Olá, queridos! Como vão?
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Nesses dias de intenso calor, calor do termômetro e calor dos ânimos dos foliões espalhados por esse país que respira Carnaval, tenho pensado muito nessa festa gigantesca e acabei fazendo várias relações do evento, e tudo que ele representa, com esse caminho de autoconhecimento e observação que debatemos aqui.
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E como não há melhor forma de conhecer algo do que se informando sobre esse algo, fazendo as perguntas que precisam ser feitas para conhecê-lo, da mesma forma funciona quando esse algo se trata de nós mesmos.
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Então, no texto de hoje trago para vocês algumas dessas reflexões misturadas com perguntas, misturadas com Carnaval, misturadas com auto observação. Aquela salada mista saudável e super construtiva.
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O Carnaval é uma festa da qual, particularmente, eu gosto muito. Tanta alegria, tantas cores, tanta disposição generalizada para sorrir e fazer amizades de infância que duram cinco minutos! Mas, para aqueles que não gostam, garanto que as reflexões que venho propor podem ser aplicadas e bem empregadas por vocês também.
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Nesse ano, o Carnaval cai só em março, oficialmente. Mas, como todos os anos estamos tendo prévias carnavalescas desde janeiro. Os famosos, e divertidíssimos, bloquinhos já tomam as ruas e as pessoas se comportam como se Carnaval já fosse. Fazendo do mês de fevereiro inteiro, em especial, um único feriadão emendado com duração de 28 dias.
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Só que esse “feriadão” já acontece todo ano. Em nosso país temos aquela janela entre o Réveillon e a quarta-feira de cinzas na qual vamos arrastando algumas questões e obrigações. Nesse intervalo de tempo vivemos entre um expediente de adaptação ao novo ano e o próximo bloquinho que está para sair no fim do dia. Todo brasileiro sabe que o ano só começa depois do Carnaval.
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Se fosse só com o carnaval que fizéssemos isso, menos mal. Mas temos essa cultura forte de só começar nossos anos depois de determinados carnavais. Só começaremos a dieta depois que passar a segunda-feira. Só faremos aquele curso quando terminarmos um outro projeto. Só seremos felizes depois de ocorridos alguns eventos esperados no curso das nossas vidas.
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Não acredito que essa cultura de começar algo só depois de acontecido outro algo, sem obrigatória relação, seja culpa da forma como postergamos o ano pelo Carnaval. Ao contrário, acredito que esse último seja um reflexo do primeiro, cultura já entranhada em nós.
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E daí, como prometido, eu te pergunto: qual ano você está deixando para começar apenas após algum carnaval? Qual projeto de vida você está atrasando por acreditar que precisa ter determinadas condições antes? Condições essas que, se analisarmos, nem são requisitos obrigatórios pra nada.
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Pensei também em outra relação entre essa grande festa e o tema que conversamos aqui, que é algo que sempre me chamou muita atenção, a forma como todos estão tão dispostos a assumirem personas mais divertidas, mais leves, mais livres e mais alegres de si mesmos.
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A primeira vez que fui para um Carnaval desses de rua, fiquei encantada com a quantidade de pessoas fantasiadas. Lembro que entrei num ônibus circular que ia até o local da festa e todas (TODAS!) as pessoas do ônibus estavam fantasiadas. Meu pensamento foi “Eu estou em outro universo e ele é maravilhoso!”.
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Não sei se já perceberam isso, mas festas à fantasia tendem a despertar o lúdico de todos nós. Nos fantasiamos e nos transvestimos de um personagem que nasceu pronto para fazer amizades, rir, brincar, sentir-se livre. Podem ver que muita gente se permite fazer coisas, no Carnaval, que jamais faria de março a dezembro.
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Quando colocamos uma fantasia, uma máscara, nos sentimos protegendo nossa identidade formal, aquela que apresentamos para a sociedade como indivíduos sérios e de respeito. Usamos o Carnaval como uma desculpa para nos permitir ser quem queremos, até mesmo sempre quisemos.
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Interessante é como tem força essa desculpa no nosso meio social. São tantas pessoas querendo poder viver como aquele personagem que surge com a máscara, que parece que é essa quantidade de gente que serve de base para sustentar essa desculpa tão famosa e batida de que fizemos aquilo, ou nos comportamos daquela forma só porque era Carnaval.
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De novo, a hora da pergunta: quem você é quando veste sua fantasia ou sua máscara? O que te impede de ser esse alguém, também desnudo de adereços? O que você queria fazer, quem você gostaria de ser, que gostos queria poder assumir se lhe fosse permitido se proteger do julgamento alheio de janeiro a janeiro?
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Confesso que fiz a mim mesma todas essas perguntas e cada vez mais venho praticando me desvestir da máscara, mas não do personagem que ela traz. Que, no fim das contas, não é um personagem, mas sim eu de verdade.
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Eu sempre fui brincalhona, alegre, solta. Mas não em todos os lugares como queria. Eu vivia me limitando e impondo barreiras que me impediam de viver a minha verdade, sem me importar com pensamento ou julgamento alheio. Hoje eu vivo para quebrar essas limitações. Vivo de março a dezembro como se fosse pleno fevereiro.
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Hoje pratico o amor por mim mesma me lembrando, com carinho, que não preciso esperar nada para minha vida começar. Tudo que pretendo fazer hoje, todos os meus projetos, eu posso iniciar mesmo quando as condições não forem as que eu queria. Começa como dá, como pode. Meu ano não espera mais carnaval para iniciar. Quando esse carnaval chega pega meu ano já iniciado, andando e produzindo, e a festa é ainda maior!
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Pratico esse auto amor também me permitindo ser generosa comigo mesma para, cada vez mais um pouquinho, fazer tudo que quero, que gosto, que acredito. Hoje, me limito apenas pelo Código Penal. Já conversamos sobre isso aqui, réu primário anda muito caro.
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E aqui eu pergunto de novo: o quanto você está disposto a se amar, para enfim permitir-se viver sem amarras? O quanto está disposto a se amar, para deixar sua verdade tomar o mundo e ser você mesmo, mesmo quando não é Carnaval? O quanto você está disposto a se amar, para entender que sua vida não depende de nada para começar?
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Ela já começou! E se você decidir assim, não só esse, como todos os seus próximos carnavais podem ser lindos, coloridos, cheios de vida e de projetos realizados. Esse questionamento não é sobre Carnaval. Até porque garanti que mesmo quem não goste da festa (não entendo, mas respeito) iria poder fazer bom uso dessas reflexões.
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É isso, queridos! Bom Carnaval! Juízo (mas, nem tanto)! Não infrinjam leis. Vão viver, que é bom demais!
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Até a próxima!
Que reflexão linda e profunda! Amei ❤️