Descaso com a saúde pública toma conta do Hospital Regional do Seridó



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O Hospital Regional do Seridó, Telecila Freitas Fontes, é mais um dos diversos hospitais públicos administrados pelo governo do RN no quais pacientes, suas famílias e servidores sofrem pelo abandono. Nossa redação recebeu uma série de fotos impressionantes, que dão uma dimensão da situação do Regional.

Infiltrações, mobiliário precário, fiações expostas. Falta de insumos básicos como algodão, seringas, dipirona e luvas cirúrgicas. Acúmulo de lixo, falta de vagas e a interdição da cozinha. A escassez de materiais básicos e insumos médicos afeta diretamente o trabalho dos médicos e enfermeiros e, por consequência, a segurança e o bem-estar dos pacientes.

As denúncias foram feitas por servidores do Regional, que preferem não se identificar por medo de represálias. Eles contam um pouco da realidade. “Aqui a gente tenta atender o paciente da melhor maneira possível, mas nem sempre dá. Tem dias que não tem nem dipirona pra tirar a dor”, conta um enfermeiro.

A situação só não é pior graças à ajuda de voluntários, servidores e moradores de Caicó, que fazem doações de álcool, luvas e medicamentos ao hospital. “Nesta semana, a situação melhorou um pouco, recebemos uma doação do Rotary Clube, mas ainda faltam medicamentos básicos”, conta outra servidora. Ela faz uma declaração final sobre a situação do Telecila: “Eu não gostaria de ter um familiar meu sendo atendido aqui”.

Descaso com todos

Se o tratamento destinado aos pacientes é precário, aquele dispensado aos servidores também carece de mais respeito. As poltronas que servem para o descanso dos médicos, enfermeiros e demais servidores são sucatas. “Faz é tempo que estão assim”, conta nossa entrevistada.

Na falta de um local para as refeições, os servidores improvisaram um espaço num dos corredores que, como outras partes do hospital, precisa de intervenção urgente.

As condições precárias são indicativas de maiores desafios sistêmicos na gestão de recursos na saúde pública do RN. Não bastam apenas reparos, mas uma revisão nas ações de manutenção de hospitais públicos e, principalmente, respeito à população e aos impostos pagos. 

A situação do Hospital Regional Telecila Freitas Fontes serve como um chamado à ação para as autoridades de saúde, ressaltando a importância da fiscalização e do investimento contínuo na infraestrutura de saúde.

Este, infelizmente, está longe de ser o único mau exemplo de gestão pública na saúde do RN.

Cozinha interditada

O caos que atinge o Telecila chegou até o prato dos pacientes. Desde o dia 14 de março, a cozinha do hospital está interditada. O Memorando-Circular nº 1/2024, destinado à direção geral do Telecila Freitas, ao gabinete do secretário adjunto e ao da secretária de estado da saúde pública, relata a realização da inspeção sanitária em alguns setores do referido hospital, nos dias 6 e 7 de março.

Na ocasião, segundo o documento, “Foram discutidas estratégias para mitigação dos riscos sanitários, visando à segurança de pacientes e trabalhadores” e, por fim, a interdição do serviço de nutrição e alimentação.

De acordo com informações recebidas pela redação de O Potengi, antes da interdição, proteínas da alimentação de funcionários e pacientes chegaram a estragar por falta de conservação adequada e, hoje, a cozinha permanece interditada, sem previsão de retorno.

A comida servida aos pacientes é preparada em outro local e enviada em marmitas ao Telecila.

Além de todos os problemas estruturais e de escassez de insumos no Telecila, nossa redação recebeu denúncias de falta de vagas e de mortes que poderiam ter sido evitadas se houvesse melhores condições de atendimento.

Falta de vagas e mortes

De acordo com relatos de familiares, um homem foi levado ao hospital e encaminhado para casa após a medicação, na noite de 16 de abril. No dia 18, o quadro se agravou e, ao retornar ao Telecila, não havia leitos disponíveis na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Após ter sido encaminhado à Sala Vermelha e ter uma complicação, não teria sido possível realizar a tomografia computadorizada solicitada, pois não havia condições realizá-la no hospital e também não havia ambulância para encaminhá-lo a outra unidade.

No sábado, 19 de abril, ele faleceu. Agora a família luta para obter a cópia do prontuário e poder compreender a causa de sua perda.

No domingo, uma senhora faleceu no Telecila. Sem um leito para internação. Nossa redação conversou com seu neto, que relatou a triste situação: “Minha avó faleceu domingo, em uma poltrona toda inchada, porque não tinha cama para ela, isso é um absurdo”, afirmou.

Três dias depois, um servidor público municipal de Caicó, que foi ao hospital em busca de atendimento médico, ficou no estacionamento devido à falta de vagas. 

Nossa redação procurou por telefone e mensagens eletrônicas a diretora do hospital, Vanessa Dias, que nos encaminhou para Paulo Nascimento, da assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Saúde Pública. Até o fechamento desta edição, não nos retornou ou sequer respondeu.

Esta é a terceira vez que O Potengi entra em contato com Paulo Nascimento em busca de respostas para perguntas simples sobre a situação da saúde pública no estado, sem qualquer retorno.

O Hospital Regional do Seridó

O Hospital Regional Telecila Freitas Fontes, conhecido como Hospital Regional do Seridó, localizado em Caicó, é uma instituição de saúde que oferece serviços de média e alta complexidade.  Ele atende, de acordo com informações do site da Sesap/RN, a população de Caicó, São Fernando, Timbaúba dos Batistas, Jardim de Piranhas, Serra Negra do Norte, São João do Sabugi, Ipueira, Jucurutu, São José do Seridó, Cruzeta, Jardim do Seridó, Ouro Branco, Acari e outros municípios tanto do Estado do RN, como da Paraíba.








O Potengi

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Descaso com a saúde pública toma conta do Hospital Regional do Seridó





O Hospital Regional do Seridó, Telecila Freitas Fontes, é mais um dos diversos hospitais públicos administrados pelo governo do RN no quais pacientes, suas famílias e servidores sofrem pelo abandono. Nossa redação recebeu uma série de fotos impressionantes, que dão uma dimensão da situação do Regional.

Infiltrações, mobiliário precário, fiações expostas. Falta de insumos básicos como algodão, seringas, dipirona e luvas cirúrgicas. Acúmulo de lixo, falta de vagas e a interdição da cozinha. A escassez de materiais básicos e insumos médicos afeta diretamente o trabalho dos médicos e enfermeiros e, por consequência, a segurança e o bem-estar dos pacientes.

As denúncias foram feitas por servidores do Regional, que preferem não se identificar por medo de represálias. Eles contam um pouco da realidade. “Aqui a gente tenta atender o paciente da melhor maneira possível, mas nem sempre dá. Tem dias que não tem nem dipirona pra tirar a dor”, conta um enfermeiro.

A situação só não é pior graças à ajuda de voluntários, servidores e moradores de Caicó, que fazem doações de álcool, luvas e medicamentos ao hospital. “Nesta semana, a situação melhorou um pouco, recebemos uma doação do Rotary Clube, mas ainda faltam medicamentos básicos”, conta outra servidora. Ela faz uma declaração final sobre a situação do Telecila: “Eu não gostaria de ter um familiar meu sendo atendido aqui”.

Descaso com todos

Se o tratamento destinado aos pacientes é precário, aquele dispensado aos servidores também carece de mais respeito. As poltronas que servem para o descanso dos médicos, enfermeiros e demais servidores são sucatas. “Faz é tempo que estão assim”, conta nossa entrevistada.

Na falta de um local para as refeições, os servidores improvisaram um espaço num dos corredores que, como outras partes do hospital, precisa de intervenção urgente.

As condições precárias são indicativas de maiores desafios sistêmicos na gestão de recursos na saúde pública do RN. Não bastam apenas reparos, mas uma revisão nas ações de manutenção de hospitais públicos e, principalmente, respeito à população e aos impostos pagos. 

A situação do Hospital Regional Telecila Freitas Fontes serve como um chamado à ação para as autoridades de saúde, ressaltando a importância da fiscalização e do investimento contínuo na infraestrutura de saúde.

Este, infelizmente, está longe de ser o único mau exemplo de gestão pública na saúde do RN.

Cozinha interditada

O caos que atinge o Telecila chegou até o prato dos pacientes. Desde o dia 14 de março, a cozinha do hospital está interditada. O Memorando-Circular nº 1/2024, destinado à direção geral do Telecila Freitas, ao gabinete do secretário adjunto e ao da secretária de estado da saúde pública, relata a realização da inspeção sanitária em alguns setores do referido hospital, nos dias 6 e 7 de março.

Na ocasião, segundo o documento, “Foram discutidas estratégias para mitigação dos riscos sanitários, visando à segurança de pacientes e trabalhadores” e, por fim, a interdição do serviço de nutrição e alimentação.

De acordo com informações recebidas pela redação de O Potengi, antes da interdição, proteínas da alimentação de funcionários e pacientes chegaram a estragar por falta de conservação adequada e, hoje, a cozinha permanece interditada, sem previsão de retorno.

A comida servida aos pacientes é preparada em outro local e enviada em marmitas ao Telecila.

Além de todos os problemas estruturais e de escassez de insumos no Telecila, nossa redação recebeu denúncias de falta de vagas e de mortes que poderiam ter sido evitadas se houvesse melhores condições de atendimento.

Falta de vagas e mortes

De acordo com relatos de familiares, um homem foi levado ao hospital e encaminhado para casa após a medicação, na noite de 16 de abril. No dia 18, o quadro se agravou e, ao retornar ao Telecila, não havia leitos disponíveis na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Após ter sido encaminhado à Sala Vermelha e ter uma complicação, não teria sido possível realizar a tomografia computadorizada solicitada, pois não havia condições realizá-la no hospital e também não havia ambulância para encaminhá-lo a outra unidade.

No sábado, 19 de abril, ele faleceu. Agora a família luta para obter a cópia do prontuário e poder compreender a causa de sua perda.

No domingo, uma senhora faleceu no Telecila. Sem um leito para internação. Nossa redação conversou com seu neto, que relatou a triste situação: “Minha avó faleceu domingo, em uma poltrona toda inchada, porque não tinha cama para ela, isso é um absurdo”, afirmou.

Três dias depois, um servidor público municipal de Caicó, que foi ao hospital em busca de atendimento médico, ficou no estacionamento devido à falta de vagas. 

Nossa redação procurou por telefone e mensagens eletrônicas a diretora do hospital, Vanessa Dias, que nos encaminhou para Paulo Nascimento, da assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Saúde Pública. Até o fechamento desta edição, não nos retornou ou sequer respondeu.

Esta é a terceira vez que O Potengi entra em contato com Paulo Nascimento em busca de respostas para perguntas simples sobre a situação da saúde pública no estado, sem qualquer retorno.

O Hospital Regional do Seridó

O Hospital Regional Telecila Freitas Fontes, conhecido como Hospital Regional do Seridó, localizado em Caicó, é uma instituição de saúde que oferece serviços de média e alta complexidade.  Ele atende, de acordo com informações do site da Sesap/RN, a população de Caicó, São Fernando, Timbaúba dos Batistas, Jardim de Piranhas, Serra Negra do Norte, São João do Sabugi, Ipueira, Jucurutu, São José do Seridó, Cruzeta, Jardim do Seridó, Ouro Branco, Acari e outros municípios tanto do Estado do RN, como da Paraíba.


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