Pré-candidatos da nominata do Partido Liberal (PL) mossoroense defendem que a legenda tenha uma candidatura própria, a do ex-vereador Genivan Vale (PL). A lógica é que um palanque majoritário dará visibilidade e competitividade a coligação de vereadores da agremiação.
Contudo, não há uma consistência sólida na defesa que pré-candidatos à vereança estão a fazer.
Vejamos um histórico recente em Mossoró.
No pleito passado, a ex-vereadora e ex-prefeita Cláudia Regina (à época no Dem, hoje no PP), lançou candidatura à prefeitura. Sua postulação não decolou, o que acabou prejudicando a nominata do DEM (hoje União Brasil), que não reelegeu seus vereadores, Ozaniel Mesquita (hoje no União) e Petras Vinícius (hoje no PSD).
Ozaniel está com mandato, mas por conta da cassação da chapa de vereadores do Partido Social Cristão (hoje Podemos), que levou Mesquita de volta à Câmara em maio do ano passado.
Cláudia na pré-campanha tinha índices de votos bem maiores que os de Genivan, que não chega a sequer 5% da preferência eleitoral.
A defesa que o bolsonarismo se reuniria em torno de Vale, não tem conseguido sustento. O bolsonarismo, muito ativo e coeso nas redes sociais, já sabe que o ex-vereador é o pré-candidato da direita, e não vem apoiando em intenções de votos a pré-candidatura de Vale.
O risco que o PL corre é ter uma postulação de Genivan esvaziada, respingando na nominata de vereadores, haja vista que uma parcela significativa do bolsonarismo tem simpatia pelo prefeito Allyson Bezerra (UB).
Num momento que a esquerda e o rosalbismo estão sinalizando benquerença com o nome do presidente da Câmara Municipal, Lawrence Amorim (PSDB), o PL pode se ver isolado na luta à prefeitura.
Na eleição de 2020, Rosalba Ciarlini (PP), disputando reeleição, apoiadora de Bolsonaro em 2018, exibiu o arrimo do deputado federal General Girão (PL) ao seu nome, e não conseguiu atrair o apoio do bolsonarismo ao seu projeto.
Não há uma causa e efeito na pré-candidatura de Genivan. O fato dele defender a bandeira bolsonarista não o torna herdeiro direto dos votos bolsonaristas. Inclusive, as recentes pesquisas sobre a corrida ao executivo, demonstram que a polarização Lula x Bolsonaro não tem encontrado terreno em Mossoró.
Outro entrave ao nome de Vale é que a principal base popular de Jair Bolsonaro (PL), os evangélicos, são umbilicalmente ligados a Allyson, que é evangélico.
O evangelicalismo foi um pilar importante para a vitória do prefeito em 2020, e o segmento religioso tem várias pré-candidaturas à vereança apoiadas pelo Palácio da Resistência, sede da municipalidade, o que é um empecilho às possibilidades do PL catar votos entre o segmento, que em Mossoró não é bolsonarista em uníssono.
Lula (PT) teve forte apoio dos evangélicos em 2022, vencendo nas urnas de Mossoró com quase dois terços dos votos.
Lawrence vai avançando na costura duma pré-candidatura que tem chances de polarizar a eleição com Allyson. Se não pensar com inteligência, o PL pode se ver em apuros ao longo da campanha.
Até aqui, faltando apenas 5 meses para o pleito, não há um bom cenário para uma empreitada à prefeitura de Genivan, que se tem pouco apelo popular em sua própria base, avalie fora dela.