O humorista Léo Lins voltou a se apresentar em teatros, mesmo após ter sido condenado pela Justiça Federal a mais de oito anos de prisão por incitação ao discurso de ódio em piadas com conteúdo discriminatório. Em sua nova turnê, com o espetáculo intitulado “Enterrado Vivo”, ele retomou temas polêmicos e voltou a atacar a cantora Preta Gil, ironizando o câncer enfrentado pela artista.

Durante uma apresentação no Teatro Gazeta, em São Paulo, Léo Lins fez referência a um processo que Preta Gil moveu contra ele por danos morais em 2019, quando ele a comparou a uma “porca” em um programa de TV. Na nova piada, ele associou a doença da cantora à perda de peso:

“A Preta Gil veio me processar por causa de uma piada de anos atrás. Três meses depois que chegou o processo, ela apareceu com câncer. Bom, parece que Deus tem um favorito. Acho que Ele gostou da piada. E pelo menos ela vai emagrecer”, disse.

A nova fala repercutiu negativamente nas redes sociais e foi duramente criticada por entidades de defesa dos direitos humanos e por internautas.

Apesar disso, o espetáculo — que proíbe o uso de celulares e lacra os aparelhos dos espectadores em sacos na entrada, por determinação da equipe jurídica do humorista — lotou o teatro com cerca de 720 pessoas. A estratégia visa evitar gravações que possam gerar novos processos judiciais.

Em “Enterrado Vivo”, Léo Lins não recua nos temas que o levaram à condenação judicial: piadas envolvendo racismo, capacitismo, gordofobia, preconceito contra indígenas, pessoas soropositivas, além de temas extremamente sensíveis como pedofilia e nazismo. Ele foi condenado justamente por utilizar o humor como instrumento para propagar ideias que incitam ódio, discriminação e violência simbólica.