Na manhã desta segunda-feira (24), uma reunião convocada pelo governo do Estado abordou os efeitos das chuvas intensas do fim de semana, que impactaram significativamente a produção agrícola, a pecuária, a carcinicultura e o turismo na região. O foco principal foi discutir ações imediatas para mitigar os danos potenciais decorrentes do possível transbordamento da barragem de Poço Branco.
A barragem de Poço Branco, com capacidade para acumular 136 milhões de metros cúbicos de água, está prestes a atingir a cota de sangria pela primeira vez desde 2010. De acordo com o Instituto de Gestão de Águas do Rio Grande do Norte (IGARN), o volume da barragem nesta segunda-feira era de 129,3 milhões de metros cúbicos, o que representa 95% de sua capacidade total.
A reunião destacou a necessidade urgente de manutenção das comportas da barragem e de uma área de contenção de enchentes localizada em Estivas, no município de Extremoz. A responsabilidade pela manutenção é do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (DNOCS), que se juntou à força-tarefa do governo do Estado para resolver o problema.
“O DNOCS está se integrando à força-tarefa para resolver esse problema. Uma equipe formada por técnicos do IGARN e da SEMARH [Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos] estará indo a Estivas para fazer um levantamento sobre a situação das comportas”, afirmou o secretário-adjunto do Gabinete Civil, professor Ivanilson Maia.
Conforme discutido na reunião, apenas quatro das 24 comportas de Estivas estão funcionando normalmente. “O DNOCS está chegando para resolver esse problema”, reforçou Ivanilson Maia. Ele acrescentou que o governo do RN está colaborando com os municípios na criação de um plano de contingência para atender rapidamente as populações afetadas.
O prefeito de Ceará-Mirim, Júlio César Câmara, expressou preocupação com a previsão de chuvas persistentes para a região, conforme indicado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn). O meteorologista Gilmar Bristot informou que, embora as chuvas desta semana sejam menos intensas, eventos mais severos são esperados em julho devido às condições favoráveis do oceano Atlântico.
As chuvas recentes afetaram gravemente a produção agrícola, a pecuária e a carcinicultura no Vale do Ceará-Mirim. A agricultora Ticiane, da comunidade Araçá em Extremoz, relatou prejuízos na produção de banana, feijão, quiabo e camarão. Ela destacou que a inundação causa a proliferação de baronesas, plantas aquáticas que liberam toxinas prejudiciais aos rios e à vida aquática.
Para Ceres Dantas, presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do Ceará-Mirim, a maior preocupação é com os vales úmidos. “Defendemos que seja feita a manutenção adequada das comportas na região de Estivas para que não prejudique agricultores e pescadores”, disse Dantas.
Além das ações de contenção, a reunião discutiu a necessidade de dragagem dos rios e a prestação de assistência aos agricultores e moradores das áreas ribeirinhas. A governadora Fátima Bezerra enfatizou a importância dessas medidas para minimizar os danos causados pelas enchentes.
A reunião contou com a participação de representantes de trabalhadores rurais, do Comitê de Bacia Hidrográfica do Ceará-Mirim, secretários estaduais de Recursos Hídricos, Agricultura Familiar, Assistência Social, Infraestrutura, Defesa Civil Estadual, Emparn, IGARN, entre outros.