Convenções desta semana definirão os rumos da campanha eleitoral em Natal



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Avante, de Rafael Motta, se reúne no dia 1º; já PSD, União Brasil e PT farão um super-domingo eleitoral no dia 3, com as convenções que confirmarão as chapas de Carlos Eduardo, Paulinho Freire e Natália Bonavides e também as respectivas nominatas para a disputa pelas 29 vagas na Câmara de Vereadores; com Milklei Leite na vice de Natália, a expectativa agora é pelo anúncio do companheiro de chapa de Carlos

Há pouco mais de dois meses do pleito, a corrida pela prefeitura de Natal define seus contornos. Os partidos fazem seus últimos ajustes e acordos e a definição dos vices se encaminha.

Carlos Eduardo lidera todas as pesquisas registradas neste ano.

Agora no PSD, segue a tradição de manter sua pré-campanha em marcha lenta. Muito popular em variados estratos do município, o ex-prefeito já há alguns anos atua mais isoladamente do que à frente de grandes composições. Confiar na própria popularidade, porém, não é um recurso muito seguro.

Carlos Eduardo talvez tenha motivos para se preocupar. Dentre os últimos levantamentos realizados, a pesquisa O Potengi/Ranking, de junho, lhe deixa com 35%, sendo mais de quinze pontos de vantagem para Paulinho Freire (União), então com 19%. Mas já aquela pesquisa indicava a tendência de um 2º turno em Natal e uma aproximação maior de Paulinho nos centros formadores de opinião, que costumam se definir primeiro.

Já no levantamento da Marca Pesquisas de 15 de julho, o último que analisamos, Carlos aparece com 38%, bem mais do que vinte pontos à frente de Paulinho. Com uma rejeição mais baixa do que os demais candidatos, apostar na derrota de Carlos Eduardo, segundo esta pesquisa, parece ser o mesmo que jogar dinheiro para o alto.

E é essa confiança que faz com que Carlos Eduardo simplesmente descarte alianças ao léu. Foi o caso do Solidariedade, que comunicou publicamente o rompimento das conversas com o candidato do PSD e já manifestou apoio a Paulinho Freire. Incompatibilidade política? Não… segundo Kelps Lima, coordenador do processo eleitoral no SDD, foi um problema de “calendário”.

Já Paulinho, que não tem nada a ver com isso, aceitou de bom grado o apoio de Kelps e seus correligionários, e segue montando seu bloco, que pretende ser afinado com a direita nacional. Embora houvesse a pretensão de trazer o PL de Bolsonaro para o cargo de vice na chapa, o nome anunciado foi o de Joanna Guerra, do Republicanos, bancado pelo atual prefeito Álvaro Dias.

A posição de Paulinho Freire nas pesquisas é desafiadora. Embora esteja há meses na segunda posição, ele precisa driblar o risco do voto útil que a esquerda pode entregar a Carlos Eduardo se Natália não engrenar, o que encerraria a eleição ainda no 1º turno. Ele precisa, portanto, que a petista cresça na disputa, ou que ao menos se mantenha.

Havendo 2º turno, tudo indica que seria entre Carlos e Paulinho. E assim a eleição ganharia os contornos da polarização nacional, favorecendo sua posição não somente como alternativa administrativa mas como uma marcada de posição do eleitorado bolsonarista. Em um eventual 2º turno, Paulinho teria o perfil ideológico do eleitor natalense a seu favor.

Impossível? Não. Porém, com o formato de campanha em apenas 45 dias, as viradas, quando acontecem, são muito mais decorrentes de aventureiros quixotescos do que de lideranças de grandes composições. É um calendário que engessa o debate.

A seguir, vem Natália Bonavides, a eterna promessa do PT, que muito já conquistou em termos de voto mas que ainda não deixou seu legado. Será a prefeitura que lhe proporcionará isso? Se for, ela precisa correr: na última pesquisa O Potengi/Ranking, ela aparece com 14,1%, mais de cinco pontos abaixo de Paulinho. Esse cenário é problemático porque um dos trunfos do PT é procurar nacionalizar a eleição, trazendo a popularidade e os resultados positivos do Governo Federal para a disputa municipal.

É difícil, porém, conseguir isso se o clima de polarização não está devidamente estabelecido. Normalmente, os terceiros colocados correm atrás do vice-líder nas pesquisas para tentar um lugar no segundo turno; Natália tem a tarefa inglória de precisar disputar votos com o primeiro, uma vez que o pretexto da polarização é mais facilmente considerado se o adversário direto for Paulinho Freire, e não Carlos Eduardo, que já foi aliado do PT em diversas ocasiões.

A estratégia de Natália tem sido desafiar Carlos Eduardo em seu território: a já mencionada pesquisa O Potengi/Ranking apontou que quase metade dos eleitores da Zona Norte votariam em Carlos Eduardo (48,9%). Isso explica as avançadas conversas da deputada federal com o vereador Milklei Leite (PV), que tem forte base eleitoral na mesma região.

Considerando que o eleitorado do candidato do PSD já vem esfarelando em outras regiões da cidade, se Natália conseguir desidratar Carlos Eduardo também na Zona Norte, é possível que ela se torne não somente uma candidata competitiva — mas a mais forte na disputa. Ela só precisará, para isso, driblar a rejeição que existe a seu partido. Só. É bom lembrar os petistas do fato indigesto de que a última vez que seu partido elegeu um prefeito de capital foi o de Rio Branco, no Acre, lá em 2016…

Correndo por fora, está Rafael Motta. Embora distante das primeiras posições, o seu nome segue sempre presente nas pesquisas, apresentando entre 5 e 7%, o que definitivamente não é um saldo descartável. Nas últimas eleições para o Senado, Rafael Motta teve 12% em Natal, o que lhe conferiu mais de 50 mil votos. Com forte potencial para ser requisitado como vice — e seu nome segue sendo ventilado junto ao de Carlos Eduardo —, o seu partido, Avante, confia na possibilidade de crescimento de Rafael e já marcou a convenção que deverá oficializar sua candidatura para 1º de agosto.

Há quem considere que será uma campanha meramente protocolar; mas num cenário em que os eleitores parecem desconfortáveis com o debate e as propostas que são apresentadas, surpresas podem acontecer.

Mas, por agora, o ritmo morno das pré-campanhas e a ausência de novidades nos discursos induzem a eleição a uma repetição acrítica do passado.


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Há pouco mais de dois meses do pleito, a corrida pela prefeitura de Natal define seus contornos. Os partidos fazem seus últimos ajustes e acordos e a definição dos vices se encaminha.

Carlos Eduardo lidera todas as pesquisas registradas neste ano.

Agora no PSD, segue a tradição de manter sua pré-campanha em marcha lenta. Muito popular em variados estratos do município, o ex-prefeito já há alguns anos atua mais isoladamente do que à frente de grandes composições. Confiar na própria popularidade, porém, não é um recurso muito seguro.

Carlos Eduardo talvez tenha motivos para se preocupar. Dentre os últimos levantamentos realizados, a pesquisa O Potengi/Ranking, de junho, lhe deixa com 35%, sendo mais de quinze pontos de vantagem para Paulinho Freire (União), então com 19%. Mas já aquela pesquisa indicava a tendência de um 2º turno em Natal e uma aproximação maior de Paulinho nos centros formadores de opinião, que costumam se definir primeiro.

Já no levantamento da Marca Pesquisas de 15 de julho, o último que analisamos, Carlos aparece com 38%, bem mais do que vinte pontos à frente de Paulinho. Com uma rejeição mais baixa do que os demais candidatos, apostar na derrota de Carlos Eduardo, segundo esta pesquisa, parece ser o mesmo que jogar dinheiro para o alto.

E é essa confiança que faz com que Carlos Eduardo simplesmente descarte alianças ao léu. Foi o caso do Solidariedade, que comunicou publicamente o rompimento das conversas com o candidato do PSD e já manifestou apoio a Paulinho Freire. Incompatibilidade política? Não… segundo Kelps Lima, coordenador do processo eleitoral no SDD, foi um problema de “calendário”.

Já Paulinho, que não tem nada a ver com isso, aceitou de bom grado o apoio de Kelps e seus correligionários, e segue montando seu bloco, que pretende ser afinado com a direita nacional. Embora houvesse a pretensão de trazer o PL de Bolsonaro para o cargo de vice na chapa, o nome anunciado foi o de Joanna Guerra, do Republicanos, bancado pelo atual prefeito Álvaro Dias.

A posição de Paulinho Freire nas pesquisas é desafiadora. Embora esteja há meses na segunda posição, ele precisa driblar o risco do voto útil que a esquerda pode entregar a Carlos Eduardo se Natália não engrenar, o que encerraria a eleição ainda no 1º turno. Ele precisa, portanto, que a petista cresça na disputa, ou que ao menos se mantenha.

Havendo 2º turno, tudo indica que seria entre Carlos e Paulinho. E assim a eleição ganharia os contornos da polarização nacional, favorecendo sua posição não somente como alternativa administrativa mas como uma marcada de posição do eleitorado bolsonarista. Em um eventual 2º turno, Paulinho teria o perfil ideológico do eleitor natalense a seu favor.

Impossível? Não. Porém, com o formato de campanha em apenas 45 dias, as viradas, quando acontecem, são muito mais decorrentes de aventureiros quixotescos do que de lideranças de grandes composições. É um calendário que engessa o debate.

A seguir, vem Natália Bonavides, a eterna promessa do PT, que muito já conquistou em termos de voto mas que ainda não deixou seu legado. Será a prefeitura que lhe proporcionará isso? Se for, ela precisa correr: na última pesquisa O Potengi/Ranking, ela aparece com 14,1%, mais de cinco pontos abaixo de Paulinho. Esse cenário é problemático porque um dos trunfos do PT é procurar nacionalizar a eleição, trazendo a popularidade e os resultados positivos do Governo Federal para a disputa municipal.

É difícil, porém, conseguir isso se o clima de polarização não está devidamente estabelecido. Normalmente, os terceiros colocados correm atrás do vice-líder nas pesquisas para tentar um lugar no segundo turno; Natália tem a tarefa inglória de precisar disputar votos com o primeiro, uma vez que o pretexto da polarização é mais facilmente considerado se o adversário direto for Paulinho Freire, e não Carlos Eduardo, que já foi aliado do PT em diversas ocasiões.

A estratégia de Natália tem sido desafiar Carlos Eduardo em seu território: a já mencionada pesquisa O Potengi/Ranking apontou que quase metade dos eleitores da Zona Norte votariam em Carlos Eduardo (48,9%). Isso explica as avançadas conversas da deputada federal com o vereador Milklei Leite (PV), que tem forte base eleitoral na mesma região.

Considerando que o eleitorado do candidato do PSD já vem esfarelando em outras regiões da cidade, se Natália conseguir desidratar Carlos Eduardo também na Zona Norte, é possível que ela se torne não somente uma candidata competitiva — mas a mais forte na disputa. Ela só precisará, para isso, driblar a rejeição que existe a seu partido. Só. É bom lembrar os petistas do fato indigesto de que a última vez que seu partido elegeu um prefeito de capital foi o de Rio Branco, no Acre, lá em 2016…

Correndo por fora, está Rafael Motta. Embora distante das primeiras posições, o seu nome segue sempre presente nas pesquisas, apresentando entre 5 e 7%, o que definitivamente não é um saldo descartável. Nas últimas eleições para o Senado, Rafael Motta teve 12% em Natal, o que lhe conferiu mais de 50 mil votos. Com forte potencial para ser requisitado como vice — e seu nome segue sendo ventilado junto ao de Carlos Eduardo —, o seu partido, Avante, confia na possibilidade de crescimento de Rafael e já marcou a convenção que deverá oficializar sua candidatura para 1º de agosto.

Há quem considere que será uma campanha meramente protocolar; mas num cenário em que os eleitores parecem desconfortáveis com o debate e as propostas que são apresentadas, surpresas podem acontecer.

Mas, por agora, o ritmo morno das pré-campanhas e a ausência de novidades nos discursos induzem a eleição a uma repetição acrítica do passado.




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