Em uma entrevista emocionante ao programa Fantástico, exibida no domingo (9), a cantora sertaneja Roberta Miranda compartilhou um capítulo doloroso de sua vida, revelando ter sido vítima de um estupro quando era jovem. A artista, que estava acompanhada de seu cão de apoio emocional durante a conversa, contou que o abuso ocorreu enquanto ela cantava em uma boate para se sustentar após sair de casa aos 14 anos.
“Tinha uma pessoa, que não vou falar o nome. Ele se invocou comigo. Ele meteu o revólver na minha cabeça e me estuprou”, relatou Roberta, com a voz embargada. A cantora, hoje com 63 anos, destacou que o trauma foi ainda mais profundo, pois ela estava grávida de cinco meses na época. O agressor teria tentado violentá-la novamente, mas ela reagiu. “Dei uma cadeirada nele. Ele deu um chute na minha barriga e matou meu filho”, desabafou, abraçada ao cachorro.
Roberta também falou sobre as dificuldades que enfrentou em casa durante a adolescência. Ela descreveu o pai como um homem alcoólatra que, sob o efeito do álcool, se tornava violento. “Quando não bebia, era o homem que eu mais amava. E, quando bebia, o que mais odiava”, disse. Cansada das agressões e das brigas constantes, ela decidiu deixar o lar e buscar independência, o que a levou a trabalhar como cantora em boates.
Apesar das cicatrizes emocionais, Roberta encontrou forças para transformar sua dor em um instrumento de ajuda a outras mulheres. Em dezembro, ela lançou sua autobiografia, “Um Lugar Todinho Meu”, na qual relata sua trajetória de superação. “Tive coragem quando percebi que poderia ajudar outras mulheres”, afirmou.
A entrevista ao Fantástico emocionou o público e destacou a importância de falar sobre violência sexual e abuso, temas ainda cercados de tabus na sociedade. Roberta Miranda, conhecida por sucessos como “Filho Adotivo” e “Dona do Meu Coração”, mostrou que, além de uma voz marcante na música sertaneja, ela é uma mulher de coragem e resiliência, que usa sua história para inspirar e apoiar outras vítimas de violência.
A cantora, que atualmente vive em São Paulo, segue dedicada à música e à escrita, além de contar com o apoio de seu cão, recomendado por sua psicóloga, para lidar com os traumas do passado. Sua história é um exemplo de como a arte e a solidariedade podem ser aliadas na reconstrução de uma vida marcada pela dor.
Como denunciar violência
Se você ou alguém que você conhece está passando por uma situação de violência, é importante buscar ajuda. No Brasil, a denúncia pode ser feita por meio do Disque 180, Central de Atendimento à Mulher, que funciona 24 horas por dia, inclusive nos finais de semana e feriados. O serviço é gratuito, confidencial e oferece orientação sobre os direitos da vítima e os procedimentos legais. Também é possível buscar apoio em delegacias especializadas, como a Delegacia da Mulher (DEAM), ou acionar a polícia em casos de emergência pelo 190. Não se cale: denunciar é o primeiro passo para romper o ciclo da violência e buscar justiça.
*Com informações da “Folha de São Paulo”