O brilho de uma família sem igual no São João de Mossoró, a Família Esplendor Nordestino







Ao contrário de outras coirmãs que ficaram em atividade por mais de uma década, a quadrilha junina Família Esplendor Nordestino ficou em atividade de 2002 à 2007. Em seus 5 anos de existência a companhia deixou uma marca no São João de Mossoró, o que comprova o seu impacto, apesar do pouco tempo de duração.

Quem viu a Esplendor dançar sabe da potência que tinha a agremiação que vinha do extremo da zona Oeste, do último bairro oestano, o Redenção. Outras companhias juninas nasceram na periferia, mas vim de tão longe como a Esplendor veio, foi um feito ímpar.

Nascida em 2002 na Escola Municipal Alcides Manoel de Medeiros, a fundação da quadrilha partiu de um convite da diretora da época, Graça Barreto. Graça indagou Nil Menezes se ele não poderia organizar uma quadrilha para concorrer no concurso escolar estilizado. Menezes topou o convite e nascia nos corredores da Alcides Manoel a Esplendor Nordestino. O prefiro Família viria no seu penúltimo ano de existência, 2006.

Menezes fala do convite de Graça Barreto, “o concurso escolar de 2002 foi uma novidade para nossa comunidade. Convidei alguns amigos que já tinham uma certa experiência pois já tínhamos dançado anos antes na quadrilha estilizada JUCEB’s, do Santo Antônio, que mais não existia, como ainda tínhamos o desejo de continuar brincando o São João, a Esplendor deu continuidade a essa vontade.”

No ano seguinte, 2003, a companhia vira quadrilha de bairro, e passa a disputar a categoria maior no Mossoró Cidade Junina, estilizada adulta. Logo de início enfrentou a Zé Matuto, uma das mais longevas de Mossoró. Se o grito de campeã não foi ecoado naquele ano, o troféu do campeonato aportou nas bandas do Redenção no ano seguinte, 2004, com o bicampeonato de 2005.

2005 traz uma disputa em tríade, Esplendor e Zé Matuto competiram com a Arraial Sensação, um dos grupos mossoroenses mais importantes, que voltou à categoria estilizada adulta naquela ocasião. A conquista do bicampeonato contra duas grandes, com apenas 3 anos de existência, dá a noção da relevância do título.

A inovação foi um marco da Esplendor, o que certamente a tornou uma referência em Mossoró.

Edgley Almeida, que foi coreógrafo do grupo, fala dessa inovação, “a Esplendor em 2003 já se destacou pela sua ousadia, em coreografias, e nos figurinos produzidos por Paulo Pedrosa. Em 2004 a companhia simplesmente revolucionou em figurinos, feitos com tecido de cortinas, em que as cores vibrantes chamaram a atenção do público e dos jurados. Trouxemos em nosso repertório músicas da Legião Urbana. No bicampeonato o figurino mais uma vez provocou o corpo julgador, as roupas foram confeccionadas com juta e palha.”

Nil Menezes fala das pessoas que ajudaram a alavancar a história da agremiação, “em 2002 tivemos a ajuda da gestão da Escola Alcides Manoel, dos professores e dos pais dos alunos. Também tivemos o importante apoio de Ítalo Micael, que continuaria nos dando suporte nos anos seguintes. Em 2003 tivemos a contribuição do coreógrafo Alan, que já tinha feito história na grandiosa Sensação. O ator, cantor e teatrólogo Junior Félix nos orientou e trouxe consigo o brilhante artista plástico e estilista, o saudoso Paulo Pedrosa. Na parte musical tivemos a orientação do maestro Fábio Monteiro, que também já havia feito parte da Arraial Sensação.”

Nil prossegue, “nos tornamos mais profissionais com Edgley Almeida, e Liana Duarte, uma das fundadoras da Lume da Fogueira. Tivemos um reforço com os pais de alguns brincantes, nas pessoas de Tânia e Sueldo. Tio Silva levava a nossa torcida no ônibus. Sempre fomos ajudados pelos nossos familiares, tendo como destaque a minha mãe, que reclamava muito comigo para não fazer a quadrilha, porém costurava e ajudava na produção. Zenilson Menezes era o cara das soluções. Também fomos ajudados pela quadrilha Nação Junina, comandada pela família de Ronaldo e Ilka.”

Edgley também expressa as pessoas que passaram pela Esplendor e foram fundamentais para os rumos do grupo, “tenho lembranças de Edivan, Gury, Daniel que foi da Zé Matuto. Fábio Torres que foi noivo e rei, Frankileuda que foi rainha, e Alana que foi noiva. Tantos outros deixaram suas contribuições, como Alisson ex-Pingo de Gente, Hugo ex-Só pra Nós, Clarice, Alisson Pankadinha (In memoriam) e Eré o percussionista. Também tem as costureiras Mocinha e Lurdinha, e Jonas ex figurinista.”

Os anos de 2006 e 2007 trouxeram o vice-campeonato e o 3º lugar respectivamente. O fim da Esplendor se deu por conta, principalmente, pela falta de recursos financeiros. Nil fala sobre a questão, “para fazer uma quadrilha junina com qualidade e competitiva é preciso muito investimento.”

Os brincantes do grupo sempre foram os principais arrecadadores de fundos, por meio de mensalidades, bingos, shows e outros eventos realizados ao longo do ano.

Nil fala do término de muitos dos grupos juninos que fizeram história em Mossoró, “acredito que algumas juninas tenham encerrado também por falta de recursos e incentivo por parte das autoridades. Todas as companhias representaram muito bem e deixaram um lindo legado para o mundo junino.”

Edgley vai na mesma linha de raciocínio, “todas as quadrilhas que foram extintas como Arraial Sensação, Só Pra Nós, Zé Matuto e a gente da Esplendor, é uma perda gigantesca para o meio junino e a cultura mossoroense. O próprio poder público municipal não incentivou as quadrilhas da cidade a se manterem vivas. Hoje nosso São João em termos de quadrilha se resume a Lume da Fogueira, assim não tendo mais um concurso de alto nível por só existir uma companhia em Mossoró.”

O pouco tempo de atividade da Família Esplendor Nordestino deixou um gosto de quero muito mais. A sensação quando seu fim foi anunciado na época gerou um clima de morte precoce.

A estilizada marcou época num cenário junino ainda um tanto efervescente no município, e sua presença no imaginário junino é a prova de que conseguiu deixar um legado para o São João mossoroense.


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Estava aqui lembrando do grupo junino do bairro que eu morava na infância e me deparo com esse artigo. Me mudei de estado em 2007 e não sabia que a Esplendor havia encerrado as atividades neste mesmo ano, fiquei muito surpresa, pois era um grupo lindo de se ver, até hoje lembro a melodia e letra da trilha, o figurino impecável. Sempre que possível íamos assistir os ensaios ao lado da pracinha no Redenção. Muito triste saber que por falta de políticas públicas, que deveria incentivar os movimentos culturais, tenha afetado e influenciado do fim deste grupo inesquecível.











O brilho de uma família sem igual no São João de Mossoró, a Família Esplendor Nordestino



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Estava aqui lembrando do grupo junino do bairro que eu morava na infância e me deparo com esse artigo. Me mudei de estado em 2007 e não sabia que a Esplendor havia encerrado as atividades neste mesmo ano, fiquei muito surpresa, pois era um grupo lindo de se ver, até hoje lembro a melodia e letra da trilha, o figurino impecável. Sempre que possível íamos assistir os ensaios ao lado da pracinha no Redenção. Muito triste saber que por falta de políticas públicas, que deveria incentivar os movimentos culturais, tenha afetado e influenciado do fim deste grupo inesquecível.



Ao contrário de outras coirmãs que ficaram em atividade por mais de uma década, a quadrilha junina Família Esplendor Nordestino ficou em atividade de 2002 à 2007. Em seus 5 anos de existência a companhia deixou uma marca no São João de Mossoró, o que comprova o seu impacto, apesar do pouco tempo de duração.

Quem viu a Esplendor dançar sabe da potência que tinha a agremiação que vinha do extremo da zona Oeste, do último bairro oestano, o Redenção. Outras companhias juninas nasceram na periferia, mas vim de tão longe como a Esplendor veio, foi um feito ímpar.

Nascida em 2002 na Escola Municipal Alcides Manoel de Medeiros, a fundação da quadrilha partiu de um convite da diretora da época, Graça Barreto. Graça indagou Nil Menezes se ele não poderia organizar uma quadrilha para concorrer no concurso escolar estilizado. Menezes topou o convite e nascia nos corredores da Alcides Manoel a Esplendor Nordestino. O prefiro Família viria no seu penúltimo ano de existência, 2006.

Menezes fala do convite de Graça Barreto, “o concurso escolar de 2002 foi uma novidade para nossa comunidade. Convidei alguns amigos que já tinham uma certa experiência pois já tínhamos dançado anos antes na quadrilha estilizada JUCEB’s, do Santo Antônio, que mais não existia, como ainda tínhamos o desejo de continuar brincando o São João, a Esplendor deu continuidade a essa vontade.”

No ano seguinte, 2003, a companhia vira quadrilha de bairro, e passa a disputar a categoria maior no Mossoró Cidade Junina, estilizada adulta. Logo de início enfrentou a Zé Matuto, uma das mais longevas de Mossoró. Se o grito de campeã não foi ecoado naquele ano, o troféu do campeonato aportou nas bandas do Redenção no ano seguinte, 2004, com o bicampeonato de 2005.

2005 traz uma disputa em tríade, Esplendor e Zé Matuto competiram com a Arraial Sensação, um dos grupos mossoroenses mais importantes, que voltou à categoria estilizada adulta naquela ocasião. A conquista do bicampeonato contra duas grandes, com apenas 3 anos de existência, dá a noção da relevância do título.

A inovação foi um marco da Esplendor, o que certamente a tornou uma referência em Mossoró.

Edgley Almeida, que foi coreógrafo do grupo, fala dessa inovação, “a Esplendor em 2003 já se destacou pela sua ousadia, em coreografias, e nos figurinos produzidos por Paulo Pedrosa. Em 2004 a companhia simplesmente revolucionou em figurinos, feitos com tecido de cortinas, em que as cores vibrantes chamaram a atenção do público e dos jurados. Trouxemos em nosso repertório músicas da Legião Urbana. No bicampeonato o figurino mais uma vez provocou o corpo julgador, as roupas foram confeccionadas com juta e palha.”

Nil Menezes fala das pessoas que ajudaram a alavancar a história da agremiação, “em 2002 tivemos a ajuda da gestão da Escola Alcides Manoel, dos professores e dos pais dos alunos. Também tivemos o importante apoio de Ítalo Micael, que continuaria nos dando suporte nos anos seguintes. Em 2003 tivemos a contribuição do coreógrafo Alan, que já tinha feito história na grandiosa Sensação. O ator, cantor e teatrólogo Junior Félix nos orientou e trouxe consigo o brilhante artista plástico e estilista, o saudoso Paulo Pedrosa. Na parte musical tivemos a orientação do maestro Fábio Monteiro, que também já havia feito parte da Arraial Sensação.”

Nil prossegue, “nos tornamos mais profissionais com Edgley Almeida, e Liana Duarte, uma das fundadoras da Lume da Fogueira. Tivemos um reforço com os pais de alguns brincantes, nas pessoas de Tânia e Sueldo. Tio Silva levava a nossa torcida no ônibus. Sempre fomos ajudados pelos nossos familiares, tendo como destaque a minha mãe, que reclamava muito comigo para não fazer a quadrilha, porém costurava e ajudava na produção. Zenilson Menezes era o cara das soluções. Também fomos ajudados pela quadrilha Nação Junina, comandada pela família de Ronaldo e Ilka.”

Edgley também expressa as pessoas que passaram pela Esplendor e foram fundamentais para os rumos do grupo, “tenho lembranças de Edivan, Gury, Daniel que foi da Zé Matuto. Fábio Torres que foi noivo e rei, Frankileuda que foi rainha, e Alana que foi noiva. Tantos outros deixaram suas contribuições, como Alisson ex-Pingo de Gente, Hugo ex-Só pra Nós, Clarice, Alisson Pankadinha (In memoriam) e Eré o percussionista. Também tem as costureiras Mocinha e Lurdinha, e Jonas ex figurinista.”

Os anos de 2006 e 2007 trouxeram o vice-campeonato e o 3º lugar respectivamente. O fim da Esplendor se deu por conta, principalmente, pela falta de recursos financeiros. Nil fala sobre a questão, “para fazer uma quadrilha junina com qualidade e competitiva é preciso muito investimento.”

Os brincantes do grupo sempre foram os principais arrecadadores de fundos, por meio de mensalidades, bingos, shows e outros eventos realizados ao longo do ano.

Nil fala do término de muitos dos grupos juninos que fizeram história em Mossoró, “acredito que algumas juninas tenham encerrado também por falta de recursos e incentivo por parte das autoridades. Todas as companhias representaram muito bem e deixaram um lindo legado para o mundo junino.”

Edgley vai na mesma linha de raciocínio, “todas as quadrilhas que foram extintas como Arraial Sensação, Só Pra Nós, Zé Matuto e a gente da Esplendor, é uma perda gigantesca para o meio junino e a cultura mossoroense. O próprio poder público municipal não incentivou as quadrilhas da cidade a se manterem vivas. Hoje nosso São João em termos de quadrilha se resume a Lume da Fogueira, assim não tendo mais um concurso de alto nível por só existir uma companhia em Mossoró.”

O pouco tempo de atividade da Família Esplendor Nordestino deixou um gosto de quero muito mais. A sensação quando seu fim foi anunciado na época gerou um clima de morte precoce.

A estilizada marcou época num cenário junino ainda um tanto efervescente no município, e sua presença no imaginário junino é a prova de que conseguiu deixar um legado para o São João mossoroense.




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