O chefe do maior esquema de tráfico internacional de armas no Brasil é o policial federal aposentado Josias João do Nascimento, de 56 anos, alvo de uma operação da Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (20).
Recebendo um salário de R$ 20,9 mil como agente especial aposentado da PF, Nascimento teria acumulado uma fortuna através do fornecimento de armamento pesado para o Comando Vermelho (CV). De acordo com as investigações, sua organização enviou cerca de 2 mil fuzis de Miami para o Rio de Janeiro, abastecendo facções criminosas.
A Operação Cash Courier, deflagrada nesta quinta-feira pela PF, cumpre 14 mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao grupo criminoso, incluindo imóveis de luxo na Barra da Tijuca e no Recreio dos Bandeirantes, bairros de alto padrão do Rio de Janeiro. Em um dos locais, um dos alvos reagiu a tiros contra os agentes, mas acabou preso em flagrante por tentativa de homicídio.
Além das buscas, a Justiça determinou o bloqueio de bens e ativos no valor de R$ 50 milhões, resultado da movimentação financeira ilegal da quadrilha.
Histórico e Fortuna
Aposentado voluntariamente desde janeiro de 2019, Nascimento recebe mensalmente R$ 20,9 mil, com previsão de aumento para R$ 25,2 mil em 2026. No entanto, as investigações apontam que seus ganhos ilegais superam em muito os valores oficiais: estima-se que a quadrilha movimentou pelo menos R$ 50 milhões com o tráfico de armas.
A investigação teve início em 2017, quando 60 fuzis foram apreendidos no Aeroporto do Galeão, incluindo modelos AK-47 e AR-10, de uso exclusivo de tropas de elite. Esse material foi rastreado até Frederick Barbieri, conhecido como “Senhor das Armas”.
Josias Nascimento é apontado como chefe de F Barbieri, conhecido como, condenado pela Justiça dos Estados Unidos por tráfico internacional de armas. A investigação revelou que Barbieri utilizou pessoas físicas e jurídicas para adquirir imóveis e bens de luxo, lavando o dinheiro proveniente da venda do arsenal.
Os investigados responderão pelos crimes de tráfico internacional de armas, organização criminosa, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, corrupção ativa e corrupção passiva.
O nome da operação, Cash Courier, faz referência ao método empregado pelo grupo para movimentar grandes quantias em espécie, evitando registros bancários que pudessem comprometer os envolvidos.
A operação desta quinta-feira conta com o apoio do Ministério Público Federal (MPF), do Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra/Polícia Civil do RJ) e da Secretaria Nacional de Segurança Pública.
*Com informações do g1 e Metrópoles*