Cinco médicos passaram mal após um jantar em um restaurante de alto padrão em Natal, na noite da última terça-feira (6), após consumirem peixe dourado. Horas depois, todos apresentaram sintomas intensos de intoxicação alimentar, e dois deles permanecem internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em estado estável. Um infectologista consultado relatou que os sintomas são compatíveis com Ciguatera, uma toxina natural presente em peixes de recife como dourado, garoupa e badejo. A intoxicação não está ligada ao preparo ou conservação do alimento, mas à presença de toxinas que se acumulam naturalmente em algumas espécies marinhas tropicais.
Equipes da Anvisa e da Vigilância Sanitária estiveram no local, coletaram amostras do alimento e seguem investigando o caso. A intoxicação por Ciguatera, embora pouco conhecida no Brasil, tem sido registrada com mais frequência. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP), casos semelhantes já ocorreram em Fernando de Noronha desde 2022. O Rio Grande do Norte está em zona de risco devido ao alto consumo de peixes, especialmente em períodos como a Semana Santa.
A ciguatoxina, produzida por microalgas marinhas, não tem cheiro, gosto ou cor e não é eliminada pelo cozimento ou congelamento. Os sintomas incluem dores abdominais, náuseas, vômitos, diarreia, formigamento, alterações de sensação térmica, visão turva e, em alguns casos, complicações cardíacas ou neurológicas. A SESAP emitiu uma nota técnica alertando profissionais de saúde e recomendando que a população evite o consumo de partes como fígado, ovas e cabeça de peixes predadores.
Em outro relato, pelo menos oito pessoas apresentaram sintomas de intoxicação após comerem peixe em um restaurante de Natal nesta semana, sendo que duas permanecem internadas. A Vigilância Sanitária coletou amostras dos alimentos para análise no Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Lacen). A SESAP destacou que ainda não há confirmação de que se trate de ciguatera, mas a intoxicação por essa toxina foi mencionada em nota técnica recente.
A ciguatera é mais comum em regiões como o Caribe e o Pacífico, mas já foi registrada no Brasil, principalmente em Fernando de Noronha. A toxina se origina de microorganismos marinhos que são ingeridos por peixes herbívoros e passam para os carnívoros, acumulando-se em órgãos como fígado e intestinos. Não há tratamento específico, apenas medidas de suporte para alívio dos sintomas, como hidratação e medicação paliativa. Os pacientes afetados continuam sendo monitorados, e as autoridades reforçam a importância de notificar casos suspeitos.
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