Falta de informação sobre consumo de peixes prejudica pescadores em Natal após casos de intoxicação; vigilância sanitária emite nota

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Ícone de crédito Foto: Arquivo/O Potengi

Uma onda de intoxicações alimentares após o consumo de peixe em um restaurante de Natal acendeu o alerta das autoridades de saúde e mergulhou o setor pesqueiro local em incertezas. Ao menos 13 pessoas passaram mal e os casos estão sendo investigados como possíveis ocorrências de ciguatera, uma intoxicação causada por toxinas naturais presentes em algumas espécies de peixes, como a arabaiana, servida no estabelecimento.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirmou a investigação e, em resposta, a Vigilância em Saúde da Prefeitura de Natal emitiu uma nota técnica nesta quinta-feira (15) com orientações à população. Apesar do susto, técnicos reforçam que não há motivo para pânico e que o consumo de peixes está liberado, com exceção das espécies arabaiana e dourado.

“Reforçamos que não é motivo para suspender a ingestão de pescados. Um dos cuidados que a população pode tomar é solicitar aos fornecedores quais pescados estão sendo ofertados e evitar o consumo dos sob suspeita”, explicou José Antônio de Moura, chefe do setor de Vigilância em Saúde.

No entanto, mesmo com os esclarecimentos, o impacto foi imediato: vendas de peixe caíram cerca de 70% em Natal, segundo relatos de comerciantes. O medo generalizado afastou clientes das bancas e restaurantes, gerando um efeito dominó que chegou até o mar.

“Se ninguém compra, a gente não pesca”

Apesar do esforço das autoridades em tranquilizar a população, o efeito nos mercados e comunidades pesqueiras já vinham sendo sentidos. Muitos pescadores, que têm na atividade sua única fonte de renda, se veem sem saída diante da desconfiança generalizada.

Em entrevista ao O Potengi, João Bolinha, de 64 anos, que pesca há mais de três décadas, relatou que já foi orientado por um dos comerciantes que compram seus peixes a não sair para o mar.

“Ele me disse: ‘João, não adianta trazer peixe porque ninguém tá comprando por causa dessa história de intoxicação. Se não tem cliente, não tem por que trazer’. A gente perde a mercadoria e ainda tem o gasto da viagem. É prejuízo certo”, contou o pescador, visivelmente frustrado.

João afirma que, em toda sua trajetória, os casos de intoxicação foram raros e localizados. Ele defende que haja uma investigação mais profunda sobre a origem do peixe que causou os sintomas nas vítimas, e que o debate precisa ser mais técnico e menos alarmista.

“A pesca já é sofrida. Agora com a redução nas espécies e esse tipo de problema, fica ainda mais difícil. Tem que esclarecer que não é qualquer peixe que faz mal. Isso precisa ser dito com mais clareza”, argumenta.

Vigilância Sanitária emite alerta

Diante dos prejuízos econômicos e após uma reunião com Rosângela Silva, presidente da Colônia dos Pescadores, que aconteceu nesta quinta-feira (15), a Vigilância Sanitária emitiu uma nota esclarecendo que deveria ser evitado o consumo temporário de duas espécies arabaiana e dourado, identificadas como possíveis fontes da toxina.

O chefe do setor enfatiza que o caso é pontual, e que não afeta o consumo de peixes. “Reforçamos que não é motivo para ter pânico ou suspender a ingestão de pescados. Um dos cuidados que a população pode tomar, é solicitar aos fornecedores quais pescados estão sendo ofertados e evitar o consumo dos pescados sob suspeita. Se apresentar alguns sinais ou sintomas, procure um serviço de saúde o mais breve possível”, orienta José Antônio, reforçando que a população deve consumir preferencialmente peixes de águas profundas, além de comprar pescados em locais de procedência, com ambientes que tenham boas práticas e que estejam devidamente licenciados.

Quais são os sintomas

De acordo com a Vigilância em Saúde, os sintomas geralmente se desenvolvem de 3 a 5 horas após a ingestão de peixe contaminado.

Veja quais são:

  • Neurológicos: dormência nos membros inferiores e superiores, parestesia, fraqueza, dor nos dentes, gosto de queimação ou metálico na boca, memória prejudicada, fadiga crônica, coceira generalizada, suor, visão turva e inversão de temperatura;
  • Cardiovasculares: bradicardia (quando o coração começa a bater devagar), bloqueio cardíaco ou hipotensão (pressão baixa);
  • Gastrointestinais: diarreia, vômito e dor abdominal.

“Em função dos sintomas apresentados, podemos inferir um quadro que a literatura reporta como ciguatera, uma toxina presente na alimentação de peixes, principalmente nos encontrados em arrecifes”, disse José Antônio de Moura, Diretor do Departamento de Vigilância em Saúde (DVS).

Para saber mais sobre os sintomas de Ciguatera, clique aqui.



Falta de informação sobre consumo de peixes prejudica pescadores em Natal após casos de intoxicação; vigilância sanitária emite nota

Ícone de crédito Foto: Arquivo/O Potengi

Uma onda de intoxicações alimentares após o consumo de peixe em um restaurante de Natal acendeu o alerta das autoridades de saúde e mergulhou o setor pesqueiro local em incertezas. Ao menos 13 pessoas passaram mal e os casos estão sendo investigados como possíveis ocorrências de ciguatera, uma intoxicação causada por toxinas naturais presentes em algumas espécies de peixes, como a arabaiana, servida no estabelecimento.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirmou a investigação e, em resposta, a Vigilância em Saúde da Prefeitura de Natal emitiu uma nota técnica nesta quinta-feira (15) com orientações à população. Apesar do susto, técnicos reforçam que não há motivo para pânico e que o consumo de peixes está liberado, com exceção das espécies arabaiana e dourado.

“Reforçamos que não é motivo para suspender a ingestão de pescados. Um dos cuidados que a população pode tomar é solicitar aos fornecedores quais pescados estão sendo ofertados e evitar o consumo dos sob suspeita”, explicou José Antônio de Moura, chefe do setor de Vigilância em Saúde.

No entanto, mesmo com os esclarecimentos, o impacto foi imediato: vendas de peixe caíram cerca de 70% em Natal, segundo relatos de comerciantes. O medo generalizado afastou clientes das bancas e restaurantes, gerando um efeito dominó que chegou até o mar.

“Se ninguém compra, a gente não pesca”

Apesar do esforço das autoridades em tranquilizar a população, o efeito nos mercados e comunidades pesqueiras já vinham sendo sentidos. Muitos pescadores, que têm na atividade sua única fonte de renda, se veem sem saída diante da desconfiança generalizada.

Em entrevista ao O Potengi, João Bolinha, de 64 anos, que pesca há mais de três décadas, relatou que já foi orientado por um dos comerciantes que compram seus peixes a não sair para o mar.

“Ele me disse: ‘João, não adianta trazer peixe porque ninguém tá comprando por causa dessa história de intoxicação. Se não tem cliente, não tem por que trazer’. A gente perde a mercadoria e ainda tem o gasto da viagem. É prejuízo certo”, contou o pescador, visivelmente frustrado.

João afirma que, em toda sua trajetória, os casos de intoxicação foram raros e localizados. Ele defende que haja uma investigação mais profunda sobre a origem do peixe que causou os sintomas nas vítimas, e que o debate precisa ser mais técnico e menos alarmista.

“A pesca já é sofrida. Agora com a redução nas espécies e esse tipo de problema, fica ainda mais difícil. Tem que esclarecer que não é qualquer peixe que faz mal. Isso precisa ser dito com mais clareza”, argumenta.

Vigilância Sanitária emite alerta

Diante dos prejuízos econômicos e após uma reunião com Rosângela Silva, presidente da Colônia dos Pescadores, que aconteceu nesta quinta-feira (15), a Vigilância Sanitária emitiu uma nota esclarecendo que deveria ser evitado o consumo temporário de duas espécies arabaiana e dourado, identificadas como possíveis fontes da toxina.

O chefe do setor enfatiza que o caso é pontual, e que não afeta o consumo de peixes. “Reforçamos que não é motivo para ter pânico ou suspender a ingestão de pescados. Um dos cuidados que a população pode tomar, é solicitar aos fornecedores quais pescados estão sendo ofertados e evitar o consumo dos pescados sob suspeita. Se apresentar alguns sinais ou sintomas, procure um serviço de saúde o mais breve possível”, orienta José Antônio, reforçando que a população deve consumir preferencialmente peixes de águas profundas, além de comprar pescados em locais de procedência, com ambientes que tenham boas práticas e que estejam devidamente licenciados.

Quais são os sintomas

De acordo com a Vigilância em Saúde, os sintomas geralmente se desenvolvem de 3 a 5 horas após a ingestão de peixe contaminado.

Veja quais são:

  • Neurológicos: dormência nos membros inferiores e superiores, parestesia, fraqueza, dor nos dentes, gosto de queimação ou metálico na boca, memória prejudicada, fadiga crônica, coceira generalizada, suor, visão turva e inversão de temperatura;
  • Cardiovasculares: bradicardia (quando o coração começa a bater devagar), bloqueio cardíaco ou hipotensão (pressão baixa);
  • Gastrointestinais: diarreia, vômito e dor abdominal.

“Em função dos sintomas apresentados, podemos inferir um quadro que a literatura reporta como ciguatera, uma toxina presente na alimentação de peixes, principalmente nos encontrados em arrecifes”, disse José Antônio de Moura, Diretor do Departamento de Vigilância em Saúde (DVS).

Para saber mais sobre os sintomas de Ciguatera, clique aqui.


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