Pedido de diplomação post mortem a Emmanuel Bezerra é protocolado



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Estudantes, servidores e ativistas pelos Direitos Humanos protocolaram na Reitoria da UFRN um pedido de diplomação post mortem a Emmanuel Bezerra, potiguar morto pela ditadura em 1973, aos 26 anos. Bezerra era aluno do curso de Ciências Sociais e teve seus estudos interrompidos em 1968 após ser preso.

Antes do ato, que aconteceu às 14h desta segunda-feira (1º), um abaixo-assinado pela diplomação foi feito e colheu mais de 200 assinaturas. Um dos nomes por trás da iniciativa foi o professor do Departamento de Ciências Sociais da UFRN, Cesar Sanson.

“Faz 8 anos que essa instituição publicou um relatório da Comissão da Verdade aqui da UFRN, onde ela reconhece que servidores, professores e estudantes foram perseguidos, entretanto, absolutamente nenhuma reparação foi feita”, disse.

“Com essa reparação de reconhecimento de que Emmanuel Bezerra foi colocado para fora da universidade com o apoio inclusive da instituição, a gente quer reparar todos os outros casos de perseguição nessa instituição”, apontou.

A Comissão da Verdade da UFRN foi objeto de pesquisa durante quase três anos e o documento final foi publicado em outubro de 2015 com 489 páginas. Juan Almeida, que integrou o grupo, diz que, quando a Comissão finalizou seus trabalhos, foi protocolado no gabinete da Reitoria um processo para implementação de diferentes recomendações

“Dessas recomendações, uma apenas foi cumprida, que foi a de fixar no hall da Reitoria uma placa alusiva ao relatório da Comissão e indicar lá na BCZM [Biblioteca Central Zila Mamede] o local de instalação da Assessoria de Segurança e Informações [ASI]”, explica.

A ASI foi o braço do governo federal dentro da UFRN e monitorou estudantes, professores e demais servidores. Ela funcionava no que é hoje o subsolo da BCZM. A placa lá instalada lembra sua função repressiva.

“Há um conjunto de recomendações de nomeação de espaços e retirada das homenagens ao Presidente Castelo Branco e Emílio Garrastazu Médici, e vários outros: incentivo às pesquisas, a publicação de edital, construção de lugares de memória aqui no campus universitário. Então eu acho que esse processo pode se agregar hoje, mas além da dimensão individual da homenagem a Emmanuel, nós estamos reparando a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, porque essa coletividade, essa comunidade, esse organismo aqui foi afetado”, reflete Juan Almeida.

Pró-reitora de Graduação da UFRN, Elda Silva do Nascimento Melo participou da solenidade e se comprometeu a buscar a diplomação post mortem a Emmanuel Bezerra, abrindo o protocolo do pedido na Prograd e encaminhando-o. Ela ainda disse que iria adicionar outros documentos ao protocolo.

“Acho que algo bem importante é colocar, por exemplo, esses casos [de reparação póstuma] que outras universidades já concederam, porque isso fortalece o pleito. Então tendo as assinaturas, tendo talvez o relatório da Comissão da Verdade na sua íntegra, tendo o protocolo que o professor Cesar me entregou, então a gente vai se munindo de documentos, de argumentações, de justificativas que possam fundamentar o pleito. Sinceramente, não acredito que teria muitos entraves [para a concessão do diploma a Bezerra]”, explicou. 

Ana Beatriz Sá, estudante de Psicologia da UFRN e diretora da União Estadual dos Estudantes (UEE), afirmou que é preciso lembrar dos mortos e desaparecidos pela ditadura. Ela é neta do guerrilheiro Glênio Sá, dirigente do PCdoB que combateu na Guerrilha do Araguaia e morreu em 1990 em plena campanha ao Senado Federal. A versão oficial — de que houve um acidente de carro — jamais foi aceita pela família. Alírio Guerra também morreu na ocasião.

É preciso lembrar aqueles que de fato lutaram pela libertação do nosso povo, como foram diversos estudantes perseguidos, torturados e criminalizados aqui na universidade. Então esse ato que é extremamente simbólico, mas tem que marcar uma ação prática da universidade de lidar com seus crimes, de lidar com todo o processo de apagamento da história que foi feito durante o processo gigantesco no nosso país que foi a anistia, que puniu e igualou todos os militantes e torturadores do nosso país”, disse. 

Fonte: Saiba Mais








O Potengi

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Pedido de diplomação post mortem a Emmanuel Bezerra é protocolado





Estudantes, servidores e ativistas pelos Direitos Humanos protocolaram na Reitoria da UFRN um pedido de diplomação post mortem a Emmanuel Bezerra, potiguar morto pela ditadura em 1973, aos 26 anos. Bezerra era aluno do curso de Ciências Sociais e teve seus estudos interrompidos em 1968 após ser preso.

Antes do ato, que aconteceu às 14h desta segunda-feira (1º), um abaixo-assinado pela diplomação foi feito e colheu mais de 200 assinaturas. Um dos nomes por trás da iniciativa foi o professor do Departamento de Ciências Sociais da UFRN, Cesar Sanson.

“Faz 8 anos que essa instituição publicou um relatório da Comissão da Verdade aqui da UFRN, onde ela reconhece que servidores, professores e estudantes foram perseguidos, entretanto, absolutamente nenhuma reparação foi feita”, disse.

“Com essa reparação de reconhecimento de que Emmanuel Bezerra foi colocado para fora da universidade com o apoio inclusive da instituição, a gente quer reparar todos os outros casos de perseguição nessa instituição”, apontou.

A Comissão da Verdade da UFRN foi objeto de pesquisa durante quase três anos e o documento final foi publicado em outubro de 2015 com 489 páginas. Juan Almeida, que integrou o grupo, diz que, quando a Comissão finalizou seus trabalhos, foi protocolado no gabinete da Reitoria um processo para implementação de diferentes recomendações

“Dessas recomendações, uma apenas foi cumprida, que foi a de fixar no hall da Reitoria uma placa alusiva ao relatório da Comissão e indicar lá na BCZM [Biblioteca Central Zila Mamede] o local de instalação da Assessoria de Segurança e Informações [ASI]”, explica.

A ASI foi o braço do governo federal dentro da UFRN e monitorou estudantes, professores e demais servidores. Ela funcionava no que é hoje o subsolo da BCZM. A placa lá instalada lembra sua função repressiva.

“Há um conjunto de recomendações de nomeação de espaços e retirada das homenagens ao Presidente Castelo Branco e Emílio Garrastazu Médici, e vários outros: incentivo às pesquisas, a publicação de edital, construção de lugares de memória aqui no campus universitário. Então eu acho que esse processo pode se agregar hoje, mas além da dimensão individual da homenagem a Emmanuel, nós estamos reparando a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, porque essa coletividade, essa comunidade, esse organismo aqui foi afetado”, reflete Juan Almeida.

Pró-reitora de Graduação da UFRN, Elda Silva do Nascimento Melo participou da solenidade e se comprometeu a buscar a diplomação post mortem a Emmanuel Bezerra, abrindo o protocolo do pedido na Prograd e encaminhando-o. Ela ainda disse que iria adicionar outros documentos ao protocolo.

“Acho que algo bem importante é colocar, por exemplo, esses casos [de reparação póstuma] que outras universidades já concederam, porque isso fortalece o pleito. Então tendo as assinaturas, tendo talvez o relatório da Comissão da Verdade na sua íntegra, tendo o protocolo que o professor Cesar me entregou, então a gente vai se munindo de documentos, de argumentações, de justificativas que possam fundamentar o pleito. Sinceramente, não acredito que teria muitos entraves [para a concessão do diploma a Bezerra]”, explicou. 

Ana Beatriz Sá, estudante de Psicologia da UFRN e diretora da União Estadual dos Estudantes (UEE), afirmou que é preciso lembrar dos mortos e desaparecidos pela ditadura. Ela é neta do guerrilheiro Glênio Sá, dirigente do PCdoB que combateu na Guerrilha do Araguaia e morreu em 1990 em plena campanha ao Senado Federal. A versão oficial — de que houve um acidente de carro — jamais foi aceita pela família. Alírio Guerra também morreu na ocasião.

É preciso lembrar aqueles que de fato lutaram pela libertação do nosso povo, como foram diversos estudantes perseguidos, torturados e criminalizados aqui na universidade. Então esse ato que é extremamente simbólico, mas tem que marcar uma ação prática da universidade de lidar com seus crimes, de lidar com todo o processo de apagamento da história que foi feito durante o processo gigantesco no nosso país que foi a anistia, que puniu e igualou todos os militantes e torturadores do nosso país”, disse. 

Fonte: Saiba Mais


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