Dos 109 anos de existência, o América foi administrado pelo modelo associativo por 108 anos. O clube era gerido por um grupo de sócios, que escolhiam os membros do conselho deliberativo e os membros da diretoria executiva.
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Ao longo dos anos, o modelo adotado pelo América ficou desgastado, haja vista que o futebol tornou-se muito caro, as receitas não cresciam na mesma velocidade das despesas.
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Sem receitas suficientes para montar uma equipe competitiva, investir na base e manter suas instalações (sede, estádio e centro de treinamento), os administradores se viram obrigados a estabelecer prioridades. Como o futebol profissional é o carro chefe da instituição, a opção sempre foi por investir no time profissional.
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Sem dinheiro para as despesas que envolvem um clube de futebol, as dívidas trabalhistas e tributárias do América alcançaram um patamar que os deixou numa situação difícil.
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A falta de dinheiro também trouxe reflexos na manutenção das instalações do América, com destaque para o Centro de Treinamento, que além de ficar defasado em relação aos CTs de outras equipes, o CT Abílio Medeiros ficou sucateado.
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A base do América virou um faz de conta, pois se tornou sazonal, sem investimento capaz para revelar bons jogadores.
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Com o rebaixamento à Série C em 2015, o clube perdeu as cotas da Série B. As cotas da segunda divisão não eram suficientes para as despesas de toda temporada, mas elas representavam mais de 60% do orçamento anual.
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Sem as receitas da televisão, os abnegados que restaram foram se afastando aos poucos, pois já não conseguiam mais sustentar o clube.
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Com o fardo pesado e diante da situação financeira do América, ninguém queria assumir à presidência do clube. Por ser ídolo do clube e com o perfil de agregador, Souza foi o único com a coragem de assumir o desafio gigantesco.
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Antes de se transformar em SAF, o América poderia ter seguido o caminho da profissionalização, onde os membros da diretoria executiva seriam remunerados.
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Sem dinheiro e com os constantes fracassos no futebol, o América se viu obrigado a se transformar em SAF e vender 80% de suas ações para o grupo Hype.
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Se dependesse de alguns conselheiros, o destino do América seria o encerramento de suas atividades, haja vista que esse era o interesse de alguns que já estiveram à frente do clube.
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Não adianta culpar apenas os membros da SAF pelos últimos fracassos do futebol, pois seria interessante olhar pelo retrovisor para enxergar os desmandos que aconteceram no clube nos últimos 30 anos.
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O negócio com a Hype foi feito às pressas, sem uma análise profunda sobre a capacidade de investimento da empresa em questão e com um contrato que deixa a desejar em alguns aspectos, entre eles a falta de previsão de uma melhor fiscalização pelo Conselho Deliberativo do clube.
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Diante da falta de capacidade dos abnegados em estancar a hemorragia, o que restou foi vender o futebol do clube para a primeira proposta que apareceu. Apesar do discurso bonito dos administradores da SAF do América, eles também não estão tendo a capacidade de fazer parar o sangramento. Ou seja, o Mecão vai sangrar até a morte, pois a única coisa que mudou foi o responsável pelo recebimento do Atestado de Óbito.