O mundo volta os olhos para o Vaticano nesta quarta-feira (7), com o início do conclave que elegerá o novo líder da Igreja Católica. Às 16h30 (11h30 no horário de Brasília), os 133 cardeais com direito a voto entram na Capela Sistina e passam a viver em completo isolamento do mundo externo, como manda a tradição. A expectativa é de que a primeira fumaça saia da chaminé do Vaticano por volta das 18h (14h no Brasil). Se for branca, um novo papa terá sido escolhido.
Mas, mesmo antes do início oficial da votação, a disputa por influência já começou. Nos bastidores do Vaticano, circula desde a semana passada o chamado Relatório do Colégio dos Cardeais, uma publicação de grande formato que perfila cerca de 40 papáveis e apresenta análises de suas posturas em temas sensíveis à Igreja, como bênçãos a casais homoafetivos, ordenação de mulheres e uso de contraceptivos.
Embora os autores – os jornalistas católicos conservadores Edward Pentin, do Reino Unido, e Diane Montagna, dos Estados Unidos – afirmem que o relatório visa ajudar os cardeais a “se conhecerem melhor”, o conteúdo é visto por muitos como uma tentativa clara de orientar a escolha para um papa mais conservador, rompendo com a linha reformista de Francisco.
O livro, distribuído diretamente a cardeais que participavam de reuniões pré-conclave, foi compilado com apoio da editora tradicionalista Sophia Institute Press, responsável por publicações que atacam frontalmente as mudanças promovidas por Francisco, como a revista Crisis Magazine e o polêmico livro Infiltration, que defende teorias conspiratórias sobre a infiltração de marxistas na Igreja.
Imparcialidade questionada
Dois advogados da Igreja ouvidos pela CNN apontaram que o relatório está longe de ser neutro. Um dos exemplos citados é o tratamento dado ao cardeal Mario Grech, responsável por coordenar o Sínodo da Sinodalidade, descrito como “polêmico”, enquanto o conservador Raymond Burke, abertamente crítico das reformas de Francisco, é retratado de forma elogiosa.
A tentativa de influenciar o rumo da Igreja ganhou força justamente por conta da composição do atual Colégio de Cardeais: dos 133 eleitores, uma parcela significativa foi nomeada por Francisco, o que teoricamente aumentaria as chances de continuidade de sua agenda progressista. Ainda assim, os cardeais vêm de 71 países e muitos não se conhecem pessoalmente, o que tem feito com que usem crachás durante os encontros.
*Com informações da CNN
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