Amigos, amigos, reconhecer faz parte.



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Olá, queridos! Como vão?

Desde que começamos a falar sobre autoconhecimento aqui, dentre os que embarcaram nessa jornada, imagino que algumas vezes, ao menos, já se questionaram sobre o quanto conseguem saber de si mesmos observando seu interior. Parar e olhar para si é uma excelente forma de se conhecer. Mas, ainda que excelente, é apenas uma delas.

Hoje, eu quero falar com vocês sobre outra forma. Observar não apenas a si, mas o que de vocês é possível ver refletido no outro. Mais especificamente, nas pessoas com quem convivem, em quem confiam. Com as quais vocês não têm receio de se expor.

Então, eu pergunto, o quanto vocês se conhecem quando se conectam com seus amigos? O quanto de si vocês veem neles? O quanto deles, que talvez nem conhecessem, veem em vocês?

É algo muito precioso quando dividimos nossos sonhos, desejos, nossas vidas, angústias e alegrias com quem confiamos, e acolhemos quando tudo isso nos é confiado de volta. A troca, na qual nos reconhecemos, diz muito mais sobre nós do que possamos imaginar.

Às vezes, escutando a história de alguém entendemos que já passamos por aquilo que estamos ouvindo, que também vivemos e sentimos a mesma coisa, que não era nossa imaginação estar sentindo tudo isso e que não estamos sozinhos.

Encontramo-nos na empatia pela dor, ou pela alegria, partilhadas. Dividir algo nosso com alguém que viveu o mesmo é nos reconhecer no outro, é também encontrar acolhimento.

Podemos nos achar estranhos por pensar de alguma forma que, parece, diferente do que as pessoas expõem sobre si, mas quando criamos coragem de confidenciar a alguém, podemos ter a grata surpresa de ver que não somos tão estranhos e fora da curva assim.

Na verdade, na real mesmo, ninguém é “normal” (eu já não sou muito fã dessa palavra). Todos temos loucuras e pensamentos inconfessáveis, mas que quando conseguimos, finalmente, confessar, vemos que são mais triviais que feijão com arroz.

(Longe de mim criar polêmica, ainda mais fora do assunto, mas feijão por cima do arroz, ok. Não desvirtuemos o curso natural das coisas).

Voltemos. Reconhecer-se no outro é uma forma muito orgânica de se conhecer. A gente, enquanto humanos, tem esse desejo de pertencer. E se reconhecendo em outros, nos aproximamos, estreitamos afinidades, nos entendemos indivíduos enquanto parte de um grupo assim ou assado.

Entendemos muito sobre nós mesmos quando nos sentimos tão à vontade na companhia de algumas pessoas. É fácil deixar transparecer nossa essência, sem medo de julgamento, quando a vemos refletida naqueles que nos cercam.

E além de reconhecer no outro coisas que já sabíamos sobre nós, conhecemos muito sobre nossas reais vontades e desejos quando ouvimos relatos sobre vivências que, pensávamos, jamais querer experimentar e esses relatos acendem em nós uma chama que não sabíamos existir.

Quantas vezes já não passamos por isso! Por muito tempo rejeitamos uma ideia, que podia nos parecer errada, desmedida, inapropriada, fora de hora, algo que nunca nos permitimos sequer questionar, mas bastou ouvir alguém que confiamos, narrar experiência similar com o mínimo de animação que seja, e pronto! Nossa curiosidade foi aguçada e a vontade se acendeu como uma libertação!

Eu costumava pensar que, quando mais nova, era muito influenciável. Pois, alguns desses relatos animados que ouvia despertavam em mim certa curiosidade e identificação. Fosse uma história sobre um lugar visitado ou até mesmo uma tentativa frustrada de ganhar o concurso da rainha do milho vendendo rifas, por exemplo.

Como eu não sabia ao certo quem eu era e do que gostava, pensava que empolgar-me tanto com ideias alheias era prova da minha falta de autenticidade.

Errada estava sobre essa conclusão. Autenticidade foi algo que nunca me faltou. Autoestima sim. Por isso não percebia que essas coisas que me empolgavam das vivências alheias, não era por eu ser influenciável, mas sim por me reconhecer nelas. Era aquele pedacinho genuíno da minha pessoa se manifestando e dizendo “Ei, a gente gosta disso aí! Bora!”.

Entendi isso de forma tão clara quando olhei com cuidado para esse processo de suposto influenciamento. Ora, o que sei é que desde nova manifestei minhas opiniões com firmeza, nunca fui de seguir modinhas ou tendências só porque “todo mundo usa”, tudo que fiz foi no meu próprio tempo. Só consigo concluir, então, que esses desejos e vontades que surgiam de relatos alheios eram, na verdade, identificação daquela parte de mim, que também vivia no outro.

Quando paramos para observar isso, é como se um quadro em branco na nossa frente começasse a se desenhar sozinho. E no fim, com o outro sobre tela pronto, conseguimos enxergar um eu mais vivo, mais colorido, mais bem descrito, simplesmente porque nos permitimos observar o quanto de nós existe no outro e observar essas características de fora.

Conversando com amigos recentemente, surgiu a seguinte enquete: “Você gostaria de se dividir de você, para poder se observar de fora?”. Acredito que quando nos permitimos observar, com olhos de conhecimento e sem julgamentos, aqueles que nos cercam e com quem temos afinidades, estamos fazendo um pouco disso. Estamos, de certa forma, nos olhando de fora. E com a vantagem de saber exatamente o que se passa no nosso próprio caos interno.

Já ouvi muitas vezes essa teoria que diz que somos a média das 5 pessoas mais próximas de nós, ou com quem mais temos afinidades. Não sei se concordo totalmente com isso, mas acho que é por aí o caminho.

Eu vejo um pouco de mim em muito mais do que 5 pessoas. E nem precisam ser tão próximas assim. Podemos interagir com mais ou menos frequência e, ainda assim, iremos partilhar essas similaridades.

Acredito que seja esse um dos efeitos de se reconhecer, ou não, em alguma amizade, é que essa identificação contribui, e muito, para a longevidade dessa relação.

Identifiquei também outra parte bem legal dessa observação do outro, que é uma parte que eu, particularmente, gosto bastante. É quando vemos em alguém a pessoa que já fomos um dia. A gente fica lá, olhando e pensando “Poxa, eu era exatamente assim. Que bom que eu mudei. Que bom que contornei esse comportamento que, a mim, fazia tão mal!”.

Claro que nesses momentos a gente vai, apenas, observar. Já discutimos aqui antes que cada um tem seu tempo e modo de viver e a gente não se intromete no tempo e modelo de ninguém. A gente pode, no máximo, ajudar quando solicitados. Mas, identificar no outro aquilo que já fomos, pois aprendemos a partir dali, isso a gente faz apenas para auto análise. Se der uma vontade irresistível de dividir com alguém, faça isso na terapia. Ou no confessionário. E pronto!

Acho que já deixamos bem estabelecido, até aqui, como é vantajosa essa ferramenta de se conhecer através da troca e da convivência saudável com boas amizades. E olha que nem comecei a elencar as vantagens das amizades saudáveis propriamente ditas. Mas essa ferramenta pode ser expandida e aplicada não somente a amigos, mas também a desconhecidos prestes a não mais ser.

Por isso, deixo aqui para vocês mais essa dica, quase uma carta bônus do Jogo da Vida (quem foi criança/adolescente nos anos 90 sabe do que estou falando), uma vantagem para seguir por esse tabuleiro em direção ao autoconhecimento: cerquem-se de pessoas em quem confiam, e também permitam-se conhecer as pessoas mais variadas possível.

A gente nunca sabe o quanto de nós podemos descobrir trocando ideia com a senhorinha na fila do supermercado num fim de tarde de um quarta-feira chuvosa ou com aquele adolescente (eu sei, adolescentes são difíceis, mas confia) que se sentou na cadeira ao lado, na sala de cinema, com olhar vidrado na tela de um bom drama sobre a Segunda Guerra.

Afinal, conhecer-se é um caminho longo, turbulento, muitas vezes doloridíssimo. Então, aproveitemos para preenchê-lo com boas companhias! Que tal?

Até a próxima!



Amigos, amigos, reconhecer faz parte.






Olá, queridos! Como vão?

Desde que começamos a falar sobre autoconhecimento aqui, dentre os que embarcaram nessa jornada, imagino que algumas vezes, ao menos, já se questionaram sobre o quanto conseguem saber de si mesmos observando seu interior. Parar e olhar para si é uma excelente forma de se conhecer. Mas, ainda que excelente, é apenas uma delas.

Hoje, eu quero falar com vocês sobre outra forma. Observar não apenas a si, mas o que de vocês é possível ver refletido no outro. Mais especificamente, nas pessoas com quem convivem, em quem confiam. Com as quais vocês não têm receio de se expor.

Então, eu pergunto, o quanto vocês se conhecem quando se conectam com seus amigos? O quanto de si vocês veem neles? O quanto deles, que talvez nem conhecessem, veem em vocês?

É algo muito precioso quando dividimos nossos sonhos, desejos, nossas vidas, angústias e alegrias com quem confiamos, e acolhemos quando tudo isso nos é confiado de volta. A troca, na qual nos reconhecemos, diz muito mais sobre nós do que possamos imaginar.

Às vezes, escutando a história de alguém entendemos que já passamos por aquilo que estamos ouvindo, que também vivemos e sentimos a mesma coisa, que não era nossa imaginação estar sentindo tudo isso e que não estamos sozinhos.

Encontramo-nos na empatia pela dor, ou pela alegria, partilhadas. Dividir algo nosso com alguém que viveu o mesmo é nos reconhecer no outro, é também encontrar acolhimento.

Podemos nos achar estranhos por pensar de alguma forma que, parece, diferente do que as pessoas expõem sobre si, mas quando criamos coragem de confidenciar a alguém, podemos ter a grata surpresa de ver que não somos tão estranhos e fora da curva assim.

Na verdade, na real mesmo, ninguém é “normal” (eu já não sou muito fã dessa palavra). Todos temos loucuras e pensamentos inconfessáveis, mas que quando conseguimos, finalmente, confessar, vemos que são mais triviais que feijão com arroz.

(Longe de mim criar polêmica, ainda mais fora do assunto, mas feijão por cima do arroz, ok. Não desvirtuemos o curso natural das coisas).

Voltemos. Reconhecer-se no outro é uma forma muito orgânica de se conhecer. A gente, enquanto humanos, tem esse desejo de pertencer. E se reconhecendo em outros, nos aproximamos, estreitamos afinidades, nos entendemos indivíduos enquanto parte de um grupo assim ou assado.

Entendemos muito sobre nós mesmos quando nos sentimos tão à vontade na companhia de algumas pessoas. É fácil deixar transparecer nossa essência, sem medo de julgamento, quando a vemos refletida naqueles que nos cercam.

E além de reconhecer no outro coisas que já sabíamos sobre nós, conhecemos muito sobre nossas reais vontades e desejos quando ouvimos relatos sobre vivências que, pensávamos, jamais querer experimentar e esses relatos acendem em nós uma chama que não sabíamos existir.

Quantas vezes já não passamos por isso! Por muito tempo rejeitamos uma ideia, que podia nos parecer errada, desmedida, inapropriada, fora de hora, algo que nunca nos permitimos sequer questionar, mas bastou ouvir alguém que confiamos, narrar experiência similar com o mínimo de animação que seja, e pronto! Nossa curiosidade foi aguçada e a vontade se acendeu como uma libertação!

Eu costumava pensar que, quando mais nova, era muito influenciável. Pois, alguns desses relatos animados que ouvia despertavam em mim certa curiosidade e identificação. Fosse uma história sobre um lugar visitado ou até mesmo uma tentativa frustrada de ganhar o concurso da rainha do milho vendendo rifas, por exemplo.

Como eu não sabia ao certo quem eu era e do que gostava, pensava que empolgar-me tanto com ideias alheias era prova da minha falta de autenticidade.

Errada estava sobre essa conclusão. Autenticidade foi algo que nunca me faltou. Autoestima sim. Por isso não percebia que essas coisas que me empolgavam das vivências alheias, não era por eu ser influenciável, mas sim por me reconhecer nelas. Era aquele pedacinho genuíno da minha pessoa se manifestando e dizendo “Ei, a gente gosta disso aí! Bora!”.

Entendi isso de forma tão clara quando olhei com cuidado para esse processo de suposto influenciamento. Ora, o que sei é que desde nova manifestei minhas opiniões com firmeza, nunca fui de seguir modinhas ou tendências só porque “todo mundo usa”, tudo que fiz foi no meu próprio tempo. Só consigo concluir, então, que esses desejos e vontades que surgiam de relatos alheios eram, na verdade, identificação daquela parte de mim, que também vivia no outro.

Quando paramos para observar isso, é como se um quadro em branco na nossa frente começasse a se desenhar sozinho. E no fim, com o outro sobre tela pronto, conseguimos enxergar um eu mais vivo, mais colorido, mais bem descrito, simplesmente porque nos permitimos observar o quanto de nós existe no outro e observar essas características de fora.

Conversando com amigos recentemente, surgiu a seguinte enquete: “Você gostaria de se dividir de você, para poder se observar de fora?”. Acredito que quando nos permitimos observar, com olhos de conhecimento e sem julgamentos, aqueles que nos cercam e com quem temos afinidades, estamos fazendo um pouco disso. Estamos, de certa forma, nos olhando de fora. E com a vantagem de saber exatamente o que se passa no nosso próprio caos interno.

Já ouvi muitas vezes essa teoria que diz que somos a média das 5 pessoas mais próximas de nós, ou com quem mais temos afinidades. Não sei se concordo totalmente com isso, mas acho que é por aí o caminho.

Eu vejo um pouco de mim em muito mais do que 5 pessoas. E nem precisam ser tão próximas assim. Podemos interagir com mais ou menos frequência e, ainda assim, iremos partilhar essas similaridades.

Acredito que seja esse um dos efeitos de se reconhecer, ou não, em alguma amizade, é que essa identificação contribui, e muito, para a longevidade dessa relação.

Identifiquei também outra parte bem legal dessa observação do outro, que é uma parte que eu, particularmente, gosto bastante. É quando vemos em alguém a pessoa que já fomos um dia. A gente fica lá, olhando e pensando “Poxa, eu era exatamente assim. Que bom que eu mudei. Que bom que contornei esse comportamento que, a mim, fazia tão mal!”.

Claro que nesses momentos a gente vai, apenas, observar. Já discutimos aqui antes que cada um tem seu tempo e modo de viver e a gente não se intromete no tempo e modelo de ninguém. A gente pode, no máximo, ajudar quando solicitados. Mas, identificar no outro aquilo que já fomos, pois aprendemos a partir dali, isso a gente faz apenas para auto análise. Se der uma vontade irresistível de dividir com alguém, faça isso na terapia. Ou no confessionário. E pronto!

Acho que já deixamos bem estabelecido, até aqui, como é vantajosa essa ferramenta de se conhecer através da troca e da convivência saudável com boas amizades. E olha que nem comecei a elencar as vantagens das amizades saudáveis propriamente ditas. Mas essa ferramenta pode ser expandida e aplicada não somente a amigos, mas também a desconhecidos prestes a não mais ser.

Por isso, deixo aqui para vocês mais essa dica, quase uma carta bônus do Jogo da Vida (quem foi criança/adolescente nos anos 90 sabe do que estou falando), uma vantagem para seguir por esse tabuleiro em direção ao autoconhecimento: cerquem-se de pessoas em quem confiam, e também permitam-se conhecer as pessoas mais variadas possível.

A gente nunca sabe o quanto de nós podemos descobrir trocando ideia com a senhorinha na fila do supermercado num fim de tarde de um quarta-feira chuvosa ou com aquele adolescente (eu sei, adolescentes são difíceis, mas confia) que se sentou na cadeira ao lado, na sala de cinema, com olhar vidrado na tela de um bom drama sobre a Segunda Guerra.

Afinal, conhecer-se é um caminho longo, turbulento, muitas vezes doloridíssimo. Então, aproveitemos para preenchê-lo com boas companhias! Que tal?

Até a próxima!


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