Ser mãe não é para toda mulher. A gente simplesmente é.

Comentários

2 respostas para “Ser mãe não é para toda mulher. A gente simplesmente é.”

  1. Avatar de Maria Expedita de Araújo
    Maria Expedita de Araújo

    Minha amiga suas palavras são a pura verdade, ser mãe na verdade não é romântico é duro e é choroso também, porém eu sou capaz de matar ou de morrer por um dos meus filhos.

  2. Avatar de Cláudio Wagner
    Cláudio Wagner

    Excelente reflexão

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Fala-se muito sobre maternidade como se fosse algo natural a toda mulher. Mas, com o
tempo, percebi que isso não é verdade para todas nós.
Minha filha, certa vez, quis me dizer algumas verdades — como sempre fez. Olhou nos meus
olhos e afirmou que eu nunca deveria ter sido mãe. Essas palavras me atravessaram o peito
feito um facão afiado. Talvez tenha razão. Talvez não. Segundo contou, eu nunca deixava o
melhor pedaço da galinha para o prato dela. Sempre me colocava em primeiro lugar. E o que
restava era o que ela recebia. A partir disso, criou a convicção de que eu não merecia esse
papel. Que eu devia ter vivido mais, amado com mais liberdade, feito mais por mim. Que
precisava ter experimentado mais da vida antes de assumir a maternidade.
Enquanto isso, ao nosso redor, a sociedade romantiza o Dia das Mães. Faz parecer que ser
mãe é um privilégio absoluto, uma bênção inquestionável, um título que traz glória e
realização. Mas nem sempre é assim.
Ser mãe é renunciar: a festas, a noites tranquilas, a planos de última hora. É abrir mão da
liberdade e do descanso, porque o filho — aquele que nasceu de nós — precisa de cuidados.
E esses cuidados não têm hora, não têm pausa. Às vezes, é ficar desperta durante a
madrugada, observando se a febre vai subir, se o corpo frágil vai reagir.
Muitas vezes, ser mãe é permanecer. Outras vezes, é partir. Partir de si, de projetos, de
versões antigas que a gente foi deixando pelo caminho. E nem sempre é possível voltar a ser
quem se era — na verdade, nunca é.
Será que toda mulher nasceu para ser mãe? É possível que não. Talvez eu mesma não tenha
nascido para isso. Ainda assim, dentro do que me foi possível — com os meus defeitos, as
minhas falhas, os meus excessos, os meus medos, meus traumas passados que estavam
escondidos —, consegui manter alguém vivo. Dei o melhor que pude. Tentei proteger minha
filha das maldades do mundo, das pessoas que ferem, de mim mesma, das pessoas que
rejeitam e que julgam. Tentei, embora nem sempre tenha conseguido. Porque, por mais que
mãe pareça onipotente, ela também tem limites. Não está em todos os lugares o tempo todo.
Depois de tanto ouvir que eu não deveria ter sido mãe, confesso que, por vezes, comecei a
acreditar nisso. Talvez seja verdade. Talvez não. O fato é que muitas mulheres sonham com
a maternidade. Imaginam um amor sem fim, laços inquebráveis, alegrias compartilhadas. E,
de fato, há tudo isso. Mas há também solidão, dúvidas, silêncios, partidas sem retorno. Há
momentos de dor que ninguém anuncia.
Ser mãe é, sim, sorrir — mas também é atravessar noites em claro, sentir medo e, às vezes,
chorar em silêncio. E nada disso diminui o amor. Ao contrário: é justamente aí que ele
revela sua grandeza. É esse amor que permanece, mesmo imperfeito, mesmo cansado. Um
amor maior, que não exige aplausos para existir.
Ser mãe não é para toda mulher. A gente se torna — muitas vezes sem planejar — e segue
com a coragem de quem sabe que não veio para ensinar, mas para aprender. E confesso:
como aprendi! Aprendi a ser melhor, a buscar evoluir como ser humano. Aprendi que não
tenho sempre razão — e que morreria, e morro, por este ser que gerei.
Porque ser mãe, no fundo, é isso: um ato contínuo de crescer e de se entregar, de amor em
tempo presente, amor capaz de tudo, até de deixar partir. Ser mãe é saber a hora de ficar
para o outro ir.
Nildinha Freitas



Ser mãe não é para toda mulher. A gente simplesmente é.

Fala-se muito sobre maternidade como se fosse algo natural a toda mulher. Mas, com o
tempo, percebi que isso não é verdade para todas nós.
Minha filha, certa vez, quis me dizer algumas verdades — como sempre fez. Olhou nos meus
olhos e afirmou que eu nunca deveria ter sido mãe. Essas palavras me atravessaram o peito
feito um facão afiado. Talvez tenha razão. Talvez não. Segundo contou, eu nunca deixava o
melhor pedaço da galinha para o prato dela. Sempre me colocava em primeiro lugar. E o que
restava era o que ela recebia. A partir disso, criou a convicção de que eu não merecia esse
papel. Que eu devia ter vivido mais, amado com mais liberdade, feito mais por mim. Que
precisava ter experimentado mais da vida antes de assumir a maternidade.
Enquanto isso, ao nosso redor, a sociedade romantiza o Dia das Mães. Faz parecer que ser
mãe é um privilégio absoluto, uma bênção inquestionável, um título que traz glória e
realização. Mas nem sempre é assim.
Ser mãe é renunciar: a festas, a noites tranquilas, a planos de última hora. É abrir mão da
liberdade e do descanso, porque o filho — aquele que nasceu de nós — precisa de cuidados.
E esses cuidados não têm hora, não têm pausa. Às vezes, é ficar desperta durante a
madrugada, observando se a febre vai subir, se o corpo frágil vai reagir.
Muitas vezes, ser mãe é permanecer. Outras vezes, é partir. Partir de si, de projetos, de
versões antigas que a gente foi deixando pelo caminho. E nem sempre é possível voltar a ser
quem se era — na verdade, nunca é.
Será que toda mulher nasceu para ser mãe? É possível que não. Talvez eu mesma não tenha
nascido para isso. Ainda assim, dentro do que me foi possível — com os meus defeitos, as
minhas falhas, os meus excessos, os meus medos, meus traumas passados que estavam
escondidos —, consegui manter alguém vivo. Dei o melhor que pude. Tentei proteger minha
filha das maldades do mundo, das pessoas que ferem, de mim mesma, das pessoas que
rejeitam e que julgam. Tentei, embora nem sempre tenha conseguido. Porque, por mais que
mãe pareça onipotente, ela também tem limites. Não está em todos os lugares o tempo todo.
Depois de tanto ouvir que eu não deveria ter sido mãe, confesso que, por vezes, comecei a
acreditar nisso. Talvez seja verdade. Talvez não. O fato é que muitas mulheres sonham com
a maternidade. Imaginam um amor sem fim, laços inquebráveis, alegrias compartilhadas. E,
de fato, há tudo isso. Mas há também solidão, dúvidas, silêncios, partidas sem retorno. Há
momentos de dor que ninguém anuncia.
Ser mãe é, sim, sorrir — mas também é atravessar noites em claro, sentir medo e, às vezes,
chorar em silêncio. E nada disso diminui o amor. Ao contrário: é justamente aí que ele
revela sua grandeza. É esse amor que permanece, mesmo imperfeito, mesmo cansado. Um
amor maior, que não exige aplausos para existir.
Ser mãe não é para toda mulher. A gente se torna — muitas vezes sem planejar — e segue
com a coragem de quem sabe que não veio para ensinar, mas para aprender. E confesso:
como aprendi! Aprendi a ser melhor, a buscar evoluir como ser humano. Aprendi que não
tenho sempre razão — e que morreria, e morro, por este ser que gerei.
Porque ser mãe, no fundo, é isso: um ato contínuo de crescer e de se entregar, de amor em
tempo presente, amor capaz de tudo, até de deixar partir. Ser mãe é saber a hora de ficar
para o outro ir.
Nildinha Freitas

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Minha amiga suas palavras são a pura verdade, ser mãe na verdade não é romântico é duro e é choroso também, porém eu sou capaz de matar ou de morrer por um dos meus filhos.

Excelente reflexão