Uma ampla investigação conduzida por autoridades federais e estaduais está desvendando a atuação do crime organizado em 941 postos de combustíveis espalhados por ao menos 22 estados do Brasil, com destaque para o Rio Grande do Norte, que possui 88 estabelecimentos sob suspeita. O levantamento aponta que facções criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC), Comando Vermelho e Família do Norte, além de milícias, estariam controlando ou influenciando parcialmente esses postos.
O estudo, realizado pelo Núcleo Estratégico de Combate ao Crime Organizado e divulgado na segunda-feira (21) pelo jornal Folha de São Paulo, foi desenvolvido em colaboração com a Polícia Federal, Receita Federal, Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e Ministério de Minas e Energia. A investigação abrange, entre outras práticas ilícitas, lavagem de dinheiro, tráfico de influências e envolvimento de sócios com passagens criminais.
Os estados de São Paulo e Goiás concentram o maior número de postos de combustíveis sob investigação, com 290 e 163 locais, respectivamente. Seguem na lista o Rio de Janeiro (146), a Bahia (103) e o Rio Grande do Norte (88), que aparece entre os estados mais afetados. De acordo com o levantamento, muitas dessas redes criminosas operam de maneira ramificada, expandindo seu controle para diferentes regiões do Brasil.
A infiltração de facções no setor de combustíveis tem sido uma preocupação crescente entre as autoridades, que temem que essa atuação no mercado de energia seja uma forma de financiar outras atividades criminosas, como o tráfico de drogas e o roubo de cargas. Em fevereiro, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, já havia expressado sua preocupação sobre o impacto dessa infiltração no setor e solicitado à Polícia Federal a abertura de um inquérito para apurar as atividades dessas organizações criminosas.
O mapeamento das investigações aponta que, em vários casos, os postos de combustíveis estão sendo usados como fachada para lavagem de dinheiro, e muitos dos sócios possuem antecedentes criminais. Além disso, alguns estabelecimentos são suspeitos de envolvimento com “laranjas” e com a adulteração de combustíveis. O esquema criminoso também está relacionado a fraudes fiscais e à prática de crimes como o contrabando e o tráfico de produtos ilícitos.
À Folha de São Paulo, o Governo do Rio Grande do Norte declarou não haver investigações em curso no Estado.
*Com informações do Agora RN
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