A Polícia Civil do Rio Grande do Norte investiga a suspeita de envenenamento que vitimou fatalmente a pequena Yohana Maitê Filgueira Costa, de apenas oito meses, e deixou em estado grave Geisa de Cássia Tenório Silva, de 50 anos, internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ambas passaram mal após consumirem açaí com granola enviado à casa da família por um motoentregador, no bairro Felipe Camarão, Zona Oeste de Natal.
As circunstâncias do caso envolvem uma série de entregas misteriosas, bilhetes com mensagens românticas e alimentos supostamente contaminados. As autoridades ainda aguardam os laudos periciais, mas trabalham com a hipótese de crime premeditado.
Uma sequência de entregas
No domingo, 13 de abril, Geisa recebeu a primeira entrega: chocolates, um urso de pelúcia e um bilhete com uma mensagem genérica de amor. Não desconfiou de nada. Comeu os chocolates sem qualquer sintoma e seguiu a rotina.
Foi apenas no dia seguinte, com a segunda entrega, um pote de açaí com granola , que os sinais de algo muito errado começaram a aparecer. Segundo relatos da família, Geisa dividiu o lanche com a bebê Yohana, filha da sua prima de segundo grau, a quem chamava de “sobrinha do coração”. Cerca de 40 minutos depois, a criança apresentou fortes sintomas de intoxicação e foi levada às pressas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cidade da Esperança.
A mãe da menina, Danielle Priscila Silva, acompanhou a filha no hospital. “Ela teve uma melhora, os batimentos subiram um pouco, mas, ainda na ambulância, antes de ser transferida, minha filha morreu. Foi muito rápido, desesperador”, relatou.
Geisa, por sua vez, passou mal no mesmo dia, mas a família atribuiu o mal-estar ao abalo emocional. Foi medicada, apresentou melhora e dormiu. No dia seguinte, voltou a sua rotina, ainda abalada, mas sem sintomas físicos aparentes.
Na terça-feira, 15 de abril, uma nova entrega de açaí chegou à casa. Geisa almoçou e, após consumir o alimento, passou mal quase imediatamente. “Ela começou a suar muito, tremer, a mão sem força, espumando pela boca… Foi um desespero. Levamos para a UPA e, dessa vez, ela ficou internada direto”, contou Yago Smith, um dos filhos de Geisa.
Foi neste momento que os médicos, diante da reincidência dos sintomas, levantaram a suspeita de envenenamento e orientaram a família a procurar a polícia.
O outro filho, José Cícero Tenório, registrou um boletim de ocorrência na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e entregou amostras dos alimentos recebidos, além dos bilhetes e embalagens. A Polícia Civil recolheu os materiais e os encaminhou para análise no Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep).
Investigação em curso e rastreamento do entregador
Segundo a Polícia Civil, o caso está sob investigação e diversas testemunhas já foram ouvidas. As autoridades tentam agora identificar o entregador responsável pelas encomendas, o que pode levar ao remetente original dos supostos presentes.
“Existe a possibilidade de envenenamento, mas qualquer afirmação nesse sentido, neste momento, seria precipitada. O alimento consumido foi encaminhado para análise toxicológica, e aguardamos os laudos periciais”, informou a corporação em nota oficial.
Os agentes também recolheram impressões digitais e estão analisando câmeras de segurança da vizinhança, que possam ter registrado o momento das entregas.
Até o momento, não há pistas claras sobre quem teria enviado os alimentos, nem motivação evidente para o crime, caso confirmado.
*Com informações do g1RN
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