Pai Neto é um dos pais de santo mais conhecidos de Mossoró e região. Seu Centro Espírita Xangô Agojô, na zona norte de Mossoró, tem quase 50 anos de existência, sendo uma das casas de umbanda mais veneradas da cidade.
Pai Neto fala de sua tradição no culto umbandista, “esse dom, que me foi dado por Deus, vem das raízes de minha família. Desde meus 17 anos fiz meu orixá com a famosa Mãe Edviges, em Areia branca. A partir disso passei a ser babalorixá com a inauguração do meu terreiro, em 1977.”
Seguindo a linha da umbanda de tradição nagô, o Centro Espírita realiza seus trabalhos toda quinta-feira, com atendimentos individuais também sendo realizados na casa.
Um dos fundadores da Louvação ao Baobá, cerimônia religiosa que reúne os terreiros de Mossoró todo ano no centro da cidade, no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, Pai Neto fala da luta contra a intolerância religiosa no contexto mossoroense, “ainda lutamos contra o preconceito, mas a intolerância reduziu um pouco após levarmos a Louvação ao Baobá para à praça pública. Já alcançamos muitos avanços. Sigo com fé e esperança para que as religiões afro-ameríndias sejam vistas como de Deus, porque aqui existe o melhor dos seres humanos, a caridade.”
Pai Neto, que junto da atriz Tony Silva e da professora Ivonete Soares, dos quadros da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), foram os fundadores da Louvação, que já é uma importante celebração no calendário afro-ameríndio mossoroense, “convocamos alguns terreiros, em 2003, para irmos mostrar nossos louvores e buscar a compreensão das pessoas. Plantamos o Baobá ao lado da Estação das Artes Elizeu Ventania e nossa cerimônia vem crescendo a cada ano. A Louvação foi criada com o intuito de combater o preconceito e o racismo.”
A Louvação ao Baobá é realizada entre o fim da tarde e início da noite, na praça do Teatro Municipal Dix-Huit Rosado. Este ano será a celebração comemorará 21 anos de existência. Suas 2 décadas foram de fundamental importância para fazer avançar políticas públicas focadas nos povos de terreiros e no combate a intolerância religiosa.