Em discurso publicado em suas redes sociais, a senadora Zenaide Maia (PSD) criticou a política de ajuste fiscal que prioriza cortes em áreas sociais em vez de tributar setores lucrativos. “Meu recado é um só: defendo a taxação das bets e a redução das renúncias fiscais bilionárias dadas a empresas graúdas”, afirmou a parlamentar, referindo-se às plataformas de apostas online e aos benefícios tributários concedidos a grandes corporações.
A senadora, que é médica, destacou o impacto dos cortes orçamentários em serviços essenciais. “O país precisa parar de cortar recursos de áreas sociais – merenda de escola, remédio no posto de saúde – quando tem que fazer ajuste fiscal, gente!”, protestou. Em 2025, as despesas discricionárias (passíveis de redução) em saúde, educação e assistência social representam 32,6% do orçamento federal, enquanto as renúncias fiscais devem ultrapassar R$ 544 bilhões, equivalente a 4,4% do PIB.
Zenaide Maia vinculou a crise financeira do SUS ao subfinanciamento crônico. “Vai morrer muita gente neste país de morte evitável, porque faltam recursos no Sistema Único de Saúde”, alertou, lembrando que uma consulta com especialista no SUS é remunerada a R$ 10. “As leis que a gente tem que aprovar aqui são para salvar vidas, e não deixar os mais vulneráveis morrerem”, acrescentou.
Bancos e dívida pública no centro do debate
A parlamentar também questionou o peso do sistema financeiro nas contas públicas. “Os bancos ficam com quase 50% do orçamento federal todo ano sem que ninguém discuta nem audite essa dívida“, disse, defendendo maior cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O governo federal já deu um passo nessa direção com o Decreto 12.466/2025, que elevou a alíquota do tributo para gerar R$ 20,5 bilhões adicionais neste ano.
Zenaide ainda pressionou pela votação da PEC 79/2019, de sua autoria, que estabelece um teto para juros de cartões e cheque especial em até três vezes a taxa Selic (atualmente em 45% ao ano). A proposta surge em um contexto em que 70 milhões de brasileiros têm o nome negativado, segundo a CNDL. “São lucros de bancos que não constroem, não educam nem edificam. Fazem uma extorsão de todo o povo”, afirmou.
A fala da senadora reforça a disputa política em torno do ajuste fiscal. Enquanto o governo busca equilibrar as contas com medidas como aumento de tributos e cortes discricionários, Zenaide Maia insiste que a responsabilidade fiscal deve recair sobre setores com “lucros intocáveis”, evitando o que chama de “sacrifício eterno dos mais pobres”.
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