Vitrine cultural da Cidade Alta ganha proteção legal estadual e reforça seu papel como reduto de arte, boemia e memória de Natal
O Beco da Lama, reduto simbólico da cultura natalense no Centro Histórico, foi declarado Patrimônio Cultural Material do Rio Grande do Norte pela Lei nº 12.469, de 16 de outubro de 2025, sancionada por Fátima Bezerra e publicada no Diário Oficial no dia 17.
O reconhecimento estadual eleva a salvaguarda de um território cultural que já possuía título municipal de patrimônio imaterial, e onde a vida urbana se confunde com arte, música e memória coletiva. A lei é de autoria do deputado Adjuto Dias.
Localizado entre as ruas Coronel Cascudo, Vaz Gondim e trechos vizinhos, o beco consolidou-se como ponto de encontro de artistas, jornalistas, músicos e poetas, além de “galeria a céu aberto” que se renova a cada mural.
A paisagem atual é fruto de um processo de requalificação que ganhou corpo a partir de 2019, com mutirões de grafite e intervenção urbana capitaneados por artistas potiguares como Miguel Carcará e Dicesarlove. À época, ao menos 48 artistas deixaram painéis no circuito.
Mais que cenário, o Beco da Lama é prática cultural: festas de rua, blocos, poesia falada, rodas de samba e trilhas sonoras que atravessam gerações. Não por acaso, guias de viagem e roteiros turísticos já o tratam como museu de arte urbana em tempo real.
A nova lei afirma o valor histórico e simbólico do beco e impõe horizonte de políticas de preservação e fomento. Para além da chancela, o desafio é garantir segurança, programação cultural contínua e manutenção dos murais, para que a “cidade criativa” não seja apenas slogan.
No mapa afetivo de Natal, o Beco da Lama sintetiza uma ideia de pertencimento: a rua como palco, a parede como tela, a esquina como foro de ideias. Com o reconhecimento estadual, o coração boêmio da Cidade Alta ganha lastro jurídico para seguir pulsando — e reinventando a própria cidade.





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