Só sei que nada sabemos.

Esses dias eu me peguei refletindo sobre a influência das pessoas ao meu redor na construção da minha identidade. Sim porque, mesmo que a gente aprenda a se conhecer e entender quem somos, do que gostamos e o que queremos, é inegável que as pessoas ao nosso redor, ao menos as mais importantes, têm, sim,…



[featured_caption]

Olá, queridos! Como vão?

Esses dias eu me peguei refletindo sobre a influência das pessoas ao meu redor na construção da minha identidade. Sim porque, mesmo que a gente aprenda a se conhecer e entender quem somos, do que gostamos e o que queremos, é inegável que as pessoas ao nosso redor, ao menos as mais importantes, têm, sim, influência na nossa formação enquanto indivíduos.

E percebendo a formação do meu caráter, e quem fui por grande parte da minha vida, eu me dei conta de algo que parecia subentendido, mas que depois que enxerguei se mostrou tão oculto quanto um letreiro de 3×3 em neon em uma cidadezinha do interior.

Eu percebi que sempre tive uma figura autoritária na qual me agarrar. E isso não é tão ruim quanto parece. É ruim, mas não tanto. Ao menos no passado não foi. Deixa eu explicar melhor.

Para mim, a parte autoritária dessa figura reside muito mais no fato da pessoa falar com autoridade, porém não isenta da imposição. Uma autoridade emocional, digamos assim. Alguém como eu, que viveu a maior parte da vida sem saber quem era, sem saber do que gostava ou o que queria, ter alguém que lhe dissesse o que fazer/gostar/ser, e o fizesse com tanta certeza e autoridade do que falava, era um alento.

Eu era quase uma Alice, num país sem tantas maravilhas, mas para quem qualquer estrada servia, já que eu não sabia para onde ir. Por muitos e muitos anos essa figura foi o meu pai. Indiscutivelmente aceitável essa figura ser projetada em um pai. Afinal, pais sabem tudo (e ele dizia exatamente isso, mesmo que brincando, quando éramos crianças).

Além de saber tudo, ele agia de acordo, falava com segurança, não deixava margem para dúvida, colocava seus pontos com embasamentos, referências e opiniões seguras. E ainda colocava, às vezes explícito, às vezes implícito, que por ser homem, ele sabia mais.

(Aqui sem julgamentos, ok. A época era outra).

E eu, nova, insegura, tendo como traço característico a necessidade de agradar, segui essa toada e o tinha nesse lugar de figura autoritária. E ainda feliz por ter quem me guiasse.

Sempre me achei privilegiada por ter alguém tão inteligente que cuidasse de mim, que fizesse por onde eu fazer as melhores escolhas. Até porque eu sozinha não saberia fazê-las. (Claro, nunca tinha praticado essa arte. Como dominá-la?)

Porém, sempre chega o tempo em que nossos pais ficam mais humanos aos nossos olhos e descobrimos que não, eles não sabem de tudo. Como manter no posto de figura autoritária aquele que não mais se mostra com tanta autoridade assim?

Percebi, depois de anos, que outras pessoas ocuparam esse lugar. No plural, mas em ínfima quantidade, ainda assim. Pessoas do meu convívio próximo e que partilhavam muitas similaridades com meu pai. Especialmente na certeza sobre as coisas, nos planejamentos precisos e executados e na auto confiança.

Não sei quando operei essa substituição, mas sei que quando a primeiro percebi, muitos anos já tinham se passado.

Acontece que já há muito tempo vejo essas pessoas caindo no mesmo comportamento do meu pai: perdendo essa autoridade emocional.

Em uma eu percebia coisas que essa pessoa afirmava com extrema convicção que jamais faria, lá estava fazendo. Palavras que me dirigia, conselhos que me reservava, vivências que me partilhava, tudo dito com autoridade de quem já viveu muitos e sábios anos. Tudo isso se mostrava um paradoxo quando eu via essa pessoa fazendo o contrário.

Outra, recentemente, ao trocarmos mensagens longas e acaloradas, (ainda sem hostilidade), percebi outro comportamento igual a um dos que percebi em meu pai em seus momentos derradeiros de minha figura autoritária, que foi apontar como equivocado comportamento meu que também estava fazendo, inclusive no mesmo momento em que me criticava.

Em outra ainda, percebi que a demonstração de tanta certeza de tudo, externada de uma forma muito forte precisa, não passava de uma atitude de extrema insegurança. E que, em um caso específico, sabia até menos que eu, que por vezes me senti intimidada pela certeza que essa pessoa demonstrava.

Assim como eu mesma, em alguns momentos, fui uma pessoa com muitas certezas tolas e que hoje percebo que sei cada vez menos e tenho cada vez mais a aprender.

Ao entender isso, ao enxergar esse lado perfeitamente, e esperadamente, humano de cara uma dessas pessoas, percebi tão claramente como se tivesse acendido uma lâmpada, que a opinião que eu recebia como certa, seria apenas mais uma opinião que eu ouviria com amor, com respeito, mas ainda assim apenas uma opinião. E que tinham perdido, consideravelmente, o peso de autoridade que ocupavam.

Diferente da derrocada do reinado do meu pai, hoje, na queda dessas autoridades, eu já tenho força, conhecimento, confiança e sabedoria suficientes para entender que esse lugar não pode ser ocupado por eles, nem por ninguém mais. Nem mesmo por mim.

Primeiro porque ninguém tem, nem nunca terá, certeza de tudo o tempo todo. Ninguém é isento de mudar de ideia/opinião/gosto/vontade. Nem mesmo eu. Nem mesmo sobre minha própria vida. Ninguém sabe como ser e viver sendo a Fernanda que sou hoje, com a idade que tenho hoje. Nem eu sei. Mas se alguém pode aprender isso, esse alguém sou só eu. Ninguém mais.

Segundo porque a ausência da figura autoritária me deixa livre para fazer tudo aquilo que eu quiser, inclusive errar. Errar enquanto aprendo. Errar sem temer o resultado. Errar enquanto descubro qual a forma mais certa, qual o mais próximo de certeza posso alcançar sobre o meu próprio caminho.

Confesso que sempre tive uma fantasia na qual eu me mudaria para um lugar onde não tivesse vínculos, e aí absolutamente todas as minhas decisões seriam livres. Não teria que me explicar a ninguém, nem justificar meus atos. Seria livre para ser exatamente quem eu sou. Eu tenho paixão por liberdade. Liberdade, para mim, é valor inegociável. Sempre foi! E essa ideia de viver livremente minha essência sempre me foi muito cara.

Acredito que quando me percebi livre dessas autoridades emocionais, testemunhei mais um resultado de tantas mudanças que operei em mim. Testemunhei, não a queda de um governante, mas a queda de um regime inteiro!

E sem esse regime, me mudei para uma cidade sem vínculos, uma cidade que no mundo real seria utópica, mas que no meu mundo ela é real. A minha cidade que não tem lei, não por ignorá-las, mas sim por não precisar delas.

Uma cidade em que a busca pela constante melhora, o auto perdão e o reconhecimento da própria humanidade, da própria imperfeição, vivem em simbiose.

E acho que essa cidade habita em algum lugar entre meu coração e meus pulmões, mais precisamente a 3 metros do chão, porque toda vez que meu cérebro comanda “respira” a minha leveza se infla e me leva até a minha cidade sem vínculos. Com muros anti julgamentos, população acolhedora e portões seletivos.

E quanto a vocês? Depois de todo esse relato, conseguiram identificar se na vida de vocês existe alguma figura ocupando espaço de autoridade emocional? Espero que, se sim, consigam se libertar dela também. Afinal, construir e cultivar nossa liberdade de ser quem somos é mais uma parte deliciosa do caminho de nos conhecermos. Pois, jamais nos conheceremos de verdade se escondermos nossa verdade atrás da verdade de outros.

Desejo reflexões repletas de verdades interiores e liberdades transbordadoras a vocês!

Até a próxima!



Só sei que nada sabemos.






Olá, queridos! Como vão?

Esses dias eu me peguei refletindo sobre a influência das pessoas ao meu redor na construção da minha identidade. Sim porque, mesmo que a gente aprenda a se conhecer e entender quem somos, do que gostamos e o que queremos, é inegável que as pessoas ao nosso redor, ao menos as mais importantes, têm, sim, influência na nossa formação enquanto indivíduos.

E percebendo a formação do meu caráter, e quem fui por grande parte da minha vida, eu me dei conta de algo que parecia subentendido, mas que depois que enxerguei se mostrou tão oculto quanto um letreiro de 3×3 em neon em uma cidadezinha do interior.

Eu percebi que sempre tive uma figura autoritária na qual me agarrar. E isso não é tão ruim quanto parece. É ruim, mas não tanto. Ao menos no passado não foi. Deixa eu explicar melhor.

Para mim, a parte autoritária dessa figura reside muito mais no fato da pessoa falar com autoridade, porém não isenta da imposição. Uma autoridade emocional, digamos assim. Alguém como eu, que viveu a maior parte da vida sem saber quem era, sem saber do que gostava ou o que queria, ter alguém que lhe dissesse o que fazer/gostar/ser, e o fizesse com tanta certeza e autoridade do que falava, era um alento.

Eu era quase uma Alice, num país sem tantas maravilhas, mas para quem qualquer estrada servia, já que eu não sabia para onde ir. Por muitos e muitos anos essa figura foi o meu pai. Indiscutivelmente aceitável essa figura ser projetada em um pai. Afinal, pais sabem tudo (e ele dizia exatamente isso, mesmo que brincando, quando éramos crianças).

Além de saber tudo, ele agia de acordo, falava com segurança, não deixava margem para dúvida, colocava seus pontos com embasamentos, referências e opiniões seguras. E ainda colocava, às vezes explícito, às vezes implícito, que por ser homem, ele sabia mais.

(Aqui sem julgamentos, ok. A época era outra).

E eu, nova, insegura, tendo como traço característico a necessidade de agradar, segui essa toada e o tinha nesse lugar de figura autoritária. E ainda feliz por ter quem me guiasse.

Sempre me achei privilegiada por ter alguém tão inteligente que cuidasse de mim, que fizesse por onde eu fazer as melhores escolhas. Até porque eu sozinha não saberia fazê-las. (Claro, nunca tinha praticado essa arte. Como dominá-la?)

Porém, sempre chega o tempo em que nossos pais ficam mais humanos aos nossos olhos e descobrimos que não, eles não sabem de tudo. Como manter no posto de figura autoritária aquele que não mais se mostra com tanta autoridade assim?

Percebi, depois de anos, que outras pessoas ocuparam esse lugar. No plural, mas em ínfima quantidade, ainda assim. Pessoas do meu convívio próximo e que partilhavam muitas similaridades com meu pai. Especialmente na certeza sobre as coisas, nos planejamentos precisos e executados e na auto confiança.

Não sei quando operei essa substituição, mas sei que quando a primeiro percebi, muitos anos já tinham se passado.

Acontece que já há muito tempo vejo essas pessoas caindo no mesmo comportamento do meu pai: perdendo essa autoridade emocional.

Em uma eu percebia coisas que essa pessoa afirmava com extrema convicção que jamais faria, lá estava fazendo. Palavras que me dirigia, conselhos que me reservava, vivências que me partilhava, tudo dito com autoridade de quem já viveu muitos e sábios anos. Tudo isso se mostrava um paradoxo quando eu via essa pessoa fazendo o contrário.

Outra, recentemente, ao trocarmos mensagens longas e acaloradas, (ainda sem hostilidade), percebi outro comportamento igual a um dos que percebi em meu pai em seus momentos derradeiros de minha figura autoritária, que foi apontar como equivocado comportamento meu que também estava fazendo, inclusive no mesmo momento em que me criticava.

Em outra ainda, percebi que a demonstração de tanta certeza de tudo, externada de uma forma muito forte precisa, não passava de uma atitude de extrema insegurança. E que, em um caso específico, sabia até menos que eu, que por vezes me senti intimidada pela certeza que essa pessoa demonstrava.

Assim como eu mesma, em alguns momentos, fui uma pessoa com muitas certezas tolas e que hoje percebo que sei cada vez menos e tenho cada vez mais a aprender.

Ao entender isso, ao enxergar esse lado perfeitamente, e esperadamente, humano de cara uma dessas pessoas, percebi tão claramente como se tivesse acendido uma lâmpada, que a opinião que eu recebia como certa, seria apenas mais uma opinião que eu ouviria com amor, com respeito, mas ainda assim apenas uma opinião. E que tinham perdido, consideravelmente, o peso de autoridade que ocupavam.

Diferente da derrocada do reinado do meu pai, hoje, na queda dessas autoridades, eu já tenho força, conhecimento, confiança e sabedoria suficientes para entender que esse lugar não pode ser ocupado por eles, nem por ninguém mais. Nem mesmo por mim.

Primeiro porque ninguém tem, nem nunca terá, certeza de tudo o tempo todo. Ninguém é isento de mudar de ideia/opinião/gosto/vontade. Nem mesmo eu. Nem mesmo sobre minha própria vida. Ninguém sabe como ser e viver sendo a Fernanda que sou hoje, com a idade que tenho hoje. Nem eu sei. Mas se alguém pode aprender isso, esse alguém sou só eu. Ninguém mais.

Segundo porque a ausência da figura autoritária me deixa livre para fazer tudo aquilo que eu quiser, inclusive errar. Errar enquanto aprendo. Errar sem temer o resultado. Errar enquanto descubro qual a forma mais certa, qual o mais próximo de certeza posso alcançar sobre o meu próprio caminho.

Confesso que sempre tive uma fantasia na qual eu me mudaria para um lugar onde não tivesse vínculos, e aí absolutamente todas as minhas decisões seriam livres. Não teria que me explicar a ninguém, nem justificar meus atos. Seria livre para ser exatamente quem eu sou. Eu tenho paixão por liberdade. Liberdade, para mim, é valor inegociável. Sempre foi! E essa ideia de viver livremente minha essência sempre me foi muito cara.

Acredito que quando me percebi livre dessas autoridades emocionais, testemunhei mais um resultado de tantas mudanças que operei em mim. Testemunhei, não a queda de um governante, mas a queda de um regime inteiro!

E sem esse regime, me mudei para uma cidade sem vínculos, uma cidade que no mundo real seria utópica, mas que no meu mundo ela é real. A minha cidade que não tem lei, não por ignorá-las, mas sim por não precisar delas.

Uma cidade em que a busca pela constante melhora, o auto perdão e o reconhecimento da própria humanidade, da própria imperfeição, vivem em simbiose.

E acho que essa cidade habita em algum lugar entre meu coração e meus pulmões, mais precisamente a 3 metros do chão, porque toda vez que meu cérebro comanda “respira” a minha leveza se infla e me leva até a minha cidade sem vínculos. Com muros anti julgamentos, população acolhedora e portões seletivos.

E quanto a vocês? Depois de todo esse relato, conseguiram identificar se na vida de vocês existe alguma figura ocupando espaço de autoridade emocional? Espero que, se sim, consigam se libertar dela também. Afinal, construir e cultivar nossa liberdade de ser quem somos é mais uma parte deliciosa do caminho de nos conhecermos. Pois, jamais nos conheceremos de verdade se escondermos nossa verdade atrás da verdade de outros.

Desejo reflexões repletas de verdades interiores e liberdades transbordadoras a vocês!

Até a próxima!


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *