Nordeste é destaque na agricultura familiar, mas enfrenta desafios na mecanização

Ícone de crédito FOTO: EMANUEL DA SILVA CAVALCANTE / EMBRAPA AMAPÁ




A agricultura familiar no Nordeste representa metade das propriedades desse setor no Brasil, mas apenas 3% dessas áreas contam com mecanização. A discrepância é significativa quando comparada ao Sul do país, onde quase 50% das propriedades familiares utilizam máquinas agrícolas. Segundo Alexandre Lima, secretário estadual de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar, esse cenário é resultado de políticas públicas que priorizaram o agronegócio em detrimento dos pequenos produtores.

“A mecanização no Brasil foi desenvolvida para grandes propriedades, com equipamentos de alto custo que não condizem com a realidade nordestina, onde metade das áreas da agricultura familiar tem até 10 hectares e 93% estão situadas no semiárido”, afirmou Lima.

Diante da falta de máquinas acessíveis, muitos trabalhadores rurais ainda dependem da enxada, em um modelo de cultivo que remonta a séculos passados. Para reverter essa situação, o governo do Rio Grande do Norte iniciou um projeto-piloto em parceria com a China, testando pequenos tratores e equipamentos de até 25 CV na cidade de Apodi, que abriga o primeiro centro de tecnologia em agricultura mecanizada da América Latina.

O Plano Safra 2023/2024 foi apontado como um avanço, destinando quase meio bilhão de reais à agricultura familiar no Rio Grande do Norte, um aumento de 75% em relação ao ano anterior. De acordo com Alexandre Lima, esse investimento é essencial para modernizar a produção e fortalecer a competitividade dos pequenos produtores.

Além da mecanização, o governo estadual vem promovendo políticas de incentivo à produção orgânica, ampliando programas de compras públicas para abastecer hospitais, escolas e presídios com alimentos da agricultura familiar e concedendo isenção fiscal a comerciantes que adquirirem produtos desse setor.

Essas ações renderam reconhecimento internacional ao Rio Grande do Norte, com a ONU classificando o estado como referência mundial em compras públicas voltadas à agricultura familiar. O impacto positivo levou até mesmo uma comitiva do governo do Quênia a visitar o estado para conhecer as iniciativas adotadas.

Apesar dos avanços, desafios persistem, como a falta de assistência técnica. O último concurso da EMATER foi realizado há mais de uma década, durante o governo Wilma Maia, e o déficit de profissionais compromete o suporte aos agricultores. “Precisamos ampliar o quadro técnico para garantir atendimento adequado aos produtores e reduzir desigualdades”, destacou Lima.

A expectativa é que novos investimentos e políticas públicas voltadas à inclusão produtiva impulsionem a mecanização no Nordeste, melhorando as condições de trabalho e fortalecendo a produção de alimentos na região.


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A agricultura familiar no Nordeste representa metade das propriedades desse setor no Brasil, mas apenas 3% dessas áreas contam com mecanização. A discrepância é significativa quando comparada ao Sul do país, onde quase 50% das propriedades familiares utilizam máquinas agrícolas. Segundo Alexandre Lima, secretário estadual de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar, esse cenário é resultado de políticas públicas que priorizaram o agronegócio em detrimento dos pequenos produtores.

“A mecanização no Brasil foi desenvolvida para grandes propriedades, com equipamentos de alto custo que não condizem com a realidade nordestina, onde metade das áreas da agricultura familiar tem até 10 hectares e 93% estão situadas no semiárido”, afirmou Lima.

Diante da falta de máquinas acessíveis, muitos trabalhadores rurais ainda dependem da enxada, em um modelo de cultivo que remonta a séculos passados. Para reverter essa situação, o governo do Rio Grande do Norte iniciou um projeto-piloto em parceria com a China, testando pequenos tratores e equipamentos de até 25 CV na cidade de Apodi, que abriga o primeiro centro de tecnologia em agricultura mecanizada da América Latina.

O Plano Safra 2023/2024 foi apontado como um avanço, destinando quase meio bilhão de reais à agricultura familiar no Rio Grande do Norte, um aumento de 75% em relação ao ano anterior. De acordo com Alexandre Lima, esse investimento é essencial para modernizar a produção e fortalecer a competitividade dos pequenos produtores.

Além da mecanização, o governo estadual vem promovendo políticas de incentivo à produção orgânica, ampliando programas de compras públicas para abastecer hospitais, escolas e presídios com alimentos da agricultura familiar e concedendo isenção fiscal a comerciantes que adquirirem produtos desse setor.

Essas ações renderam reconhecimento internacional ao Rio Grande do Norte, com a ONU classificando o estado como referência mundial em compras públicas voltadas à agricultura familiar. O impacto positivo levou até mesmo uma comitiva do governo do Quênia a visitar o estado para conhecer as iniciativas adotadas.

Apesar dos avanços, desafios persistem, como a falta de assistência técnica. O último concurso da EMATER foi realizado há mais de uma década, durante o governo Wilma Maia, e o déficit de profissionais compromete o suporte aos agricultores. “Precisamos ampliar o quadro técnico para garantir atendimento adequado aos produtores e reduzir desigualdades”, destacou Lima.

A expectativa é que novos investimentos e políticas públicas voltadas à inclusão produtiva impulsionem a mecanização no Nordeste, melhorando as condições de trabalho e fortalecendo a produção de alimentos na região.

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