Dieta, sauna, banho de sol, provas informatizadas e ótimo capital humano: “luxos” da Escola Estadual Winston Churchill



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O portal O Potengi trouxe na capa de sua primeira edição impressa, em 22 de abril de 2024, uma pergunta: porque a educação do RN se tornou a pior do Brasil? Após o lançamento, alunos, pais e professores de diversas escolas do estado buscaram nossa redação para fazer denúncias sobre a situação de abandono de instituições.

Hoje vamos falar sobre a tradicional Escola Estadual de Tempo Integral Winston Churchill, localizada no bairro Cidade Alta, na capital potiguar. A escola tem pouco mais de 400 alunos matriculados que passam o dia na instituição, com aulas nos dois turnos, dois lanches e um almoço.

A maioria de seus alunos, são moradores da Zona Norte de Natal e municípios vizinhos como São Gonçalo do Amarante e Extremoz. O auditório amplo e climatizado, graças à luta da comunidade escolar, é o xodó da escola. “Esse é nosso orgulho. Lutamos bastante para ele ser climatizado e hoje fazemos muitas atividades aqui”, nos conta um servidor que não quis se identificar, por medo de represálias. Aliás, nenhum professor da escola quis se identificar, todos temendo represálias por parte da gestão estadual de educação.

Hora do banho de sol

Ao lado do auditório fica a quadra de esportes, chamada de banho de sol por alunos e professores, por não contar com nenhum tipo de cobertura. A educação física é realizada ao sol e no mais absoluto silêncio, já que a quadra fica localizada entre diversas salas de aula. “Imaginem dar aula aqui às dez da manhã com todo esse calor…. Para piorar a situação, a escola é em tempo integral, mas só temos quatro chuveiros para mais de 400 alunos. Não há como todos tomarem banho no intervalo do almoço.”, relata nosso entrevistado.

A sauna insalubre

Subindo a rampa, fomos levados até a sala de informática, onde os poucos equipamentos modernos que os alunos dividem entre si contrastam com a fiação exposta, onde frequentemente, todos acabam tropeçando. Como se não bastasse o calor potiguar, os alunos dividem o calor humano com o emanado das máquinas, em uma sala sem ar-condicionado, deixando-os em uma situação insuportável. “Isso aqui é uma sauna! É insalubre…”, conta outro professor. 

Todo morador de Natal sentiu os efeitos das altas temperaturas nos últimos anos, mas em 2024, o calor bateu recorde. De acordo com o Instituto Nacional de Metrologia, Natal teve temperaturas acima da média. Só para se ter uma ideia, em março deste ano, a temperatura máxima média foi de 31,4°C, ficando 0,7°C acima da climatologia da estação convencional. A maior temperatura do mês de março foi de 32,9°C. 

De acordo com um aluno, ele e uma professora trazem ventiladores de casa, para suportar as altas temperaturas na sala de informática.

Alunos sem almoço há duas semanas

Descendo novamente a rampa, passamos pelo refeitório, onde cadeiras e mesas em número insuficiente para todos esperam pelos alunos nos dois lanches e no almoço, que deveria ser servido diariamente. 

No entanto, na semana de nossa visita à escola, os alunos estavam sem almoço há pelo menos oito dias. Agora, na data de hoje (13), já são duas semanas sem almoço.  “Os dois fogões quebraram, o estado ficou de vir arrumar e até agora nada, aí liberamos os alunos mais cedo, antes do almoço para que eles não fiquem com fome. Não podemos dar aula à tarde e deixar os alunos sem almoço”, conta nosso primeiro entrevistado.

Na cozinha da escola, podemos constatar que além dos fogões sem funcionamento, havia também uma geladeira com a estrutura enferrujada, com a porta que só fecha através de uma gambiarra. Ela conserva a alimentação dos alunos enquanto o governo do estado não providencia o conserto dos fogões.

Provas informatizadas

No Churchill, as avaliações de conteúdo são realizadas rotineiramente. “Toda semana tem prova, é uma determinação para o ensino integral.”, nos contou uma professora. “O problema é que aqui as provas têm que acontecer pelo celular ou computador.”, ela complementa.

As provas de alunos realizadas pelo computador ou aparelho de celular, como cita a professora, não são parte de um avanço educacional ou tecnológico e sim da falta de tinta para a impressão das provas. “Não tem prova impressa nessa escola. Faz é tempo que aconteceu alguma coisa com a impressora e não tem mais prova impressa.”

Sem outra opção para seguir com o estipulado pelo governo do estado, resta elaborar as provas e entregar aos alunos através de um link. “Nossa escola tem banda larga para todos os alunos, é uma coisa boa, nos permite realizar atividades diferentes, mas nas provas, eles recebem um link e respondem tudo conectados na internet. Não temos outra opção para a realização das provas.”

“O capital humano é a melhor parte desta escola”

Nesta parte da matéria, não cabe ironia, só um reconhecimento que percebemos em todos os entrevistados da Escola Estadual Winston Churchill: só elogios aos professores e servidores.

“Nossa escola tem mestres e doutores dando aula. Pessoas que dedicam a vida à educação. São a melhor parte do Churchill.”  comenta a professora.

“Aqui todos são no mínimo mestres, a qualidade do ensino que podemos oferecer merece uma estrutura melhor, nossos alunos merecem mais.” relata nosso primeiro entrevistado.








O Potengi

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Dieta, sauna, banho de sol, provas informatizadas e ótimo capital humano: “luxos” da Escola Estadual Winston Churchill





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Hoje vamos falar sobre a tradicional Escola Estadual de Tempo Integral Winston Churchill, localizada no bairro Cidade Alta, na capital potiguar. A escola tem pouco mais de 400 alunos matriculados que passam o dia na instituição, com aulas nos dois turnos, dois lanches e um almoço.

A maioria de seus alunos, são moradores da Zona Norte de Natal e municípios vizinhos como São Gonçalo do Amarante e Extremoz. O auditório amplo e climatizado, graças à luta da comunidade escolar, é o xodó da escola. “Esse é nosso orgulho. Lutamos bastante para ele ser climatizado e hoje fazemos muitas atividades aqui”, nos conta um servidor que não quis se identificar, por medo de represálias. Aliás, nenhum professor da escola quis se identificar, todos temendo represálias por parte da gestão estadual de educação.

Hora do banho de sol

Ao lado do auditório fica a quadra de esportes, chamada de banho de sol por alunos e professores, por não contar com nenhum tipo de cobertura. A educação física é realizada ao sol e no mais absoluto silêncio, já que a quadra fica localizada entre diversas salas de aula. “Imaginem dar aula aqui às dez da manhã com todo esse calor…. Para piorar a situação, a escola é em tempo integral, mas só temos quatro chuveiros para mais de 400 alunos. Não há como todos tomarem banho no intervalo do almoço.”, relata nosso entrevistado.

A sauna insalubre

Subindo a rampa, fomos levados até a sala de informática, onde os poucos equipamentos modernos que os alunos dividem entre si contrastam com a fiação exposta, onde frequentemente, todos acabam tropeçando. Como se não bastasse o calor potiguar, os alunos dividem o calor humano com o emanado das máquinas, em uma sala sem ar-condicionado, deixando-os em uma situação insuportável. “Isso aqui é uma sauna! É insalubre…”, conta outro professor. 

Todo morador de Natal sentiu os efeitos das altas temperaturas nos últimos anos, mas em 2024, o calor bateu recorde. De acordo com o Instituto Nacional de Metrologia, Natal teve temperaturas acima da média. Só para se ter uma ideia, em março deste ano, a temperatura máxima média foi de 31,4°C, ficando 0,7°C acima da climatologia da estação convencional. A maior temperatura do mês de março foi de 32,9°C. 

De acordo com um aluno, ele e uma professora trazem ventiladores de casa, para suportar as altas temperaturas na sala de informática.

Alunos sem almoço há duas semanas

Descendo novamente a rampa, passamos pelo refeitório, onde cadeiras e mesas em número insuficiente para todos esperam pelos alunos nos dois lanches e no almoço, que deveria ser servido diariamente. 

No entanto, na semana de nossa visita à escola, os alunos estavam sem almoço há pelo menos oito dias. Agora, na data de hoje (13), já são duas semanas sem almoço.  “Os dois fogões quebraram, o estado ficou de vir arrumar e até agora nada, aí liberamos os alunos mais cedo, antes do almoço para que eles não fiquem com fome. Não podemos dar aula à tarde e deixar os alunos sem almoço”, conta nosso primeiro entrevistado.

Na cozinha da escola, podemos constatar que além dos fogões sem funcionamento, havia também uma geladeira com a estrutura enferrujada, com a porta que só fecha através de uma gambiarra. Ela conserva a alimentação dos alunos enquanto o governo do estado não providencia o conserto dos fogões.

Provas informatizadas

No Churchill, as avaliações de conteúdo são realizadas rotineiramente. “Toda semana tem prova, é uma determinação para o ensino integral.”, nos contou uma professora. “O problema é que aqui as provas têm que acontecer pelo celular ou computador.”, ela complementa.

As provas de alunos realizadas pelo computador ou aparelho de celular, como cita a professora, não são parte de um avanço educacional ou tecnológico e sim da falta de tinta para a impressão das provas. “Não tem prova impressa nessa escola. Faz é tempo que aconteceu alguma coisa com a impressora e não tem mais prova impressa.”

Sem outra opção para seguir com o estipulado pelo governo do estado, resta elaborar as provas e entregar aos alunos através de um link. “Nossa escola tem banda larga para todos os alunos, é uma coisa boa, nos permite realizar atividades diferentes, mas nas provas, eles recebem um link e respondem tudo conectados na internet. Não temos outra opção para a realização das provas.”

“O capital humano é a melhor parte desta escola”

Nesta parte da matéria, não cabe ironia, só um reconhecimento que percebemos em todos os entrevistados da Escola Estadual Winston Churchill: só elogios aos professores e servidores.

“Nossa escola tem mestres e doutores dando aula. Pessoas que dedicam a vida à educação. São a melhor parte do Churchill.”  comenta a professora.

“Aqui todos são no mínimo mestres, a qualidade do ensino que podemos oferecer merece uma estrutura melhor, nossos alunos merecem mais.” relata nosso primeiro entrevistado.


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