguem sendo filhas delas no papel. Hoje, as adolescentes estão sob tutela do Estado, mas, segundo relatos, fugiram para Santa Catarina, onde vivem com o pai biológico.

O Dina Explica

O caso de Vândiner e Ivana expõe de forma brutal o impacto das falsas denúncias e da homofobia institucional. Não só a vida pessoal delas foi devastada, como também suas carreiras e redes de apoio foram profundamente afetadas.

Além disso, o episódio revela a falha das instituições em proteger a presunção de inocência, com parte da imprensa amplificando boatos sem checagem.

A situação remete diretamente ao Caso Escola Base, nos anos 90, quando outra falsa acusação, amplificada por uma cobertura midiática sensacionalista, destruiu vidas e reputações para sempre.

Situações assim evidenciam a urgência de uma reflexão profunda sobre o papel da imprensa, dos órgãos de justiça e do preconceito social que ainda marginaliza famílias formadas por casais LGBTQIA+.



Injustiça que destruiu vidas: professoras acusadas falsamente de tortura são absolvidas após um ano de exposição e sofrimento

Do Blog do Dina

As professoras Vândiner Ribeiro e Ivana Teixeira, que tiveram suas vidas devastadas por uma falsa acusação de maus-tratos, tortura e violência psicológica contra as filhas adotivas, foram oficialmente absolvidas pela Justiça, conforme reportagens de Alisson Almeida na Agência Saiba Mais.

A sentença, proferida no dia 7 de novembro de 2024, encerra um dos episódios mais cruéis de injustiça, homofobia e assassinato de reputação já registrados no Rio Grande do Norte.

O caso ganhou enorme repercussão pública em fevereiro do ano passado, quando as duas foram presas preventivamente e expostas à mídia, com acusações que, agora, o próprio Judiciário afirma jamais terem tido provas.

O processo foi marcado por depoimentos baseados em “fofocas” e relatos sem fundamentos concretos, como destacou a juíza responsável ao absolvê-las.

Vândiner e Ivana, casadas há 12 anos e residentes no RN desde 2016, foram detidas por mais de três semanas em unidades prisionais do estado, enquanto as meninas, adotadas em 2021, foram levadas a um abrigo. Após meses de investigação e uma avalanche de mentiras desmascaradas, o tribunal reconheceu que as professoras sempre ofereceram um ambiente de amor, cuidado e dedicação para as filhas.

A força das provas e o peso da injustiça

A absolvição só foi possível graças ao depoimento de 21 testemunhas, incluindo professores da UFRN, funcionárias da escola onde as meninas estudavam e vizinhos, todos unânimes em afirmar que o ambiente familiar era saudável e que jamais presenciaram qualquer sinal de agressão.

Um professor da UFRN, amigo íntimo do casal, declarou que as meninas eram tratadas com zelo e atenção, e que as tarefas domésticas a elas atribuídas nunca ultrapassaram o razoável para qualquer família.

Além disso, funcionárias da escola particular onde as irmãs estudaram confirmaram que as meninas tinham boas notas, bom convívio social e que nunca apresentaram sinais de violência física ou psicológica.

A própria diretora desmentiu boatos, como o de que as adolescentes iam de moletom para esconder marcas de agressão, apontando que o uniforme da escola era de manga curta e que elas participavam normalmente das aulas de educação física.

Adoção, preconceito e a dor da exposição

Em entrevistas emocionadas à Agência Saiba Mais, Vândiner e Ivana falaram sobre o sofrimento causado não só pela prisão injusta, mas pela destruição de suas reputações, amplificada pela cobertura sensacionalista de parte da imprensa.

Elas relataram que foram hostilizadas por moradores do condomínio onde vivem, alvo de homofobia explícita e perseguição política, por serem um casal de mulheres e militantes de esquerda.

Uma das principais peças que levaram às falsas acusações foi o depoimento de uma cuidadora contratada para acompanhar as meninas durante uma viagem do casal, e que, segundo as mães, foi manipulada pelas adolescentes.

A cuidadora, segundo testemunhas, expressava abertamente seu preconceito contra o relacionamento homoafetivo, o que pode ter motivado a denúncia infundada.

“Um ano de inferno” e o medo de voltar à prisão

O trauma foi tão profundo que Vândiner e Ivana chegaram a planejar o suicídio caso fossem presas novamente, tamanha a dor e o sentimento de impotência diante da injustiça. “A gente já tinha programado como tirar a nossa vida, porque não aceitaríamos viver uma injustiça dessa de forma alguma”, revelou Vândiner em um dos trechos mais comoventes da entrevista.

Apesar de aliviadas com a absolvição, as marcas permanecem. “Eu tive minha imagem destruída pela mídia, meu currículo colocado na internet, e não sei se vou conseguir recuperar isso um dia”, lamentou Vândiner, professora da UFRN e militante de direitos humanos, gênero e negritude.

Ivana, servidora da UERN, também desabafou: “O inquérito não foi feito com o cuidado necessário. As informações falsas vazaram com rapidez e a imprensa se alimentou disso”.

A impossibilidade do retorno das meninas e o futuro

Após a absolvição, o casal foi consultado sobre o retorno das adolescentes, mas recusaram. “Como a gente vai conviver com duas pessoas que nos levaram para a cadeia, que destruíram nossa vida?”, questionou Vândiner. A Justiça, então, destituiu o poder familiar, mas, como a adoção é irrevogável, as meninas seguem sendo filhas delas no papel. Hoje, as adolescentes estão sob tutela do Estado, mas, segundo relatos, fugiram para Santa Catarina, onde vivem com o pai biológico.

O Dina Explica

O caso de Vândiner e Ivana expõe de forma brutal o impacto das falsas denúncias e da homofobia institucional. Não só a vida pessoal delas foi devastada, como também suas carreiras e redes de apoio foram profundamente afetadas.

Além disso, o episódio revela a falha das instituições em proteger a presunção de inocência, com parte da imprensa amplificando boatos sem checagem.

A situação remete diretamente ao Caso Escola Base, nos anos 90, quando outra falsa acusação, amplificada por uma cobertura midiática sensacionalista, destruiu vidas e reputações para sempre.

Situações assim evidenciam a urgência de uma reflexão profunda sobre o papel da imprensa, dos órgãos de justiça e do preconceito social que ainda marginaliza famílias formadas por casais LGBTQIA+.


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