Na tarde desta terça-feira (1º), a Câmara Municipal de Natal se deslocou até a praia de Ponta Negra para realizar uma sessão popular promovida pela vereadora Samanda Alves. O evento aconteceu no calçadão da praia, próximo ao Morro do Careca, e reuniu pescadores, trabalhadores da orla, representantes da comunidade e especialistas para discutir os impactos da Engorda da Praia e o fechamento do Mercado da Redinha, além de buscar soluções para os desafios enfrentados na região.

Durante a sessão, a vereadora Samanda Alves destacou que a iniciativa é fruto das visitas constantes realizadas pelo seu mandato às praias de Natal. “Desde o início, alertamos que havia questões a serem resolvidas antes da obra começar. Agora, o problema está posto, e esperamos que a gestão municipal reconheça isso e atue junto com a população para salvar o maior cartão-postal de Natal,” afirmou a vereadora.
A presidenta do Conselho Comunitário da Vila de Ponta Negra, Lia Araújo, reforçou a falta de diálogo por parte da Prefeitura com os moradores da área. “Essa praia é nossa. Não pode ser vendida ou privatizada. Aqui há vida, cultura e tradição, e a comunidade precisa ser ouvida,” defendeu, enfatizando a importância da preservação e do engajamento da população local nos processos decisórios.
Ozenir Florêncio, presidente da Associação dos Permissionários da Redinha, também expressou sua insatisfação com a gestão municipal em relação à obra da Engorda da Praia. “Sequer reconhecem que há problemas na orla. Como acreditar que vão resolvê-los? Mas estamos aqui, porque este é um ato de amor a Natal,” disse Florêncio, destacando a preocupação com a falta de reconhecimento das dificuldades enfrentadas pela comunidade da Redinha.
Os impactos da obra também geraram preocupações entre os trabalhadores do mar. Armando dos Santos, conhecido como Beto, presidente da Associação dos Pescadores da Vila de Ponta Negra, lamentou a falta de atenção à categoria. “O prefeito nunca olhou para os pescadores. Sempre fomos contra essa engorda porque já sabíamos dos impactos,” afirmou, destacando a perda de áreas de pesca e as dificuldades para a categoria.
Além dos moradores e trabalhadores locais, ambulantes da praia também relataram os impactos negativos da obra em suas atividades. João Maria, garçom e trabalhador da orla, apontou as dificuldades enfrentadas pelos profissionais da área. “Muitos deixaram de trabalhar porque a areia está pesada e quente. Para quem está no ar-condicionado é fácil, mas para nós, que dependemos desse espaço, ficou insustentável,” lamentou.
A sessão contou com a presença de representantes do Idema, Semsur, UFRN, Conselho Comunitário da Redinha, especialistas ambientais, além dos deputados Francisco do PT e os vereadores Daniel Valença (PT) e Thabata Amaral (PSOL). Ao final do encontro, foi acordado que um relatório com as demandas apresentadas será encaminhado à Prefeitura de Natal e aos órgãos responsáveis.