Esta semana, um funcionário encontrou uma larva na refeição fornecida aos servidores da Maternidade Dr. Araken Irerê Pinto, antiga Maternidade Municipal de Natal, na noite de quarta-feira (5), segundo informações, esse não é um caso isolado.
Em entrevista ao O Potengi, Paulo Martins, um dos coordenadores do Sindsaúde/RN, destacou os desafios enfrentados pelos servidores quanto à alimentação fornecida nas unidades de saúde. “Tem sido um problema atrás do outro, todo dia uma novidade diferente. Temos problemas graves com essas alimentações, que ninguém sabe quando ou como são feitas. A comida simplesmente chega e a gente tem que aceitar. Não sabemos nem se há fiscalização da Vigilância Sanitária”, afirma Paulo.
Ainda de acordo com Paulo, a falta de ter uma cozinha no hospital contribui para que haja uma falta de fiscalização eficaz, alguns hospitais ainda possuem sua própria cozinha, mas a grande maioria tem as refeições fornecidas por empresas terceirizadas.
Paulo também questiona os custos envolvidos nas refeições fornecidas. “A gente não sabe quanto custa um almoço desses. Procuramos saber, mas não nos dizem. Enquanto isso, temos que comer essas comidas que chegam, muitas vezes estragadas. Não é a primeira vez que denunciamos comida estragada”, enfatiza.
O Sindsaúde/RN tem recebido diversas outras denúncias de situações semelhantes. Nas redes sociais, outros trabalhadores relataram casos recorrentes de problemas com a alimentação. “Só no ano passado, tivemos umas 5 ocorrências desse tipo com a comida da maternidade… tapuru, ovos de moscas, barata, comida azeda… Isso não é normal e nem é tolerável. A gestão precisa tomar uma atitude, porque, se isso está na comida, imaginem como deve ser a cozinha onde ela é preparada”, comentou um servidor. Outro denunciou situação semelhante em uma UPA, onde um caramujo foi encontrado na refeição de uma acompanhante. Apesar das reclamações, os problemas continuam sem solução, e as empresas responsáveis seguem prestando serviços.
Paulo e alguns servidores acreditam que ter um vale alimentação seria mais viável, pois assim cada funcionário ficaria responsável por sua própria alimentação
O Potengi entrou em contato com a pasta da Saúde para esclarecer o caso e foi informado que a PJ Alimentações, empresa responsável pelas refeições na Maternidade Araken, atende toda a rede de saúde do município, servindo cerca de 3.500 refeições diárias. A empresa já presta serviço desde gestões anteriores, com contrato renovado no final da gestão passada. A PJ Alimentações é responsável pelas refeições não só dos funcionários, mas também dos pacientes e acompanhantes.
Segundo a gestão, essa foi a primeira vez que receberam reclamações sobre insetos na alimentação. A situação, classificada como inadmissível, está sendo investigada.
Sobre o refeitório estar localizado no antigo necrotério da COVID-19, a secretária admitiu que a reclamação dos funcionários é recorrente. A gestão informou que a questão será abordada em breve, com uma reunião já agendada com o SindSaúde para discutir melhorias.
Por fim, a gestão declarou que a prioridade é o diálogo e a construção de soluções conjuntas para a saúde no município, reafirmando seu compromisso em esclarecer o ocorrido o mais breve possível e garantir que a situação não se repita.