A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) anunciou, nesta segunda-feira (8), a abertura emergencial de cinco leitos de UTI no Hospital Memorial, da rede privada, em Natal. A medida busca aliviar a superlotação no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, principal unidade de urgência e emergência do Rio Grande do Norte. Segundo a Sesap, a ampliação poderá chegar a até dez leitos nos próximos dias.

A decisão ocorre após denúncias feitas pelo Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do RN (Sindsaúde/RN), que apontam uma situação crítica no Walfredo Gurgel. De acordo com o sindicato, quatro salas do centro cirúrgico estão sendo ocupadas por pacientes intubados que aguardam transferência para UTIs, cenário que evidencia o colapso da estrutura hospitalar.

Rosália Fernandes, diretora do sindicato e assistente social do hospital, afirma que a crise compromete não apenas o atendimento, mas também a segurança de pacientes e profissionais. Um levantamento feito pelo Sindsaúde revela que quatro pessoas seguem intubadas no centro cirúrgico, três esperam vaga na UTI do setor de Politrauma e outro paciente intubado está internado no setor clínico. Com isso, apenas duas salas estão disponíveis para realização de cirurgias.

Profissionais de enfermagem também denunciaram a sobrecarga de trabalho. Segundo os relatos, a equipe precisa cuidar simultaneamente dos pacientes internados nas salas cirúrgicas e dos que estão passando por procedimentos, elevando o risco de falhas no atendimento e agravando a pressão sobre o corpo técnico.

Em nota, a Sesap reconheceu a situação delicada e afirmou que, apesar dos esforços de regulação e redistribuição da demanda, o Walfredo Gurgel pode apresentar episódios de superlotação, já que permanece como a principal referência em casos de alta complexidade no estado, ao menos até a abertura do Hospital Metropolitano, prevista para os próximos meses.

A secretaria destacou que segue adotando medidas para minimizar os impactos e garantir o atendimento aos pacientes, incluindo a contratação de leitos em unidades privadas. Ainda assim, a situação expõe os limites da rede pública de saúde diante da crescente demanda e da falta de infraestrutura adequada.