Quer pagar quanto?



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Olá, queridos. Como vão?

Minha conversa com vocês hoje vai ser sobre uma reflexão que fiz, depois que uma música alugou um triplex na minha cabeça essa semana. Às vezes acontece de você já ter escutado uma música, uma história, um conselho, mas em determinado dia aquele entendimento do que se ouviu, ou leu, vai bater diferente.

Foi assim com essa música. É uma canção do Dorgival Dantas, na qual ele pergunta à mulher amada, repetidas vezes, quanto custa estar com ela sem brigar, sem se separar e etc. Logo depois ele afirma que pagaria qualquer preço por isso, nem que tivesse que morrer devendo.

Minha reflexão não foi sobre relacionamentos amorosos, nem mesmo se vale a pena, ou não, pagar qualquer preço para estar com alguém. Quem sabe, outro dia até poderemos falar sobre isso. O questionamento interno no qual me percebi, depois de ouvir essa música (repito, a qual já havia escutado tantas vezes), foi “Qual preço eu estaria disposta a pagar para ter algo que eu tanto quero, ou para deixar de ter algo que não quero?

Eu queria gerar, com esse texto de hoje, uma provocação para que vocês também se perguntem: quanto custa o que mais vale para você? E que fique claro que eu não estou falando de dinheiro.

Quanto custa alcançar aquele seu sonho? Quanto custa, para você, a sua paz? Qual seria esse “qualquer preço” que você teria disposição de pagar, nem que tivesse que “morrer devendo”, para alcançar o que lhe é tão caro? Ou para abandonar no acostamento da estrada aquilo que já não faz mais sentido ter no seu caminho?

Deixar para trás algo que não queremos pode parecer algo tão simples, mas não é. (Claro que é! As pessoas não continuam com aquilo que não querem!) Será mesmo? E quando esse algo que você gostaria de deixar para trás não consegue ser abandonado por estar preso a você?

E quando esse algo é uma culpa que você carrega? Uma obrigação imposta por motivos que fazem sentido para quem impôs e não para você? Um hábito momentaneamente prazeroso, mas muito prejudicial a longo prazo? E quando isso aí que você queria deixar para trás é algo que vai deixar muita gente que você ama decepcionada contigo, caso deixe de carregá-lo?

As pessoas que amamos são muito importantes em nossas vidas, sim! Afinal, por definição, somos seres sociáveis. Mas, por mais importantes que sejam essas pessoas, o bem estar delas não pode ser colocado acima do nosso, assim como o nosso não pode ser colocado acima do bem estar delas.

Não faz sentido que pessoa alguma se prenda a algo para agradar, ou não desagradar, a outra pessoa, quando isso lhe causa grande incômodo. Vou tentar deixar isso mais claro.

Existem coisas pelas quais eu não tenho a menor disposição de pagar o preço, e simplesmente não pago. Certas obrigações sociais, que somos cobrados a fazer com a justificativa de que aquilo é uma convenção, ou porque “é assim que as coisas são”, esses pesos eu venho tirando dos meus ombros há muito tempo.

Tenho muita consideração pelos que amo, mas nem por eles faço algo que seja demasiado incômodo para mim, apenas porque querem, porque vão se chatear comigo, porque “é assim que as coisas são”. Não vou me colocar desconfortável para deixar o outro confortável. Esse preço eu não pago.

Ao longo dos anos, venho aprendendo cada vez mais a dizer não, a colocar meus limites, e tenho pago, com muito gosto, o preço que isso me custa. No começo, não é fácil ter que lidar com as caras feias, com as pessoas chateadas com minha recusa. Mas percebi que, com o tempo, elas acabam se acostumando. E, se na hora do não, a gente fala com jeitinho, se a gente fala com firmeza, mas com educação, as pessoas vão entender que aquele seu limite agora tem demarcação nova e não vai mais recuar.

Outro preço que hoje me recuso a pagar é o tal do peso na consciência, muito menos quando é imposto por algo externo. Tomo minhas decisões e arco com elas, porque as tomo por mim.

Um exemplo bem simples disso é a minha relação com a academia. Sabe aquele dia em que você simplesmente não tem a menor disposição de ir, mas se força pensando que é para isso que está pagando a mensalidade?

Eu não me permito pensar assim. Eu não pago academia para me sentir presa a uma obrigação que vai me gerar peso na consciência. Pago academia para que ela esteja à minha disposição quando eu quiser ir. Quando eu vou, é uma decisão deliberada entre mim, eu mesma e a minha pessoa. O fato de eu pagar academia não faz com que ela tenha participação decisória. Nesse contexto, ela é ferramenta.

Meu compromisso com minha saúde é quem acaba tendo voto final na quantidade de vezes que eu vou. E não se enganem pela minha fala, minha frequência está entre razoável e satisfatória. Eu sei da importância que tem, para mim, ir para a academia. Tenho algumas questões de saúde que requerem minha séria dedicação à atividade física.

Mas quando estabeleço minha frequência de idas, me reservo o direito de ter como fator de decisão a minha vontade ponderada com minha necessidade, utilizo como incentivo o quão bem vou me sentir se mantiver esse auto cuidado. Jamais o peso na consciência vai decidir por mim. Jamais permito que esse sentimento ruim e desconfortável tenha essa influência sobre mim.

Esse preço eu não estou disposta a pagar.

Esse exemplo da academia é sobre algo, aparentemente, simples. Mas isso vale para qualquer peso indesejado que estejamos carregando, pelos motivos errados. Até porque, existem pesos indesejados que carregamos pelos motivos certos.

Quando deixamos de lado atividades e hábitos que gostamos muito para economizar dinheiro para comprar algo que almejamos, ou para utilizar aquele tempo com algo que nos é mais caro. Eu adoro poder dormir mais um pouquinho de manhã, mas hoje acordei mais cedo para escrever esse texto. Escrever me dá mais prazer do que dormir um pouquinho a mais.

Tudo bem que na hora em que acordo de madrugada o sono não me permite, ainda, sentir assim. Mas depois que vejo o texto pronto, sempre sinto que valeu a pena e sei que, se precisar, farei de novo. Esse prazer maior, pelo qual abrimos mão de um prazer momentâneo, acaba funcionando desse jeito mesmo: a princípio pode parecer um sacrifício, mas quando se alcança o resultado, a alegria de chegar lá não nos deixa duvidar de que fizemos a escolha certa.

Tenho certeza que muitos de vocês já pagaram altos preços para alcançar o que tanto queriam. Já sacrificaram muita coisa que gostavam para poder ter o que amavam. Vocês sabem bem do que estou falando. E não é apenas sobre acordar mais cedo ou sobre academia.

E aqui é que entra a importância do autoconhecimento bem desenvolvido e trabalhado. Nós só entendemos qual preço estamos dispostos a pagar quando nos escutamos e calamos as vozes externas, as aparentes obrigações, os “tem que”. “Tem que” nada! A única coisa que a gente “tem que” é respirar. O resto vamos avaliando à medida que for necessário.

Desde que se respeite os limites do Código Penal, dos Direitos Humanos, de uma ética mínima que seja, de resto cada um faz o que quer e ninguém é obrigado a nada, muito menos a pagar um preço pelo qual não está disposto.

E aquele que você está disposto a pagar, por mais caro que pareça aos outros, por mais desperdício que julguem ser, se para você vale a pena, pague! Mas pague com gosto!

Eu já paguei, e ainda pago, altos preços por vontades que muitos julgam desnecessárias. Também por isso, pago caladinha. Minha paz é outra coisa muito cara para mim. Mas foram, e ainda são, vontades e quereres de valor incalculável para mim. O que, no fim, acabou saindo uma pechincha.

Acho que, com isso tudo, o que eu quero dizer para vocês é que façam o que quiserem e não façam o que não quiserem. Simples assim. Desde que seja algo pelo qual, no fundo do seu coração, no mais íntimo da sua consciência, valha a pena qualquer esforço, pelo qual valha a pena fazer-se de surdo para o julgamento alheio, pelo qual seus olhos brilhem e no canto da boca surja um sorriso involuntário, só de imaginar fazer, ou abster-se de fazer, algo exatamente como deseja.

Até a próxima!

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Minha conversa com vocês hoje vai ser sobre uma reflexão que fiz, depois que uma música alugou um triplex na minha cabeça essa semana. Às vezes acontece de você já ter escutado uma música, uma história, um conselho, mas em determinado dia aquele entendimento do que se ouviu, ou leu, vai bater diferente.

Foi assim com essa música. É uma canção do Dorgival Dantas, na qual ele pergunta à mulher amada, repetidas vezes, quanto custa estar com ela sem brigar, sem se separar e etc. Logo depois ele afirma que pagaria qualquer preço por isso, nem que tivesse que morrer devendo.

Minha reflexão não foi sobre relacionamentos amorosos, nem mesmo se vale a pena, ou não, pagar qualquer preço para estar com alguém. Quem sabe, outro dia até poderemos falar sobre isso. O questionamento interno no qual me percebi, depois de ouvir essa música (repito, a qual já havia escutado tantas vezes), foi “Qual preço eu estaria disposta a pagar para ter algo que eu tanto quero, ou para deixar de ter algo que não quero?

Eu queria gerar, com esse texto de hoje, uma provocação para que vocês também se perguntem: quanto custa o que mais vale para você? E que fique claro que eu não estou falando de dinheiro.

Quanto custa alcançar aquele seu sonho? Quanto custa, para você, a sua paz? Qual seria esse “qualquer preço” que você teria disposição de pagar, nem que tivesse que “morrer devendo”, para alcançar o que lhe é tão caro? Ou para abandonar no acostamento da estrada aquilo que já não faz mais sentido ter no seu caminho?

Deixar para trás algo que não queremos pode parecer algo tão simples, mas não é. (Claro que é! As pessoas não continuam com aquilo que não querem!) Será mesmo? E quando esse algo que você gostaria de deixar para trás não consegue ser abandonado por estar preso a você?

E quando esse algo é uma culpa que você carrega? Uma obrigação imposta por motivos que fazem sentido para quem impôs e não para você? Um hábito momentaneamente prazeroso, mas muito prejudicial a longo prazo? E quando isso aí que você queria deixar para trás é algo que vai deixar muita gente que você ama decepcionada contigo, caso deixe de carregá-lo?

As pessoas que amamos são muito importantes em nossas vidas, sim! Afinal, por definição, somos seres sociáveis. Mas, por mais importantes que sejam essas pessoas, o bem estar delas não pode ser colocado acima do nosso, assim como o nosso não pode ser colocado acima do bem estar delas.

Não faz sentido que pessoa alguma se prenda a algo para agradar, ou não desagradar, a outra pessoa, quando isso lhe causa grande incômodo. Vou tentar deixar isso mais claro.

Existem coisas pelas quais eu não tenho a menor disposição de pagar o preço, e simplesmente não pago. Certas obrigações sociais, que somos cobrados a fazer com a justificativa de que aquilo é uma convenção, ou porque “é assim que as coisas são”, esses pesos eu venho tirando dos meus ombros há muito tempo.

Tenho muita consideração pelos que amo, mas nem por eles faço algo que seja demasiado incômodo para mim, apenas porque querem, porque vão se chatear comigo, porque “é assim que as coisas são”. Não vou me colocar desconfortável para deixar o outro confortável. Esse preço eu não pago.

Ao longo dos anos, venho aprendendo cada vez mais a dizer não, a colocar meus limites, e tenho pago, com muito gosto, o preço que isso me custa. No começo, não é fácil ter que lidar com as caras feias, com as pessoas chateadas com minha recusa. Mas percebi que, com o tempo, elas acabam se acostumando. E, se na hora do não, a gente fala com jeitinho, se a gente fala com firmeza, mas com educação, as pessoas vão entender que aquele seu limite agora tem demarcação nova e não vai mais recuar.

Outro preço que hoje me recuso a pagar é o tal do peso na consciência, muito menos quando é imposto por algo externo. Tomo minhas decisões e arco com elas, porque as tomo por mim.

Um exemplo bem simples disso é a minha relação com a academia. Sabe aquele dia em que você simplesmente não tem a menor disposição de ir, mas se força pensando que é para isso que está pagando a mensalidade?

Eu não me permito pensar assim. Eu não pago academia para me sentir presa a uma obrigação que vai me gerar peso na consciência. Pago academia para que ela esteja à minha disposição quando eu quiser ir. Quando eu vou, é uma decisão deliberada entre mim, eu mesma e a minha pessoa. O fato de eu pagar academia não faz com que ela tenha participação decisória. Nesse contexto, ela é ferramenta.

Meu compromisso com minha saúde é quem acaba tendo voto final na quantidade de vezes que eu vou. E não se enganem pela minha fala, minha frequência está entre razoável e satisfatória. Eu sei da importância que tem, para mim, ir para a academia. Tenho algumas questões de saúde que requerem minha séria dedicação à atividade física.

Mas quando estabeleço minha frequência de idas, me reservo o direito de ter como fator de decisão a minha vontade ponderada com minha necessidade, utilizo como incentivo o quão bem vou me sentir se mantiver esse auto cuidado. Jamais o peso na consciência vai decidir por mim. Jamais permito que esse sentimento ruim e desconfortável tenha essa influência sobre mim.

Esse preço eu não estou disposta a pagar.

Esse exemplo da academia é sobre algo, aparentemente, simples. Mas isso vale para qualquer peso indesejado que estejamos carregando, pelos motivos errados. Até porque, existem pesos indesejados que carregamos pelos motivos certos.

Quando deixamos de lado atividades e hábitos que gostamos muito para economizar dinheiro para comprar algo que almejamos, ou para utilizar aquele tempo com algo que nos é mais caro. Eu adoro poder dormir mais um pouquinho de manhã, mas hoje acordei mais cedo para escrever esse texto. Escrever me dá mais prazer do que dormir um pouquinho a mais.

Tudo bem que na hora em que acordo de madrugada o sono não me permite, ainda, sentir assim. Mas depois que vejo o texto pronto, sempre sinto que valeu a pena e sei que, se precisar, farei de novo. Esse prazer maior, pelo qual abrimos mão de um prazer momentâneo, acaba funcionando desse jeito mesmo: a princípio pode parecer um sacrifício, mas quando se alcança o resultado, a alegria de chegar lá não nos deixa duvidar de que fizemos a escolha certa.

Tenho certeza que muitos de vocês já pagaram altos preços para alcançar o que tanto queriam. Já sacrificaram muita coisa que gostavam para poder ter o que amavam. Vocês sabem bem do que estou falando. E não é apenas sobre acordar mais cedo ou sobre academia.

E aqui é que entra a importância do autoconhecimento bem desenvolvido e trabalhado. Nós só entendemos qual preço estamos dispostos a pagar quando nos escutamos e calamos as vozes externas, as aparentes obrigações, os “tem que”. “Tem que” nada! A única coisa que a gente “tem que” é respirar. O resto vamos avaliando à medida que for necessário.

Desde que se respeite os limites do Código Penal, dos Direitos Humanos, de uma ética mínima que seja, de resto cada um faz o que quer e ninguém é obrigado a nada, muito menos a pagar um preço pelo qual não está disposto.

E aquele que você está disposto a pagar, por mais caro que pareça aos outros, por mais desperdício que julguem ser, se para você vale a pena, pague! Mas pague com gosto!

Eu já paguei, e ainda pago, altos preços por vontades que muitos julgam desnecessárias. Também por isso, pago caladinha. Minha paz é outra coisa muito cara para mim. Mas foram, e ainda são, vontades e quereres de valor incalculável para mim. O que, no fim, acabou saindo uma pechincha.

Acho que, com isso tudo, o que eu quero dizer para vocês é que façam o que quiserem e não façam o que não quiserem. Simples assim. Desde que seja algo pelo qual, no fundo do seu coração, no mais íntimo da sua consciência, valha a pena qualquer esforço, pelo qual valha a pena fazer-se de surdo para o julgamento alheio, pelo qual seus olhos brilhem e no canto da boca surja um sorriso involuntário, só de imaginar fazer, ou abster-se de fazer, algo exatamente como deseja.

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Foi assim com essa música. É uma canção do Dorgival Dantas, na qual ele pergunta à mulher amada, repetidas vezes, quanto custa estar com ela sem brigar, sem se separar e etc. Logo depois ele afirma que pagaria qualquer preço por isso, nem que tivesse que morrer devendo.

Minha reflexão não foi sobre relacionamentos amorosos, nem mesmo se vale a pena, ou não, pagar qualquer preço para estar com alguém. Quem sabe, outro dia até poderemos falar sobre isso. O questionamento interno no qual me percebi, depois de ouvir essa música (repito, a qual já havia escutado tantas vezes), foi “Qual preço eu estaria disposta a pagar para ter algo que eu tanto quero, ou para deixar de ter algo que não quero?

Eu queria gerar, com esse texto de hoje, uma provocação para que vocês também se perguntem: quanto custa o que mais vale para você? E que fique claro que eu não estou falando de dinheiro.

Quanto custa alcançar aquele seu sonho? Quanto custa, para você, a sua paz? Qual seria esse “qualquer preço” que você teria disposição de pagar, nem que tivesse que “morrer devendo”, para alcançar o que lhe é tão caro? Ou para abandonar no acostamento da estrada aquilo que já não faz mais sentido ter no seu caminho?

Deixar para trás algo que não queremos pode parecer algo tão simples, mas não é. (Claro que é! As pessoas não continuam com aquilo que não querem!) Será mesmo? E quando esse algo que você gostaria de deixar para trás não consegue ser abandonado por estar preso a você?

E quando esse algo é uma culpa que você carrega? Uma obrigação imposta por motivos que fazem sentido para quem impôs e não para você? Um hábito momentaneamente prazeroso, mas muito prejudicial a longo prazo? E quando isso aí que você queria deixar para trás é algo que vai deixar muita gente que você ama decepcionada contigo, caso deixe de carregá-lo?

As pessoas que amamos são muito importantes em nossas vidas, sim! Afinal, por definição, somos seres sociáveis. Mas, por mais importantes que sejam essas pessoas, o bem estar delas não pode ser colocado acima do nosso, assim como o nosso não pode ser colocado acima do bem estar delas.

Não faz sentido que pessoa alguma se prenda a algo para agradar, ou não desagradar, a outra pessoa, quando isso lhe causa grande incômodo. Vou tentar deixar isso mais claro.

Existem coisas pelas quais eu não tenho a menor disposição de pagar o preço, e simplesmente não pago. Certas obrigações sociais, que somos cobrados a fazer com a justificativa de que aquilo é uma convenção, ou porque “é assim que as coisas são”, esses pesos eu venho tirando dos meus ombros há muito tempo.

Tenho muita consideração pelos que amo, mas nem por eles faço algo que seja demasiado incômodo para mim, apenas porque querem, porque vão se chatear comigo, porque “é assim que as coisas são”. Não vou me colocar desconfortável para deixar o outro confortável. Esse preço eu não pago.

Ao longo dos anos, venho aprendendo cada vez mais a dizer não, a colocar meus limites, e tenho pago, com muito gosto, o preço que isso me custa. No começo, não é fácil ter que lidar com as caras feias, com as pessoas chateadas com minha recusa. Mas percebi que, com o tempo, elas acabam se acostumando. E, se na hora do não, a gente fala com jeitinho, se a gente fala com firmeza, mas com educação, as pessoas vão entender que aquele seu limite agora tem demarcação nova e não vai mais recuar.

Outro preço que hoje me recuso a pagar é o tal do peso na consciência, muito menos quando é imposto por algo externo. Tomo minhas decisões e arco com elas, porque as tomo por mim.

Um exemplo bem simples disso é a minha relação com a academia. Sabe aquele dia em que você simplesmente não tem a menor disposição de ir, mas se força pensando que é para isso que está pagando a mensalidade?

Eu não me permito pensar assim. Eu não pago academia para me sentir presa a uma obrigação que vai me gerar peso na consciência. Pago academia para que ela esteja à minha disposição quando eu quiser ir. Quando eu vou, é uma decisão deliberada entre mim, eu mesma e a minha pessoa. O fato de eu pagar academia não faz com que ela tenha participação decisória. Nesse contexto, ela é ferramenta.

Meu compromisso com minha saúde é quem acaba tendo voto final na quantidade de vezes que eu vou. E não se enganem pela minha fala, minha frequência está entre razoável e satisfatória. Eu sei da importância que tem, para mim, ir para a academia. Tenho algumas questões de saúde que requerem minha séria dedicação à atividade física.

Mas quando estabeleço minha frequência de idas, me reservo o direito de ter como fator de decisão a minha vontade ponderada com minha necessidade, utilizo como incentivo o quão bem vou me sentir se mantiver esse auto cuidado. Jamais o peso na consciência vai decidir por mim. Jamais permito que esse sentimento ruim e desconfortável tenha essa influência sobre mim.

Esse preço eu não estou disposta a pagar.

Esse exemplo da academia é sobre algo, aparentemente, simples. Mas isso vale para qualquer peso indesejado que estejamos carregando, pelos motivos errados. Até porque, existem pesos indesejados que carregamos pelos motivos certos.

Quando deixamos de lado atividades e hábitos que gostamos muito para economizar dinheiro para comprar algo que almejamos, ou para utilizar aquele tempo com algo que nos é mais caro. Eu adoro poder dormir mais um pouquinho de manhã, mas hoje acordei mais cedo para escrever esse texto. Escrever me dá mais prazer do que dormir um pouquinho a mais.

Tudo bem que na hora em que acordo de madrugada o sono não me permite, ainda, sentir assim. Mas depois que vejo o texto pronto, sempre sinto que valeu a pena e sei que, se precisar, farei de novo. Esse prazer maior, pelo qual abrimos mão de um prazer momentâneo, acaba funcionando desse jeito mesmo: a princípio pode parecer um sacrifício, mas quando se alcança o resultado, a alegria de chegar lá não nos deixa duvidar de que fizemos a escolha certa.

Tenho certeza que muitos de vocês já pagaram altos preços para alcançar o que tanto queriam. Já sacrificaram muita coisa que gostavam para poder ter o que amavam. Vocês sabem bem do que estou falando. E não é apenas sobre acordar mais cedo ou sobre academia.

E aqui é que entra a importância do autoconhecimento bem desenvolvido e trabalhado. Nós só entendemos qual preço estamos dispostos a pagar quando nos escutamos e calamos as vozes externas, as aparentes obrigações, os “tem que”. “Tem que” nada! A única coisa que a gente “tem que” é respirar. O resto vamos avaliando à medida que for necessário.

Desde que se respeite os limites do Código Penal, dos Direitos Humanos, de uma ética mínima que seja, de resto cada um faz o que quer e ninguém é obrigado a nada, muito menos a pagar um preço pelo qual não está disposto.

E aquele que você está disposto a pagar, por mais caro que pareça aos outros, por mais desperdício que julguem ser, se para você vale a pena, pague! Mas pague com gosto!

Eu já paguei, e ainda pago, altos preços por vontades que muitos julgam desnecessárias. Também por isso, pago caladinha. Minha paz é outra coisa muito cara para mim. Mas foram, e ainda são, vontades e quereres de valor incalculável para mim. O que, no fim, acabou saindo uma pechincha.

Acho que, com isso tudo, o que eu quero dizer para vocês é que façam o que quiserem e não façam o que não quiserem. Simples assim. Desde que seja algo pelo qual, no fundo do seu coração, no mais íntimo da sua consciência, valha a pena qualquer esforço, pelo qual valha a pena fazer-se de surdo para o julgamento alheio, pelo qual seus olhos brilhem e no canto da boca surja um sorriso involuntário, só de imaginar fazer, ou abster-se de fazer, algo exatamente como deseja.

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