Fermentação. Só de ouvir essa palavra, você talvez pense em um pedaço de repolho borbulhante ou num líquido misterioso repousando num canto da cozinha. Mas essa técnica ancestral é muito mais do que isso: é a chave para criar sabores profundos, inesperados e vivos. Para quem acha que fermentados são só uma moda passageira, é bom se preparar. Eles estão ocupando o centro do palco da alta gastronomia, trazendo complexidade a pratos e bebidas que antes pareciam banais.
Categoria: 6.4 Agenda Gastronômica
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Churras do Tábua 2024
Prepare-se para a sétima edição desse evento super esperado pelos amantes de churrasco! No próximo fim de semana, o restaurante Tábua de Carne, na Via Costeira, será palco de uma experiência única, unindo gastronomia de alta qualidade e uma vista deslumbrante da Praia de Areia Preta e da Ponte Newton Navarro. Serão 6 horas de open food, com nada menos que 9 estações servindo diferentes tipos de carnes, preparadas na hora por mestres assadores de renome nacional.
O público terá a chance de aproveitar cortes especiais e preparos únicos, enquanto interage com os assadores convidados, entre eles Beethoven Picuí, de Pernambuco, Fernando Liberato e André Rocha, do Rio Grande do Norte, e a talentosa Andreza Macedo, de São Paulo. A diversidade de estilos e técnicas, vindos de várias regiões do Brasil, promete surpreender até os mais exigentes.
Além do line-up gastronômico, o som ficará por conta da banda Xeque Mate e a dupla Dilsinho e Romário. Uma tarde de churrasco e música boa à beira-mar.
O evento acontecerá no restaurante Tábua de Carne, localizado na Via Costeira, e promete ser uma experiência imperdível. Não deixe de reservar seu lugar e garantir um dia inesquecível, repleto de sabores e atrações. Para mais informações e reservas, entre em contato pelo telefone (84) 99407-2185 ou acesse o Instagram oficial: @tabuadecarne.
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Festival “Eita Camarão Gostoso!” promete agitar o turismo gastronômico de São Miguel do Gostoso
O Festival “Eita Camarão Gostoso!” está de volta e promete mais uma vez movimentar o turismo gastronômico de São Miguel do Gostoso, no litoral norte do Rio Grande do Norte. A quarta edição do evento está marcada para ocorrer entre os dias 15 e 24 de novembro de 2024, mantendo o formato descentralizado, no qual cada estabelecimento participante oferece um cardápio especial, tendo o camarão como a grande estrela.
Com pratos elaborados especialmente para o evento, o festival contará com um menu composto por um prato principal presente em diversos estabelecimentos do município, como restaurantes, lanchonetes e barracas. Todos os restaurantes participantes do circuito, independentemente do porte, irão oferecer um menu especial pelo valor de R$ 60,00. Já nos estabelecimentos menores, como barracas, bares e lanchonetes, o valor para degustar o prato principal do festival será de R$ 35,00. Todos os estabelecimentos participantes estarão sinalizados com bandeirolas que identificam sua adesão ao evento.
Nacionalmente conhecido como o maior produtor de camarão do País, o Rio Grande do Norte se destaca no cenário da gastronomia litorânea. Com o objetivo de atrair turistas, movimentar a economia local e consolidar o turismo na região, o “Eita Camarão Gostoso!” é uma iniciativa da Associação dos Empresários de São Miguel do Gostoso (AEGostoso), em parceria com as empresas Camanor e Potiporã, e conta com o apoio da Prefeitura de São Miguel do Gostoso.
Entre os estabelecimentos confirmados para a 4ª edição estão: Gênesis Resto & Bar, Bar do Tico, Restaurante Afetuoso, Elixir Restaurant, Balica Restaurante, Nauan Beach Club, Restaurante Vítor B, Mar de Estrelas, Lá Pepita, Positano, Ore, Tuk Tuk, Dr. Wind, Sampei, 70m2, Café Abelhuda, Bora Bora Jerivá, Groove, Kauli Sead, Burger Gostoso, Madame Beach e muitos outros.
Agora é só se programar, visitar Gostoso nos dias do evento e se deliciar com pratos de dar água na boca!
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Roadrunner: Um Filme Sobre Anthony Bourdain
Em um mundo onde a gastronomia se torna um espetáculo de consumo, Roadrunner: Um Filme Sobre Anthony Bourdain se destaca como uma reflexão poderosa sobre a vida e o legado do icônico chef e contador de histórias. Dirigido por Morgan Neville, o documentário disponível na Netflix nos leva a uma jornada visceral pela mente complexa de Bourdain, revelando não apenas suas paixões, mas também suas profundas lutas internas.
A narrativa é entrelaçada com imagens de suas viagens, explorando culturas e tradições gastronômicas que ele tanto amava. No entanto, aqui vai um spoiler: este não é um hino de adoração. O filme audaciosamente confronta a dualidade de Bourdain, iluminando suas batalhas com a fama, a depressão e o vício, tornando-o uma figura trágica em um mundo que frequentemente romantiza a busca pela autenticidade.
O uso da tecnologia de inteligência artificial para recriar a voz de Bourdain em partes da narração provoca um dilema ético, questionando até que ponto devemos ir para honrar a memória de alguém. Essa escolha, embora controversa, gera um debate sobre a representação e a preservação da autenticidade no contexto da cultura pop contemporânea.
Através de entrevistas com amigos e colegas, como Eric Ripert e Ottavia Bourdain, o filme humaniza a figura do chef, revelando um homem que, apesar de seu sucesso estrondoso, se sentia desconectado e vulnerável. As imagens de sua vida pessoal, entrelaçadas com seu trabalho, criam um retrato multifacetado que desafia a ideia de que a felicidade é sinônimo de sucesso.
Em suma, Roadrunner não é apenas um documentário sobre um chef; é um estudo profundo sobre a condição humana, sobre como a busca por significado pode ser ao mesmo tempo gratificante e dolorosa. Ao fechar o filme, fica a pergunta: até onde você iria para encontrar seu verdadeiro eu? Esta obra nos lembra que, por trás de cada sorriso e prato bem servido, pode haver uma história muito mais complexa e inquietante. Uma reflexão necessária para os tempos que vivemos.
Veja o trailer:
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A Nova Era dos Drinks Sem Álcool
A cultura dos drinks sem álcool, ou “mocktails”, está se destacando como uma tendência crescente na coquetelaria global. Se antes eram vistos apenas como alternativas para quem não consumia bebidas alcoólicas, hoje os mocktails representam uma verdadeira revolução. Combinando ingredientes inusitados e técnicas refinadas, bartenders estão elevando essas criações a um novo patamar de sofisticação, atraindo não só os abstêmios, mas também um público interessado em explorar novas experiências sensoriais.
O mercado de bebidas sem álcool cresce em ritmo acelerado e já representa uma fatia significativa da indústria global. Segundo a IWSR Drinks Market Analysis, em 2020 o consumo de bebidas não alcoólicas e de baixo teor alcoólico cresceu 30% nos Estados Unidos, e a expectativa é que essa expansão continue nos próximos anos. Com isso, bares e restaurantes estão investindo cada vez mais em menus elaborados de mocktails, com foco em ingredientes frescos, especiarias e apresentações exuberantes.
Bartenders de renome têm se desafiado a criar receitas que entreguem complexidade de sabor, textura e aroma — elementos tradicionalmente associados aos coquetéis alcoólicos. A utilização de técnicas como infusões, defumações e fermentações é uma forma de adicionar camadas de sabor aos mocktails, garantindo que essas bebidas sejam tão atraentes e prazerosas quanto um drink tradicional. Profissionais como Alex Kratena, cofundador do bar Tayēr + Elementary, em Londres, que foi eleito um dos melhores bares do mundo trabalham para que os mocktails tenham a mesma capacidade de surpreender e encantar o paladar como qualquer bom coquetel.
No Brasil, a tendência também segue firme. Em São Paulo, por exemplo, o bartender Márcio Silva, do Guilhotina Bar, desenvolve mocktails com ingredientes típicos brasileiros, como a cajuína e o cambuci, oferecendo uma releitura sofisticada de sabores locais. Em suas criações, a simplicidade dos insumos naturais se alia a técnicas modernas, resultando em bebidas complexas que celebram a diversidade de ingredientes e a criatividade na mixologia.
Outro ponto forte dos mocktails é o apelo à saúde e ao bem-estar. Com um público mais consciente e atento aos benefícios de um estilo de vida equilibrado, as bebidas sem álcool se tornaram sinônimo de saúde e estilo. Combinando frutas frescas, especiarias e ingredientes funcionais, como gengibre e cúrcuma, os mocktails atendem à demanda por opções que proporcionem prazer sem comprometer o bem-estar.
A versatilidade é outro fator que impulsiona a popularidade dos mocktails. Bebidas sem álcool permitem harmonizações que se adequam tanto a ocasiões festivas quanto a encontros mais intimistas, sem as limitações que o álcool pode impor. Além disso, são ideais para públicos diversos, abrangendo desde grávidas a entusiastas do universo gourmet.
Chefs e bartenders estão, assim, estabelecendo um novo parâmetro de sofisticação e criatividade para os mocktails. Eles não são mais apenas “substitutos” de coquetéis alcoólicos, mas um segmento próprio da coquetelaria, que promove uma experiência sensorial única e inesquecível. Como resultado, essa nova era dos drinks sem álcool está conquistando espaço nas cartas dos melhores bares e restaurantes do mundo, mostrando que é possível brindar à vida de maneira mais leve e consciente, sem abrir mão do sabor e da originalidade.
Se você ainda não experimentou um mocktail, que tal começar com uma combinação inusitada de suco de maçã verde, xarope de gengibre e hortelã defumada? A bebida traz frescor, acidez e um toque herbal — uma prova de que, na nova era dos drinks sem álcool, o único limite é a imaginação.
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A Riqueza Culinária que Nasce do Semiárido
O sertão brasileiro é, sem dúvida, um território de contrastes e adversidades. Entretanto, é justamente nesse ambiente desafiador que surge uma das mais genuínas expressões culturais do país: a cozinha sertaneja. Para o historiador Câmara Cascudo, o sertão possui uma “cozinha de sustança”, originada da fusão de influências indígenas e portuguesas e moldada pela resiliência de um povo que, mesmo diante da escassez, aprendeu a transformar cada ingrediente em um prato saboroso e nutritivo.
Nesse contexto, os alimentos nativos do semiárido, como o umbu, o licuri e o mandacaru, não são apenas símbolos de resistência, mas protagonistas de receitas que preservam o saber popular e a tradição. O umbu, por exemplo, é utilizado em sucos, doces e compotas, equilibrando seu sabor agridoce com pratos como a carne de sol. O licuri, por sua vez, transforma-se em azeites, farinhas e até sorvetes, revelando a versatilidade da cozinha sertaneja.
Câmara Cascudo enfatiza que o sertanejo precisava de alimentos que sustentassem o corpo e a alma. Com isso, a culinária se baseou em técnicas que garantissem a durabilidade dos ingredientes, como a desidratação de carnes e o uso de salmouras, além de aproveitar integralmente vegetais e pequenos animais, como o bode e o preá.
Ao longo dos anos, essa gastronomia única, que já foi marginalizada, passou a ser redescoberta e valorizada por chefs contemporâneos. Nomes como Onildo Rocha reinterpretam ingredientes como feijão-de-corda, queijo coalho e carne de sol, apresentando a tradição sertaneja em versões contemporâneas e sofisticadas.
Assim, a cozinha do sertão não apenas sobrevive, mas floresce como uma expressão de força, criatividade e identidade. Como bem disse Cascudo, “cozinha sertaneja é a expressão da alma de um povo”. Afinal, levar o sertão à mesa é celebrar a capacidade de transformar o que parece escasso em um verdadeiro banquete para os sentidos. Da aridez do sertão à mesa farta e saborosa, fica o convite para conhecer uma gastronomia que transforma o que parece escasso em um banquete para os sentidos. Como diz o ditado popular, “quem é do sertão nunca desiste”; e quem conhece sua cozinha, nunca a esquece.
Vamo cozinhar?
Escondidinho de Carne de Sol com Creme de Jerimum e Farofa de Licuri
Ingredientes:
500g de carne de sol desfiada
2 colheres de sopa de manteiga de garrafa
1 cebola roxa cortada em fatias finas
2 dentes de alho picados
600g de jerimum cozido e amassado
200ml de leite de coco
Sal e pimenta-do-reino a gosto
1/2 xícara de licuri torrado e triturado
1 colher de sopa de manteiga sem sal
1/2 xícara de farinha de mandioca
Modo de Preparo:
Em uma frigideira, aqueça a manteiga de garrafa e refogue a carne de sol desfiada com a cebola e o alho até dourar levemente. Reserve.
Misture o jerimum amassado com o leite de coco e tempere com sal e pimenta. Cozinhe por mais 5 minutos, mexendo até obter uma consistência cremosa.
Derreta a manteiga em uma panela e acrescente o licuri triturado. Adicione a farinha de mandioca e toste até ficar levemente dourada.
Em um refratário, faça uma camada com a carne de sol, cubra com o creme de jerimum e finalize com a farofa de licuri. Leve ao forno pré-aquecido a 180°C por 10 minutos para gratinar.