Categoria: 2 OPINIÃO

  • O Brasil é o país do futebol?

    O Brasil é o país do futebol?

    Para muitos o Brasil é o país do futebol, mas os números não mostram isso. A recente pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha apontou que 23% (48,89 milhões) dos entrevistados dizem não ter uma equipe de coração. Ou seja, quase um quarto da população brasileira não se interessa por futebol, quantidade que supera o Flamengo, maior torcida do país, que tem 19% dos torcedores brasileiros.

    A pesquisa ouviu 2.004 pessoas com mais de 16 anos entre os dias 5 e 7 de novembro, em 113 municípios brasileiros.

    Quando o assunto é média de público nos estádios, o Campeonato Brasileiro fica na quinta posição, atrás da Alemanha, Inglaterra, Espanha e Itália.

    Na atual temporada, a média de público da Série A do Campeonato Brasileiro foi de 25.773 torcedores por partida. A maior média de público do Brasileirão ocorreu em 2023, quando tivemos 26.519 pagantes por jogo.

    Enquanto isso, na temporada 2023-2024, a Bundesliga, principal competição de futebol da Alemanha, vendeu cerca de 20,7 milhões de ingressos, um aumento de 5% em relação à temporada anterior.

    A venda total de ingressos na primeira divisão foi de 11.925.726, com uma média de 38.973 ingressos por partida. Na segunda divisão, as vendas totais de ingressos foram de 8.811.550, com uma média de 28.796 ingressos por partida.

    A qualidade técnica dos jogos é um dos fatores do sucesso de público do campeonato alemão, mas não podemos descartar a questão da organização e da segurança nos estádios. A atmosfera nos estádios alemães é de festa e não de guerra, e isso leva às famílias aos jogos da competição.

    A Alemanha e o Brasil possuem realidades sociais bem distintas. É possível adquirir ingressos na faixa de 20 euros, o que é muito barato para um alemão, pois o salário mínimo é de 1,584 euros, mas a média do trabalhador alemão gira em torno de 4.400 euros por mês.

    É claro que não é possível atrair público sem grandes equipes e bons jogadores. Além da questão da segurança e acessibilidade aos estádios, a entidade que organiza as competições nacionais poderia adotar o sistema de “carnê” que é usado na Alemanha, com preço dentro da nossa realidade; e observar os horários das partidas, pois é muito complicado a ida do torcedor para as partidas que iniciam por volta das 22h.

    No Brasil, o torcedor só enche o estádio se seu time estiver bem. Com a construção das arenas para a Copa do Mundo de 2014, o futebol ficou elitizado e os gritos de incentivos vindos da arquibancada praticamente desapareceram. Muitos torcedores vão aos jogos com intuito de tirar selfies para postar nas redes sociais e/ou mostrar para os amigos que fizeram parte daquele espetáculo.

    Na verdade, o brasileiro gosta mesmo é de ganhar. O futebol é só um detalhe. Aliás, é detalhe qualquer esporte, desde que o vencedor seja um compatriota. Ayrton Senna é a maior prova disso. O piloto elevou a nossa autoestima carente. Depois de sua morte trágica, a Fórmula 1 perdeu audiência no país por causa da falta de vitórias dos pilotos brasileiros que sucederam Senna.

    Então veio o fenômeno Gustavo Kuerten. Os brasileiros diziam gostavam muito de tênis, mas não conheciam a história de Maria Ester Bueno, uma estrela de Wimbledon nos anos 50. No auge de Guga, o tênis virou febre no país. Quando Guga abandonou as quadras, o amor dos brasileiros pelo tênis foi junto.

    Diante dos fatos supracitados, o Brasil é mesmo o país do futebol ou o brasileiro gosta mesmo é de ganhar?

  • A SAF que deu certo

    A SAF que deu certo

    Com dívidas e com a consequente asfixia financeira, o Botafogo não conseguia competir em condições de igualdade com as demais equipes do futebol brasileiro.

    Na Série A do Campeonato Brasileiro, a realidade do Glorioso era lutar contra o rebaixamento. O Botafogo foi rebaixado à Série B em três oportunidades (2002, 2014 e 2020).

    A era mais vitoriosa do Glorioso aconteceu na década de 60. Mesmo com 21 títulos do campeonato carioca, sendo o último em 2018, a última grande conquista foi em 1995, quando foi Campeão Brasileiro.

    Diante de tal cenário, o Botafogo se viu obrigado a recorrer ao modelo SAF. Em março de 2022, a SAF alvinegra foi adquirida pelo empresário John Textor.

    O empresário americano garantiu 90% das ações da SAF do Alvinegro. No total, serão pelo menos R$ 400 milhões de investimento. No mínimo, porque o Textor pode aumentar os repasses.

    Desde 2022, conforme o demonstrativo financeiro, os aportes feitos por John Textor desde 2022, que já totalizam R$ 366 milhões.

    Textor é o sócio majoritário do clube-empresa a partir da Eagle Holdings, pela qual o americano concentra os investimentos feitos no mundo do futebol.

    Somando as 3 temporadas que está no Clube carioca, John Textor já gastou cerca de R$ 374 milhões em contratações.

    Com a dívida superior a R$ 1 bilhão e com faturamento de R$ 120 milhões, a conta jamais iria fechar.

    De acordo com Thairo Arruda, CEO da SAF. O executivo, em entrevista ao “Botafogo PodCast”, afirmou que o passivo (somatório das dívidas trabalhistas, cíveis e tributárias) era de R$ 1,1 bilhão no começo da Era-SAF. Segundo ele, o faturamento da temporada passada foi de R$ 530 milhões.

    Sobre o pagamento da dívida, o planejamento da direção alvinegra é de quitar as dívidas em até 15 anos. Na atual temporada, foram pagos R$ 130 milhões referentes às dívidas cíveis, que estão avaliadas em R$ 443.925.450,83.

    Além de investimento no futebol, a SAF possibilitou investimento na infraestrutura do clube. Foi inaugurado o Núcleo de Saúde, novo vestiário e melhorias no Centro de Treinamento do clube.

    A conquista inédita da Copa Libertadores, recoloca o Botafogo entre os grandes clubes do futebol brasileiro.

    Uma semana depois de conquistar a principal competição da América do Sul, o Botafogo conquistou o título do Campeonato Brasileiro.

    Com as conquistas recentes (Libertadores e Brasileirão) e as participações na Copa do Brasil e Copa Intercontinental, o Botafogo recebeu R$ 252 milhões. O valor será ainda maior com a participação no Super Mundial de Clubes, cuja cota de participação é de US$ 50 milhões (R$ 300 milhões).

    Por enquanto, entre as SAFs dos grandes clubes, podemos afirmar que a única que deu certo.

  • Não acredito em superstições, mas que existem, existem!

    Não acredito em superstições, mas que existem, existem!

    Olá, queridos! Como vão?

    Sexta-feira-treze, nessa reta final do ano, e a gente não consegue desassociar da superstição em torno desse dia específico. Existem várias teorias, e nenhuma certeza, ao redor do mundo, sobre como teria surgido a ideia de que o dia 13 numa sexta-feira seria algo de má sorte.

    Mas o que é certo é que essa história é algo que foi repassado e repetido de geração em geração, ano após ano, cultura a cultura. E aqueles que creem nessa má sorte, independente de comprovação, sempre a tiveram como verdade incontestável.

    Se você que está lendo isso é alguém mais racional, já imagino que esteja pensando algo como “eu jamais acreditaria em algo assim, só porque alguém falou que era assim, sem ao menos questionar, não me permitiria ser controlado por crenças que não são minhas”.

    E se eu te disser que, por mais racional e descrente que você seja, você se permite, sim, ser controlado por crenças alheias? Duvida? Então eu vou te provar. Não só você ou eu, mas todos nós, ao menos em algum momento da vida, somos aprisionados por uma crença que não é nossa.

    Eu estou falando das famosas crenças limitantes. Essas que, até certo ponto, são muito parecidas com as superstições, pois as temos como algo que sempre foi verdade, ao ponto de sequer questionarmos. E quando as questionamos é que entendemos que mal sabemos de onde vieram.

    A diferença entre as crenças limitantes e as superstições é que as primeiras podem muito bem ter suas origens identificadas, depois desvendadas, medidas, avaliadas e devidamente excluídas das nossas vidas sem deixar rastro de susto para trás.

    Crenças limitantes são verdades que foram plantadas dentro de nós, seja pela fala ou pelo comportamento de alguém, seja pela observação do nosso entorno, por uma experiência de vida que tivemos. Independentemente de como surgiu essa crença, ela habita nosso ser como algo inquestionável e muitas vezes pode nos aprisionar e manter afastados do que mais desejamos, apenas porque acreditamos nas coisas erradas.

    Essas crenças podem ser sobre qualquer coisa, não há exclusividade de temas onde elas possam operar. Normalmente surgem quando é mais fácil de se instalarem em nosso cérebro, como na infância e na adolescência. Mas podem muito bem surgir na vida adulta também, vai depender do quanto estamos atentos a nós mesmos, do quanto estamos investidos na tarefa de nos conhecer e identificar que tipo de pensamento nos pertence ou não.

    Eu mesma já identifiquei várias crenças dessas em mim, algumas já consegui desconstruir, outras ainda luto para me livrar. Outras, desconfio que ainda vou me deparar com elas pelo caminho.

    Uma, em especial, desconstruí literalmente aos socos e chutes. Falo da minha habilidade na prática de artes marciais. Aos 13, 14 anos eu resolvi praticar judô. Nessa época eu já tinha os 1,78m que tenho hoje. Meu pai, bastante protetor, me aconselhou que não me envolvesse com esse tipo de esporte. Pelo meu tamanho e por eu ser, na época, muito desastrada (outra crença limitante que já, já conto), eu poderia me machucar. Que aquele tipo de atividade não era para mim.

    Com um mês de aula me machuquei, por falta de jeito meu, sem interferência de ninguém. Rompi o ligamento do meu tornozelo que nunca mais foi o mesmo. Acreditei que lutas não eram mesmo a minha praia e desisti. Por anos.

    Corta para 2019. Resolvi me arriscar nas aulas de muay thai da academia. Toda aquela crença de que esse tipo de esporte não daria certo para mim morreu no primeiro jeb-direto que dei no saco de pancadas. Uma sensação maravilhosa de me sentir no controle do meu corpo, que até então eu acreditava que era desengonçado e despreparado para aquilo. Até hoje pratico a luta. Do meu jeito, no meu tempo, mais para me divertir do que para aprimorar minha técnica. Mas faço questão de continuar, por tamanho bem que me faz.

    Agora, deixemos claro que quando falei da minha habilidade, estou meramente falando sobre a capacidade de desempenhar tal prática. Não se iludam em achar que sou uma exímia lutadora, pois expliquei que me livrei de uma crença limitante, mas limitações reais, e bom senso, eu ainda tenho.

    A crença sobre ser desastrada eu quebrei quando entendi que nunca fui, de verdade. Eu sempre fui ansiosa. E isso me levava a fazer coisas no impulso, na pressa. Eu era motivo de piada na família pelos meus episódios de menina desastrada. Mas depois que aprendi a identificar minha ansiedade e lidar com ela, percebi que estou longe de ser desastrada, sou é bastante cuidadosa e meticulosa, especialmente quando me concentro e consigo reduzir os efeitos da minha ansiedade.

    Esses são apenas dois pequenos exemplos de crenças limitantes que consegui quebrar e ressignificar. Tenho outras mais complexas e difíceis também. Assim como todo ser humano tem. Mas por que, então, demorei tantos anos para quebrar uma crença limitante que eu mesma identifiquei como pequena?

    Bom, primeiro porque para quebrar algo é preciso antes ver esse algo. Se eu não olhava para mim mesma com essa atenção, eu não teria como identificar o que era preciso. Segundo, e esse motivo eu achei fascinante quando descobri, é porque nosso cérebro tem dificuldade de pensar diferente, como quando queremos nos educar a pensar de forma diversa dessas crenças, porque o que já somos acostumados nos mantém viciados.

    Isso quem explicou de forma brilhante foi o neurocientista Joe Dispenza, em seu livro “Quebrando o hábito de ser você mesmo” (super recomendo esse livro). Basicamente, ele explica que tudo que fazemos, o que pensamos, as reações que temos, geram uma química específica no cérebro. Essa química é jogada no sangue e se espalha pelo corpo todo. Isso causa uma reação específica e o nosso corpo vicia em toda essa mistura.

    Imagine, por exemplo, que que você quer criar o hábito de acordar mais cedo que o normal. Quando seu despertador toca no novo horário, naqueles segundos cruciais antes de levantar da cama, seu cérebro vai resistir porque a reação química causada pelo fato de continuar na cama já é algo no qual ele está viciado. Para que você se sinta com vontade de levantar da cama sem titubear, seu cérebro precisa viciar nessa nova sensação que terá ao levantar mais cedo. Para isso, sua atitude em levantar, mesmo sem coragem, deve ser persistente até que seu corpo se vicie na nova química gerada por acordar mais cedo.

    É complexo? Sim! Mas no fim, é o mesmo que dizer: mudar de hábito, mudar a forma de pensar, mudar nosso foco, mudar como vemos a nós mesmos começa com a nossa insistência em praticar aquilo até que fiquemos confortáveis (viciados) naquela nossa nova versão.

    Esse é um considerável obstáculo ao quebrar as crenças limitantes, especialmente as que nos fazem pensar diferente sobre quem somos de verdade. Que nos fazem crer que não somos capazes, merecedores, dignos, aptos, preparados. O que precisamos é fazer com que nossos cérebros fiquem viciados em nossos pensamentos positivos e encorajadores sobre nós mesmos.

    Talvez a parte mais difícil de lidar com as crenças limitantes, ao menos na minha opinião, seja identificar cada uma delas. Eu percebi que, para mim, é mais fácil perceber se algo é uma crença limitante, se é uma ideia ou um pensamento alheio que não se aplica a mim, quando eu percebo que se eu acreditar naquela verdade ela vai me impedir de seguir.

    Quando somos sinceros com nós mesmos, sabemos do que somos capazes, sabemos das nossas habilidades e talentos. Então, sempre que algo pareça impedir seu desenvolvimento ou crescimento numa área que você sabe que tem capacidade, ou algo que te faça sentir desconfortável por ser um julgamento errado sobre quem você é, é bem possível que exista aí uma crença limitante.

    Então agora, pegue seu telescópio especial, aquele feito para analisar esse universo que tem dentro de você, e comece a explorar todas as suas verdades e separar o que não é seu. Tudo que te limita pode mandar embora. Aproveita a data propícia e joga essa crença errada por debaixo de uma escada, ou alimenta ela com manga e leite. Permita que todas as suas crenças limitantes tenham o mesmo destino que têm as superstições na cabeça de alguém bastante racional: que se tornem meras alegorias e histórias divertidas que não possuem controle algum sobre você.

    Até a próxima!

  • Baleia: uma imersão na solidão e a busca pelo amor

    Baleia: uma imersão na solidão e a busca pelo amor

    Sou um degustador de filmes, séries e tudo mais que o audiovisual produz, e tenho um grande prazer de, mais uma vez, em poucas linhas, te levar a conhecer meu ponto de vista sobre um longa metragem que vi essa semana. O filme se chama “The Whale” (A Baleia). Para apresentar essa obra, escolhi os caminhos do amor e da solidão como elementos principais na compreensão do roteiro do filme, nesse caso, do mapa que nos levará às profundezas desses sentimentos.

    “A Baleia” é um drama psicológico americano, com roteiro escrito por Samuel D. Hunter, baseado em sua peça de mesmo nome. Foi dirigida por Darren Aronofsky e estrelado por Brendan Fraser, Sadie Sink, Hong Chau, Samantha Morton e Ty Simpkins. Seu lançamento aconteceu em 2022 no Festival Internacional de Cinema de Veneza e, três meses depois, foi lançado nos Estados Unidos.

    A narrativa se desenrola em um apartamento claustrofóbico, onde Charlie, interpretado de forma magistral por Brendan Fraser, encontra refúgio em uma existência solitária e autodestrutiva. A obesidade, nesse contexto, não é apenas uma condição física, mas uma metáfora para o isolamento e a dor emocional que o personagem carrega.

    A solidão de Charlie é palpável em cada cena. Seus dias se resumem a aulas online, fast food e a esperança de um contato humano genuíno. A relação com sua filha adolescente, Ellie, é marcada por ressentimentos e mágoas não resolvidas, pelo fato dele ter deixado ela e sua mãe para viver um relacionamento homoafetivo. Tudo se intensificou quando seu companheiro se suicidou, deixando o sentimento de vazio o consumir. A busca por conexão se torna a força motriz da história. Através de encontros com personagens que orbitam seu mundo, como a enfermeira Liz e o jovem missionário Thomas, Charlie busca resgatar a humanidade perdida e encontrar um propósito para sua vida.

    É nesse contexto que a importância de viver o amor se revela, pois o amor não se limita à paixão romântica, mas se estende à amizade, à compaixão e ao perdão. A relação de Charlie com Liz, marcada pela gentileza e pelo cuidado, demonstra que o amor pode florescer nos lugares mais inesperados.

    “A Baleia” é um filme que nos confronta com nossas próprias fragilidades e nos convida a refletir sobre a importância dos relacionamentos humanos. A obra, embora dura e realista, nos oferece uma mensagem de esperança, mostrando que mesmo em meio à dor e ao sofrimento, é possível encontrar a redenção e o amor.

    A atuação de Brendan Fraser é simplesmente sensacional, o que lhe rendeu o Oscar de melhor ator. Sua interpretação visceral e emocionante nos leva a uma jornada emocional profunda, fazendo com que nos conectemos com a dor e a esperança de Charlie.

    Apesar do filme se chamar “A Baleia”, não se trata de um título gordofóbico, esse nome está relacionado a uma redação feita por Ellie, filha de Charlie, sobre a obra Moby Dick, de Herman Melville, quando ela tinha oito anos, a qual ele guardava e sempre lia. A leitura dessa redação gerou uma cena forte e emocionante no final do filme.

    Em suma, esta obra é essencial para aqueles que buscam uma reflexão profunda sobre a condição humana e nos convida a valorizar os relacionamentos e a busca pelo amor em todas as suas formas.

  • Em nota, Prefeitura de Natal politiza investigações e tenta desviar o foco para o Governo do Estado

    Sem responder adequadamente às graves denúncias apuradas pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) por abuso de poder político durante as eleições municipais de 2024, a Prefeitura de Natal aproveitou uma nota do Poder Executivo para recomendar que o MPE que “todas as denúncias recebidas durante o período eleitoral sejam igualmente esclarecidas, inclusive as que foram feitas em relação ao uso da máquina pública em órgãos da administração estadual”.

    O ato – que é ato oficial da Administração Pública – revela a enorme confusão que há em nossa gestão entre o público e o privado. Ao usar um comunicado oficial da Prefeitura para atacar o Governo do Estado e tentar desviar o foco das práticas imputadas a sua gestão, o prefeito Álvaro Dias (REP) incorre naquilo que seu críticos cansaram de salientar: a prática coronelista de quem administra a cidade como se fosse uma de suas fazendas, visando aos próprios interesses e desrespeitando os ritos democráticos.

    Do que se trata

    Na manhã desta quarta-feira (6), o Ministério Público Eleitoral, por meio do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), deflagrou uma operação em órgãos da Prefeitura de Natal para investigar denúncias de abuso de poder político durante as eleições municipais de 2024.  

    A ação teve como alvos principais os vereadores eleitos Daniell Rendall e Irapoã Nóbrega Azevedo de Oliveira, ambos do partido Republicanos, acusado de coagir servidores públicos a apoiar suas campanhas eleitorais sob ameaça de demissão ou exoneração. Rendall ocupava o cargo de diretor de Recursos Humanos na Secretaria Municipal de Educação (SME), enquanto Irapoã era titular da Secretaria de Serviços Urbanos (Semsur), antes de se candidatarem.  

    Os promotores, acompanhados de policiais, cumpriram mandados de busca e apreensão em quatro órgãos da Prefeitura: as secretarias de Educação (SME), Serviços Urbanos (Semsur), Trabalho e Assistência Social (Semtas) e a Agência Reguladora de Serviços de Saneamento Básico (Arsban). Na SME, computadores e documentos foram apreendidos nas salas relacionadas às atividades de Daniell Rendall e outros servidores citados nas denúncias.  

    Além disso, a operação revelou um histórico de suspeitas de irregularidades eleitorais na Prefeitura de Natal. Em outubro, Victor Diógenes, diretor técnico da Arsban, foi exonerado após ser acusado de assédio eleitoral. Ele teria cobrado votos de funcionários terceirizados e comissionados para Paulinho Freire, candidato pelo União Brasil. Apesar da exoneração, Diógenes foi renomeado ao mesmo cargo em novembro, após o fim do pleito.  

    Em nota, a Prefeitura de Natal declarou que está à disposição para colaborar com as investigações. O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), por sua vez, ainda não confirmou oficialmente a operação.  

    A investigação amplia o alcance de denúncias de abuso de poder político na gestão municipal, trazendo à tona suspeitas de práticas que comprometem a integridade do processo eleitoral em Natal.

    Nota da Prefeitura de Natal

    Com relação à operação de busca e apreensão realizada nesta sexta-feira (6) dentro da investigação por suposto abuso de poder político em alguns órgãos do Município, a Prefeitura do Natal informa que, mesmo não possuindo maiores informações, está à disposição para contribuir e esclarecer aos responsáveis legais quaisquer pontos que se fizerem necessários. 

    A Prefeitura entende que o Ministério Público está cumprindo seu papel. Espera, também, que todas as denúncias recebidas durante o período eleitoral sejam igualmente esclarecidas, inclusive as que foram feitas em relação ao uso da máquina pública em órgãos da administração estadual, como PGE e Secretaria de Segurança Pública do Governo do Estado, também acusados de cometer assédio eleitoral.

  • Teremos mala?

    Teremos mala?

    Na reta final das competições nacionais é comum aparecer a famosa “mala branca”, onde equipes recebem o incentivo financeiro para vencer uma determinada partida, e o resultado dessa partida beneficia uma terceira equipe. Normalmente, os incentivos financeiros são enviados para equipes que não têm mais objetivos na competição, e buscam motivar os jogadores dessas equipes. A mala branca também é conhecida como “doping financeiro

    A mala preta é a ação é feita normalmente entre os dirigentes dos dois clubes que vão a campo, quando o time que precisa vencer a partida paga o adversário para perder propositalmente o confronto.

    Os dois casos existem no Brasil, mas a mala branca é mais comum, e alguns consideram o incentivo para vencer como algo normal do futebol.

    Como não é fácil comprovar a existência da mala branca numa partida de futebol, visto que o incentivo financeiro não é divulgado, fica difícil mensurar se tal prática surte o efeito desejado pelo interessado.

    Os dois casos são ilegais, visto que as duas situações visam alterar o resultado de uma partida de futebol. A Lei Geral do Esporte e o Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) têm dispositivos específicos prevendo a tipificação penal de tais condutas.

    O torcedor não é alcançado pelo CBJD, mas será enquadrado no Art 199 da Lei Geral do Esporte, que prevê a pena de até dois anos de reclusão e multa de quem der ou prometer vantagem patrimonIal com o fim de alterar ou falsear o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado.

    Em 2018, cinco dirigentes e nove árbitros acusados de envolvimento em um esquema de manipulação de resultados no Campeonato Paraibano daquele ano foram banidos do futebol. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) aplicou pena máxima aos réus, alvos da Operação Cartola.

    Em 2019, o STJD puniu o dirigente do Botafogo-PB, o ex-presidente Zezinho, por um ano. Ele apareceu em uma escuta com o presidente do Altos-PI, Warton Lacerda, oferecendo dinheiro para o time piauiense ganhar ou empatar o jogo contra o Náutico, em jogo válido pela Copa do Nordeste de 2018. O Presidente do Altos foi absolvido.

    O incrível é saber que jogadores precisam de incentivo financeiro para ter mais vontade para vencer seu adversário. A prática da mala branca é ilegal e imoral.

    Neste domingo (8), teremos a última rodada da Série A do Campeonato Brasileiro, onde alguns clubes ainda brigam por seus objetivos, mas outros vão apenas cumprir tabela.
    Será que teremos essa prática ilícita na rodada deste domingo?

  • Não se admire se um dia eu perceber que cresci

    Não se admire se um dia eu perceber que cresci

    Olá, queridos! Como vão?

    Desde que começamos aqui essa conversa, essa troca, com foco no autoconhecimento, tratamos de assuntos que nos auxiliam a seguir desbravando esse caminho. Algumas dicas sobre o que fazer, por onde começar a andar por essa estrada da qual conhecemos o início e nos inteiramos do seu curso à medida que temos coragem de dar os passos seguintes.

    É um caminho que traçamos, muitas vezes, às cegas. Pois não conhecemos o que nos espera no meio, nem muito menos no final. Não sabemos o que aprenderemos sobre nós, não sabemos quem descobriremos dentro de nós mesmos.

    Então hoje vamos falar sobre algo tão importante quanto se lançar nessa estrada desconhecida, e que pode servir não somente de análise do que já fizemos, mas também de motivação para continuarmos.

    Vamos falar sobre uma parada estratégica na qual olhamos para trás e vemos o quanto já evoluímos, o quanto já crescemos. Sabe quando vamos fazer aquela caminhada na beira da praia e, distraídos com a paisagem ou em conversa com alguém, não percebemos o quanto andamos, e daí olhando para trás, ao buscar o ponto de onde partimos, nos surpreendemos com a distância percorrida?

    Pois essa sensação, esse prazer de perceber nossas conquistas, isso deve ser usado como combustível para nos ajudar a seguir. Quem realmente se dispôs a se conhecer, percebeu que não é tarefa fácil. Porque em algum momento vamos cansar de tanto nos investigar. Em outros momentos vamos nos frustrar com a quantidade de sombras que encontramos dentro de nós e a dificuldade que é levar luz a todas elas.

    Mas, imagine comigo a seguinte situação: quando se pensa hoje em alguém que já passou por vários processos de aprendizagem como andar, falar, ler e escrever, que são feitos em uma época que nosso intelecto não está lá essas maravilhas de desenvolvido, só de imaginar que conseguiu fazer isso, é possível imaginar que enquanto pessoa adulta funcional consegue fazer muito mais.

    Vamos adiantar mais um pouco e perceber outros processos de aprendizagem, como quando você entendeu que de nada adiantava se aborrecer com um problema fora do seu controle, ou quando se percebeu indiferente a comportamentos alheios que lhe tiravam o juízo, ou até mesmo quando aprendeu que cuidar de si é muito mais importante que agradar aos outros.

    Seja qual for a mudança que conseguiu operar em si, pare agora e olhe para trás. Perceba-se naquela pessoa de alguns anos passados e essa pessoa em que se tornou hoje. Sabe esse calorzinho que dá no coração? Esse sorriso de canto de boca involuntário? Essa leveza? É esse sentimento aí que eu quero que guarde. Ele é o combustível que nos faz seguir quando o caminho fica difícil e é nossa recompensa nos marcos importantes do nosso avanço.

    Esses dias observei uma situação ao meu redor, alguém que tomou uma atitude que eu teria facilmente tomado há não muito tempo atrás. Olhei para aquela situação e senti uma leveza e um sentimento de vitória indescritíveis. Bem ali eu percebi que tinha superado algo que não gostava em mim e que, por me fazer mal, sempre quis mudar.

    Então fiquei eufórica quando vi aquilo acontecendo e entendi que se fosse comigo, no começo desse mesmo ano, eu teria feito igual, mas que hoje não. Hoje sinto dentro de mim o quanto avancei e me modifiquei nessa característica minha que me incomodava. Olhar para trás e observar o quanto cresci me faz ver que todo sofrimento, toda dificuldade desse caminho, tudo isso valeu a pena. Porque hoje estou um pouco mais perto da pessoa que quero ser, lá na frente.

    E ainda tem isso, de olhar para frente. Entendi que se eu olho para trás hoje e vejo que tudo que vivi valeu a pena, então me sinto segura em entender que o hoje, as batalhas de hoje, os obstáculos de hoje, tudo isso vai valer a pena lá na frente, porque vou continuar na missão de me transformar e crescer.

    Claro que existem as pegadinhas no meio desse caminho. Evoluir não é uma estrada em linha reta. Teremos altos e baixos, haverá dias em que poderemos jurar que estamos regredindo, o que não é verdade. Afinal, não é no primeiro passo que uma criança aprende a correr. Antes ela vai cair, tropeçar, pisar em falso. Assim somos nós em qualquer processo de aprendizagem da vida.

    E outra grande vantagem de fazer esse exercício de olhar para trás, e ver o quanto evoluímos, é nos ajudar a entender que somos maiores que nossos tropeços e recaídas. Porque apesar de todos eles, continuamos seguindo e não desistindo dessa batalha constante de conhecer, conquistar e modificar a nós mesmos.

    Posso dizer com muita tranquilidade que das vezes que me deparei com situações em que percebi meu crescimento, minha melhora, fui tomada por uma alegria tão genuína, tão grande! E que foi observando essas etapas do meu crescimento que me apaixonei pela minha história.

    Não tenho a vida mais difícil, nem a mais interessante, nem uma história que daria um filme mundialmente aclamado e que conta alguma saga épica. Mas é a minha história, com minhas conquistas. E eu me apaixonei pelo processo inteiro.

    Falo sempre de como devemos cuidar do nosso interior e deixar que o outro cuide de si, mas nesse assunto, particularmente, devo confessar que observo o outro sim. Quando vejo pessoas passando por processos parecidos com os que passei, quando vejo pessoas superando dores que eu já senti e que agora superaram aquele aprendizado com maestria. Esse momento eu gosto de observar, sim.

    Ver nos olhos do outro a alegria de ter superado algo, a satisfação pessoal de ter aprendido a lidar com alguma dificuldade, o brilho intenso pela felicidade da conquista de si mesmo. É quase como se eu tivesse vivendo aquilo de novo. Claro que observo calada. Aquele momento é de cada pessoa e saborear essa conquista entendendo ter sido capaz de fazer isso sozinho é muito bom. Mas sou, sim, a pessoa que, silenciosamente, vibra junto e fica feliz e emocionada ao assistir essas conquistas.

    Por isso, repito o que falei incansavelmente nesse texto: se permita olhar para trás e ver quão longe já chegou. Olhe com carinho e generosidade para o caminho que já trilhou. Você quer chegar mais longe ainda? Tudo bem, vai chegar sim. Mas, pare de tempos em tempos e se parabenize por tudo que já conseguiu. Pegue esse sentimento delicioso de ter orgulho de si mesmo e use de combustível para continuar seguindo.

    Você merece reconhecer e comemorar cada conquista, por menor que pareça ser. Só pareça. Porque todo e qualquer avanço na nossa conquista de nós mesmos é um passo gigantesco.

    Espero, mesmo, que você perceba o quanto já avançou e também o quanto ainda pode realizar. Se não acredita em mim, acredite no que você mesmo consegue ver ao olhar para a sua trajetória. Seu esforço fala por si só.

    Até a próxima!

  • O domínio brasileiro

    O domínio brasileiro

    A Copa Libertadores da América de 2024 é a 65.ª edição da competição, a qual teve 47 participantes das dez associações sul-americanas. No total, os argentinos levantaram 25 taças. O Brasil está na segunda posição, com 24 conquistas. Equipes do Uruguai, Colômbia, Paraguai, Chile e Equador também já tiveram o gostinho da “Glória Eterna”. Bolívia, Peru e Venezuela seguem sem títulos do torneio.

    O Santos de Pelé conquistou duas Libertadores seguidas (1962 e 1963). Como a copa continental não dava grandes premiações e a violência dos adversários, principalmente das equipes argentinas e uruguaias, os clubes brasileiros não davam a devida importância ao torneio sul-americano.

    A conquista do Cruzeiro em 1976 não teve grande destaque. A do Flamengo, em 1981, teve um pouco mais, mas nada tão significante.

    A partir das duas conquistas do São Paulo (1992 e 1993) e a reestruturação da competição, os clubes brasileiros passaram a se interessar pela Libertadores.De 1990 pra cá, foram 34 edições, vencidas 18 vezes por clubes brasileiros.

    Desde de 2019, esta será a quarta final envolvendo dois clubes brasileiros, sendo que os últimos seis títulos ficaram no Brasil. O Flamengo ficou com o título em 2019 e 2022; o Palmeiras levantou a taça em 2020 e 2021; e o Fluminense é o atual campeão da competição.

    A decisão entre Atlético-MG e Botafogo será a sexta entre clubes brasileiros da história do torneio.

    Em 64 anos de história, a Libertadores nunca passou por tanto tempo no domínio de um país como está acontecendo agora.

    A disparidade financeira entre clubes brasileiros e os vizinhos sul-americanos explica o sucesso recente dos clubes brasileiros na competição. Em 2020, a média salarial dos times brasileiros era apenas 0,6% superior à dos argentinos. No entanto, essa diferença saltou para 52,7% em 2024, refletindo um aumento significativo nos investimentos dos clubes brasileiros, enquanto os argentinos mantiveram seus patamares de gastos. O Flamengo paga cinco vezes mais em salários que três clubes argentinos.

    Diante das últimas conquistas dos nossos clubes, não será surpresa se a CONMEBOL fizer mudanças no regulamento da Copa Libertadores, a fim de impedir finais entre dois clubes de um mesmo país sejam finalistas.

    Ter um país constante no topo pode ser uma ameaça para as principais fontes de receita da entidade, haja vista que os patrocinadores dos demais países podem retirar suas marcas, pois não valeria a pena investir numa competição em que as equipes locais não conseguem ser protagonistas, e isso também afeta a audiência das TVs dos outros países.

    Botafogo e Atlético-MG escrevem mais um capítulo no domínio do futebol brasileiro sobre os demais países da América do Sul. Antes da bola rolar, é possível apontar o Botafogo como favorito ao título, mas isso deve ser comprovado após o apito inicial do árbitro.

  • A Elizabeth de Butterfly

    A Elizabeth de Butterfly

    A felicidade e a tragédia podem se instalar em nossas vidas do nada, por um acaso. Alguns chamam de destino, outros vão dizer que se instalaram porque assim eles planejaram. Bem, pode não ser assim, mas gosto de acreditar que é.

    Um dia perguntei a uma amiga por que seu nome era Beth de Butterfly? Ainda lembro dela abrindo seu sorriso iluminado e respondendo que era porque Borboletas voam e são multicoloridas. Juro que não entendi a resposta, porém se faz sentido para ela, é o que vale.

    Enquanto escrevo, parece que estou vendo sua pele branca, de menina de classe média alta, muito bem criada, sem uma única marquinha em toda ela, parecendo um pêssego recém colhido. Filha única, de uma casual de juízes do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, tratada a pão de ló, sem jamais, durante a infância ou juventude, ter passado por qualquer dificuldade. Quando penso em definir a personalidade de Butterfly, a primeira coisa que me vem à cabeça é que ela é uma típica representante do modelo que a sociedade judaica-cristã-javélica-pós-exílio-na-Babilônia apregoa, pois vive nos padrões, presa, sabe-se lá por quê, para quê.

    Butterfly graduou-se em Direito e passou logo de cara na prova da OAB, porém nunca exerceu a profissão, gerando desgosto aos seus pais. Hoje, aos 28 anos, vive de restaurar obras sacras. Os únicos excessos que sei que comete, ou já comenteu são: às sextas-feiras, juntamente com as amigas Natasha e Sara, tomarem três cervejas no Beco da Lama e chegarem em casa depois das 22 horas.

    No entrevero das coisas confusas minha amiga, peço-lhe perdão por revelar aqui algo tão íntimo e tão seu, um segredo confiado a mim, portanto deveria ser só nosso, mas agora tornarei público.

    Eu que conheço a verdade, porque já li João Andrade, Adélia Prado, Adélia Costo, conheço na profundidade os escritos e manuscritos de Ozany Gomes, e com esses autores descobri a liberdade, sei que não existe pecado abaixo da linha do equador.

    E sobre sonho bom e realidade, vou introduzir outro personagem nessa trama, o Demunnus.

    Demunnus, em seus 19 anos de vida, habitante do mundo equidistante do do de Elizabeth de Butterfly. O moço, um pescador de profissão, cresceu no berço das necessidades básicas. Sem pai, mãe e sobrenome, faz parte da tripulação do Sodoma I, barco pesqueiro que a cada 15 dias parte da Tavares de Lira, rumo as proximidades do Atol das Rocas, onde realiza a capitura de alguns peixes, que são comercializados em nossa cidade. Segundo Elizabeth, ele tem a cor da noite, é possuidor de um sorriso capaz de iluminar uma cidade de 751 mil habitantes e o corpo tem uma beleza física impossível de descrever.

    Tudo se encaminhava para mais uma sexta-feira comum na cidade do Natal, mas comum é muitas vezes questão de ponto de vista, nesta noite iria ocorrer no Beco da Lama, um mega show com as apresentações de Carlos Zens e Pedinho Mendes, transformando mais uma sexta em algo surreal. Mal o dia nasceu no horizonte da cidade, Natasha e Sara já se telefonavam para combinar o encontro, pois não poderiam perder essas apresentações por nada. Acertaram que dessa vez iriam ficar mais tempo para curtir o que o Beco tem para oferecer.

    Lá do Olimpo, a Deusa Verdand aprontava para que a sexta ganhace um siginificado mágico para todo o sempre, pois o destino colocava em movimento um plano para um amor nascer.

    Em outra parte da cidade, Demunnus também se preparava para ir ao Beco da Lama, porque um cliente seu, o Pedro Abche, que sempre lhe comprava peixes, tinha lhe falado sobre o show, e ele gostou da ideia, já que na madrugada da sexta para o sábado iria partir no Sodoma I, na Tavares de Lira, e passar 15 dias no mar.

    O dia passou rápido, sem muitas intenções, como uma piscadela de olhos já era noite e o Beco da Lama estava com tanta gente que nem formiga cabia mais. As amigas estavam lá com suas cervejas e vestidos de contos de fadas. Demmus já estava lá também, vestindo um jens surrado, tênis maneiro e carreando na cintura o seu brinquedo de furar moletom. O moço só andava maquinado, devido alguns inimigos que fez ao londo da curta vida.

    Carlos Zens cantava “A Flor Xanana”, quando o esbarrão entre Butterfly e Demunnus aconteceu, foi um choque que mudou a percepção da realida de Butterfly, levando-a para outro universo, muito mais lúdico e delicado, onde outra flor, que não é a Xanana, seria deflorada com vigor e carinho. Seus corpos se comunicaram, não houve palavra alguma, mas o desejo de ser um para o outro surgiu. Demunnus tomou a iniciativa e a levou para outro lugar e Butterfly só foi, sem nem pensar se deveria ir ou não. Depois, em um lugar escuro e longe da multidão, mãos bobas passeavam pelos corpos nada bobos. Beijos fizeram seu batom sumir. Tudo durou o tempo que teve que durar. Logo em seguida o rapaz falou que tinha que ir, pois estava na hora do barco zarpar do cais, mas voltaria em 15 dias e queria reencontrá-la. Despediram-se e ela voltou correndo para as amigas, lembrando da loucura de ter ficado com aquele cara que carregava uma arma na cintura, mas que seus olhos haviam aberto todos os portão da sua alma. Pedro Mendes cantou Linda Baby, e o show e os sonhos terminam.

    A partir dali, acompanho o drama da minha amiga Elizabeth de Butterfly nos últimos sete meses. A cada 15 dias, ela vai ao Beco da Lama, agora sem suas amigas, apenas comigo, seu amigo confidente.

    Infelizmente, o reencontro jamais aconteceu, pois alguns dias depois daquela sexta-feira mágica, li no jornal “O Potengi” que o barco Sodoma I sumiu, sem deixar pistas, em algum lugar entre Natal e o Atol das Rocas. Nem barco, nem tripulação foram encontrados.

    Em meio aquela situação, sugeri que a menina que crescia no ventre da minha amiga receba o nome de Lilith de Butterfly. Por quê? Porque tudo que é belo e livre, voa, como o amor.

    Sei que não fui justo com minha amiga ao escrever todas essas coisas, tornando sua história pública, só necessitei falar de beleza e de tragédia. Espero que um dia me perdoe.

    Enquanto escrevo, não sai da minha cabeça Fafá de Belém cantando: “Foi assim, Como um resto de sol no mar, Como a brisa da preamar, Nós chegamos ao fim…”

  • A seleção brasileira está cada vez mais distante do bom futebol e do torcedor

    A seleção brasileira está cada vez mais distante do bom futebol e do torcedor

    O Brasil sempre teve jogadores com grande capacidade técnica. Com a globalização do futebol, jogadores de grande potencial deixam o Brasil cada vez mais cedo. Estes jovens estão sendo lapidados em outros países.

    O futebol europeu é mais preocupado com a parte tática do que com a parte técnica. Com isso, os jogadores brasileiros vão perdendo a identificação com a essência do nosso futebol.

    O futebol praticado na Europa é altamente tático, com enorme troca de passes e linhas compactas.

    Ao se transferir para a Europa, o jogador brasileiro se torna melhor fisicamente e taticamente, mas perde a capacidade do improviso e do drible. Eles não conseguem mostrar na seleção o mesmo futebol que mostram nos seus clubes.

    Sem tempo para treinar e com treinadores que tentam copiar o que é feito lá fora, a seleção brasileira sente os efeitos desta “europeirização”.

    Os jogadores não parecem que não se incomodam com os insucessos da seleção, pois estão desconectados com a realidade. Dorival Jr, atual comandante da seleção, é o que podemos chamar de técnico “insosso”. Sem padrão tático, o time de Dorival joga um futebol pragmático, que depende de lampejos individuais de alguns jogadores.

    Além do futebol de baixo nível técnico apresentado pela seleção, o torcedor brasileiro ainda é explorado, pois nos poucos jogos da seleção no país, a CBF aproveita para “meter a faca” no torcedor brasileiro.

    Na partida da última terça-feira (19), entre Brasil e Uruguai, válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, o estacionamento da Casa de Apostas Arena Fonte Nova custou R$ 100.

    Além do valor do estacionamento, outros serviços foram questionados pelos torcedores. A entrada para assistir o duelo variaram entre R$ 100,00 e R$ 800,00, enquanto que nos bares um hambúrguer era vendido a R$ 28,00 e uma pipoca estava custando R$ 18,00.

    Foram 12 mil entradas a R$ 100 (meia) mediante a entrega de dois quilos de alimento. Os bilhetes para o setor “cadeira leste” custavam R$ 600 (R$ 300 meia-entrada). Outras entradas foram comercializadas por até R$ 800.

    A partida recebeu 41.511 torcedores. A arena tem capacidade para 49 mil. O número de lugares vazios chamou a atenção. O fato foi alvo de muitos comentários nas redes sociais. A renda não foi divulgada.

    Com o empate com o Uruguai, a Seleção encerrou o ano de 2024 em baixa, ficando na quinta posição nas Eliminatórias, com 18 pontos. O próximo compromisso será apenas no dia 20 de março de 2025, contra a Colômbia, fora de casa.

    Diante da falta de bons resultados, e de um futebol empolgante, a relação da torcida com a seleção brasileira está se tornando cada vez mais fria.

  • Tem medo que não é tão bobo

    Tem medo que não é tão bobo

    Olá, queridos! Como vão?

    Nada como um feriado em plena sexta-feira para deixa nosso fim de semana mais feliz ainda, não é? Eu até pensei em falar sobre isso hoje: felicidade. Mas, falaremos desse tópico em outra oportunidade, ok? Hoje, quero aproveitar o gancho que um dos significados desse feriado desencadeou, em forma pensamentos, nessa mente inquieta que vos escreve.

    Não, eu não vou falar sobre história, apesar de ser um tema que gosto muito. Nem tampouco sobre política. Digamos apenas que não faz meu perfil. Quero falar sobre o momento em nossas vidas em que nos libertamos de algo que nos oprime, algo que não nos faz bem, algo sem o qual podemos avançar, crescer e alcançar lugares que sequer ousávamos sonhar.

    Sim, existem vários fatores que podem agir como nossos opressores e limitadores, sejam pessoas, coisas, sentimentos. São muitos. Mas, o fator do qual eu quero falar, especificamente, hoje, é o medo.

    Medo. Segundo o dicionário, é um estado emocional resultante da consciência de perigo ou de ameaça, reais, hipotéticos ou imaginários. O pai da psicanálise, Sigmund Freud, dizia que os objetos das nossas fobias, dos nossos medos, desencadeiam nossa angústia e nos instigam a fugir.

    Apesar de concordar com ambas descrições, de que o medo desperta em nós o desejo de fugir, (o que muitas vezes é bastante válido e pode nos salvar de situações de perigo), muito provavelmente por ter vivido raríssimas situações de perigo real (algo pelo qual sou imensamente grata), para mim, Fernanda, o medo sempre esteve mais para raio congelante do que para adrenalina combustível de fuga.

    Como eu disse, raras mesmo foram as vezes em que me percebi em risco, fosse à vida ou integridade física. Meus medos eram basicamente de sentir dor, mesmo sem motivo para isso, de não conseguir alcançar certos objetivos e de conseguir alcançá-los.

    Vamos esmiuçar isso. Primeiro, o medo de sentir dor. Eu sofria por antecipação, sem necessidade, por alguma dor que pudesse vir a sentir. Tinha medo do mertiolate antes dele encostar no machucado, tinha medo de perder pessoas que amo quando nada ameaçava suas vidas, tinha medo de ter o coração partido antes mesmo de tê-lo colocado para jogo.

    O medo de sentir dor me paralisava, me fazia não viver tudo aquilo que podia. Falo no passado não por ter deixado de sentir medo, mas porque venho aprendendo a não mais paralisar. Afinal, dor dá e passa. Seja uma dor física, psicológica, emocional.

    Outro medo muito frequente na minha cabeça sempre foi o medo de não conseguir. Eu já contei aqui para vocês como não me conhecia de verdade por grande parte da minha vida. Se eu não sabia quem eu era, também não conhecia minhas reais habilidades e capacidades. Isso me dava muito medo de não conseguir alcançar o que buscava por não saber do que era realmente capaz. Do que sou realmente capaz.

    E por ter vivido muito tempo acreditando que podia pouco, não era acostumada quando alcançava algo. Não era familiar. Era estranho. Aí é que aparecia o medo de conseguir. Sabe quando somos crianças e temos medo do escuro? O que tememos mesmo é o que não vemos. O desconhecido.

    Muita gente, assim como eu, passa boa parte da vida com medo de ser feliz e de alcançar seus sonhos, não porque não queira de verdade. Até quer sim, mas porque tem medo de não saber lidar com aquilo que não conhece e se perceber, mais uma vez, descrente de suas reais capacidades. E pior, acaba por temer estragar tudo, assim que conseguir.

    Sei que tem quem leia isso tudo e pense: “Isso não faz o menor sentido!”. Pois eu concordo! Medo tem propósito, que é nos resguardar de situações de perigo. Mas sentido? Não tem sentido algum. O medo é irracional. Ele só vem. Mas, assim como vem, vai.

    E o bom é quando a gente começa a entender o medo, a conhecer suas nuances, a se libertar de sua opressão, justamente quando resolve encará-lo nos olhos, assim de nariz empinado mesmo, e ter coragem de fazer tudo aquilo que queremos, e aceitar o que vier disso com peito inflado, como quem mata uma bola e a manda direto para o gol.

    Gosto muito do que a pesquisadora Brené Brown fala sobre isso. Ela traz a dualidade “coragem e vulnerabilidade” e diz que sempre que avançamos nos colocamos entre esse duo. Seja para declarar nossos sentimentos a alguém, para iniciar numa nova carreira, para mudar de cidade. Ao fazermos isso, nos colocamos em uma situação vulnerável, desprotegida, tendo a coragem de enfrentar o medo que essa vulnerabilidade nos traz.

    É nesse enfrentamento que vamos superando, um a um, nossos medos. Eles que nos impedem de conhecer outros mundos, outras pessoas, ou simplesmente explorar aquele talento há muito escondido por medo de não agradar. Esse medo paralisante pode até mesmo nos impedir de seguir com nossa jornada de autoconhecimento, já que todos temos sombras dentro de nós, mas nem todos estão dispostos a encará-las.

    Quanto a isso, quero deixar claro que está tudo bem. Cada um tem seu tempo e seu jeito de trilhar esse caminho e cada um só cuida do seu, lembram? Pois bem, que é importante encaramos tudo isso, é sim! Mas cada um com seu cada um.

    Não digo que é fácil. Nada do que tratamos aqui é. Mas digo que é, sim, possível transpor essa barreira do medo limitador e libertar-se de formas que nem esperávamos. Eu venho fazendo isso, transpondo medos meus um por um. Há vários meses enfrentei um medo que me aprisionava há incontáveis anos.

    E, acreditem se quiserem, fazer isso me fez superar outro medo, quase uma fobia já, que vinha me aprisionando há meses. Medos, à superfície, sem relação alguma um com o outro, mas foi mágico de ver essa libertação em cadeia agindo como uma fileira de dominós empilhados. Só de imaginar a cena dos dominós caindo e levando o próximo junto já é bem prazeroso, né? Imagine sentir isso com a queda dos medos! (Isso daria um bom título de filme).

    Outro dia, reuni todas as minhas forças para expor verdades minhas que acreditava que, se as mostrasse, me faria sentir presa a quem as ouviu. Maravilhosa foi a minha surpresa quando o que aconteceu foi exatamente o oposto, nunca me senti tão leve e livre na vida. Uma sensação inebriante! Confesso que fiquei viciada nisso e tenho me colocado cada vez mais em situações onde preciso encarar meus medos. Claro que com o fator segurança sempre em alta conta!

    Essa sequência de enfrentamento de medos tem sido uma bola de neve deliciosa de ver girando e atropelando tudo que está empacado pela frente. Falando nisso, que apenas a bola de neve de enfrentamentos de medos passe por cima das coisas, ok! Não estou, de forma alguma, incentivando ninguém a dizer verdades mal educadas e desrespeitosas a ninguém. Falo de botar para fora sentimentos bons, e só.

    E, como eu gosto, quero deixar mais uma tarefinha de casa para vocês. Que tal fazer uma lista dos seus medos? Tentar entender o que te limita, se esses limites são reais mesmo ou se foram criados pelos seus medos, assim como muitos dos meus.

    Por exemplo, se você sonha em morar na Sibéria, mas não vai porque seu organismo não suporta frio, esse podemos dizer que é um limite real. Agora, se seu sonho é largar seu emprego estável e viver de arte na praia, mas não vai por medo da sua família querer te interditar, esse eu considero um limite criado pelo medo. Quer dizer, sua família até pode querer te interditar, isso pode acontecer sim, mas aí você já vai estar na praia, com sua arte, o mar aos seus pés, nada mais iria te incomodar, não é mesmo?

    Agora, sem gracejos, falando sério mesmo. Liste e encare seus medos. Todos que conseguir. Imagine os cenários e o que de pior poderia acontecer se seu medo se concretizasse. Por experiência própria, eu te digo, por pior que seja o cenário, nada é mais assustador que viver com medo. Pior ainda, nada é mais assustador que não viver, por estar com medo.

    Lembrem-se: se esses medos forem muito difíceis de enfrentar só, existem profissionais capacitados para ajudar com isso, ok. Psiquiatria e psicologia salvando nossas aventuras nesse universo gigante que chamamos de nossa mente.

    E como diz aquela frase bastante divulgada na internet, cuja autoria eu desconheço-mas-já-considero-pacas, e bastante propícia para a nossa conversa de hoje: “Vai. E se der medo, vai com medo mesmo!”.

    Até a próxima!

  • A ilusão do futebol

    A ilusão do futebol

    O futebol é o esporte mais popular e mais praticado. No Brasil, o futebol é vendido como a única chance de futuro melhor para milhares de jovens.

    Para se tornar jogador profissional, a criança abre mão de sua infância, do convívio com a família/amigos e precisa cumprir uma rigorosa rotina de treinos.

    Dependendo do clube, o preço a ser pago é ainda mais alto, pois o jovem terá que morar em alojamentos modestos, com refeições não condizentes com sua atividade e abrir mão de seus estudos.

    Como o futebol é uma fábrica de ilusões para a maior parte desses jovens, mesmo estando cientes das dificuldades para chegar ao topo da pirâmide, eles deixam de se profissionalizar em outras áreas para arriscar a vida no futebol.

    Boa parte das pessoas que tentam a vida no futebol não consegue conciliar a rotina de treinos com os estudos, e isso torna a vida mais difícil para quem não consegue jogar em grandes clubes.

    Como não possuem qualificação profissional, alguns tentam “esticar” a carreira ao máximo, é o que chamamos de ex-jogador em atividade. Quando o corpo não permite mais correr atrás da bola, a situação que já não era das melhores, piora de vez e vários ex-atltas passam por situações constrangedoras. Eles, normalmente, migram para a informalidade.

    Construir um futuro a partir do futebol, é um negócio incerto, pois apenas 1% dos jogadores das categorias de base se tornam profissionais. Mesmo após conseguir passar por esse funil, muitos terão que enfrentar o desemprego e os baixos salários.

    Matéria recente do Esporte Espetacular, apontou que 76% dos jogadores profissionais recebem até R$ 2.700, sendo que destes 46% recebem um salário mínimo.

    O desemprego é outro mal que aflige o jogador de futebol no Brasil. Na casa dos 70% dos jogadores ficam desempregados por quase oito meses ao longo do ano. Dos 700 clubes profissionais, dá para dizer que 600 têm calendário só por quatro meses, e do outro lado os clubes de elite têm jogos em excesso.

    Um percentual muito pequeno consegue fama e dinheiro com o futebol. O sucesso dos grandes jogadores esconde os sacrifícios que eles tiveram que fazer para chegar até lá. Para a grande maioria, o futebol é uma grande ilusão.

  • Com pacote fiscal, Fátima teve coragem de pensar o RN para além de seu mandato

    Com pacote fiscal, Fátima teve coragem de pensar o RN para além de seu mandato

    O pacote fiscal proposto pelo Governo do Rio Grande do Norte, que busca reequilibrar as finanças do Estado, chegou atrasado; mas chegou. A principal medida anunciada é a retomada da alíquota do ICMS para 20% e de forma permanente, a exemplo do que têm feito os estados vizinhos. Outros pontos importantes do pacote são a taxação gradual de carros elétricos, que atualmente são isentos de IPVA, e a extensão de dez para quinze anos do período aplicável do IPVA.

    Muito embora a campanha que reelegeu a governadora Fátima Bezerra tenha se apoiado numa narrativa de o pior já havia passado (em relação às contas do Estado), a verdade que restou após as eleições é a mesma de todos os entes da Federação Brasileira: crise fiscal aguda gerada – sobretudo – pelo descompasso entre as demandas exigidas ao poder público e a capacidade de arrecadação do mesmo.

    O primeiro governo de Fátima deu importantes passos para recuperar financeiramente o RN, o que seu marketing explorou sob o mote de “O melhor vai começar”. Mas a realidade crua dos fatos demonstra que o melhor ainda está muito distante. Ao repôr as folhas salariais dos servidores que estavam atrasadas e implementar medidas como o REFIS, o governo permitiu que se respirasse. Mas tais medidas não bastam para superar nosso quadro fiscal, que reflete uma tendência geral em todo o mundo pelo menos desde a década de 1970.

    Aliado às propostas para incrementar a arrecadação, o governo também anunciou a elaboração de um outro pacote, este voltado para a contenção de gastos e otimização da aplicação dos escassos recursos públicos. Juntas, tais ações demonstram um compromisso real com a saúde financeira do RN e representam uma nova esperança de retomarmos alguma capacidade de investimentos, que possam abrir perspectivas de progresso econômico para os potiguares.

    Fátima adota apresenta seu plano de recuperação fiscal ao final do segundo ano de seu novo mandato à frente do governo. Se enxergarmos o copo meio vazio, diremos que chegou tarde. Mas – sendo franco – a atitude revela coragem e desprendimento inéditos em nossa tradição política. Digo isso porque quem colherá os bons frutos da nova política que se busca implementar serão os futuros governantes, que encontrarão para administrar um Estado em condições muito melhores que as que Fátima recebeu das mãos de Robinson Faria.

    No presente caso, o que surpreende é que governo e oposição fazem o seu o papel. Não é da oposição que devemos cobrar responsabilidade, mas sim do governo. E, pelo que recordo, a oposição sempre tem feito o seu papel de ir contra as ações do governo.

    O que faltava ao RN era coragem em nossos governos para não imitar a oposição e ser afirmativo, ainda que isso exija medidas difíceis de explicar para a população que está habituada a se informar pelo Instagram e WhatsApp.

    O preço político das medidas será pago pela atual governadora, que já enfrenta uma onda de notícias mal-informadas ou simplesmente desinformadas, que nada dizem sobre a necessidade de se fazer algo. Os críticos do pacote apresentado pelo governo Fátima estão de olho nas eleições de 2026. O governo e sua equipe econômica estão olhando para as próximas décadas.

  • Amores Solitários: uma jornada de autodescoberta com visuais deslumbrantes

    Amores Solitários: uma jornada de autodescoberta com visuais deslumbrantes

    Esse degustado de filmes, séries e tudo mais que o audiovisual produz, vem te trazer suas impressões sobre mais um belo filme. Dessa vez, sobre uma trama montada, tendo o nascimento do amor como pano de fundo. Você certamente já deve ter se apaixonado por alguém e ficou, de certa forma, sem entender no primeiro momento se estava diante de uma paixão ou de um amor nascendo. Diante de uma situação dessa, eu ou você sabemos exatamente como nos sentimos. De uma hora para outra, num rompante, ficamos completamente atraídos por alguém, que, às vezes, parece estar totalmente fora do nosso mundo, uma pessoa completamente diferente de nós, mas com a qual criamos uma ligação e laços imediatos, e quando menos percebemos estamos ali, amando e querendo, com todas as nossas forças, viver esse amor.


    Será que o amor nasce de um embuste, de uma armadilha, que nela caímos sem querer sair? Bem, não tenho essa resposta, nem acredito que você as tenha.


    Entretanto, sem a pretensão de dar alguma resposta sobre o que falei acima, através dessa pequena introdução, desejo que tenha uma boa leitura e que, por gentileza, assista o filme e tire dele suas próprias conclusões.


    “Amores Solitários” nos convida a uma jornada introspectiva, onde personagens complexos buscam se reconectar consigo mesmos em meio às turbulências da vida. A trama, apesar de simples, é tocante e nos faz refletir sobre as relações humanas, as escolhas que fazemos e o verdadeiro significado da felicidade.


    Laura Dern e Liam Hemsworth entregam atuações sólidas, mas a química entre os dois não explode como esperado. A conexão entre os personagens parece mais uma amizade profunda do que um romance apaixonado, no entanto, suas performances individuais compensam essa falta de explosão, nos permitindo acompanhar de perto suas lutas internas e suas evoluções.


    A direção do filme é impecável, com cenas que nos transportam para paisagens deslumbrantes, criando uma atmosfera poética. A fotografia é outro ponto alto, com cores vibrantes e enquadramentos que realçam a beleza natural dos cenários. A trilha sonora, por sua vez, complementa a narrativa de forma sutil e envolvente, intensificando as emoções dos personagens.


    Apesar de seus visuais incríveis, “Amores Solitários” peca um pouco no desenvolvimento de alguns personagens secundários. A história se concentra majoritariamente em Katherine e Owen, deixando pouco espaço para que os outros personagens se aprofundem. Além disso, o ritmo da narrativa pode parecer um pouco lento em alguns momentos, podendo desagradar aos espectadores que buscam uma trama mais dinâmica. No entanto, “Amores Solitários” é um filme que vale a pena ser assistido, principalmente por aqueles que apreciam dramas românticos com uma pitada de introspecção.


    A mensagem central do filme é a importância de se amar e aceitar a si mesmo antes de buscar o amor em outra pessoa. A jornada de autodescoberta dos personagens é inspiradora e nos convida a refletir sobre nossas próprias vidas.


    Em resumo, “Amores Solitários” é um filme que agrada aos olhos e à alma, por sua beleza fotográfica, sua trilha sonora envolvente e as atuações sólidas dos protagonistas, compensando as pequenas falhas. Se você busca um filme para relaxar e refletir sobre a vida, esse é uma ótima opção, pois o mesmo te promoverá uma experiência cinematográfica agradável.

  • 1996-2024: PT no 2º turno em Natal e uma breve análise do cenário politico no RN

    1996-2024: PT no 2º turno em Natal e uma breve análise do cenário politico no RN

    Por Saul Oliveira

    Em 1996, O Partido dos Trabalhadores chegou ao Segundo Turno de Natal. Naquele ano, a então Deputada Estadual Fátima Bezerra, em seu primeiro mandato, frustou os sonhos da elite natalense e desbancou o candidato dos Alves e do então Governador Garibaldi, João Faustino (PSDB) . E disputou com Vilma de Faria (PSB), candidata dos Maias, do Senador Jose Agripino Maia, sendo derrotada no 2º Turno, por 51, 68% a 48,32%.. Neste ano, a deputada federal Natália Bonavides (PT) desbancou um Alves, Carlo Eduardo (PSD), considerado favorito ao pleito e avançou para a 2º disputa com o Deputado Federal Paulinho Federal Paulinho Freire (União Brasil), candidato do Prefeito Alvaro Dias (Republicanos), dos Senadores Rogerio Marinho (PL) e Stervenson Valentim (Podemos) e de outros figuras politicas indo da extrema direita a direita do RN. Sendo Freire eleito Prefeito de Natal, por 55,34% a 44,66%.

    Em 2018, a eleitora de Jucurutu, Aparecida Brito, me falou que Natália será a sucessora de Fátima Bezerra na politica. Considero a sabedoria popular de uma riqueza imensa e muitas vezes ela desbanca leituras de analistas políticos. Neste caso, lembro de análises que subestimaram Natália e falaram ela que seria menos competitiva até para chegar ao 2º turno no pleito de nossa capital. ´´ Um partido toma partido, as lideranças vão, como é Lula e Fátima´´ Yeda Cunha , ex Presidenta Estadual do PT no RN. Maior figura politica que o Rio Grande do Norte viu surgir nos últimos anos , disse o presidente Lula em seu discurso , na Zona Norte de Natal em comício referindo-se a então candidata a Prefeita Natália. A Deputada e a Governadora possui semelhanças em suas histórias de trajetórias politicas. Já foram as mais votadas para Câmara dos Deputados e já disputaram um 2º turno em Natal. O presente, o passado e o futuro da esquerda e do campo progressista nas figuras dessas duas lideranças politicas.

    Concluindo com uma breve análise do tabuleiro politico do RN. Com os resultados das urnas quem vive na politica sabe que 2026 é logo ali. No campo da Direita já ouvi de uma de Jornalista ´´Não terá majoritária para todo Mundo´´. Pois já aprece nomes como o atual Prefeito Alvaro Dias, os Senadores Rogerio Marinho e Stervenson Valetim , o Prefeito de Mossoró Allyson Bezerra (União Brasil)o. No campo progressista, Natália saiu com grande capital politico e cacifada para qualquer disputa majoritária a nível do estado. Analise não só de hoje, com os resultados de 2022, me chamou a atenção de um eleitor do interior do estado num grupo criado de forma espontânea para campanha de Lula. ´´ Está na hora de Natália disputar cargos maiores´´.

    Volto a análise do resultado do 2º Turno em Natal e perspectivas para a próxima nova Gestão da Capital para de fato concluir. Sendo também Assistente Social gosto mesmo é de análises do povo quem possui a faculdade da Vida. Assistindo no Jornal Nacional a fala do Prefeito Eleito de Natal, me falou uma idosa “ Este que ganhou tem tudo para governar para os ricos, pois só falou em investir no turismo, quem faz turismo não é pobre´´. A campanha foi pautada por sorteio de vagas em creches, cobertura da saúde no município, transporte público, problemas que afetam a maioria da população natalense.

  • Campeonato Potiguar 2025 – Proposta

    Campeonato Potiguar 2025 – Proposta

    O Presidente da FNF convocou os representantes dos oito clubes participantes do Campeonato Potiguar Primeira Divisão para participarem do Conselho Técnico da categoria no dia 5 de novembro às 14h30, na sede da FNF, para discutir forma de disputa, tabela, regulamento e demais itens inerentes à competição.

    Diante disso, apresentamos a proposta a seguir para os representantes do América. Não existe mais espaço no calendário para um campeonato estadual com 16 datas. Além de aumentar o prejuízo dos times pequenos, a competição longa atrapalha a participação dos clubes do RN na Copa do Nordeste e na Copa do Brasil.

    1a Fase: 2 grupos com 4 equipes cada, com jogos de ida e volta dentro do grupo. Os dois primeiros colocados de cada grupo se classificam para a segunda fase. O campeonato teria 10 datas.

    Outra possibilidade, seria na primeira fase, os times do Grupo A enfrentar os times do Grupo B, em jogos de ida e volta. Isso aumentaria o campeonato para 12 datas (finalistas) e os eliminados na primeira fase fariam quatro jogos como mandante.

    2a Fase: 1° do Grupo A enfrenta o segundo do Grupo B; e o 1° do Grupo B enfrenta o segundo do Grupo A, em jogos de ida e volta. Os mandantes dos jogos da volta são as duas equipes de melhor aproveitamento na primeira fase. Não haveria vantagem de empate.

    3a Fase (final): Os dois classificados na segunda fase se enfrentam em jogos de ida e volta, com o segundo jogo sendo realizado na casa da equipe de melhor campanha ao longo de toda competição (1a e 2a). Sem vantagem de empate

    Rebaixamento: Após a primeira fase, o rebaixamento seria decidido entre o último colocado do Grupo A e o último do Grupo B, em jogos de ida e volta, com o jogo da volta realizado na casa da equipe com melhor campanha.

    Para fins de desempate, a melhor média de público poderia ser adotada, antes do critério do sorteio.

    Justificativas:

    • Os finalistas fariam no máximo 12 jogos, se for feita a opção por confrontos do Grupo A x Grupo B; Se a opção for pela primeira fase com jogos dentro dos grupos, com jogos de ida e volta, os finalistas fariam 10 jogos.
    • Os jogos da segunda fase (semifinal) não teriam vantagens de empate para os primeiros colocados dos grupos A e B, haja vista que pode haver um desequilíbrio técnico entre os grupos;
    • As equipes que lutarão contra o rebaixamento fariam quatro jogos como mandantes, se os jogos da primeira fase forem dentro do grupo; e cinco jogos se os jogos forem Grupo A x Grupo B;
    • As equipes eliminadas após a primeira fase (3° colocado dos grupos) fariam três jogos como mandantes, se os jogos da primeira fase forem dentro dos grupos; e cinco jogos se os jogos forem Grupo A x Grupo B; e
    • A maioria dos jogos do estadual, inclusive as finais, podem ser realizados nos finais de semana.
    1. A divisão de direitos de transmissão da Série A do Campeonato Brasileiro a partir de 2025 não é vista pelo mercado publicitário como um problema. A Globo, Record e a Cazé TV (YouTube) não estão encontrando dificuldades para vender suas cotas de patrocínio.
    2. Corinthians e Flamengo têm as camisas mais caras do futebol brasileiro. A camisa do Timão custa R$ 699,99 e da Rubro-Negro é comercializada por R$ 599,99.

    A terceira camisa mais cara pertence ao Palmeiras, que custa R$ 499,99. Num país em que o salário mínimo é de R$ 1.412, é um absurdo o preço das camisas dos clubes brasileiros. Com os preços praticados, é muito difícil combater a pirataria.

    1. O Palmeiras está próximo de acertar com a Sportingbet para ser a nova patrocinadora máster do clube. A proposta prevê que a empresa estampe o principal espaço no uniforme do Verdão, com um pagamento de R$ 115 por ano, sendo o contrato válido por três anos.

    O clube paulista tem como meta arrecadar R$ 150 milhões com o uniforme completo. Atualmente, o Palmeiras recebe R$ 81 milhões fixos por ano, podendo chegar a R$ 120 milhões com bônus por conquistas esportivas.

    1. O nome do técnico Leston Júnior não foi bem aceito por parte da torcida do América. De fato, Leston ainda não fez trabalhos relevantes, mas não existe certeza no futebol. A torcida americana precisa apoiar o trabalho do técnico escolhido por Constantino Jr, Executivo de Futebol do Mecão. O tempo dirá se foi um acerto ou não a contratação de Leston. No momento, a melhor opção é torcer para dar certo e aguardar o desempenho da equipe sob comando de Leston.
    2. O estudo “The Global Fan”, encomendado pela empresa de tokens digitais Chiliz e realizado pelo CLV Group, ouviu 8 mil pessoas em diferentes países. A pesquisa constatou que 33% dos entrevistados declaram-se torcedores de times do exterior. No Reino Unido, o percentual é de apenas 13,31%, enquanto na Nigéria, país mais populoso da África e sexto do mundo, esse índice chega a 66,96%.

    No Brasil, 84,63% dos entrevistados declararam ter interesse por clubes estrangeiros. Ao mesmo tempo, 21,75% dos entrevistados no país disseram torcer por times do exterior.

    O estudo aponta que o Brasileirão da Série A ocupa a sétima colocação no ranking, com 2,2% de fãs no exterior. Além de Premier League e LaLiga, o campeonato nacional aparece atrás de Bundesliga (5,5%), Serie A da Itália (4,6%), Ligue 1 (2,8%) e até mesmo da EFL Championship, segunda divisão inglesa, que tem 2,6%.

    1. Na partida entre Athletico-PR e Cruzeiro , na Ligga Arena, pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro. O atacante Rafa Silva, da equipe mineira, foi expulso com apenas três segundos de jogo.

    Após a saída de bola, Rafa Silva acertou uma cotovelada em Kaique Rocha, do Athletico-PR. Quando o árbitro apitou o início da partida, o time paranaense rolou a bola para trás, Rafa Silva correu para a disputa e acertou o adversário.

    Será que existe alguma rixa entre os atletas? O atacante do Cruzeiro foi multado pela direção do clube celeste. É provável que seja a expulsão mais rápida do futebol brasileiro em todos os tempos.

    1. O pay-per-view da Globo pode acabar em 2025, haja vista que a emissora carioca fechou acordo apenas com a Libra para exibição dos jogos dos clubes que pertencem ao grupo nas edições de 2025 a 2029 do Brasileirão. O contrato prevê transmissão com exclusividade nas diferentes plataformas da empresa das partidas como mandantes de Atlético-MG, Bahia, Flamengo, Grêmio, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos, São Paulo e Vitória.

    Caso não consiga acertar com a LFU, a Globo terá apenas quatro jogos por rodada para transmitir. Diante disso, não haveria sentido o torcedor fazer a assinatura do Premiere.

    1. Com a vaga na final na Conmebol Libertadores, o Atlético-MG e o Botafogo garantiram ao menos o prêmio destinado ao vice-campeão. Serão, portanto, pelo menos mais 7 milhões de dólares (R$ 39,6 milhões). A Conmebol dá US$ 23 milhões (R$ 131 milhões) para o campeão.
    2. Por possuir a maior torcida do Brasil, o Flamengo é o time preferido da Globo para a transmissão dos jogos na tv aberta. Caso não consiga fechar com os clubes da LFU, a emissora carioca terá que se contentar em transmitir no máximo, 27 jogos do Rubro-Negro, na Série A de 2025.
    3. O futebol brasileiro tem dominado a Copa Libertadores da América. Desde de 2019, esta será a quarta final envolvendo dois clubes brasileiros, sendo que os últimos cinco títulos ficaram no Brasil. O Flamengo ficou com o título em 2019 e 2022; o Palmeiras levantou a taça em 2020 e 2021; e o Fluminense é o atual campeão da competição.
      A decisão entre Atlético-MG e Botafogo será a sexta entre clubes brasileiros da história do torneio.
    4. Na entrevista de apresentação, Leston Jr, técnico do América, deixou claro que gosta de um time forte fisicamente e mentalmente. Os times de Leston têm se caracterizado por possuir um forte sistema defensivo.

  • Votação de Wiginis superou as estimativas eleitorais

    Votação de Wiginis superou as estimativas eleitorais

    Ainda sobre o pleito encerrado no último dia 6 em Mossoró, uma das surpresas saídas das urnas foi a votação do vereador reeleito Wiginis do Gás (UB). Do Gás, veja aqui, era tido como um dos prováveis edis com risco de reeleição.

    Apuradas às urnas, o parlamentar foi o 2º mais votado da pesada nominata do União Brasil (UB), que congregou todos os vereadores da base do prefeito Allyson Bezerra (UB). Wiginis só ficou atrás no partido de Lucas das Malhas. A votação de 3.214 votos (2,21%) de Wiginis foi a 9ª maior no geral, veja aqui.

    Comparando com a eleição de 2020, o vereador quase que dobra sua votação. Na eleição passada do Gás obteve 1.740 sufrágios (1,26%).

    Com base na região do Aeroporto, na zona sul de Mossoró, Wiginis na reta final teve uma curva eleitoral ascendente, e despontou como um dos mais votados nas urnas do sul da cidade, garantindo uma reeleição com uma votação que os especialistas e observadores da política mossoroense não estimaram ao longo da corrida proporcional.

  • Cada um no seu quadrado que se circule de si mesmo

    Cada um no seu quadrado que se circule de si mesmo

    Olá, queridos! Como vão?

    Essa busca pelo autoconhecimento que falamos sempre aqui, caminho sem volta que tomei, e do qual não me arrependo um segundo, não foi algo que surgiu para mim facilmente, mas que se mostrou bastante necessária.

    Eu passei muito tempo sem entender quem eu era, qual era meu lugar no mundo, como eu me encaixava na minha família, entre minhas amizades, colegas de profissão. Imagino que muitos de vocês possam ter tido o mesmo questionamento, em algum momento da vida.

    Acredito que algo que contribuiu muito para a demora de me enxergar, de entender todos esses questionamentos, foi eu ter buscado essas respostas nas expectativas alheias, e não onde elas realmente estavam, que é, e sempre foi, dentro de mim mesma. Não que eu tenha encontrado todas essas respostas, ainda as busco. Sempre buscamos.

    Sei que muitos vão concordar comigo quando digo que já nascemos cheios de expectativas alheias, seja essa expectativa a respeito de que profissão seguiremos, que estilo de vida teremos, que relacionamentos nos envolveremos.

    Claro que toda essa expectativa vem através de enorme bem querer que as pessoas, que esperam tudo isso de nós, têm por nós. Isso é certo. Porém, ainda assim, são expectativas criadas a respeito de um ser humano que às vezes nem nasceu ainda, mas já carrega um enorme peso de tudo aquilo que esperam dele.

    Não querendo entrar em debate de gênero nesse texto, mas, por fazer parte dele, é algo do qual não posso fugir, meu olhar está imerso nisso, posso dizer sem medo de errar que as expectativas que se criam sobre as meninas, futuras mulheres, são ainda muito mais pesadas. Por vezes, cruéis.

    Mas falemos dessa expectativa alheia de forma geral. Uma cobrança que existe para que tenhamos pontos de vista alinhados aos daqueles com quem convivemos, para que tenhamos gostos parecidos também. Hábitos. Passatempos. Ideologias.

    A sociedade cunhou o termo ovelha negra para rotular aquele, dentre os seus, que era diferente de todos. Uma imagem fortemente associada a jovens rebeldes e transgressores, que eram vistos assim, mas podiam muito bem ser apenas amantes de Paulo Coelho numa família apaixonada por Machado de Assis.

    Para uma criança, é natural imitar os mais velhos, seus exemplos naturais. Mas quando a idade vai permitindo a esse indivíduo pensante o maravilhoso uso da palavra “por que?”, as diferenças podem surgir e esse mesmo indivíduo perceber que não gosta tanto assim de MPB, ou que prefere muito mais passear no campo que acompanhar a família à praia, ou que se diverte mais entre seus livros que em horas de fofocas entre amigos.

    E nenhuma dessas atitudes ditas diferentes é sinônimo imediato de desgostar da companhia dos seus, ou menos ainda de querer julgar ou insinuar que seus gostos são ruins. Apenas que esse indivíduo está aprendendo a identificar os seus próprios gostos e isso fala apenas sobre si mesmo, não é uma indireta para ninguém.

    Conheço pessoas que se sentem pessoalmente ofendidas se não concordamos com elas. Que entendem como um insulto, ao seu gosto pessoal, alguém manifestar que gosta de algo diferente, que pensa diferente. Como se alguém dizer que gosta de laranja está na verdade dizendo que maçãs são ruins.

    Se vocês não estão entendendo o que eu quero dizer, juntem-se a mim, pois eu também não compreendo a lógica por trás desse tipo de raciocínio.

    Por conta dessas expectativas dos outros, por conta de pessoas que, por quererem que sejamos felizes, tentam nos impor o que as faz feliz, acabamos aceitando tais modelos de felicidade sem sequer nos questionar se aquilo é nosso. Não nos permitimos descobrir algo nosso, quando o alheio já vem pronto.

    “Ah, mas Fulana é tão feliz assim! Vou seguir a dica dela para ser feliz também!”

    Provavelmente, Fulana é feliz assim porque faz o que faz da forma que ela se sente bem. O resultado que alcançou com suas buscas a faz sentir confortável com suas escolhas, se sentir em casa, pertencente àquele lugar em que chegou.

    Mas, e você? Você questiona se os modelos que segue são modelos emprestados ou se eles vêm de um desejo interno? A profissão que escolheu, a cidade em que vive, o estilo qual se veste, a pessoa com quem se relaciona, os livros que lê, ou se não lê, as músicas que ouve, ou se odeia música. Sobre todas essas escolhas, alguma vez já se questionou se as fez por um desejo interno seu, ou se apenas seguiu o que outra pessoa orientou sem sequer entender se era o que caberia para você?

    Eu já me senti atraída por várias escolhas que, posteriormente, descobri que não eram minhas. Percebi que me senti atraída pela felicidade de quem falava dessas escolhas com uma luz que irradiava. Achava que se escolhesse aquele caminho, teria a mesma luz de felicidade em mim. Ledo engano.

    O que acontece hoje é que percebo, sim, essa luz de felicidade numa crescente proporcional ao tanto de escolhas que faço em sintonia com aquilo que aprendi a entender como meu, com minhas vontades.

    Percebo que quanto mais silencio as vozes dos outros, quanto mais me escuto, quanto mais me volto para mim mesma, mais perto da minha essência eu fico. E a essência de cada um de nós, queridos, tem um brilho tão forte que quase cega. E é ao nos aproximarmos dela que passamos a sentir essa felicidade irradiante.

    Confesso que, por muito tempo, quis atingir essas expectativas que existiam sobre mim. Queria mostrar para as pessoas que me cercam o quanto as respeito, seguindo suas opiniões e seus modelos de vida. Mas, uma voz interna certa vez me fez uma pergunta que me libertou dessa necessidade de seguir, cegamente, às expectativas alheias.

    Essa voz me olhou ternamente e questionou: “Mas, se eu quiser alcançar as expectativas alheias sendo outra pessoa, quem que vai ser eu?”

    Independente da crença de cada um, é certo que estamos aqui nesse mundo com um propósito. E cada ser humano tem o seu propósito. Eu, ao deixar de ser eu mesma, na minha mais pura essência, estou descumprindo o propósito que me trouxe até aqui.

    Quem convive comigo hoje, muito provavelmente, já me ouviu repetir um pensamento que gosto muito: “Desses bilhões de seres humanos que existem nesse planeta, só você tem o privilégio de ser você!”. Isso não é maravilhoso de se pensar? É libertador, é leve, é… é inspiração! Inspiração para nos encher de coragem e mandar as expectativas alheias às favas (sejamos educados com os endereços para os quais mandamos as coisas, ok).

    Afinal, se só eu posso ser eu, então ninguém nunca foi eu. Concordam? E se ninguém nunca foi, então ninguém sabe como melhor ser. Só quem vai descobrir isso sou eu mesma. À medida que vivo minha vida com minhas próprias escolhas. À medida que me conheço e me entendo. À medida que experimento simplesmente ser.

    E se eu errar, tudo bem. Tenho uma frase que diz: “Se é pra amargar uma decisão errada, que seja fruto da sua vontade e não das certezas incertas alheias.”.

    Quanto às expectativas alheias, aquelas que vêm recheadas de vontade de nos ver feliz, de nos ver fazer boas escolhas, de nos ver crescer. Essas, a gente agradece, de coração, e delas a gente fica com o carinho, o apoio e o amor que vem junto. Porque as escolhas, com todo respeito que cabe aos que nos amam, as escolhas são só nossas para serem feitas.

    Espero que você se questione, se pergunte, que experimente, viva, aprenda, observe, se jogue, que faça tudo isso num delicioso movimento de se descobrir, e seguir com a tranquilidade de que suas escolhas são mesmo suas, ainda que parecidas com as dos outros, mas que saíram lá de dentro da sua essência, prontinhas para ganhar o mundo!

    Até a próxima!

  • Esquerda brasileira perdeu a capacidade de leitura da realidade do país

    Esquerda brasileira perdeu a capacidade de leitura da realidade do país

    A esquerda brasileira, principalmente o Partido dos Trabalhadores (PT), principal força político-ideológica desse campo, vive uma crise porque não consegue aceitar a nova realidade que emergiu no país nos últimos 10 anos.

    O bolsonarismo, mesmo tendo saído rachado do pleito municipal, se mostra pujante, enquanto o PT com a Presidência da República se mostra vacilante.

    A direita foi a grande vencedora das eleições municipais porque acessa a linguagem popular, e transforma o discurso na forma que as pessoas querem ouvir.

    Empreendedorismo, o Estado como um entrave na vida das pessoas, políticas públicas sociais como um meio e não um fim, são questões que a esquerda brasileira não quer nem ouvir.

    A isso, soma-se a beligerância do brasileiro com a denominada “pauta de costumes” empreendida pela esquerda identitária. O identitarismo, até mesmo quando toca no racismo, tem afastado mais do que aproximado.

    A direita fala a língua do povo nua e crua, a esquerda quer aplicar seu modo de ver o mundo. Essas diferenças têm sido cruciais, e através da política, tem mostrado porque mesmo com a vitória de Lula (PT) em 2022 a direita tem maior presença no Congresso Nacional, Executivos estaduais e municipais, Assembleias Legislativas e Câmaras de vereadores.

  • Mesmo com derrota, Lúdio Cabral deixa um dos melhores caminhos para a esquerda neste 2º turno

    Mesmo com derrota, Lúdio Cabral deixa um dos melhores caminhos para a esquerda neste 2º turno

    O deputado estadual de Mato Grosso Lúdio Cabral (PT) saiu derrotado das urnas à prefeitura de Cuiabá. O eleito foi o deputado federal Abílio Brunini (PL). Era uma missão hercúlea Cabral vencer num reduto bolsonarista numa das regiões mais anti-PT do país.

    Abílio foi eleito com 171.324 votos (53,80%) contra 147.127 votos (46,20%) de Lúdio. No 2º turno da eleição presidencial de 2022, Jair Bolsonaro (PL) venceu na capital mato-grossense com 213.787 sufrágios (61,50%) contra 133.852 sufrágios (38,50%) de Lula (PT).

    Lúdio, carregando o 13 nas urnas, número motivo de exorcismo no Centro-Oeste, conseguiu furar a bolha bolsonarista na cidade em 7,7%, aumento de 20% quando comparada a votação de Lula.

    O deputado estadual, com uma campanha de pouca militância, adotou um tom conservador necessário a sua eleição, se posicionando contrário a temas caros a direita, a legalização do aborto e das drogas, e a denominada “ideologia de gênero”.

    Apesar de ainda certo ruído esquerdista desses novos tempos, Lúdio empreendeu uma campanha que está a serventia da esquerda para servir de exemplo no próximo pleito eleitoral, a eleição geral de 2026.

    Lúdio, quando se compara a votação de Lula (PT) em 2022, fez melhor do que seus correligionários Natália Bonavides (PT), Evandro Leitão (PT) e Maria do Rosário (PT) neste 2º turno em Natal, Fortaleza e Porto Alegre, respectivamente. A votação de Natália, Evandro e Maria ficou abaixo da votação de Lula em 2022 nessas cidades, onde o petista venceu nas três. Natália e Maria com o agravante de não terem vencido em suas capitais.

    Em um país conservador, contrário a praticamente todos os temas defendidos pelo identitarismo, que tomou de conta das esquerdas nos últimos anos, Lúdio Cabral conseguiu um desempenho eleitoral que sinaliza um caminho a ser seguido para a esquerda voltar a dialogar com o eleitorado nacional que deu uma guinada à direita nos últimos 10 anos.

    Para quem não sabe, Cuiabá já deu vitórias ao Partido dos Trabalhadores (PT) em eleições presidenciais, apesar do partido nunca ter governado o município. O último êxito presidencial foi o de Dilma Rousseff (PT) na eleição de 2010. Faz 14 anos já, mas o PT já chegou a vencer numa cidade que hoje é um cantão bolsonarista.