Nesta quarta-feira (31), as ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Natal enfrentaram dificuldades, com veículos retidos no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel e nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) da capital potiguar. Essa situação não é inédita e tem se intensificado nas últimas duas semanas.
De acordo com o Samu Natal, a frota de ambulâncias, composta por 12 veículos – incluindo 9 de suporte básico e 3 de UTI –, ficou totalmente retida em alguns momentos do dia. A situação é causada pela falta de leitos disponíveis nas unidades de saúde para acomodar os pacientes que chegam, o que obriga as ambulâncias a permanecerem nas unidades, enquanto suas macas são usadas pelos hospitais.
Cláudio Macedo, coordenador geral do Samu, explicou que o problema é crônico e tem se agravado recentemente. “É um problema já de muitos anos, que nas últimas duas semanas se exacerba, com mais macas retidas e por períodos mais longos. Isso, consequentemente, atrapalha o atendimento à população”, afirmou Macedo.
Ele ressaltou que, apesar da retenção, a população continua sendo atendida, mas com um tempo de resposta mais demorado. “A demanda é muito alta, principalmente de acidentes automobilísticos e quedas de moto. Pacientes traumáticos acabam ficando um tempo a mais em comparação com os pacientes clínicos”, explicou.
Macedo sugeriu que o aumento de leitos e uma melhor gestão dos casos ortopédicos poderiam ajudar a aliviar a carga sobre os hospitais e sobre o sistema de ambulâncias. Ele também mencionou a necessidade de resolver problemas nos hospitais regionais para evitar a sobrecarga do Hospital Walfredo Gurgel, que é a principal referência para traumas em Natal.
O Hospital Walfredo Gurgel, maior unidade de saúde do estado, atende cerca de 250 pacientes por dia, a maioria devido a acidentes de trânsito e traumas severos. O diretor do hospital, Dr. Geraldo Neto, explicou que a alta demanda pode superar a capacidade instalada do hospital, o que contribui para a retenção das macas do Samu. “Quando há um grande volume de pacientes politraumatizados, não conseguimos absorver todos com o conforto que merecem”, afirmou Neto.
Para enfrentar o problema, o hospital tem adotado medidas como a articulação interna para priorizar a liberação das macas e a utilização de backups, macas que não pertencem às ambulâncias, para permitir uma liberação mais rápida dos veículos.