Jean Paul não deixará saudades em ninguém

A demissão do petista Jean Paul da presidência da Petrobras não foi surpresa pra ninguém. E a reação ao previsível anúncio de sua saída mostra que também não foi motivo de nenhum lamento.

Para o Rio Grande do Norte, deixa apenas muitos projetos mal desenhados e a marca de ter sido aquele que entregou à 3R Petroleum os campos do Polo Potiguar e a refinaria Clara Camarão. Bradava o slogan “A Petrobras fica no RN” enquanto – por inépcia ou negligência – permitia avançar o desmonte da empresa que um dia já foi a maior indústria de nosso estado.

Jean Paul, numa das muitas ocasiões em que repetiu o slogan “A Petrobras fica no RN”, em janeiro de 2024. Foto: A. G. N.

Jean parece ter se dedicado mais a projetos menores e de interesse duvidoso que ao grande desafio da estatal neste momento: reconstruir a estrutura verticalizada que a tornou capaz de garantir o abastecimento e a competitividade do mercado de energia neste continente chamado Brasil.

Poucos dias após a demissão de Jean, surge a primeira boa notícia para a empresa em muitos anos: o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) interrompeu o plano de venda de refinarias, firmado em junho de 2019. É o caminho para a redução nas importações de combustível e a consequente redução de seus preços nas bombas.

Jean lançou aos ventos muitos projetos ambiciosos, todos eles para daqui a anos ou décadas. Sai da presidência da Petrobras sem realizar nada e deixa para trás apenas incertezas sobre o futuro das poucas iniciativas viáveis que poderiam beneficiar o RN.

Uma dessas, foi o Termo de Cooperação com o Instituto Senai de Energias Renováveis do RN (Senai-ER) para a construção de uma planta piloto de eletrólise. O valor total de R$ 90 milhões é insignificante se comparado com o que o estado tem perdido em empregos de qualidade e arrecadação devido ao abandono pela Petrobras de suas atividades em nossas terras. Ainda assim, pode representar um caminho para a retomada do setor de energia no RN.

Caberá agora ao governo e a nossos parlamentares a iniciativa de cobrar e criar as condições para que a Petrobras volte a desempenhar ao menos parte do papel decisivo que teve por aqui ao longo das últimas décadas.

Fátima terá a iniciativa necessária para fazer andar os projetos dos quais Jean Paul tanto falou e pelos quais tão pouco fez? Veremos.

Por ora, o pouco que se sabe sobre o impacto da demissão de Jean Paul nas terras potiguares é óbvio regozijo que alegrou até mesmo aos petistas.

Um deles nos lembrava, na sequência da queda de Jean, que seu histórico de vendedor de sonhos vem, ao menos, desde sua indicação à suplência na chapa de Fátima na disputa para o Senado em 2014.

Na ocasião, o petista noviço prometeu apoios decisivos. Apoios que o cerco a seu amigo e aliado Nestor Cerveró aparentemente teria inviabilizado. Ao menos foi essa a justificativa que o futuro senador dera à época. E ainda há quem se pergunte por que a governadora não usou de sua influência junto ao governo federal para defender o correligionário.

Jean saiu da Petrobras para voltar ao seu lugar de sempre, a consultoria a empresas privadas. Na política, é inviável e está só. Na história do RN, restará como um arrivista que chegou longe demais, vendeu muitos sonhos e deixou tudo se esvair nos ventos que não passam pelas eólicas.



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Jean Paul não deixará saudades em ninguém

A demissão do petista Jean Paul da presidência da Petrobras não foi surpresa pra ninguém. E a reação ao previsível anúncio de sua saída mostra que também não foi motivo de nenhum lamento.

Para o Rio Grande do Norte, deixa apenas muitos projetos mal desenhados e a marca de ter sido aquele que entregou à 3R Petroleum os campos do Polo Potiguar e a refinaria Clara Camarão. Bradava o slogan “A Petrobras fica no RN” enquanto – por inépcia ou negligência – permitia avançar o desmonte da empresa que um dia já foi a maior indústria de nosso estado.

Jean Paul, numa das muitas ocasiões em que repetiu o slogan “A Petrobras fica no RN”, em janeiro de 2024. Foto: A. G. N.

Jean parece ter se dedicado mais a projetos menores e de interesse duvidoso que ao grande desafio da estatal neste momento: reconstruir a estrutura verticalizada que a tornou capaz de garantir o abastecimento e a competitividade do mercado de energia neste continente chamado Brasil.

Poucos dias após a demissão de Jean, surge a primeira boa notícia para a empresa em muitos anos: o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) interrompeu o plano de venda de refinarias, firmado em junho de 2019. É o caminho para a redução nas importações de combustível e a consequente redução de seus preços nas bombas.

Jean lançou aos ventos muitos projetos ambiciosos, todos eles para daqui a anos ou décadas. Sai da presidência da Petrobras sem realizar nada e deixa para trás apenas incertezas sobre o futuro das poucas iniciativas viáveis que poderiam beneficiar o RN.

Uma dessas, foi o Termo de Cooperação com o Instituto Senai de Energias Renováveis do RN (Senai-ER) para a construção de uma planta piloto de eletrólise. O valor total de R$ 90 milhões é insignificante se comparado com o que o estado tem perdido em empregos de qualidade e arrecadação devido ao abandono pela Petrobras de suas atividades em nossas terras. Ainda assim, pode representar um caminho para a retomada do setor de energia no RN.

Caberá agora ao governo e a nossos parlamentares a iniciativa de cobrar e criar as condições para que a Petrobras volte a desempenhar ao menos parte do papel decisivo que teve por aqui ao longo das últimas décadas.

Fátima terá a iniciativa necessária para fazer andar os projetos dos quais Jean Paul tanto falou e pelos quais tão pouco fez? Veremos.

Por ora, o pouco que se sabe sobre o impacto da demissão de Jean Paul nas terras potiguares é óbvio regozijo que alegrou até mesmo aos petistas.

Um deles nos lembrava, na sequência da queda de Jean, que seu histórico de vendedor de sonhos vem, ao menos, desde sua indicação à suplência na chapa de Fátima na disputa para o Senado em 2014.

Na ocasião, o petista noviço prometeu apoios decisivos. Apoios que o cerco a seu amigo e aliado Nestor Cerveró aparentemente teria inviabilizado. Ao menos foi essa a justificativa que o futuro senador dera à época. E ainda há quem se pergunte por que a governadora não usou de sua influência junto ao governo federal para defender o correligionário.

Jean saiu da Petrobras para voltar ao seu lugar de sempre, a consultoria a empresas privadas. Na política, é inviável e está só. Na história do RN, restará como um arrivista que chegou longe demais, vendeu muitos sonhos e deixou tudo se esvair nos ventos que não passam pelas eólicas.


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