Uma sessão ordinária da Câmara Municipal de Natal, realizada na manhã desta quarta-feira (9), terminou em tumulto e bate-boca generalizado após uma fala polêmica do vereador Matheus Faustino (União Brasil). O parlamentar afirmou ter sido agredido com um soco na barriga por um manifestante e pediu a retirada do público presente nas galerias, o que agravou ainda mais a tensão no plenário.
O episódio ocorreu durante a discussão de um projeto que visa conceder o título de cidadão natalense ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A proposta gerou forte reação de grupos contrários à homenagem, que lotaram as galerias da Câmara com cartazes e palavras de ordem. Entre os manifestantes, estavam representantes de movimentos sociais e do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do RN (Sinte-RN).

Durante sua fala, Matheus Faustino criticou a presença dos manifestantes e ironizou a mobilização popular:
“Quero parabenizar a turma que acordou cedo. Deveriam acordar mais cedo também, pelo menos para conseguir um trabalho, entregar currículo. Isso aí seria um grande feitio. […] De gente burra, eu só quero as vaias mesmo.”
As declarações inflamaram os ânimos nas galerias, que passaram a vaiar intensamente o vereador. Em meio ao barulho, Faustino pediu a palavra e denunciou uma agressão:
“Acabei de levar um soco na barriga. […] Um manifestante estava assediando meu assessor e eu fui lá defender ele. Quero registrar aqui e pedir à segurança que retire esse bando de vagabundo que está aqui dentro.”
O presidente da Câmara tentou intervir para conter os ânimos e chegou a suspender a sessão temporariamente, mas o bate-boca continuou nos corredores da Casa. A confusão envolveu acusações de incitação e provocações por parte dos vereadores e protestos dos manifestantes, que se mantinham no local em ato público.
A vereadora Samanda Alves (PT) saiu em defesa dos manifestantes e criticou a postura do colega de plenário:
“O pessoal está aqui em uma livre manifestação na Casa do Povo. O vereador fez uma fala e foi provocar a manifestação popular.”
Já o vereador Subtenente Eliabe (PL) insinuou que os manifestantes não estavam ali de forma espontânea:
“Com toda certeza eles não vieram por livre e espontânea vontade. Alguém chamou esse pessoal aqui para desacatar os vereadores.”
A afirmação foi rebatida pela vereadora Brisa Bracchi (PT), que defendeu a legitimidade da manifestação:
“Dizer que as pessoas não têm livre e espontânea vontade… as pessoas são o quê? Um mínimo de respeito.”
A Câmara informou que irá analisar as imagens do circuito interno de segurança para apurar se houve agressão, como alegado por Faustino, e quais medidas devem ser adotadas.
O projeto de título honorífico ainda está em tramitação e deve continuar mobilizando protestos nas próximas sessões. O clima entre a base governista e a oposição segue acirrado na Casa Legislativa.