A nomeação de Wolney Queiroz (PDT) como novo ministro da Previdência Social, anunciada após a demissão de Carlos Lupi, esbarrou na reação imediata da oposição, que tenta barrar a escolha na Justiça e pressiona por uma investigação mais ampla sobre o escândalo das fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Enquanto isso, o governo Lula busca minimizar os danos com a promessa de apresentar, nos próximos dias, um plano emergencial de ressarcimento aos aposentados e pensionistas que foram vítimas de descontos ilegais.
No sábado (3), a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) entrou com uma ação popular na Vara Federal do Distrito Federal pedindo a suspensão da nomeação de Wolney. No mesmo dia, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do PL na Câmara, solicitou à Procuradoria-Geral da República o afastamento cautelar do novo ministro e a abertura de investigação sobre sua conduta enquanto exercia o cargo de secretário-executivo da pasta.
Os parlamentares afirmam que Wolney foi omisso diante das denúncias que já circulavam internamente sobre as irregularidades no INSS. Para a oposição, a nomeação dele viola os princípios constitucionais de moralidade e responsabilidade administrativa. Mesmo com a saída de Lupi, os líderes da oposição continuam defendendo a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar as fraudes.
Governo foca em ressarcimento
Enquanto enfrenta a pressão política e jurídica, o governo federal tenta reagir com rapidez. O novo ministro da Previdência teve encontros com o advogado-geral da União, Jorge Messias, e com o novo presidente do INSS, Gilberto Waller, para alinhar medidas de resposta ao escândalo. Neste domingo (4), Wolney também esteve na Casa Civil para tratar da proposta emergencial.
Segundo a AGU, a estimativa é que cerca de R$ 6 bilhões tenham sido desviados por meio de descontos indevidos aplicados sobre benefícios pagos entre 2019 e 2024. As investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União indicam que trabalhadores rurais, indígenas e outros grupos vulneráveis foram os mais prejudicados.
“Chegamos ao consenso de que, neste momento, é crucial, a partir do diagnóstico inicial das irregularidades, avançar na responsabilização dos infratores e na finalização da proposta do Plano de Ressarcimento Excepcional”, declarou Messias em publicação nas redes sociais.
Novo comando no INSS
Para liderar a reestruturação do INSS, o governo nomeou Gilberto Waller, procurador federal, que não é filiado ao PDT e foi indicado por integrantes da área jurídica do governo. Conhecido internamente como “xerife”, Waller foi escalado para promover mudanças profundas no órgão e ajudar na recuperação da imagem da Previdência.
Wolney, por sua vez, afirmou estar ciente da responsabilidade que assume. “Sei que a tarefa é árdua, mas vou honrar a confiança do presidente Lula, do PDT e, principalmente, dos aposentados”, declarou em vídeo publicado em suas redes sociais no sábado (3).
O plano de ressarcimento aos beneficiários prejudicados será apresentado oficialmente ao presidente Lula no início da próxima semana, em parceria com o INSS e a Dataprev. A expectativa do governo é conter a crise política e evitar que a pressão por uma CPI ganhe força no Congresso.