A ministra do Planejamento, Simone Tebet, fez críticas ao governo federal durante um jantar com empresários na segunda-feira (24), em São Paulo. Segundo relatos obtidos pela Coluna do Estadão, Tebet afirmou que a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não realizou o ajuste fiscal necessário e que já havia alertado sobre a urgência do tema no ano passado.
“Cansou de falar” sobre a necessidade de um plano econômico viável, Tebet ressaltou que o governo deveria ter apresentado uma proposta concreta ou desistido da pauta de vez. A ministra também mencionou que a disparada do dólar no fim de 2024 teve razões justificáveis, ligadas à frustração do mercado financeiro com o pacote de corte de gastos apresentado pelo governo. No entanto, ponderou que fatores externos e erros de diagnóstico por parte do mercado também influenciaram na alta da moeda norte-americana.
Durante o encontro, que ocorreu em um ambiente de conversa informal, Tebet destacou que o ajuste fiscal aprovado não foi como a equipe econômica gostaria e que a proposta original foi modificada pelo Congresso.
O jantar, organizado pelo grupo Esfera, reuniu empresários dos setores financeiro, de energia, infraestrutura e comércio. No evento, a ministra também comentou que não é favorável à reeleição presidencial, defendendo um mandato único de cinco anos. Apesar disso, enfatizou que apoiará a reeleição de Lula por fidelidade e respeito ao presidente.
Impacto econômico
Em novembro de 2024, o governo encaminhou ao Congresso uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para equilibrar as contas públicas. No mês seguinte, após alterações feitas pelos parlamentares, a PEC foi aprovada. Um dos trechos retirados previa regras mais rígidas para o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), destinado a pessoas com deficiência e idosos de baixa renda.
Após a aprovação da proposta, o Ministério da Fazenda reduziu a projeção de economia com o pacote de cortes, passando de R$ 71,9 bilhões para R$ 69,8 bilhões nos próximos dois anos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o pacote enviado ao Congresso foi apenas a “primeira leva” do ajuste fiscal.
*Com informações do “Poder 360”