Em recuperação de uma cirurgia no intestino, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) finalmente agradeceu publicamente à governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), pelo apoio prestado durante o episódio de mal-estar que o levou a ser internado em Natal, no mês passado. A declaração foi feita em entrevista à Revista Oeste, veículo com linha editorial de extrema-direita, após Bolsonaro receber alta médica.
O reconhecimento, que veio quase um mês depois do ocorrido, marca uma mudança de postura do ex-presidente, que inicialmente evitou citar a governadora petista entre os responsáveis pelo socorro prestado durante sua passagem pelo estado.
“Quero aproveitar o momento e mandar um abraço ao Hospital de Santa Cruz, que foi o primeiro atendimento que eu tive à base de morfina, mas foi um tratamento excepcional. Depois também à governadora do Rio Grande do Norte, que juntamente com o respectivo secretário de Segurança, emprestou o helicóptero para me levar até Natal”, declarou Bolsonaro.
Ele também se queixou da cobertura da imprensa potiguar, que, segundo ele, “bateu” por causa do uso do helicóptero da Polícia Militar para a transferência até Natal. Bolsonaro afirmou que a aeronave foi adquirida durante seu mandato. As críticas, no entanto, não foram pela utilização do helicóptero, mas pela omissão do nome da governadora no agradecimento inicial.
Na nova fala, Bolsonaro estendeu os agradecimentos:
“Obrigado à governadora, obrigado ao secretário de Segurança, aos integrantes do Hospital [Municipal] de Santa Cruz e depois ao Hospital Rio Grande, lá em Natal.”
Relembre o caso
No dia 11 de abril, Jair Bolsonaro passou mal quando seguia para Jucurutu, na região Seridó, onde daria início a uma série de visitas políticas. Com fortes dores abdominais, foi levado para o Hospital Municipal de Santa Cruz e, de lá, transferido de helicóptero da Polícia Militar para o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal. Ele foi recebido pelo secretário estadual de Saúde, Alexandre Motta, e encaminhado de ambulância do Samu para o Hospital Rio Grande.
A governadora Fátima Bezerra afirmou, na ocasião, que determinou “total empenho e providências” das secretarias de Saúde e Segurança do Estado para garantir o suporte necessário ao ex-presidente. Em entrevista, ela declarou que cumpriu seu dever institucional:
“Nunca coloquei e nunca colocarei divergências acima do meu dever de garantir segurança e saúde a todo e qualquer cidadão, sem exceção. Demos toda a atenção a ele. Era a minha obrigação. Eu não misturo as coisas.”
O médico Cláudio Birolini, responsável pelo acompanhamento de Bolsonaro, afirmou que a agilidade na remoção para a capital potiguar foi fundamental para evitar o agravamento do quadro clínico:
“Ele chegou aqui extremamente desidratado, com dor. Naquele momento, quanto antes ele fosse transferido, seria mais adequado, principalmente porque não sabíamos o que estava acontecendo. […] Poderia ser uma suboclusão, um infarto… era preciso agir rápido.”
Bolsonaro foi submetido a uma cirurgia em Brasília no dia 13 de abril, para tratar aderências intestinais e reconstruir a parede abdominal. O procedimento durou cerca de 12 horas. Após receber alta, ele retornou à agenda pública e à comunicação com aliados.
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