Quem vai vencer a batalha global?



por Daniel Costa

Alguém disse por aí que os momentos de crise surgem quando o novo já chegou e irrompe o dique da realidade, enquanto o velho lança no ar suas últimas lufadas de resistência antes de se deixar atropelar pelo bonde da história.

Talvez seja isso que estejamos vendo no mundo atual. Movimentos extremistas levantam antigas bandeiras nacionalistas, recauchutando ideias como as de raça e território, enquanto a realidade de um mundo sem fronteiras, interconectado, se coloca como fato incontornável.

Nos EUA, Donald Trump se lança contra os imigrantes, expulsando-os do território norte-americano e bloqueando a chegada de estudantes estrangeiros. O ataque aos mercados concorrentes também tem sido uma marca do seu governo, numa espécie de tentativa de colapsar a ordem internacional e com isso ver o retorno da dominação ianque sem as regras do multilateralismo.

Em Portugal, 34 mil imigrantes foram notificados para deixarem o país, e 5 mil brasileiros já tiveram seus vistos cassados, fatos que ocorrem sintomaticamente depois de o partido anti-imigração ter conseguido eleger 58 deputados, abalando a vitória da coligação de centro-direita.

Na Alemanha, cada vez mais jovens estão dispostos a votar no AfD, partido de direita radical. Na França, Marine Le Pen se tornou inelegível por conta de desvios de fundos públicos europeus, ao mesmo tempo em que aparece na liderança das pesquisas sobre a disputa presidencial de 2027.

Esses acontecimentos podem levar a crer que há realmente uma espécie de meia-volta volver da história. Revelam insatisfação contra o mundo multipolar e seus valores.

Um olhar distinto, porém, pode desaguar na conclusão de que tudo significa apenas o último lampejo de um velho mundo. Uma golfada de resistência contra o tsunami de uma nova era em que a interconexão comercial, social e cultural, entre todas as partes do planeta, dá a cor das tintas junto com a ideia de uma ordem internacional nascida da perna da multipolarização.

Imagine só que enquanto na França o partido de extrema direita cresce de forma acachapante, com apoio em um discurso xenófobo, o PSG, clube de futebol mais importante do país, levantou recentemente a taça da Liga dos Campeões com uma equipe formada predominantemente por jogadores estrangeiros. Um técnico espanhol, um capitão brasileiro e franceses descendentes de africanos.

No Brasil, a cultura asiática, com os seus Doramas, animes e K-pop, faz sucesso e já é febre entre jovens, influenciando-os no jeito de se vestir e de se comportar, enquanto os carros elétricos chineses povoam as avenidas.

Na seara econômica, a guerra comercial iniciada pelos EUA deságua num movimento de fortalecimento do BRICS, com a expansão do bloco, a reaproximação da China e da Índia, e a possibilidade de crescimento de nações como Brasil e África do Sul.

O que chamamos de crise, assim, pode ser apenas o parto de um novo mundo. E como todo nascimento, ele chega entre gritos, dores e resistência. A única dúvida então é a seguinte: estaremos preparados para viver nele ou continuaremos agarrados aos cadáveres do passado?

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Quem vai vencer a batalha global?

por Daniel Costa

Alguém disse por aí que os momentos de crise surgem quando o novo já chegou e irrompe o dique da realidade, enquanto o velho lança no ar suas últimas lufadas de resistência antes de se deixar atropelar pelo bonde da história.

Talvez seja isso que estejamos vendo no mundo atual. Movimentos extremistas levantam antigas bandeiras nacionalistas, recauchutando ideias como as de raça e território, enquanto a realidade de um mundo sem fronteiras, interconectado, se coloca como fato incontornável.

Nos EUA, Donald Trump se lança contra os imigrantes, expulsando-os do território norte-americano e bloqueando a chegada de estudantes estrangeiros. O ataque aos mercados concorrentes também tem sido uma marca do seu governo, numa espécie de tentativa de colapsar a ordem internacional e com isso ver o retorno da dominação ianque sem as regras do multilateralismo.

Em Portugal, 34 mil imigrantes foram notificados para deixarem o país, e 5 mil brasileiros já tiveram seus vistos cassados, fatos que ocorrem sintomaticamente depois de o partido anti-imigração ter conseguido eleger 58 deputados, abalando a vitória da coligação de centro-direita.

Na Alemanha, cada vez mais jovens estão dispostos a votar no AfD, partido de direita radical. Na França, Marine Le Pen se tornou inelegível por conta de desvios de fundos públicos europeus, ao mesmo tempo em que aparece na liderança das pesquisas sobre a disputa presidencial de 2027.

Esses acontecimentos podem levar a crer que há realmente uma espécie de meia-volta volver da história. Revelam insatisfação contra o mundo multipolar e seus valores.

Um olhar distinto, porém, pode desaguar na conclusão de que tudo significa apenas o último lampejo de um velho mundo. Uma golfada de resistência contra o tsunami de uma nova era em que a interconexão comercial, social e cultural, entre todas as partes do planeta, dá a cor das tintas junto com a ideia de uma ordem internacional nascida da perna da multipolarização.

Imagine só que enquanto na França o partido de extrema direita cresce de forma acachapante, com apoio em um discurso xenófobo, o PSG, clube de futebol mais importante do país, levantou recentemente a taça da Liga dos Campeões com uma equipe formada predominantemente por jogadores estrangeiros. Um técnico espanhol, um capitão brasileiro e franceses descendentes de africanos.

No Brasil, a cultura asiática, com os seus Doramas, animes e K-pop, faz sucesso e já é febre entre jovens, influenciando-os no jeito de se vestir e de se comportar, enquanto os carros elétricos chineses povoam as avenidas.

Na seara econômica, a guerra comercial iniciada pelos EUA deságua num movimento de fortalecimento do BRICS, com a expansão do bloco, a reaproximação da China e da Índia, e a possibilidade de crescimento de nações como Brasil e África do Sul.

O que chamamos de crise, assim, pode ser apenas o parto de um novo mundo. E como todo nascimento, ele chega entre gritos, dores e resistência. A única dúvida então é a seguinte: estaremos preparados para viver nele ou continuaremos agarrados aos cadáveres do passado?


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Alguém disse por aí que os momentos de crise surgem quando o novo já chegou e irrompe o dique da realidade, enquanto o velho lança no ar suas últimas lufadas de resistência antes de se deixar atropelar pelo bonde da história.

Talvez seja isso que estejamos vendo no mundo atual. Movimentos extremistas levantam antigas bandeiras nacionalistas, recauchutando ideias como as de raça e território, enquanto a realidade de um mundo sem fronteiras, interconectado, se coloca como fato incontornável.

Nos EUA, Donald Trump se lança contra os imigrantes, expulsando-os do território norte-americano e bloqueando a chegada de estudantes estrangeiros. O ataque aos mercados concorrentes também tem sido uma marca do seu governo, numa espécie de tentativa de colapsar a ordem internacional e com isso ver o retorno da dominação ianque sem as regras do multilateralismo.

Em Portugal, 34 mil imigrantes foram notificados para deixarem o país, e 5 mil brasileiros já tiveram seus vistos cassados, fatos que ocorrem sintomaticamente depois de o partido anti-imigração ter conseguido eleger 58 deputados, abalando a vitória da coligação de centro-direita.

Na Alemanha, cada vez mais jovens estão dispostos a votar no AfD, partido de direita radical. Na França, Marine Le Pen se tornou inelegível por conta de desvios de fundos públicos europeus, ao mesmo tempo em que aparece na liderança das pesquisas sobre a disputa presidencial de 2027.

Esses acontecimentos podem levar a crer que há realmente uma espécie de meia-volta volver da história. Revelam insatisfação contra o mundo multipolar e seus valores.

Um olhar distinto, porém, pode desaguar na conclusão de que tudo significa apenas o último lampejo de um velho mundo. Uma golfada de resistência contra o tsunami de uma nova era em que a interconexão comercial, social e cultural, entre todas as partes do planeta, dá a cor das tintas junto com a ideia de uma ordem internacional nascida da perna da multipolarização.

Imagine só que enquanto na França o partido de extrema direita cresce de forma acachapante, com apoio em um discurso xenófobo, o PSG, clube de futebol mais importante do país, levantou recentemente a taça da Liga dos Campeões com uma equipe formada predominantemente por jogadores estrangeiros. Um técnico espanhol, um capitão brasileiro e franceses descendentes de africanos.

No Brasil, a cultura asiática, com os seus Doramas, animes e K-pop, faz sucesso e já é febre entre jovens, influenciando-os no jeito de se vestir e de se comportar, enquanto os carros elétricos chineses povoam as avenidas.

Na seara econômica, a guerra comercial iniciada pelos EUA deságua num movimento de fortalecimento do BRICS, com a expansão do bloco, a reaproximação da China e da Índia, e a possibilidade de crescimento de nações como Brasil e África do Sul.

O que chamamos de crise, assim, pode ser apenas o parto de um novo mundo. E como todo nascimento, ele chega entre gritos, dores e resistência. A única dúvida então é a seguinte: estaremos preparados para viver nele ou continuaremos agarrados aos cadáveres do passado?



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