O Rio Grande do Norte registrou, em setembro de 2025, a maior dívida média por empresa do Nordeste, segundo o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian. O valor chegou a R$ 22.953,89 por CNPJ endividado, colocando o estado no topo do ranking regional e revelando um cenário econômico de crescente pressão sobre os negócios locais.
No mesmo período, o número de empresas inadimplentes saltou de 73.677 para 90.111, aumento de 22,31% em relação a setembro de 2024. Somadas, as dívidas das empresas potiguares ultrapassam os R$ 2 bilhões.
O Nordeste como um todo acumula 1.284.375 CNPJs negativados, com a Bahia liderando o volume absoluto (363.774 empresas), seguida por Pernambuco (227.301) e Ceará (198.211). Sergipe, Piauí e Alagoas registram os menores números.
Falta de planejamento contribui para o endividamento
Para a gerente da unidade de Gestão Estratégica do Sebrae/RN, Alinne Dantas, a ausência de planejamento financeiro segue como um dos principais motivos para que empreendedores potiguares acumulem dívidas.
“Sem planejamento para a baixa temporada, dívidas assumidas nos meses de maior movimento se transformam em problemas quando o fluxo de clientes cai”, afirma. Ela destaca ainda erros recorrentes, como a definição incorreta de preços e a falta de controle sobre vendas a prazo e recebíveis.
O economista Helder Cavalcanti reforça que o cenário local é agravado por fatores estruturais, como desemprego elevado, economia fragilizada e aumento dos custos operacionais. “O empresário precisa se modernizar, investir no processo produtivo e compreender melhor o comportamento do consumidor”, enfatiza.
Segundo Cavalcanti, somente a gestão financeira não basta: é preciso cuidado com capital intelectual, carteira de clientes e posicionamento de mercado.
Inadimplência cresce também entre consumidores
O problema não está restrito às empresas. De acordo com o Serasa, 48,8% da população adulta do RN estava inadimplente em setembro de 2025, uma alta de 6,67% em relação ao ano anterior. Para especialistas, a elevação simultânea da inadimplência de pessoas físicas e jurídicas cria um ciclo que pressiona ainda mais o setor produtivo.
Dantas explica que o Nordeste, de forma geral, enfrenta vulnerabilidades adicionais: renda média mais baixa, economias dependentes do consumo interno e gestão empresarial pouco estruturada. “Quando a renda varia, o consumo cai rapidamente, especialmente nos municípios menores, reduzindo a previsibilidade para o empresário”, afirma.
Como evitar dívidas
O Sebrae orienta empreendedores a adotar práticas de gestão preventiva. Entre as recomendações estão:
- Organização dos recebíveis, com controle de devedores e prazos;
- Construção de reserva financeira, mesmo que pequena;
- Cautela ao assumir crédito, avaliando impactos no caixa;
- Digitalização da gestão, utilizando ferramentas simples para notas, estoque e vendas.
Segundo Dantas, o crédito “pode ser solução — desde que caiba no orçamento da empresa”.
Cenário nacional também preocupa
No Brasil, a inadimplência empresarial atingiu 8,4 milhões de CNPJs em setembro de 2025, o maior índice da série histórica. A dívida média nacional foi de R$ 24.074,50, crescimento de 9,5% em um ano. Cada empresa negativada acumula, em média, 7,2 contas atrasadas.
A região Sudeste concentra o maior número absoluto de empresas endividadas, seguida por Sul e Nordeste.
Para especialistas, o avanço dos débitos reflete um ambiente econômico desafiador, marcado por mudanças no consumo, alta de custos e limitação de crédito. “As necessidades parecem infinitas, mas os recursos são escassos”, resume Helder Cavalcanti.







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