A obra do pontilhão do Breu, conhecida como “Pontilhão da Vergonha”, sofreu um desmoronamento antes mesmo de sua conclusão, evidenciando problemas estruturais e falta de planejamento na execução. Parte da construção cedeu e apresentou rachaduras, gerando preocupações sobre a segurança e integridade da estrutura. O incidente expôs não só falhas técnicas e possíveis irregularidades na obra, que já vinha sendo investigada pelo Ministério Público, mas também reforçou as críticas sobre o desperdício de recursos públicos e a má gestão da Prefeitura de São Gonçalo do Amarante, que destinou milhões de reais a uma obra mal executada e cercada de polêmicas.
Agora, a gestão de Eraldo Paiva, prefeito de São Gonçalo do Amarante, está no centro de uma nova polêmica devido à emissão de empenhos milionários para a obra pontilhão. Faltando três meses para o término de seu mandato, a administração municipal anunciou mais dois investimentos para a conclusão de uma obra que, antes mesmo de ser concluída, desabou.
Dois empenhos milionários em menos de um mês
Em 12 de setembro de 2024, a prefeitura emitiu o primeiro empenho para as obras do pontilhão do Breu, no valor de R$ 1.970.599,96. Menos de duas semanas depois, em 23 de setembro, um segundo empenho de R$ 1.146.000,00 foi emitido para o mesmo projeto. No total, o custo alcança R$ 3.116.599,96 — montante que, segundo críticos, seria suficiente para construir duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) ou quitar dívidas de saúde, como os R$ 3 milhões em aberto com o Hospital Belarmina Monte, que correu risco de fechar.

O pontilhão do Breu, também chamado de “PONTILHÃO SONRISAL” devido à sua fragilidade, está sendo alvo de investigação do Ministério Público e se tornou símbolo de gestão questionável e prioridade mal definida. Moradores e autoridades locais criticam a administração municipal, ressaltando a precariedade dos serviços básicos como saúde e educação, ao mesmo tempo em que milhões são destinados a uma obra que estaria desmoronando.
Obra investigada e sem licenciamento ambiental adequado
A construção do pontilhão do Breu, que já apresenta rachaduras e cedeu em partes antes mesmo de sua conclusão, está sendo questionada não apenas pelos custos, mas também pela execução. Reportagens locais revelaram que a obra carece de placa de licenciamento ambiental, o que reforça a suspeita de irregularidades no processo de construção. Segundo o *Alerta São Gonçalo*, o único licenciamento existente refere-se a outro pontilhão, no trecho entre Santo Antônio do Potengi e a comunidade de Coqueiros, levantando dúvidas sobre a legalidade e transparência do projeto atual.
Além disso, a desativação do canteiro de obras pela empresa responsável evidencia o abandono e falta de continuidade no projeto, levantando a questão de quem será responsabilizado pelo prejuízo financeiro causado aos cofres públicos.
Críticas à gestão e ao abandono de projetos
O vereador Flávio Henrique aponta para uma série de problemas relacionados à gestão de Eraldo Ingrato. O vereador acusa o prefeito de abandonar projetos que haviam sido planejados e considerados viáveis, como a construção de pontes pelo então prefeito Paulo Emídio, que visavam conectar São Gonçalo a cidades vizinhas como Natal e Macaíba. Segundo Flávio Henrique, a interrupção desses projetos e a mudança de foco para obras mal executadas foram frutos de “vaidade” e “ambições eleitorais”.
A nova administração ignorou estudos e planos feitos pelo programa de Ações Estruturantes de São Gonçalo do Amarante (PAES) e lançou um edital para a construção da “Ponte dos Santos Mártires sobre o rio Jundiaí” no valor de R$ 45 milhões. Porém, a estrutura sofreu danos antes de sua conclusão, colocando em dúvida a capacidade técnica e o planejamento da prefeitura.
População prejudicada

Enquanto milhões são gastos em obras controversas, os serviços públicos essenciais da cidade enfrentam uma crise. Hospitais sofrem com a falta de medicamentos e exames, crianças estudam em condições precárias, e a coleta de lixo se torna um problema recorrente em São Gonçalo, a quarta maior cidade do estado. Para muitos moradores, a situação reflete uma gestão desconexa das reais necessidades da população e que prioriza projetos duvidosos ao invés de investir na qualidade de vida dos cidadãos.
O caso do “Pontilhão da Vergonha” levanta, assim, uma questão crucial: como será feito o ressarcimento dos recursos públicos mal empregados e qual será a responsabilização pelos prejuízos causados à cidade? A população segue aguardando respostas e medidas que tragam maior transparência e eficiência ao uso do dinheiro público.