Do sonho do ballet ao brilho nos tatames internacionais, a trajetória de Luiza Kamylle parece improvável, mas é absolutamente real. Aos 17 anos, a potiguar acaba de alcançar o feito mais simbólico de sua carreira: o título de campeã mundial de jiu-jitsu, conquistado em Abu Dhabi. Com mais de 20 títulos acumulados, a jovem atleta já se consolida como um dos principais nomes da nova geração da modalidade.
Antes de vestir o quimono, Luiza sonhava com os palcos do ballet. A identificação, porém, nunca foi plena. “Eu sempre gostei muito de ballet, mas nunca levei jeito. Eu tentava, mas era muito desengonçada”, relembra. A virada aconteceu quando surgiu a oportunidade de experimentar o jiu-jitsu. “Eu não neguei. No jiu-jitsu eu me encontrei, foi onde senti que era o meu lugar”, afirma.
Iniciada no esporte aos 11 anos, Luiza enfrentou dificuldades no começo e chegou a se afastar por não se adaptar. As derrotas iniciais, longe de desmotivá-la, tornaram-se combustível. “Eu perdi muito no início, mas isso nunca me fez desistir. Pelo contrário, foi o que me fez crescer”, conta.
A conquista do título mundial ainda parece surreal para a atleta. “Ainda não caiu a ficha. Foi tudo muito novo, uma experiência completamente diferente”, diz. O momento decisivo ficou marcado na memória: ao perceber que estava na final, entendeu que era tudo ou nada. A confiança se fortaleceu ao trocar um olhar com o irmão, que é sua principal inspiração, parceiro de treinos e companheiro de viagens. “Eu pensei: eu vou ganhar, esse título é meu.”
A campanha exigiu preparo físico, equilíbrio emocional e sacrifícios. Para competir, Luiza precisou realizar um corte de peso rigoroso, perdendo cerca de cinco quilos. Mesmo longe de casa, manteve a rotina intensa de treinos iniciada em Natal. “Meu professor sempre exigiu o máximo de mim. Era treino técnico, preparação física, tudo focado no campeonato.”
Hoje, além de competir em alto nível, Luiza também ensina jiu-jitsu para crianças. “Minha rotina inteira gira em torno do jiu-jitsu”, resume. Entre tantas medalhas, ela guarda carinho especial por conquistas no Brasileiro e por títulos obtidos em Fortaleza e no Espírito Santo, este último por ter sido a primeira viagem feita apenas com o irmão.
Consciente do impacto que causa, a jovem se emociona ao ouvir que inspira outras meninas. Para o futuro, mantém os pés no chão e a ambição clara: chegar à faixa preta e seguir conquistando títulos nacionais e internacionais. Para Luiza Kamylle, o ouro mundial não é um ponto final, mas o começo de uma história ainda maior.






Deixe um comentário