
A saúde pública de Natal está sob ameaça imediata. A empresa Justiz, pivô de contratos milionários já considerados ilegais pela Justiça, recuou do recurso que havia interposto no Tribunal de Justiça do RN, após perceber que teria decisão contrária. Mesmo assim, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) insiste em bancar a empresa, que agora tenta, a qualquer custo, cooptar médicos contra a própria vontade.
Médicos recusam: “Não acredito no processo”
Em mensagens internas obtidas com exclusividade pelo Blog do Girotto, profissionais da saúde expressam claramente desconfiança e rejeição em relação à decisão da Secretaria Municipal de Saúde de Natal de impor sua escolha pelo grupo empresarial da Justiz: “Infelizmente não vou continuar por não acreditar no processo. Peço desculpas”, escreve um médico pressionado a assumir contrato com a empresa.
A resposta da gestora da empresa, no entanto, foi de deboche, com emojis de riso, seguida de ordem para substituir currículos e contabilizar médicos como “nossos”, mesmo diante da desistência.
Em áudio enviado para nossa redação, um médico diz “Brenda [Justiz] já está demitindo antes mesmo de contratar. É assim que vão tratar os médicos?”
Coação e manipulação
As conversas de WhatsApp revelam um ambiente de pressão e manipulação de dados. Médicos questionam a validade da operação: “Sabe o que não entendo? Porque está todo mundo contra e só a Secretaria de Saúde acha que está certa. Quem tá errado?”, escreve outro profissional.
A gestão da empresa, porém, não demonstra preocupação com a insatisfação da categoria. Pelo contrário, tenta manter a narrativa de que há profissionais suficientes — mesmo sem conseguir montar escalas reais para UBSs, maternidades e hospitais.
Entidades denunciam fraude
A Associação Médica do RN e o Sindicato dos Médicos (Sinmed) apresentaram denúncia ao Ministério Público do Trabalho, apontando que a Justiz utiliza Sociedades em Conta de Participação (SCPs) para disfarçar vínculos trabalhistas e suprimir encargos legais.
Segundo o documento, médicos são “transformados” em sócios ocultos, em uma manobra que fere direitos trabalhistas, previdenciários e tributários.
O risco imediato
Os contratos da Justiz e da Proseg abrangem desde o atendimento básico nas UBSs até cirurgias oncológicas, plantões em UTIs e o SAMU. Com médicos se recusando a participar e denúncias de escalas falsas, o risco é de colapso total da rede a partir da próxima semana.
Pacientes da Maternidade Leide de Morais, das UBSs de Dixsept Rosado, Mirassol e Felipe Camarão, além do Hospital Varela Barca e da Liga Contra o Câncer, podem ficar sem atendimento.
Deixe um comentário