Lançamento: A insustentável desrazão do sentir

Jean Sartief mergulha fundo em sua sétima produção poética, Desrazão.

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Uma fineza. Parabéns!

Ícone de crédito Foto: Divulgação

Em edição limitada, a obra Desrazão, sétima produção poética do bardo potiguar Jean Sartief está à venda nas redes sociais até o fim deste mês de fevereiro. O livro vem chancelado pelo Selo Editorial Giro, pela radiojornalista Rita Machado e traz 107 poesias que versam sobre a instabilidade do ser humano frente às agonias da vida.

Já pela enigmática capa há uma proposição de deciframento que talvez seja respondida pela poesia O ovo do caos que remete àquela que é considerada a primeira poesia do mundo: O Ovo, de Símias de Rodes. A obra já foi inspiradora para tantos artistas e poetas como Haroldo de Campos com sua leitura intitulada Ovo novelo. Sartief abandona a questão figurativa ou de metalinguagem de Símias e Campos e segue na flexibilidade literária de compor O ovo do Caos dentro de seu referencial. Desta forma, já visualmente ele provoca o leitor.

As poesias apresentadas tem uma forte correspondência com o dia a dia de cada um de nós, com as aflições de trabalho, de amores, de indecisões e sobretudo de nossa fragilidade diante da vida, às vezes da insustentável desrazão do sentir em excesso. Sartief recorre também aos fios invisíveis (sempre presentes no livro) que dá tanto a ideia de união como de sufocamento e parte também para uma conexão com textura mitológica, cosmológica e espiritual, mas não sob o ponto de vista de um distanciamento. O poeta traz para o campo semântico um jogo sem distinção sacra desta sua própria disposição com eu lírico no entorno real ou figurativo.

Em Desrazão, não há separação entre o real e o irreal. Eles ocupam a poesia como um processo único de existirmos no caos.

Para Samuel de Mattos, doutor em letras e autor da orelha do livro, Desrazão tem a palavra como bússola e por isso o autor explora diversos campos sem se perder e tem esse dom de criar a vida. Há uma aparente falta de linearidade, mas é aparente porque a unidade do livro é percebida no movimento caótico que o poeta explora numa linguagem que ao costurar universos, desfaz a lógica; escapa à racionalidade. Já Conceição Flores, Doutora em História da Educação pela UFRN, explora um excesso e estranheza magnéticos e analisa diversos poemas e construções do livro dando destaque a poesia homoafetiva, uma vez que: “A sua poesia também revela o seu percurso de vida.” Flores faz  alusão aos dois primeiros versos do livro onde Sartief diz: “Vivo em excesso porque tenho a palavra e a estranheza/ desses meus desesperos/delicadezas posso dar-te tudo”.

Desta forma, percebemos em Desrazão uma comunhão de possibilidades dentro do caos do mundo quando fala-se na sobrecarga de informação, de imagens, de notícias, de redes sociais e muitas vezes a perplexidade diante de nós mesmos como seres atuantes ou manipulados. Sartief traz tudo isso em Desrazão. O livro revela a alma do autor e provoca os sentidos do leitor. O  bardo mostra-se tão pleno que aceita seu próprio abandono e não refuta o esvaziamento que é necessário. Deixamos aqui a poesia Um Consolo, no qual inverte a lógica e fala também desse caos, do excesso e da estranheza quando expõe a necessidade do acolhimento do outro e da reconstrução, do vazio como princípio e fim.

Há que ter um amparo

alguém que te diga uma palavra

uma calmaria

um consolo

bem-aventurado o universo

que também guarda vazios.



Lançamento: A insustentável desrazão do sentir

Jean Sartief mergulha fundo em sua sétima produção poética, Desrazão.

Ícone de crédito Foto: Divulgação

Em edição limitada, a obra Desrazão, sétima produção poética do bardo potiguar Jean Sartief está à venda nas redes sociais até o fim deste mês de fevereiro. O livro vem chancelado pelo Selo Editorial Giro, pela radiojornalista Rita Machado e traz 107 poesias que versam sobre a instabilidade do ser humano frente às agonias da vida.

Já pela enigmática capa há uma proposição de deciframento que talvez seja respondida pela poesia O ovo do caos que remete àquela que é considerada a primeira poesia do mundo: O Ovo, de Símias de Rodes. A obra já foi inspiradora para tantos artistas e poetas como Haroldo de Campos com sua leitura intitulada Ovo novelo. Sartief abandona a questão figurativa ou de metalinguagem de Símias e Campos e segue na flexibilidade literária de compor O ovo do Caos dentro de seu referencial. Desta forma, já visualmente ele provoca o leitor.

As poesias apresentadas tem uma forte correspondência com o dia a dia de cada um de nós, com as aflições de trabalho, de amores, de indecisões e sobretudo de nossa fragilidade diante da vida, às vezes da insustentável desrazão do sentir em excesso. Sartief recorre também aos fios invisíveis (sempre presentes no livro) que dá tanto a ideia de união como de sufocamento e parte também para uma conexão com textura mitológica, cosmológica e espiritual, mas não sob o ponto de vista de um distanciamento. O poeta traz para o campo semântico um jogo sem distinção sacra desta sua própria disposição com eu lírico no entorno real ou figurativo.

Em Desrazão, não há separação entre o real e o irreal. Eles ocupam a poesia como um processo único de existirmos no caos.

Para Samuel de Mattos, doutor em letras e autor da orelha do livro, Desrazão tem a palavra como bússola e por isso o autor explora diversos campos sem se perder e tem esse dom de criar a vida. Há uma aparente falta de linearidade, mas é aparente porque a unidade do livro é percebida no movimento caótico que o poeta explora numa linguagem que ao costurar universos, desfaz a lógica; escapa à racionalidade. Já Conceição Flores, Doutora em História da Educação pela UFRN, explora um excesso e estranheza magnéticos e analisa diversos poemas e construções do livro dando destaque a poesia homoafetiva, uma vez que: “A sua poesia também revela o seu percurso de vida.” Flores faz  alusão aos dois primeiros versos do livro onde Sartief diz: “Vivo em excesso porque tenho a palavra e a estranheza/ desses meus desesperos/delicadezas posso dar-te tudo”.

Desta forma, percebemos em Desrazão uma comunhão de possibilidades dentro do caos do mundo quando fala-se na sobrecarga de informação, de imagens, de notícias, de redes sociais e muitas vezes a perplexidade diante de nós mesmos como seres atuantes ou manipulados. Sartief traz tudo isso em Desrazão. O livro revela a alma do autor e provoca os sentidos do leitor. O  bardo mostra-se tão pleno que aceita seu próprio abandono e não refuta o esvaziamento que é necessário. Deixamos aqui a poesia Um Consolo, no qual inverte a lógica e fala também desse caos, do excesso e da estranheza quando expõe a necessidade do acolhimento do outro e da reconstrução, do vazio como princípio e fim.

Há que ter um amparo

alguém que te diga uma palavra

uma calmaria

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bem-aventurado o universo

que também guarda vazios.


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