A Prefeitura de Natal enfrenta uma greve dos servidores da saúde após a categoria rejeitar por unanimidade a proposta de reajuste salarial de 5,47%. O índice, apresentado como correspondente à inflação oficial medida pelo IPCA entre março de 2024 e março deste ano, foi considerado insuficiente pelos trabalhadores, que reivindicam um aumento de 24%.
A decisão foi tomada em assembleia geral do Sindsaúde realizada nesta terça-feira, que resultou na deflagração de movimento paredista por tempo indeterminado. De acordo com Humberto Tavares, diretor do sindicato, a proposta municipal representa um “escárnio” diante das perdas acumuladas pela categoria ao longo de 11 anos sem reajustes.
A administração municipal, representada pelos secretários Brenno Queiroga (Administração), Geraldo Pinho (Saúde) e Marcelo Oliveira (Finanças), argumenta que a proposta busca equilibrar a valorização profissional com a sustentabilidade das contas públicas. Além do reajuste imediato, o governo se comprometeu a abrir mesa de negociação dentro de 60 dias para discutir questões como pagamento retroativo e revisão de benefícios.
No entanto, os profissionais alegam que as condições de trabalho precárias nas unidades de saúde – incluindo falta de insumos, equipamentos e recursos humanos – justificam a demanda por recomposição salarial mais significativa. A greve já conta com adesão de diversas categorias, incluindo bioquímicos, enfermeiros, técnicos e parte da equipe do SAMU.
O movimento ganhou corpo com uma caminhada até a sede da Prefeitura, onde servidores explicaram à população os motivos da paralisação. Para esta quarta-feira (18), está prevista atividade de formação política no auditório do Sindsaúde, enquanto não houver sinal de retomada das negociações.
A crise ocorre em um contexto de tensionamento entre servidores e gestão municipal, agravado pelas consequências da pandemia e pela deterioração progressiva das condições de trabalho na rede pública de saúde. Enquanto a Prefeitura insiste nos limites orçamentários, os trabalhadores afirmam que a inflação oficial não reflete suas perdas reais ao longo da última década.
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