O ex-diretor de Operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Djairlon Henrique Moura, afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (27) que recebeu determinação do Ministério da Justiça para intensificar fiscalizações em ônibus com destino ao Nordeste durante as eleições de 2022. Segundo ele, o objetivo era combater o transporte irregular de eleitores e dinheiro, e não dificultar o acesso às urnas, como alegam as acusações.
O depoimento ocorre no âmbito da ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe articulada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. A 1ª Turma do STF ouve as testemunhas de defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, um dos investigados.
Operação teria partido do Ministério da Justiça
Djairlon Moura declarou que a Secretaria de Operações Integradas solicitou a ação em uma reunião no Ministério da Justiça.
— Foi pedida uma operação antes da eleição para fiscalizar ônibus vindos de São Paulo e do Centro-Oeste com destino ao Nordeste, transportando eleitores e recursos financeiros que já eram alvo de investigação da Polícia Federal — afirmou.
Ele destacou que, em mais de 60% dos casos, as abordagens duraram menos de 15 minutos e negou que houvesse motivação política. Segundo Moura, o então ministro Anderson Torres pediu que a PRF e a PF atuassem com rigor para evitar crimes eleitorais.
Além de Djairlon, foram ouvidos nesta terça outros seis nomes indicados pela defesa de Torres, entre eles Braulio do Carmo Vieira e Luís Flávio Zampronha. Na segunda-feira (26), testemunhas ligadas ao ex-ministro Augusto Heleno já haviam prestado depoimento.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Bolsonaro e mais 33 pessoas de tentativa de golpe, organização criminosa e atentado contra o Estado Democrático de Direito. Segundo a denúncia, o grupo teria agido de forma coordenada para deslegitimar o resultado das eleições de 2022.
Quem é Djairlon Moura?
Natural do Rio Grande do Norte, Moura ingressou na PRF em 1996. Formado em Engenharia Civil pela UFRN, tem mestrado em Alta Direção e Segurança Internacional pela Universidade Carlos III de Madrid. Foi superintendente da PRF no RN (2019-2021) e diretor nacional de Operações (2021-2023).
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