A operação da Polícia Federal que determinou o uso de tornozeleira eletrônica pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta sexta-feira (18) dividiu as reações da classe política do Rio Grande do Norte. Enquanto governistas celebraram a medida judicial, aliados do ex-presidente classificaram a ação como perseguição política.
A deputada federal Natália Bonavides (PT) afirmou que a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), demonstra que Bolsonaro “não tinha intenção de respeitar o processo legal”. A parlamentar relacionou a medida ao recente anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump. “Ele quis descredibilizar o processo ao pedir ajuda ao amigo, colocando em risco a economia e os empregos no Brasil”, declarou Bonavides, referindo-se às acusações de que Bolsonaro teria buscado interferência internacional em seu processo.
Já o deputado federal Fernando Mineiro (PT), em publicação nas redes sociais, defendeu que “a justiça começa a alcançar quem comete crimes contra o país e se acha acima da lei”. Mineiro reforçou a necessidade de “julgamento e punição aos criminosos” envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.
No campo bolsonarista, o senador Rogério Marinho (PL) repudiou a operação em nota conjunta com outras lideranças do partido, classificando-a como “grave episódio de perseguição política disfarçada de ação judicial”. O texto critica especificamente o ministro Alexandre de Moraes, acusando-o de tentar “impor o silêncio ao principal líder da oposição no país”.
O tom mais inflamado partiu do deputado federal Sargento Gonçalves (PL), que durante transmissão ao vivo no Instagram atacou frontalmente o STF e o ministro relator do caso. “Alexandre de Moraes é o testa de ferro dessa ditadura”, declarou o parlamentar, que qualificou as acusações contra Bolsonaro como “narrativa fajuta” de um “crime impossível”. Gonçalves chegou a interpretar as tarifas de Trump como resposta divina: “Deus está ouvindo nossas orações”, afirmou, relacionando a medida econômica ao processo judicial do ex-presidente.
A operação, que incluiu busca e apreensão em endereços ligados a Bolsonaro e ao PL, decorre de investigação sobre suposta tentativa do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de influenciar o governo norte-americano para pressionar o Judiciário brasileiro. As restrições impostas ao ex-presidente incluem, além da tornozeleira eletrônica, proibição de uso de redes sociais e comunicação com outros investigados ou diplomatas estrangeiros.
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