A interrupção parcial dos serviços da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC/UFRN), referência em atendimento materno-infantil no Rio Grande do Norte, está provocando forte impacto na rede obstétrica estadual. Desde o final de novembro, uma falha elétrica deixou o prédio principal da unidade sem fornecimento de energia, resultando na suspensão de cirurgias e procedimentos essenciais. Com isso, grávidas de alto risco passaram a ser transferidas para o Hospital Dr. José Pedro Bezerra, o Santa Catarina, que enfrenta agora superlotação.
Uma vistoria realizada nesta quarta-feira (10) pelo Conselho Regional de Medicina do RN (Cremern) constatou um “número elevado de cirurgias em espera”, consequência direta do remanejamento de pacientes. Segundo o conselho, apesar da pressão, os médicos têm se desdobrado para manter a qualidade do atendimento. A Secretaria Estadual de Saúde (Sesap-RN) confirmou que toda a demanda de alto risco antes encaminhada à Januário Cicco está sendo direcionada ao Santa Catarina.
A situação tem provocado longas esperas. A gestante Camila Gomes, vinda de Acari, aguardava desde as 9h da manhã por uma cirurgia no Santa Catarina. Até as 15h30, não havia sido encaminhada ao centro cirúrgico. O marido dela, Robson Gomes, relatou corredores lotados e pacientes há dias esperando procedimentos, algumas delas em dor. A TRIBUNA DO NORTE apurou que pelo menos sete grávidas aguardavam cirurgia na manhã desta quarta.
Outros relatos reforçam a pressão sobre a unidade. Susi Dantas acompanhava a filha, cuja bolsa havia rompido horas antes, e que ainda esperava atendimento após triagem. O Cremern identificou também déficit de recursos humanos no hospital. A direção informou estar em diálogo com a Sesap para buscar soluções emergenciais.
A MEJC afirma já ter identificado a causa da falha elétrica e que iniciará a retomada gradual dos serviços a partir desta quinta-feira (11). Enquanto isso, unidades anexas seguem funcionando normalmente, como o Ambulatório de Alto Risco e o Banco de Leite Humano.
A Sesap destaca que a rede obstétrica estadual vem sendo ampliada, com a abertura recente do centro de parto do Hospital da Mulher, em Mossoró, e que uma nova maternidade de alto risco com 150 leitos será construída na Zona Norte de Natal com recursos do PAC. Ainda assim, o cenário atual evidencia a fragilidade da rede diante da suspensão temporária de uma unidade de referência.






Deixe um comentário