Receita Federal investiga rede de fundos de investimento de R$ 30 bilhões ligada ao PCC, na Faria Lima

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De acordo com a Receita Federal, integrante de uma megaoperação nacional contra o crime organizado no setor de combustíveis, a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) exerce o controle sobre pelo menos quarenta fundos de investimento, cujo patrimônio somado ultrapassa a marca de trinta bilhões de reais. Conforme o órgão, as operações financeiras eram conduzidas no mercado de capitais de São Paulo por integrantes da organização infiltrados no centro financeiro da Faria Lima. Esses fundos, conforme os auditores, funcionavam como estruturas dedicadas à ocultação de patrimônio de origem ilícita.

A Receita Federal detalhou que se tratam de fundos fechados com um único cotista, frequentemente outro fundo de investimento, uma estratégia que cria múltiplas camadas para dificultar o rastreamento do dinheiro proveniente do crime. O patrimônio desses fundos foi utilizado para financiar a aquisição de um terminal portuário, quatro usinas de álcool – com outras duas em processo de aquisição ou em parceria –, uma frota de mil e seiscentos caminhões para o transporte de combustíveis e mais de cem imóveis em diversas regiões do país.

Entre os bens adquiridos estão seis fazendas de alto valor localizadas no interior do estado de São Paulo, avaliadas em trinta e um milhões de reais, e uma residência de luxo em Trancoso, na Bahia, comprada por treze milhões de reais. A investigação apontou que uma principal fintech sob escrutínio atuava como um banco paralelo para o grupo criminoso, tendo movimentado sozinha, de forma não rastreável, quarenta e seis bilhões de reais em determinado período. Um auditor comparou a evolução dos métodos, afirmando que se na série Narcos os traficantes enterravam dinheiro, hoje eles promovem a “bancarização” e inserem os recursos no mercado de capitais.

As empresas consideradas alvos principais da operação são o Grupo Aster/Copape, proprietário de usinas, formuladoras, distribuidoras e uma rede de postos de combustível; o BK Bank, fintech utilizada para movimentar recursos por meio de contas bolsão não rastreáveis; e o fundo de investimento Reag, empregado na compra de empresas e usinas e na blindagem patrimonial dos investigados. Segundo a Receita, essas entidades financeiras ainda forneciam financiamento para companhias importadoras que adquiriam produtos como nafta, hidrocarbonetos e diesel no exterior, usando recursos de empresas do mesmo grupo criminoso.

Esses combustíveis eram subsequentemente comercializados em uma rede de mais de mil postos, distribuídos em dez estados: São Paulo, Bahia, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Maranhão, Piauí, Rio de Janeiro e Tocantins. Conforme os fiscais, a maioria desses postos tinha a função específica de receber pagamentos em espécie ou por cartão, canalizando os recursos do crime para a organização criminosa por meio de suas contas bancárias em um esquema de lavagem de dinheiro. A investigação apurou que, entre 2020 e 2024, foram importados mais de dez bilhões de reais em combustíveis pelos grupos sob investigação.

Além disso, as formuladoras, distribuidoras e postos eram usados para lavar dinheiro de origem ilícita, contando com a participação de lojas de conveniência, administradoras e até padarias. No mesmo período, a movimentação financeira total desses postos atingiu cinquenta e dois bilhões de reais, porém o volume de tributos recolhidos foi considerado extremamente baixo e incompatível com a atividade econômica declarada, resultando em autuações fiscais que superam oitocentos e noventa e um milhões de reais. Outros cento e quarenta postos, que não registraram movimentação alguma, foram destinatários de mais de dois bilhões de reais em notas fiscais de combustível, possivelmente para simular operações e ocultar a circulação de valores ilícitos.

A megaoperação em curso nesta quinta-feira (28) é uma força-tarefa nacional composta por aproximadamente mil e quatrocentos agentes, cumprindo mandados de busca, apreensão e prisão em oito estados. A ação, que desarticula um esquema criminoso no setor de combustíveis, é dividida em três operações distintas nomeadas ‘Quasar’, ‘Tank’ e ‘Carbono Oculto’. Mais de trezentos e cinquenta alvos, entre pessoas físicas e jurídicas, são investigados por crimes contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e estelionato. As autoridades estimam que o esquema sonegou mais de sete bilhões e seiscentos milhões de reais em impostos federais, estaduais e municipais.

A Operação Carbono Oculto conta com a integração de membros do Ministério Público de São Paulo, por meio do GAECO, do Ministério Público Federal, e das Polícias Federal, Civil e Militar de São Paulo. Também participam órgãos como a Receita Federal, a Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo, por meio do GAERFIS. O Ministério Público de São Paulo ressaltou que a organização criminosa PCC está associada a uma rede de outras organizações que atuam de forma convergente para assegurar a efetividade de atividades econômicas ilícitas, notadamente por meio de sua inserção na economia formal dos setores de combustível e financeiro.




Receita Federal investiga rede de fundos de investimento de R$ 30 bilhões ligada ao PCC, na Faria Lima


De acordo com a Receita Federal, integrante de uma megaoperação nacional contra o crime organizado no setor de combustíveis, a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) exerce o controle sobre pelo menos quarenta fundos de investimento, cujo patrimônio somado ultrapassa a marca de trinta bilhões de reais. Conforme o órgão, as operações financeiras eram conduzidas no mercado de capitais de São Paulo por integrantes da organização infiltrados no centro financeiro da Faria Lima. Esses fundos, conforme os auditores, funcionavam como estruturas dedicadas à ocultação de patrimônio de origem ilícita.

A Receita Federal detalhou que se tratam de fundos fechados com um único cotista, frequentemente outro fundo de investimento, uma estratégia que cria múltiplas camadas para dificultar o rastreamento do dinheiro proveniente do crime. O patrimônio desses fundos foi utilizado para financiar a aquisição de um terminal portuário, quatro usinas de álcool – com outras duas em processo de aquisição ou em parceria –, uma frota de mil e seiscentos caminhões para o transporte de combustíveis e mais de cem imóveis em diversas regiões do país.

Entre os bens adquiridos estão seis fazendas de alto valor localizadas no interior do estado de São Paulo, avaliadas em trinta e um milhões de reais, e uma residência de luxo em Trancoso, na Bahia, comprada por treze milhões de reais. A investigação apontou que uma principal fintech sob escrutínio atuava como um banco paralelo para o grupo criminoso, tendo movimentado sozinha, de forma não rastreável, quarenta e seis bilhões de reais em determinado período. Um auditor comparou a evolução dos métodos, afirmando que se na série Narcos os traficantes enterravam dinheiro, hoje eles promovem a “bancarização” e inserem os recursos no mercado de capitais.

As empresas consideradas alvos principais da operação são o Grupo Aster/Copape, proprietário de usinas, formuladoras, distribuidoras e uma rede de postos de combustível; o BK Bank, fintech utilizada para movimentar recursos por meio de contas bolsão não rastreáveis; e o fundo de investimento Reag, empregado na compra de empresas e usinas e na blindagem patrimonial dos investigados. Segundo a Receita, essas entidades financeiras ainda forneciam financiamento para companhias importadoras que adquiriam produtos como nafta, hidrocarbonetos e diesel no exterior, usando recursos de empresas do mesmo grupo criminoso.

Esses combustíveis eram subsequentemente comercializados em uma rede de mais de mil postos, distribuídos em dez estados: São Paulo, Bahia, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Maranhão, Piauí, Rio de Janeiro e Tocantins. Conforme os fiscais, a maioria desses postos tinha a função específica de receber pagamentos em espécie ou por cartão, canalizando os recursos do crime para a organização criminosa por meio de suas contas bancárias em um esquema de lavagem de dinheiro. A investigação apurou que, entre 2020 e 2024, foram importados mais de dez bilhões de reais em combustíveis pelos grupos sob investigação.

Além disso, as formuladoras, distribuidoras e postos eram usados para lavar dinheiro de origem ilícita, contando com a participação de lojas de conveniência, administradoras e até padarias. No mesmo período, a movimentação financeira total desses postos atingiu cinquenta e dois bilhões de reais, porém o volume de tributos recolhidos foi considerado extremamente baixo e incompatível com a atividade econômica declarada, resultando em autuações fiscais que superam oitocentos e noventa e um milhões de reais. Outros cento e quarenta postos, que não registraram movimentação alguma, foram destinatários de mais de dois bilhões de reais em notas fiscais de combustível, possivelmente para simular operações e ocultar a circulação de valores ilícitos.

A megaoperação em curso nesta quinta-feira (28) é uma força-tarefa nacional composta por aproximadamente mil e quatrocentos agentes, cumprindo mandados de busca, apreensão e prisão em oito estados. A ação, que desarticula um esquema criminoso no setor de combustíveis, é dividida em três operações distintas nomeadas ‘Quasar’, ‘Tank’ e ‘Carbono Oculto’. Mais de trezentos e cinquenta alvos, entre pessoas físicas e jurídicas, são investigados por crimes contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e estelionato. As autoridades estimam que o esquema sonegou mais de sete bilhões e seiscentos milhões de reais em impostos federais, estaduais e municipais.

A Operação Carbono Oculto conta com a integração de membros do Ministério Público de São Paulo, por meio do GAECO, do Ministério Público Federal, e das Polícias Federal, Civil e Militar de São Paulo. Também participam órgãos como a Receita Federal, a Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo, por meio do GAERFIS. O Ministério Público de São Paulo ressaltou que a organização criminosa PCC está associada a uma rede de outras organizações que atuam de forma convergente para assegurar a efetividade de atividades econômicas ilícitas, notadamente por meio de sua inserção na economia formal dos setores de combustível e financeiro.

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